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Capítulo -002: Uma nova parceira.

Os dois ficaram se encarando, olho no olho, até que o corpo da mulher virou cinzas. Kam desistiu de olhar para o suposto padre e virou as costas para o velho, desaparecendo no meio da multidão. O padre não demonstrou nenhuma reação ou movimento, permanecendo imóvel. Um dos soldados se aproximou do padre para ver o que estava acontecendo com seu líder

— O que está acontecendo, mestre?

— Na…nada, quer…quer dizer, sigam…

O padre apontou o dedo indicador na direção em que Kam havia desaparecido. Sua voz tremia e embolava enquanto ele dava dois passos para trás, seu rosto suando profusamente. Em seguida, ele virou o rosto para os lados e ordenou: — Chamem reforços imediatamente e persigam aquele homem que estava ali.

O soldado coçou a cabeça duas vezes, exibindo um ar de perplexidade. Era seu primeiro dia como soldado da cidade e ainda não compreendia inteiramente os mecanismos daquele lugar. Originário de uma cidadezinha distante, havia migrado para ali na esperança de angariar fundos para a aquisição de medicamentos destinados aos seus familiares, que moravam consigo.

— Eu…não vi ninguém ali, vossa majestade! Poderia me dizer…

Antes que o inexperiente rapaz pudesse pronunciar qualquer palavra, uma cotovelada atingiu seu ombro com força. Ele soltou um lamento agudo e fechou os olhos, esfregando a própria mão no local atingido. Ao abri-los novamente, deparou-se com o rosto do padre, que exibia uma expressão de raiva e nojo. Foi então que o jovem se deu conta do erro que havia cometido.

— Que insolência! — exclamou o padre em tom furioso, apontando na direção em que Kam havia desaparecido. — Chame mais de seus companheiros inúteis e persigam-no sem trégua. Matem todos os homens que encontrarem pelo caminho, não importa quem sejam. Vão já! — ordenou com firmeza, enquanto soltava suspiros ruidosos que ecoavam pelo local, audíveis até mesmo para o outro soldado que ali estava próximo.

O soldado voltou-se rapidamente e acenou com a cabeça para seu companheiro, ambos se dirigindo para trás do palco e desaparecendo da vista da população. Enquanto isso, o carrasco se aproximou do padre e ajoelhou-se diante dele. O velho direcionou seu olhar para o rapaz e simplesmente balançou a cabeça, indicando que ele não deveria perseguir o homem em questão. O suposto religioso se aproximou do rosto do carrasco e sorriu de forma discreta, sussurrando algo em voz baixa para que apenas ele pudesse ouvir:

— Não há necessidade de ir lá, só espere, se os soldados não voltarem aí você pode ir lá, afinal, quanto mais morrerem mais forte ficamos…

Depois de alguns minutos terem se passado desde que o corpo da mulher foi queimado, vários soldados, em média quase cinquenta, apareceram e partiram em direção onde Kam foi. Os que estavam com espadas ficaram na parte de trás do grupo, os lanceiros estavam à frente enquanto os do meio, estavam segurando bestas, assim fazendo cinco filas de dez homens.

Os soldados avançavam a passos largos pela estrada de pedra escolhida, abatendo sem hesitação todo homem que surgia à sua frente. Após alguns minutos, o caminho tornou-se cada vez mais estreito e sombrio, obstruído pelas altas edificações de dois ou mais andares que obscureciam a luz solar. Os soldados mantiveram a atenção aguçada e cuidaram atentamente do ponto cego de seus companheiros.

Depois de um longo período na escuridão, finalmente puderam avistar uma luz distante. Perseverando, os indivíduos se aproximaram do foco luminoso e, como em um passe de mágica, escaparam do breu que os amedrontava. Aportaram, então, em um amplo espaço, não sem estranhamento, pois este era ornamentado por estátuas que retratavam tanto homens quanto bestas.

Ao fim da praça, avistaram Kam, o espadachim, que aguardava-os de pé, fixando-os em um silêncio sepulcral. Curiosamente, a máscara que cobria seus lábios brancos e ressecados havia desaparecido.

Os lanceiros avançaram com cautela, mantendo uma distância segura de quarenta metros do espadachim. Um deles rompeu o silêncio com um grito fervoroso: — Identifique-se, malfeitor! Quem és tu? Não ouse mexer um músculo, ou te mataremos.

Nesse momento, o espadachim permanece imóvel, aguardando uma oportunidade para agir. Ele observa atentamente os lanceiros, estudando seus movimentos e o ambiente ao redor. O silêncio pesado que se segue é interrompido apenas pelo vento que sopra suavemente pelas gramas que cobrem a praça.

Essa situação tensa continua por alguns momentos, até que um dos lanceiros finalmente baixa a guarda e se aproxima ainda mais do espadachim, esperando por uma resposta. Uma batalha está prestes a começar, e ambos os lados estão prontos para lutar até o fim, ou não.

Os soldados tinham a missão de matar qualquer homem que surgisse à sua frente. No entanto, mesmo diante desse desafio, eles foram incapazes de atacar o homem que se apresentou diante deles. Kam, com uma expressão ameaçadora, pousou uma de suas mãos no cabo da pequena espada presa junto à bainha em sua cintura. Seus dentes travaram, seus olhos flamejaram com intensidade, como se ele próprio fosse a personificação do demônio.

— Conheço pessoas como vocês, provavelmente estão sob ordens para matar. Chega de conversa fiada, quero acabar com vocês logo. Venham todos juntos, destruirei cada um de vocês com esta espada.

— Que insulto! Não tenho escolha, nos…

Antes que o soldado pudesse proferir mais alguma palavra, Kam arrancou a espada de sua cintura e a arremessou em direção à sua cabeça. O ataque levou menos de um segundo para ter êxito e, em um golpe preciso, a lâmina perfurou seu olho e atravessou sua cabeça. A espada continuou seu trajeto sem perder velocidade, matando também o soldado que estava logo atrás do primeiro.

Os soldados ao lado foram tomados por um grande susto e soltaram gemidos de surpresa, porém, rapidamente, voltaram seus olhares para onde Kam estava há pouco. Mas, para a surpresa de todos, apenas a poeira havia ficado. Todos os soldados, desde os lanceiros até os arqueiros e espadachins, mantinham suas guardas altas, preparados para lidar com qualquer ameaça que pudesse surgir.

Foi então que um objeto negro atingiu em cheio um dos arqueiros, como um meteoro vindo do céu. O impacto foi tão forte e rápido que, no lugar onde o arqueiro estava, restou apenas um buraco. O choque deixou todos os soldados ainda mais alertas e preparados para o que mais pudesse vir a acontecer.

Aquilo que atingiu o soldado nada mais era do que o Espadachim Demônio. Este se ergueu rapidamente e fitou os soldados que estavam ao seu lado. Em uma ágil manobra, retirou uma de suas correntes do chão e avançou em direção ao inimigo. Parece que o Espadachim correu e saltou para frente, lançando a corrente em direção ao solo próximo à sua vítima. Logo em seguida, utilizou a corrente como impulso para acelerar sua descida e ferir o soldado com um golpe certeiro.

— Corram! — afirma Kam.

Os soldados se encontravam estupefatos com o que acabara de se apresentar diante de seus olhos. Uma cena tão surreal jamais havia sido experimentada por aqueles homens de guerra. Embora seus corações ainda tremessem, quase todos os soldados jogaram suas armas no chão e deram as costas àquele terrível espetáculo. Até mesmo os lanceiros, que jamais haviam recuado antes, optaram por seguir o exemplo de seus companheiros. Somente um bravo soldado arqueiro, que estava junto ao padre, permaneceu firmemente plantado diante daquela criatura medonha. Ele levou sua besta ao ombro e disparou uma seta em direção a Kam. Mas o espadachim, ágil como um gato, foi capaz de se esquivar daquele projétil com uma rápida inclinação de seu corpo. Seus olhos azuis faiscaram perigosamente, enquanto ele avançava para cima do jovem soldado, disposto a transformá-lo em mais uma vítima de sua indomável fúria.

O garoto contemplou, em choque, o espadachim à sua frente se tornar tão grande quanto uma casa de dois andares. Era uma ilusão fruto de seu medo que o fazia pensar que o homem diante dele era a personificação da morte. O garoto apenas conseguiu abrir a boca e de seus olhos saíram lágrimas desesperadas.

Kam, sem ter piedade alguma, usou uma de suas mãos para perfurar o peito esquerdo do garoto, como se estivesse atacando um inimigo com uma lança. Seus olhos se encontraram novamente e Kam soltou um pequeno sorriso sinistro. Logo depois, ele retirou sua mão do peito do garoto, junto com o coração ainda pulsante, e o empurrou com uma força brutal que o fez cambalear enquanto derramava sangue da boca.

Nos últimos momentos de vida, o garoto viu toda sua família defilar diante de seus olhos, desde a avó que ele tanto amava até sua namorada, que agora nunca mais veria. Com os joelhos no chão, ele caiu de bruços e sua vida escapou de seu corpo sem vida.

O espadachim, então, avançou em direção ao restante das tropas inimigas. Ele habilmente girou o braço, portando uma corrente com uma ponta afiada enrolada, e arremessou-a adiante, atingindo inúmeros soldados em suas costas. Com satisfação, o guerreiro recolheu a corrente e observou os inimigos agonizarem no chão. Sem hesitar, ele partiu para cima de mais soldados, valendo-se da outra corrente que tinha em sua posse. Com um movimento ágil, decepou todos os adversários que estavam próximos a ele, deixando um rastro de corpos mutilados em seu caminho, junto com o resto das estátuas.

Todos os cinquenta soldados jaziam no chão, alguns mortos e outros agonizantes até que a morte os alcançasse. Esses foram os pensamentos que passaram pela mente do espadachim quando, ao se virar na direção onde sua espada enferrujada estava caída, uma flecha dourada foi disparada e atingiu com precisão a parte posterior da coxa do guerreiro. O impacto do golpe foi tão forte que Kam caiu de joelhos, assustado pela súbita dor.

Ao se recompor e olhar para o topo de uma casa de dois andares, o espadachim percebeu a presença de um homem trajado em uma armadura branca, cujo rosto era completamente coberto por um véu negro, deixando apenas seus olhos negros à mostra. O misterioso homem saltou do telhado e pousou suavemente no chão, a poucos metros de distância de Kam, e seus olhos se encontraram num confronto silencioso.

— Veneno, minhas flechas possuem veneno, e…estão vindo mais soldados…

Kam ergueu-se lentamente e permaneceu imóvel. Em um piscar de olhos, o homem à sua frente desapareceu como se nunca tivesse existido, junto com a flecha que o atingiu. O espadachim não entendia o que acabara de presenciar. Enquanto enrolava as correntes em seus braços, fingindo curiosidade, ele retornou calmamente em direção à sua espada enferrujada.

Uma tontura foi sentida por Kam, seus olhos começaram a ficar pesados, suas mãos começaram a tremer. Foi então aí que ele percebeu que a fala do homem era verdade, ele arqueou as duas sobrancelhas e logo depois começou a correr do local, deixando sua espada enferrujada lá.

Ele correu pelas ruas da cidade, sentindo a tontura aumentar a cada segundo. De repente, uma dor aguda começou a surgir na região do umbigo, fazendo o espadachim respirar pesadamente enquanto seus olhos escureciam. Ao atravessar uma ponte de madeira que cruzava um córrego rodeado por casas, o herói vomitou e cambaleou para os lados. Finalmente, ele caiu dentro do córrego como uma gota de água, seu corpo pesado demais para resistir. Perdeu a consciência em questão de segundos.

Um ruído estrondoso ecoou pela área, como se algo estivesse sendo arrastado compulsivamente pela superfície terrestre, despertando a atenção do espadachim, que lutava para manter seus olhos semiabertos. Quando finalmente conseguiu desvencilhar-se do torpor que o acometia, deparou-se com uma figura misteriosa puxando seu corpo para fora das águas turvas do córrego. Com metade do corpo ainda submerso na correnteza, o guerreiro sentiu o movimento cessar repentinamente. Um suspiro pesado e sonoro ecoou pelo ar, identificando aquele que o arrastava como exausto. No entanto, a presença de veneno ainda correndo por suas veias impediu-o de reagir de forma alguma enquanto o misterioso ser retomava sua empreitada, puxando-o com firmeza até que, num piscar de olhos, tudo se obscureceu novamente e Kam desmaiou.

Após um tempo desmaiado, Kam despertou e constatou estar deitado em uma cama de palha. Sua armadura e espadas estavam próximas, com a espada enferrujada apoiada na parede próxima. Observando o teto de palha, ele tomou um suspiro e se levantou lentamente, sentando-se na cama e colocando os pés no chão. Percebendo que seu corpo estava coberto de esparadrapos, Kam viu que suas mãos estavam calmas e firmes, indicando que estava se recuperando bem. Olhando em volta, notou que a pequena casa era muito limpa e organizada.

Nesse momento, a porta de madeira se abriu e Kam levou um susto. Uma criatura que estava cantarolando adentrou o quarto. Era um bichinho de um metro de altura, de pele azul, chifres pretos curvados para trás com anéis brancos, olhos brancos e braços negros com anéis brancos que combinavam com os cabelos e os olhos do bichinho. Ela usava uma roupa velha e marrom.

O bichinho olhou para ele com uma cara curiosa e alegre.

— Oi! — respondeu a menina criatura.

Oi pessoal, aqui quem fala é Riokosu, o autor desta obra. Venho aqui agradecer quem leu a obra. Cara, tá sendo bem maneiro criar esse universo medieval/fantasia. Vocês vão adorar o que vai vir mais para frente. Mas para que isso continue, eu venho aqui pedir que recomendem minha obra para mais pessoas, que façam mais críticas e tals.

Bom (...) Eu vou postar o próximo capítulo no sábado, tá ficando apertado as coisas, já que agora estou trabalhando em um frigorífico, aquilo lá mata o homem.

Rukasunovelcreators' thoughts
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