Capítulo: O Ascendente Senhor das Sombras
Braavos, 292 d.C.
Cinco anos haviam se passado desde que Shahadiin Dragas havia iniciado sua retirada estratégica para as sombras. Aquele que fora um comerciante de renome, um desafiante aos príncipes mercantes de Myr e uma figura detestada no Trono de Ferro, agora se tornara um fantasma na história econômica de Essos. Mas esse fantasma era mais real e poderoso do que nunca, operando com uma precisão invisível, uma rede de comércio e influência que se estendia por vastos territórios.
Em vez de se apegar a um único centro de poder, Shahadiin criara um sistema descentralizado, com atividades e aliados em lugares onde poucos ousavam ir. Ele havia aprendido, através das suas experiências e quedas, que o poder absoluto reside na capacidade de adaptação, na habilidade de agir onde ninguém mais ousa olhar. Com seu foco ajustado, sua fortuna e influência cresceram de forma espantosa.
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Negócios Além da Muralha e em Vaes Dothrak
Ninguém jamais teria suspeitado que um comerciante como Shahadiin Dragas se aventuraria a negociar com os selvagens além da Muralha, trocando armas e suprimentos em troca de obsidiana — a única proteção conhecida contra as ameaças sombrias que o próprio Shahadiin ouvira rumores de estar se levantando no norte gelado. Era um comércio perigoso, realizado através de intermediários cuidadosamente escolhidos, mas também um investimento no que Shahadiin acreditava ser uma forma de garantir uma rede de apoio no futuro. Além disso, ele sabia que poucos em Westeros ousariam interferir em tais atividades, já que sequer reconheciam a ameaça ao norte.
Simultaneamente, Shahadiin estabelecera contatos em Vaes Dothrak, negociando com os khals e vendendo itens exóticos que os dothrakis cobiçavam, como tecidos de alta qualidade, espadas de aço forte e armaduras leves para cavaleiros. A habilidade de Shahadiin em se mover entre culturas tão diversas e hostis lhe dava uma vantagem única. Ele respeitava a cultura dothraki, entendendo que, embora fossem ferozes e orgulhosos, também eram atraídos pelo poder e pelo prestígio de posses incomuns. Sua rede de contatos na cidade sagrada dos dothrakis tornava sua posição ainda mais difícil de rastrear e desmantelar.
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O Comércio com Piratas e a Aliança com os Homens de Ferro
Se negociar com selvagens e dothrakis já era um feito perigoso, seu envolvimento com os homens de ferro e os piratas das Ilhas Basilisco era ainda mais arriscado. Shahadiin, no entanto, não temia o contato com homens de moral duvidosa — para ele, eram apenas outras peças em um jogo de xadrez econômico. Ele comprava mercadorias roubadas, revendendo-as em cidades livres e portos onde seus homens garantiam que ninguém fizesse muitas perguntas sobre a origem dos produtos.
Esses negócios com piratas e homens de ferro renderam a Shahadiin grandes lucros e, ao mesmo tempo, uma rede subterrânea de contatos no mercado negro. Assim, ele garantiu que qualquer coisa que precisasse ou qualquer item raro poderia ser obtido rapidamente. Sua frota, agora composta por cem navios — cinquenta de comércio e cinquenta de guerra —, tornara-se uma força a ser temida no Mar de Verão e no Mar Estreito. Ele não era apenas um comerciante; era um poder marítimo, capaz de desafiar qualquer um que tentasse atravessar seu caminho.
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A Companhia do Grifo: 1500 Homens a Serviço do Poder de Shahadiin
A Companhia do Grifo, sua força mercenária, também crescera exponencialmente nos últimos anos. De uma unidade de elite de 300 soldados, ela se expandira para 1500 homens, incluindo lanceiros, espadachins, arqueiros e cavaleiros. Eram homens leais a ele, não apenas pelo salário, mas também pelo respeito que Shahadiin inspirava. Ele os tratava como um líder justo, recompensando-os generosamente e assegurando que estivessem sempre bem equipados e preparados.
Esse exército particular não estava apenas em Essos; sua presença se espalhava por várias cidades livres, e Shahadiin frequentemente enviava destacamentos para garantir a proteção de seus negócios. Havia rumores de que até mesmo algumas cidades menores estavam começando a pagar tributos à Companhia do Grifo para garantir sua proteção contra piratas e invasores. Com o tempo, a força mercenária de Shahadiin começara a adquirir uma reputação de eficiência e implacabilidade, atraindo o interesse de governantes locais e até de nobres de Westeros, apesar da animosidade de Robert Baratheon.
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O Rumo do Futuro
Shahadiin agora possuía uma fortuna estimada em mais de quatro milhões de dragões de ouro. Sua riqueza lhe permitia exercer influência onde bem entendesse, e sua rede de aliados e contatos tornava sua posição praticamente intocável. Mas ele sabia que, para manter esse poder, teria que continuar a jogar nas sombras, a se mover entre as brechas que ninguém mais conseguia ver.
Ele dedicou algumas noites a revisar tomos e manuscritos antigos que adquirira no leste. Embora não tivesse aptidão para a magia, mantinha esses textos como uma forma de entender os mistérios que o mundo escondia e, talvez, antecipar movimentos que seus inimigos não poderiam prever. Com sua espada valiriana, Shahadiin praticava fielmente todas as manhãs, treinando como um guerreiro que soubesse que a batalha final poderia estar sempre à espreita.
Enquanto isso, em Braavos, rumores sobre suas atividades continuavam a circular.
Os espiões do Banco de Ferro o observavam com curiosidade, intrigados pela ambição e audácia do homem. Apesar de sua fortuna depositada em seus cofres, eles sabiam que ele era um cliente incomum. Ele operava de uma forma que ninguém jamais entendera completamente, um lobo solitário que prosperava nas sombras e navegava nas linhas tênues entre o comércio legítimo e as transações ilícitas. Para o Banco de Ferro, Shahadiin Dragas era ao mesmo tempo um ativo e uma incógnita, alguém que eles preferiam observar de longe do que confrontar diretamente.
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Reflexões e Planos Futuros
Ao fim de cada dia, Shahadiin se permitia um momento de contemplação, refletindo sobre os caminhos que o levaram a esse ponto. De um homem exilado, ele se transformara em uma figura influente e intocável. Mas ele sabia que a estabilidade era temporária, que sempre haveria alguém disposto a tentar destruí-lo ou reivindicar o que ele construíra. Portanto, ele mantinha seus planos flexíveis e seus aliados prontos.
Shahadiin não era tolo; sabia que o mundo estava em constante mudança e que, para sobreviver, ele também precisaria se adaptar. Suas ambições, contudo, iam além de simples riquezas. Ele ansiava por um poder que lhe desse não apenas segurança, mas uma espécie de imortalidade no tecido da história. E, com cada nova aliança, cada novo acordo comercial e cada soldado recrutado, ele se aproximava um pouco mais desse objetivo.
A tempestade continuava a se formar no horizonte, e Shahadiin Dragas estava pronto para enfrentá-la. Ele fora moldado pela adversidade e erguido pelo poder de sua própria vontade. Com o olhar fixo no futuro e uma mente afiada como sua espada valiriana, ele aguardava pacientemente o próximo passo de seu império sombrio, enquanto os reinos de Essos e Westeros ain
da não percebiam o verdadeiro alcance de sua influência.