Enquanto isso, no escritório do imperador, Abel estava sentado atrás da mesa. Seus pés repousavam em cima dela, recostado preguiçosamente na cadeira enquanto balançava as mãos manchadas de sangue ao seu lado. Conan suspirou ao ver que todas as cortinas estavam fechadas, não deixando espaço para a luz entrar.
"Sua Majestade," Conan chamou com um suspiro, olhando para Abel cujo rosto estava coberto por pergaminhos. Se alguém visse o estado atual do imperador, rumores sobre o imperador perdendo a razão se espalhariam como um incêndio.
"Eu fui ver a sua pet, e ela se recuperou adequadamente. Os hematomas em seu corpo clarearam, e ela parece ter se adaptado bem." Ele relatou, mas Abel não se moveu nem um pouco. "Eu dei a ela livros para ler para que possa aprender sobre os costumes do império e a história. Felizmente, ela sabe ler a língua do império, então será fácil."
Nada. Abel não reagiu de forma alguma.
Conan soltou outro suspiro e franziu a testa. "Estarei me retirando, Sua Majestade."
Assim que Conan se virou para deixar o escritório, ele parou quando Abel falou. Ele lentamente virou a cabeça para trás, franzindo a testa como se duvidasse de seus ouvidos.
"Perdão, Sua Majestade?"
"Conan, você sabe como eu odeio me repetir." Abel lentamente levantou o pergaminho que estava cobrindo seu rosto. Ao fazer isso, ele revelou uma mancha de sangue seco em sua mão, fixando seus olhos afiados em Conan.
"Traga a minha pet aqui, Conan. Estou entediado. Eu quase me esqueci dela."
"Sua Majestade." Conan estremeceu angustiado, olhando ao redor pelo escritório bagunçado. Mas seu olhar demorou-se mais na mesa, particularmente na cabeça decepada no canto.
Abel se sentou ereto, apoiando a palma da mão na cabeça decepada da pessoa que tentou envenená-lo mais cedo hoje. Ele a pegou com uma mão e a jogou para Conan como uma bola. Este último a pegou por instinto, encolhendo-se com a ideia de sujar suas roupas.
"Sua Majestade! Estas roupas são caras...!" ele reclamou segurando a cabeça decapitada em seus braços. Não havia um traço de medo em seus olhos, apenas nojo.
"Jogue essa porcaria fora." Abel acenou enquanto se levantava. "Estou cansado. Vou ver a minha pet e ensiná-la alguns truques."
"Sua Majestade, você ainda tem muitas coisas..."
Abel franziu a testa, fazendo com que Conan se calasse. "Já está terminado." Ele inclinou a cabeça em direção à pilha de documentos no chão perto das prateleiras. "Eu não queria refazê-los, então pedi a ela para colocá-los de lado antes de decapitá-la."
"Isso é muito eficiente de sua parte, Sua Majestade..." Conan murmurou impotente enquanto olhava para os documentos. Ele então levantou a cabeça para Abel enquanto o último passeava ao redor da mesa.
"Sua Majestade, você realmente vai ver sua nova pet? Por que você não espera por ela enquanto eu chamo..."
"Não é necessário." Abel acenou, saindo do escritório despreocupadamente. "Prefiro ver a reação dela se eu aparecer de repente assim. Heh… mal posso esperar."
A pálpebra de Conan tremeu, capturando Abel lambendo o canino com os olhos brilhando. Bem, já que o imperador tinha estado ocupado desde a cúpula mundial e teve que trabalhar nas questões concernentes ao império, um descanso seria bom para ele.
"Eu me pergunto se ela vai viver até amanhã," Conan murmurou impotente assim que a porta se fechou atrás de Abel. "A última que ele acolheu durou apenas um dia, afinal. Eu acho que Sua Majestade está tentando bater um recorde aqui."
O imperador, Eustass Silvestri Abel Bloodworth, embora conhecido por suas realizações como o imperador que governou o império com mão de ferro, tinha uma reputação notória com mulheres. Os casos amorosos do imperador não eram segredo entre os nobres, especialmente no palácio imperial.
O problema era... as mulheres que ele acolhia não duravam tanto tempo. O caso mais longo que ele teve durou duas semanas, mas depois a mulher desapareceu, nunca mais se ouviu falar dela. Todos já sabiam o que aconteceu, mas todos fingiram não ver para evitar chamar a atenção do imperador.
"Eu sinto pena dela," Conan murmurou, olhando para a bagunça ao redor do escritório. "Eu não deveria ter pedido para ela estudar e em vez disso a teria dito para aproveitar os últimos minutos de sua vida."
******
Aries encontrou-se imersa nos livros que Conan trouxe para ela. Como ela sempre teve inclinação para a história, ela escolheu esse livro primeiro. Era seu pequeno hobby ler e aprender sobre os costumes e raízes de outros países, então ela gostou dessas novas informações.
O Reino de Rikhill era um país conhecido por seu comércio com outros países. A razão pela qual ela aprendeu a falar diferentes línguas foi porque eles negociavam com outros reinos. Neste caso, eles poderiam acomodar convidados de outras nações sem problema sempre que houvesse uma grande ocasião no reino.
Agora, ela poderia usar essas pequenas habilidades que aprendeu enquanto crescida para ler a história do Império Haimirich. Quanto mais lia, mais percebia o quanto este lugar era diferente.
"Isso é estranho, embora," ela murmurou, inclinando a cabeça para o lado. "O Império Haimirich é conhecido por sua tecnologia avançada. Mas o retrato dos imperadores anteriores era mal desenhado à mão."
Aries não se deteve nisso, no entanto. Ela havia notado algumas falhas no livro de história, mas atribuiu isso aos costumes do império.
"O atual imperador se assemelha aos imperadores anteriores," ela sussurrou, acariciando o pequeno retrato com a ponta do dedo. Embora houvesse algumas diferenças em seus traços faciais, era inegável que seus genes eram fortes.
Um suspiro escapou dos seus lábios enquanto sua mente vagava para outro lugar. Seus olhos permaneceram no livro aberto em seu colo, pensando em o que dizer ao imperador uma vez que ele a chamasse. Estaria ela pronta? Nesse ponto, ela estava mais do que pronta para sobreviver.
Ela saltou de sua cadeira quando alguém de repente irrompeu em seu quarto. Com olhos trêmulos, ela viu uma figura marchar para dentro com uma confiança mais elevada que o céu. Assim que percebeu quem era, seus olhos se dilataram e suas costas se enrijeceram.
"Olá, minha pet," Abel cumprimentou, abrindo os braços. Ao fazer isso, ele lhe deu uma visão completa do sangue manchado em sua blusa de linho branca.
"Seu — Sua Majestade!" Chocada, Aries saltou de sua cadeira e fez uma reverência por instinto. Seus ombros se tensionaram, mantendo a cabeça baixa enquanto acalmava seu coração de bater contra o peito.
Conan não disse que este homem estava ocupado? O que ele estava fazendo aqui tão de repente? E sujo de sangue, ainda por cima!
"Oh, por favor, relaxe, querida." Abel se jogou no canapé onde ela estava sentada, olhando para o livro em suas mãos. "Eu vim aqui porque estou entediado. Venha se sentar."
Aries olhou para a mão dele enquanto ele batia no espaço vazio ao seu lado. Ela engoliu a tensão em sua garganta antes de sentar-se cuidadosamente. Assim que se acomodou ao lado dele, Abel passou um braço sobre o encosto do banco, olhos nela.
"Você está muito longe, querida." Ele acenou com o dedo para que ela se aproximasse. "Como posso fazer carinho em você se está tão longe?"
"Uh..." Aries mordeu a língua, aproximando-se dele. Quando ela viu ele levantar a outra mão e se aproximar dela, ela fechou os olhos por instinto. Ela simplesmente assumiu instintivamente que ele a esbofetearia, já que ele estava entediado — algo a que ela já estava acostumada no Império Maganti. Mas, a dor não veio.
Aries manteve seus olhos fechados, reunindo coragem para espiar. Uma vez que o fez, a primeira coisa que viu foi a mão de Abel, que parou no meio do caminho.
"Por que você fechou os olhos?" ele perguntou, fazendo seus olhos desviarem para encontrar os dele. O desconforto deslocado estampado em seu rosto não combinava com seus traços afiados.
"Você achou que eu iria machucá-la?" ele perguntou, inclinando a cabeça. "Devo fazer isso para você não se decepcionar?"
Sua boca abriu e fechou, mas nenhuma palavra saiu. Como ela deveria responder a isso? Se ela lhe contasse a verdade, isso definitivamente o desagradaria. Mas se ela mentisse, o resultado seria o mesmo. Este homem não pestanejou quando quebrou o pescoço daquele soldado. E mesmo agora, suas roupas estavam cobertas de sangue. Ela não queria adicionar seu sangue às roupas dele.
"Há uma razão pela qual eu a acolhi como pet, e isso é porque você pode falar. Estou errado??" ele perguntou com uma carranca.
Sentindo que ele estava começando a se irritar com seu silêncio, Aries agiu por instinto. Ela subitamente agarrou sua mão e a puxou até sua palma tocar a testa dela.
"Pet."