O ar está com um cheiro tão delicioso! É um perfume único, uma mistura de ferro, terra molhada, fumaça e algo mais... agridoce. Me reconforta de um jeito estranho, quase nostálgico, como se o mundo estivesse nos contando uma história triste, mas cheia de beleza.
E combina tão bem com esse clima melancólico!
Os respingos carmesins por toda parte nunca param de me chamar atenção. É como se o campo fosse uma tela gigante, e alguém tivesse pintado com paixão e raiva. Parece meio impressionista, mas com um toque de surrealismo. Um pouquinho de vermelho aqui, uma mancha de preto ali. Quem diria que o caos poderia ser tão harmonioso?
— A Ana devia fazer guerras com mais frequência…
Claro, os cadáveres espalhados são o toque especial nisso tudo. Principalmente os frescos. Ah, são tão... inspiradores!
Parece que até o vento dança entre eles, carregando histórias que ninguém mais pode ouvir. O soldado que caiu defendendo seu lar, o arqueiro que nem viu o que o atingiu. Todos aqui têm algo a dizer, uma última nota na melodia da vida. É quase poético, como uma valsa fúnebre.
— Você sabe que é verdade, Bog. Tudo isso é arte. Só precisa do olhar certo para apreciar.
Ah, como eu queria que você me entendesse melhor, sapinho. É tão difícil explicar isso sem soar como uma louca completa. Mas hoje… hoje é um dia tão feliz! Não consigo conter a animação. O mundo está cheio de possibilidades, não está?
Vou tentar resolver as coisas por lá rapidamente, quero voltar logo pro lado da rainha. Mas espero que tenha corpos o suficiente. Isso facilitaria muiiiito o trabalho, principalmente se forem bestiais. Aqueles caras são tão legais de controlar. Bem fortes e muito mais resistentes que humanos comuns, mas, oh, tão burros! Sabe como é, né? Quando não pensam muito, não é preciso gastar tanta energia. São como marionetes obedientes. Simples. Eficientes.
— Ei, Bog, os outros Jóqueis também usam sapos?
Ele não respondeu de novo, claro, mas coaxou baixinho. Isso é um não? Bom, vou interpretar como um "não".
— Eu não entendo coaxarnês, bobinho! Mas você é adorável mesmo assim.
Sempre é necessário conversar com meus bebês, mesmo que entendam bem a música. Evita que fiquem tristes, sabe?
De qualquer forma, se tiverem mais monstros por lá… ah, aí sim vai virar uma festa de verdade! Um espetáculo digno da melodia que estou compondo. Bestiais mortos-vivos, uma ou duas criaturas descontroladas... Quem sabe até alguns escamosos para apimentar as coisas.
Ai ai… Será que falta muito?
Já saltamos tanto que perdi a conta. Parece que estamos atravessando um mundo inteiro. Não lembrava da cidade ser tão grande, talvez ela tenha crescido enquanto a gente não olhava.
Por sorte, não consigo nem reclamar direito. Saltar é tão divertido! Toda vez que subimos, por um momento, me sinto voando. Será que voar é realmente assim? Deve ser maravilhoso!
Nunca encontrei um pássaro gigante morto que pudesse me aguentar. É uma pena, não é? Hein, hein? Uma pena! Hahaha, sou ótima fazendo piadas!
Bom, talvez eu devesse fazer uma dieta... Ou não. Acho que não. A gente precisa de energia pra todas essas aventuras, certo?
Enfim, deve ser supimpa! Um dia, quem sabe, eu voo por aí.
— Será que a Ana ia gostar?
Aposto que ela ia bufar e dizer que é besteira. Mas eu sei que, no fundo, ia achar incrível. Ela adora um espetáculo, mesmo que finja que não.Imagino nós duas, voando pelos céus, a brisa cortando nossos rostos, matando gente a torto e a direito.
Vou perguntar pra ela na próxima vez.
A verdade é que tenho um segredo que pouca gente sabe. Digo, um dos muitos, mas esse é o que mais gosto…. Quando eu toco meu alaúde para alguém vivo, posso sentir o coração dos meus ouvintes. E a Ana… ela me ouve de verdade. Não como os outros, que fingem. Gosto tanto disso.
— É quase como a gente, Bog. Uma conexão tão profunda!
Ela é rabugenta. Oh, como ela gosta de bancar a durona. Sempre com aquela máscara, aquele ar de "não me importo". Mas eu vejo. Eu vejo que ela se importa comigo. E, sabe, é muito raro eu sentir isso. Ter alguém que realmente se importa... É sutil, mas eu juro que percebo.
Faz tanto tempo que não tenho uma amiga. Muito tempo mesmo.
— É bom sentir que gostam da gente, né? Aposto que você entende. Seu dono antigo parecia gostar de você, pelo menos um pouco. Talvez fosse um amor meio... sádico? Mas ainda era amor, não era?
Ah, que droga! Esqueci de perguntar o nome dele. Como eu sou burra! Era a última coisa que eu podia fazer por aquele cara. Que falha minha…
Bem, espero que ele tenha tido uma boa morte. Morrer bem é bem complicado, sabe? Não é qualquer um que consegue.
É a parte mais bela da vida, afinal. Não tinha como ser tão fácil.
Tudo se conecta, o universo grita pela última vez, e, então, o silêncio vem. É… perfeito. Eu vejo isso o tempo todo, mas ainda assim cada vez é diferente, cada vez é único.
Espere... Estou ouvindo gritos! É isso! Finalmente chegamos!
— Estava começando a achar que você estava me enrolando, Bog. Agora, me empresta um pouco disso aqui…
Hmm, foi sorte esse machucado estar tão perto da sela. Bem conveniente, perfeito para o meu novo look. Um pouco de sangue nunca faz mal pra ninguém. Só um risquinho na bochecha... e outro do outro lado. É isso! Não pareço mais imponente? Não, não precisa responder, eu sei que pareço. Aposto que eles vão ficar morrendo de medo.
— Agora escuta, salte bem no meio de todo mundo, tá bom? Nada de saltinhos tímidos. Hoje é dia de espalhar o nome da maior barda de todos os tempos. Não, espera… da maior necromante! Não, não, calma... da maior heroína!
Não, nada disso é suficiente…
— Ah, já sei! Nyx, a majestosa bardomanterina!
Hahahaha! Só eu consigo pensar em um título tão legal. Você gostou, Bog? Hein? Tá coaxando de novo?
— Já te disse que não entendo esse seu idioma de sapo! Hahahaha! Mas fica tranquilo, prometo que não vou esquecer de você nessa história. Aliás... Preciso te apresentar direito. Nyx, a incrível bardomanterina, e seu imparável sapo-boi, Bog!
Não vou admitir em voz alta, mas é só Bog porque esqueci o resto do nome... Desculpa, sapo. Espero que ele não fique triste…Mas quando o nome é fofo, é ainda mais aterrorizante, né? Vão te achar o sapo mais legal de todos os tempos!
Oooh, é o Lucas lá no meio? Legal. Mas... Nossa… Que cena deprimente. Tem tão poucos mortos aqui. O que essa gente tá fazendo? Não sabem como funciona uma guerra?
Tudo bem, tudo bem... É só mudar os planos.
— Bog, tá vendo aqueles arqueiros na parte de trás? Sim, os magricelas pedaços de pau! Quero que você pule bem em cima deles. Nada de dó, esmague-os!
Uoooooo! Nem deixou eu me preparar, sapo burro!
Não sabia que você ainda tinha tanta força! Devia ter pulado assim enquanto vinha pra cá, isso foi... Fantástico!
Sapo, sapo, sapo! Hahaha!
Hoje o dia está perfeito para brincar com a morte, só preciso me atentar nas partituras dessa bagunça toda.
Claro, não é uma preocupação.
Afinal, a guerra é arte, e eu sou uma artista!
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