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O chamado

Aylin sentiu o ar ao redor ficar denso enquanto as palavras de seu avô pairavam entre eles. A floresta, agora, parecia estar prendendo a respiração, aguardando o desenrolar dos próximos acontecimentos. Havia algo naquelas palavras que a deixava inquieta, mas também curiosa. Ela precisava saber o que estava por trás daquele símbolo e por que seu avô estava tão decidido a mantê-la longe da verdade.

"Seja o que for, eu estou pronta," disse Aylin, tentando soar mais confiante do que realmente se sentia.

O avô a estudou por um longo momento antes de suspirar profundamente. "Se eu te contar, não haverá volta, Aylin. E a verdade não é algo que você pode esquecer uma vez que a conhece. Você estará ligada a este lugar, a esta escuridão, para sempre."

A jovem engoliu em seco, mas assentiu. "Eu preciso saber."

O velho se aproximou da árvore e estendeu a mão para o símbolo, como se hesitasse em tocá-lo. Aylin percebeu o medo em seus olhos, algo que ela nunca havia visto tão claramente antes. "Este símbolo," começou ele, "é a marca de um pacto antigo. Muito antes de você nascer, antes mesmo de eu nascer, nossos ancestrais fizeram um acordo com algo que vive nas sombras desta floresta. Em troca de poder, eles selaram a escuridão aqui, neste lugar."

Aylin deu um passo à frente, absorvendo cada palavra. "Que tipo de poder?"

"O poder de manipular a própria essência da vida," respondeu ele, a voz carregada de peso. "Eles se tornaram guardiões da escuridão, capazes de controlar o destino daqueles que se aventuram nesta floresta. Mas o preço foi alto. Nossa família foi amaldiçoada a vigiar este lugar, geração após geração, sem poder deixar estas terras."

A mente de Aylin girava com a revelação. "Então... estamos aqui porque você também é um guardião?"

"Sim," disse ele, com tristeza. "E você também. É por isso que sempre tentei te manter longe do que está além do lago. Você é a última da linhagem, Aylin. E, se você liberar o que está selado aqui, o caos será inevitável."

Aylin sentiu o peso da responsabilidade cair sobre seus ombros. A curiosidade que antes a impulsionava agora era uma mistura de medo e incerteza. "Mas eu nunca escolhi isso. Por que eu tenho que carregar esse fardo?"

"Porque é seu destino," respondeu o avô, com firmeza. "Mas o destino pode ser uma arma de dois gumes, Aylin. Há algo dentro de você que sempre te chamou para esta floresta, algo que você precisa enfrentar para entender o que realmente é."

A jovem olhou para o símbolo na árvore, sentindo uma atração inexplicável. "E se eu liberar o que está selado? O que vai acontecer?"

O velho tremeu ao pensar nisso. "O pacto será quebrado, e as criaturas da escuridão retornarão. Não há como prever o que farão, mas uma coisa é certa: não estarão dispostas a voltar para as sombras."

Aylin estava dividida entre o medo e a determinação. "E se eu puder controlá-las? Se este poder também for meu, posso usá-lo para impedir que destruam tudo."

O avô balançou a cabeça. "Você está brincando com forças além de sua compreensão, Aylin. Este poder é corruptor. Já vi isso acontecer antes, com aqueles que achavam que podiam dominá-lo. Todos sucumbiram ao mal."

Mas Aylin não recuou. "Eu sou diferente, vovô. Sinto que nasci para enfrentar isso, não para fugir."

Ele olhou profundamente nos olhos da neta, vendo a chama de determinação que não podia ser apagada. "Se você escolher seguir por esse caminho, eu não poderei mais te proteger. Mas lembre-se de que, uma vez que você começar, não haverá como voltar."

Aylin sabia que a decisão que estava prestes a tomar mudaria sua vida para sempre. Sentiu a floresta ao seu redor como se estivesse aguardando a escolha dela. Com o coração acelerado, mas a mente firme, ela se aproximou do símbolo e estendeu a mão.

"O que for necessário," disse ela, com a voz firme. "Eu farei."

O avô observou em silêncio enquanto Aylin tocava o símbolo. No momento em que seus dedos entraram em contato com a árvore, um brilho intenso emanou do tronco, iluminando a clareira com uma luz sobrenatural. A terra tremeu sob seus pés, e um vento gélido varreu a floresta, como se algo estivesse despertando das profundezas da escuridão.

Aylin sentiu uma força invadir seu corpo, algo poderoso e desconhecido. Ela sabia que havia cruzado um limiar e que, a partir daquele momento, nada mais seria como antes. O pacto estava se rompendo, e o mundo ao seu redor começava a mudar.

O avô se afastou, a expressão grave. "Agora não há mais volta. O destino da nossa linhagem, e talvez do mundo, está em suas mãos, Aylin. Seja o que for que você decidir fazer, faça com sabedoria."

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