PREFÁCIO

Houve um tempo em que os anjos, curiosos sobre um ser recém-criado, desceram à terra para saber dessa nova criatura, porque ela fora criada de uma forma diferente, por um motivo diferente. Esses seres não foram criados apenas, foram desejados. Por um longo tempo os estudaram, testaram, experimentaram. E muitos por eles se apaixonaram ou se deixaram dominar pelo desejo, e com essas criaturas tiveram filhos, e a eles se dedicaram. Por eles entraram em guerra, e muitos contra eles e os seus se levantaram e se bateram até a exaustão.

No tempo que escoa eles se olharam e se perguntaram porque essas criaturas haviam sido, realmente, criadas. Muitos entenderam que elas haviam sido criadas por puro amor, e muitos outros entenderam que fora para colocar em movimento toda a criação, enquanto alguns poucos viram a sua criação como algum tipo de punição ou alerta para os anjos.

Esses foram os dias da queda e das guerras no céu, que foram passadas para todas as gerações desde então, até ser confundida com fantasia.

Mas a grande verdade é que elas realmente aconteceram.

Não sabemos ao certo porque a terra acabou sendo o centro das guerras entre os anjos, mas é quase certo que foi por causa da criação do próprio homem, que enciumou várias legiões de anjos que se revoltaram, acreditando que o Trovão[1] havia sido enganado pelas pessoas[2] e pela grande maioria dos anjos, ao criá-los.

Esta poderia ser uma visão centrista no homem, que bate no peito e diz de sua importância destacada na criação. Seria assim, se o que foi escrito tivesse sido ditado pelo próprio homem, ou por alguém que desejasse vê-los no centro de uma perigosa polêmica.

Porém, o que está aqui registado é a verdade, ditada e recebida por seres inspirados pelo UM e seus enviados em tempos muito recuados, que vem sendo passado de ser a ser, primeiro como a expressão da verdade, depois como uma lenda, e depois como uma curiosidade, até sua importância e luz estarem encobertas.

Todas essas estórias aqui transcritas são, em sua grande maioria, de um ser, um anjo, um AsaLonga chamado Lázarus, que é um deus, como qualquer outro que aqui tenha pisado, como qualquer pessoa, nefelin, dahrar, anjo, demônio, demiana, dêmona e ser humano pois que, sendo uma centelha do UM, UM somos.

Por tudo isto, acreditem: é real que em algum momento os anjos e as demianas visitaram os humanos e tomaram para si homens e mulheres, e com eles tiveram filhos e filhas. Se os primeiros nefelins são reais, bem como os dahrars, que tiveram como inspiração a união das pessoas, anjos e demônios com os homens, então as quedas também são. E, mais ainda, os anjos e as demianas ainda estão aqui neste mundo, e as pessoas, os demônios e as dêmonas também...

Akindará,

Mikael Lenyer

[1] Trovão ou UM refere-se ao criador, a Deus. Para maiores informações, vide ANEXO ao final deste livro.

[2] São seres, diferentes dos humanos, porque são dotados dos mais diversos poderes, como seres do fogo, do ar, agua e da terra.