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Capítulo dez

Neste momento saio do banheiro e minha mãe está sentada na cama me encarando.

— Por que me escondeu que estava namorando estando prestes a se casar?

— Porque eu não namoro aquele homem, Francisco e ele me fizeram uma armadilha.

— Que história é essa?

— Seu querido me vendeu para vocês viverem bem.

Ela levanta da cama e vejo a ira em seus olhos.

— E mentira! — ela me acusa sem paciência.

— E por que motivo eu mentiria?

— Para me fazer brigar com Francisco.

— Mãe não seja ridícula…

Levo um tapa na cara. Minha mãe me bate. Eu coloco a mão sobre o rosto com os olhos marejados.

— Agora se vista e vá ver seu noivo, para ele se despedir de você.

Ela vira as costas e sai do meu quarto.

Sento na cama e fico ali somente de toalha, imóvel incapaz de agir. Afinal não tinha o que pudesse fazer para me livrar desse casamento. Nem minha própria mãe me apoia.

Minha mãe havia deixado a porta aberta e Sérgio aproveitou para entrar. Eu não olho para ele, mas sinto que ele vem para perto de mim e se senta ao meu lado na cama. 

— Quer ver seu irmão? — virou-me o rosto em sua direção.

— Então é melhor se comportar. Deixo você ficar com ele essa noite se ir até lá na sala onde sua mãe a espera para brindarmos ao nosso casamento. 

—Então sai para que eu possa trocar de roupa.

Sergio se levanta e ao contrário do que eu pensei ele somente fecha a porta e diz:

— Eu não me incomodo de que você troque em minha frente, afinal amanhã seremos marido e mulher.

— Você não está pensando que eu…

— Ora Cristal não seja ingênua em pensar que não vou cobrar seu papel de esposa. — novamente não percebi como fui até ele, porém mais uma vez antes que eu o tocasse ele segura meus pulsos e me empurra.

— Troca logo se quiser dormir no hospital com seu irmão. — vou até o guarda roupa e pego as primeiras peças de roupa que vejo em frente, abri a gaveta e pego minhas lingeries. Graças aos céus tenho um banheiro no meu quarto e foi onde me troquei.

Acabei indo para sala entrar no teatro de noiva feliz, brindei ao maldito casamento, mas não esperava que Sérgio segurasse meu pescoço e me beijasse em frente a eles.

Minha mãe parecia estar envergonhada ou dividida, Francisco nunca mudava aquele semblante de pobre coitado, homem derrotado. Forçava um sorriso sempre que Sérgio falava com ele. 

— Podemos ir logo! 

— Claro! — Sérgio responde apoiando uma das mãos em minhas costas.

— Não vai dormir em casa? — minha mãe me pergunta.

— Eu vou passar a noite com o Marquinhos.

— Você não deveria ir! — olho com raiva para Francisco.

— Ele tem que saber que alguém o ama! — pego minha bolsa e saio em direção a porta.

— Boa noite! — escuto Sergio dizer a eles. E me segue.

O motorista novamente nos esperava com a porta aberta do carro, mas antes que Sérgio me jogasse de novo eu entro primeiro.

No hospital, Sérgio tinha saído abruptamente do hospital e o novo médico contratado me conta os novos procedimentos e depois de tanto tempo eu consigo sentir uma alegria. Agradeço e vou para o quarto que ele está dormindo tranquilo e sereno. Deixo um beijo na cabeça dele e me deito ao seu lado.

Acordo com duas mãos pequeninas me balançando e com uma voz muito feliz.

— Cris, Cris, acorda, veja o que eu posso comer agora. — Me remexo fingindo que estou dormindo. E ele começa a fazer cócegas em mim.

— Ah assim não vale! — Me viro e início as cócegas nele também.

Ele ri como muito tempo não ria, e agora eu noto a importância de seguir com esse casamento. E era por ele.

O ajudo a comer as frutas para depois deixá-lo comer os docinhos que o médico liberou.  Me pego sorrindo, até que o médico me chama.

— Cristal tem uma mulher ali fora dizendo que precisa ir para os preparativos do seu casamento.

Me despeço do meu irmão dizendo:

— Assim que eu puder eu volto para comer mais doces com você.

Ele me abraça forte e depois deixa um beijo no meu rosto, faço o mesmo.

— Vou te esperar.

Saio do hospital e sou cumprimentada por uma mulher. 

— Bom dia, Cristal, sou Suzen a assistente de Sérgio, vou te levar pra casa para te prepararem para o casamento.

— Oi! — e só o que eu digo.

Horas depois já estou pronta para minha crucificação.  

A assistente Suzen se aproxima e comenta: — Você está belíssima.

Forço um sorriso e sou guiada até o carro, minha mãe quis me ver mais não deixei então ela se aprontou e saiu na frente com o Francisco para aquela palhaçada de casamento, se não fosse pelo meu irmão eu fugiria sem olhar para trás não permitindo que ninguém me seguisse.

 Chego no cartório onde seria oficializado o casamento e Sérgio ainda não tinha chegado. Estava a minha mãe, o meu padrasto e algumas testemunhas que provavelmente Sérgio escolheu.

— Está linda! — comenta minha mãe se aproximando de mim. 

— Seu pai…

— Não, não diz nada sobre meu pai, ele não estaria nada satisfeito com isso aqui. — falo brava e vou me sentar. Ela volta a ficar perto do marido.

Sergio demora então decido falar com a assistente.

— Diz para o Sérgio se a intenção dele fosse me humilhar, ela já tinha feito isso, que não precisava marcar um casamento para me deixar plantada.

— Não, não! Tem alguma coisa errada, esse não era o plano. Espera mais um pouco. — Suzen diz preocupada.

— Qual o problema filha? — minha mãe se aproxima de mim de novo.

— Seu marido deve saber, pergunta a ele.

— Pare com isso — ela fala com voz de acusação. 

Reviro os olhos e a ignoro. 

 Mais de uma hora sem notícias. Eu estava realmente disposta a fugir até que escuto o telefone da assistente.

— Ela pede licença e vai para uma sala particular. 

Eu massageei as têmporas e ela retorna rápido.

— Tudo certo agora, ele teve um imprevisto impertinente, mas já está a caminho. 

— E o pai dele não vem? — minha mãe pergunta para ela.

— Ele odeia o pai dele! — eu digo.

Minha mãe fica sem graça e para de  especular.

— Então vai haver casamento? — pergunta o juiz sem interesse.

— Mas é claro! — Sérgio chega e entra e, a essa altura, realmente não há nada que eu possa fazer.