Zumbi Absoluto - PT/BR

Começou com um incômodo, uma pontada, que ele só poderia achar que vinha da sua alma. Pelo menos, ele não conseguia apontar de que parte do seu corpo estava aquela sensação. Mesmo na letargia de quem acabou de acordar de uma soneca, era difícil chamar aquilo de qualquer coisa além uma "coceira na alma" ou um "arranhão no espírito".

— Ah! Mas o quê… — se sentou segurando a cabeça e olhou em volta. O lugar não parecia ter mudado nada desde a hora em que ele se deitou ali. Ainda era o mesmo gramado verde perto do Instituto de Biologia na Universidade de Brasília em horário de aula. E, sim, ele deveria estar assistindo uma aula nesse exato momento, mas não importa o quanto ele pensava sobre o assunto, perder tempo assim era idiotice. Afinal…

…é o fim dos tempos.

No planeta inteiro não havia ninguém que não tivesse pensado isso pelo menos uma vez. Embora a Universidade pareça a mesma nos últimos anos, o mundo estava passando por um fenômeno que nenhum cientista conseguiu explicar. Um clima completamente inexplicável nos quatro cantos da terra. Terremotos a todo momento. Tsunamis todos os dias e cidades inteiras inundadas pelos mares. 1/5 da população, dizimada. E a origem de tudo isso era simples mas incompreensível: a volta de Pangeia. Todos os continentes começaram a convergir de um dia para o outro e todo o processo durou apenas seis anos.

E de alguma forma ele ainda tinha que assistir àquelas aulas insuportáveis?

Agradeço pela oportunidade, mas não, obrigado.

Depois de se sentar foi que o rapaz viu as nuvens que estavam deixando tudo à sua volta mais sombrio. A coceira na alma parou de incomodar por um instante. As nuvens no céu não estavam cinzentas como se espera de um tempo nublado, mas verde-azuladas, como se a aurora boreal estivesse pintando as nuvens em todas as direções que ele conseguia enxergar.

Seu coração acelerou e, sem nem mesmo saber por quê, levantou num pulo. Mas antes que pudesse dar sequer um passo, aquela coceira na alma aumentou exponencialmente e se tornou dor. Muita dor. Tanta dor que mesmo depois de cair com o rosto no chão o rapaz não sentiu nada. A dor que parecia ter começado na alma não era mais tão "espiritual", e ele sentia dor irradiando por todo o corpo até a ponta dos dedos das mãos e dos pés. A aflição era tanta que ele não ouvia, via ou sentia mais nada além de dor. Sequer percebeu quando começou a gritar o grito mais angustiante que já saíra da boca dele. E ninguém ouviu. Nem ele mesmo.

A questão era que ele não era o único universitário que estava sentindo toda aquela dor. Todos estavam. Gritos e urros estavam acontecendo por toda parte. Toda a cidade estava. Os animais estavam. O planeta inteiro estava gritando de dor. Pela primeira vez, toda a humanidade sentiu exatamente a mesma coisa, do maior ao menor, do mais rico ao mais pobre. Pura agonia.

Depois de um tempo que poderia ser uma eternidade ou apenas um segundo a dor foi diminuindo, até que apenas o torpor e a dormência permaneceram por todo o corpo do jovem. Se arrastando, aos poucos, ele conseguiu se sentar novamente. Apesar da dor no corpo ter se tornado nada além de um comichão pelo corpo, uma enxaqueca, que parecia mais estar partindo sua cabeça no meio, tomou o lugar. Ainda hiperventilando, tentou abrir os olhos, e foi quando o maior espanto que ele poderia sentir na vida inteira aconteceu. Um painel azul estava projetado dentro da sua retina, cobrindo grande parte da sua visão:

[===

1° estágio de maturação de Mana detectado na órbita da estrela ⬜⬜⬜⬜⬜⬜

Sistema RULE ativado em todos os seres vivos adaptados…

Contato possível com estrelas em estágios de até um nível de diferença…

—------

Bem-vindo ao Sistema RULE

Nome: Levi Átila

Raça: Humano

Idade: 21

Altura: 1,82m

Peso: 78kg

Título: [Nenhum]

Status:

Força Vital: 0,8

Vigor: 0,5

Agilidade: 0,7

Potência: 0,9

Controle: 2,1

Mana: 1

Q. Mana: 1

(Média da raça local dominante = 1)

Habilidades: [Nenhuma]

===]