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A-Culpa-É-Minha?

{ 08/08/1992 - 06:45 }

O Sr. Válter Dursley sempre acordava as 06:00 e se preparava para sua rotina de trabalho, Petúnia Dursley levantava ao mesmo tempo, e iniciava o preparo do café da manhã, e pouco depois ia direto acordar seu filhinho Duda, que iniciava as aulas as 08:00, tendo o ônibus escolar vindo buscá-lo na porta de casa, como com muitas crianças.

Uma rotina diária e comum como em muitas famílias dessas redondezas da cidade, mas oculto de tudo isso, havia uma figura a menos, uma que sumira um ano atrás, causando enorme comoção no bairro quando não paravam de fofocar sobre a criança fugitiva, mas que se apaziguara no surgimento de um velho barbudo e misterioso.

Foi um momento de esclarecimento a todos na rua dos Alfeneiros - Nº04, esclarecimento de que seu sobrinho indesejado teria de retornar das férias ao lar natural da família Dursley, em prol de intensificar barreiras extremamente poderosas que mantinham separados o mundo sobrenatural, do natural deles.

Petúnia lembrava daquela época como se fosse ontem, a sensação de alívio como se um peso e presença obscura tivesse enfim sido purificada de sua casa, mas um alívio momentâneo, pois logo depois, em meio a datas festivas, uma sensação de raiva passou a se predominar quando aquele diretor de escola veio até eles, praticamente os ameaçando de que tinham de acolher novamente a seu sobrinho.

Tiveram eles até a decência de ir buscar o rapaz ingrato na estação de trem, mas que não encontrara nada, os deixando ainda mais irados, e talvez foi esse o motivo de Válter e Petúnia enfim terem discutido seriamente a situação que estavam e como reagiriam ao que viria.

Explicaram tudo a seu filho, e sendo a criança inocente que era, decidira escutar aos pais, no que realmente iria ferir interiormente ao primo que Duda tanto gostava e sentia saudades.

Onde ao encarar a janela de sua casa, arregalara os olhos levemente quando vira uma figura caminhando em direção à porta, uma presença que surgia cada vez mais, e que mais fazia Petúnia sentir sensação das quais não sentia há um ano.

Seu marido, que parecia ter sentido o mesmo, descera as escadas e vira o estado de sua esposa, onde logo escutaram a campainha tocar:

- É ele, não é? - Válter indagou a sua esposa, que assentira fracamente. - Hnpf, não muda nada, é como conversamos. - Continuou seu marido encarando a comida na mesa, e logo acenando negativamente a cabeça. - Até perdi a fome, só mostre onde essa coisa irá dormir e então seguimos com o que ensinamos a Duda. - Finalizou o homem se aproximando de Petúnia, dando um beijo que a mulher correspondeu. - Eu te amo... não vamos deixar essa coisa estragar nossas vidas, como estragou na última década.

Caminhando até a porta enquanto ajeitava sua gravata, e checava por último a sua maleta, Válter enfim abrira a porta, onde se prostrara de frente a um rapaz alto, de porte atlético, vestindo também um terno e com olhos esmeraldas que o homem só vira uma vez na mãe de sua esposa.

- Bom d... - Harry Potter era quem tentara se comunicar com o patriarca Dursley, mas que fora ignorado pelo mesmo quando o homem continuará caminhando casa afora, em direção ao carro de sua garagem.

Harry realmente esperava muitas reações negativas quando chegasse a essa casa, principalmente vindas de seu tio, mas não receber nada foi algo que ele não esperava, e que em si sentia algo estranho interiormente, mas olhando ao homem que abrira a garagem, manobrara o carro, trancara a garagem e enfim saíra dirigindo, foi que Harry enfim escutou uma tosse baixa, no qual ao olhar casa adentro, encontrou sua tia com uma face sem emoção.

- Sabe onde fica seu quarto... fortaleça essas barreiras que seu diretor disse existirem e então volte para seu povo. - Ditou a mulher sem emoção alguma na voz, onde ao encarar fixamente ela, Harry enfim voltara seu olhar para porta logo abaixo das escadas.

Lar de muitas lembranças ao Potter, boa parte negativas, mas não deixaria isso o afetar, talvez no passado surgisse algum efeito, mas não depois que ele treinou tanto para se proteger.

Caminhando em direção à porta, Harry a abrira e notara a falta de trancas que sempre estavam presentes em sua infância.

Mas nada mais agora, e era bom assim mesmo, pois Harry nunca mais se permitiria ser trancafiado e humilhado como se fosse um mero peso morto.

Dando um passo adentro, Harry encarou ao local escuro, no qual ao puxar a corrente da lâmpada pouco acima, pudera fornecer a ele visão de como tal local era minúsculo, empoeirado e principalmente como logo nas paredes era notável diversas vezes escrito: Harry.

Época em que descobrira que seu nome era Harry, e não aberração, anormal ou peso morto, e que traziam mais uma gama de emoções a ele, no qual ao olhar para trás, esperando ver sua tia ali, notara ela ter o abandonado escadas acima, sem dizer mais nada.

Não sabia porque, mas isso estava incomodando Harry, e estava incomodando muito, algo nele estava dando uma sensação de aperto que nunca sentira antes, e em meio a tantos treinamentos que teve no Domo Temporal dos Flamels, sentia que não havia se preparado para se defender desse tipo de sentimento.

Se defender de abusos físicos e verbais era a coisa mais fácil para Harry, como demonstrado ao batalhar no saguão de Gringotes, mas como iria se defender de algo que nem mesmo o tocou, sua tia não fizera nada, seu tio também não fizera nada, e estava aí o problema... Harry não estava preparado para se defender, quando nada o estava atacando.

Era o olhar deles, e como se ele não tivesse valor algum, para sua família nem se dignar a demonstrar alguma reação ou emoção, que mais o fazia sentir um aperto no peito, e assim quando se sentara a cama, Harry enfim se recordara de alguém muito querido nessa casa:

- "Sim, não importa o que meus parentes de merda pensem de mim, ou em si deixam de pensar." - Harry pensou consigo mesmo. - "Estou aqui para reerguer barreiras que protegerão meu priminho e nada mais." - Colocara isso em sua cabeça quando se levantara para limpar ao quarto minúsculo, porém com uma sensação esquisita de que nada seria como ele imaginava, e que realmente estar poucas semanas nessa casa iriam estragar tudo o que ele veio fortalecendo e aprimorando nos últimos anos.

[ ... ]

Sim, estava sendo horrível o dia para Harry, fodam-se seus tios..., mas ser ignorado por seu priminho era outra situação.

Terminara de limpar seu quarto quando era hora de o rapaz ir para escola com base na buzina do ônibus escolar de frente a casa, e ver ele, ver como ele travou na escada ao notá-lo, com Harry sorrindo levemente e acenando, mas que logo arregalara os olhos quando o menino gritara uma despedida a sua mãe e saíra correndo de casa em direção ao ônibus, sem ao menos se dignar uma mera palavra, é... isso realmente fisgou Harry como se tivessem pego a espada que ele carregava e o esfaqueado direto no coração.

Petúnia que vira seu sobrinho na porta da casa, realmente dera as costas quando o mesmo elevara seus olhos a ela, mesmo que isso doesse tanto nele, tinha de fazer.

Não sabia ele como suas vidas tinham mudado nesse último ano, não queria dizer isso na cara dele, pois sabia que demonstraria alguma reação emocional, mas suas vidas estavam ótimas, o melhor ano que já tiveram, como se uma presença negativa tivesse sumido do lar deles, seu marido se dignou a voltar a praticar esportes, ela mesma voltou a cursar sua faculdade, na qual trancara quando tivera um bebê e outro foi deixado em sua porta, e seu querido Duda, que nas primeiras noites chorara pelo abandono de seu primo, mas que logo se acostumara quando foi transferido a nova escola e encontrou um grupinho de amigos.

Sim, Petúnia não iria condenar isso após uma década na presença daquela coisa, mesmo que isso a tornasse má aos olhos externos, iria priorizar sua família em primeiro lugar.

[ ... ]

{ 20:00 }

Era noite quando seu marido chegou do trabalho, aparentando estar exausto fisicamente, mas com um olhar que só demonstrava que ele tinha novidades.

Duda chegara pouco antes, onde logo após a escola fora brincar com seus amigos de pedalar uma bicicleta na pista de skate ali da região.

E Harry, Harry, na verdade, se mantivera isolado em seu quarto o dia todo, fazendo sabe-se lá o que, mas que Petúnia jurara ter escutado um rugido vindo daquele quarto, mas que logo ignorara, pois estava indo para suas aulas da faculdade.

- Hoje, como todos sabemos, foi um dia muito importante. - Harry ergueu os olhos acreditando que era isso que seus tios o convidaram a mesa de jantar, algo nunca feito antes, e que se alimentara ao lado de todos, como se fossem mesmo uma família, mesmo que em momento algum se dignaram a palavra ou o olhar ao Potter. - Firmamos enfim uma reunião e no domingo de amanhã irei buscar fechar o maior contrato de minha vida, os Fletchley enfim aceitaram uma chance com nossa empresa e vem para o jantar. - Harry estranhara levemente ao escutar esse sobrenome, era no mínimo familiar, mas que logo abandonara esse pensamento.

- Acho que devemos repassar o programa mais uma vez. - Disse ele. - Precisamos todos estar em posição às oito horas. Petúnia, você vai estar...?

- Na sala de visitas - Disse tia Petúnia sem pestanejar. - Esperando para dar as boas-vindas como manda a etiqueta.

- Ótimo, ótimo. E o Duda?

- Vou esperar para abrir a porta, os recepcionar e conhecer ao filho deles. - Duda deu um sorriso desagradável e hipócrita, que Harry não gostara nada de ver na face de seu priminho. - Posso guardar os seus casacos, Sr. e Sra. Fletchley? - Recitou ele ao que seus pais tanto o ensinaram.

- Eles vão adorá-lo! - Exclamou tia Petúnia arrebatada.

- Excelente, Duda. - Disse tio Válter. Em seguida dirigiu-se a Harry. - E você? Precisamos conversar.

Vendo que seu esposo diria aquilo, Petúnia indicou a Duda subir para o quarto e finalizar a tarefa, que ela logo corrigiria com ele.

- Guarde as armas, rapaz. - Válter disse quando notou a mão direta de Harry se aproximar um pouco de onde sua espada se encontrava embainhada. - Não sou seu inimigo.

- Onze anos aqui dentro dizem o contrário. - Harry disse com seu tio não alterando sua face sem emoção.

- Me desculpe. - Válter disse simplesmente, com Harry arregalando levemente os olhos. - Agimos na última década como monstros abusivos para cima de você. - Continuou o homem, com Petúnia acenando.

- Essa será a única vez que escutara algo assim saindo de nossas bocas. - Petúnia dissera. - Pois mesmo em meio a maneira que agimos no passado, ainda, sim, foi culpa sua. - Continuava ela com uma sensação angustiante ao notar a expressão de seu sobrinho, em si a expressão apresentada no olhar idêntico ao de sua falecida irmã, que na época em que casou com Válter nem ao menos a convidou para cerimônia.

- Nossas vidas mudaram drasticamente no último ano, como se retornasse ao que éramos antes de te colocarem em nossa porta, então nos desculpe pelo que fizemos no passado, mas não iremos condenar a paz que obtemos desde que você fugiu. - Válter dizia como se isso fosse uma conversa comum. - Então permitiremos que fique aqui durante o período dessas barreiras se reerguerem, mas não queremos contato algum com você, e muito menos que se aproxime de nosso filho, a fim de não o induzir a agir como agimos na última década.

- É só isso? - Harry disse com um olhar sombreado e a pupila querendo se ascender em poder.

- Sim, Harry... é só isso. - Finalizou Petúnia com neutralidade na voz, enquanto Harry se levantava e suspirava levemente.

- Ótimo. - Harry acenou com a cabeça e sorria falsamente. - Tenham uma ótima vida. - Finalizando assim, Harry enfim se afastara da sala de jantar.

Se afastara da casa que estava...

Se afastara do bairro em que estava...

E até mesmo se afastara da cidade em que estava...

Harry Potter caminhou tanto durante horas em linha reta, que seus pés doíam, e quando enfim ele parou, notando a madrugada que indicava um amanhecer, ele enfim se sentou no balanço de um parquinho e sentiu durante todo esse momento, como se o esfaqueassem internamente, como se o espancassem, maltratassem e em momento algum ele podia se defender.

Independentemente do quão forte estava agora, o quão preparado estava para se defender fisicamente de todos os outros.

Seus parentes e última família no mundo, enfim tinham acertado no pior local possível a qual ele não conseguia se defender, pois claramente eram novas pessoas aquelas que ele viu quando chegou, pessoas comuns, normais e com rotinas como a de todos os outros.

Demorou até o jantar para ele entender, mas sim... o fato de seus parentes terem sido abusivos com ele no passado, foi tudo culpa dele.

E agora tinha que engolir essa verdade enquanto sentia que começaria a chorar, mas que com pura obscuridade em seus olhos esmeralda, engolfara ele qualquer amargura e sensação angustiante, as mesclando massivamente em algo que ele descobriu se chamar Obscurial, uma tática de defesa que praticava desde seus sete anos, mas que nunca imaginara retornar a usar.

Pois foi assim, que massivamente toda angústia e dor... simplesmente sumiu no mais profundo de seu ser, e assim ele se levantou.

Dessa vez de volta à quando adentrara ao mundo mágico, sem emoção real alguma aparente, e ele enfim começara a recitar seguidamente a um mantra que recitava todas as manhãs de frente ao espelho, enquanto voltava a caminhar pelo caminho de que veio:

Meu nome é Harry James Potter...

Eu não sou um monstro...

Não sou uma aberração...

E muito menos um peso morto.

Meu nome é Harry James Potter...

Eu não sou um..., monstro...

Não sou uma aberração...

E muito menos um peso morto.

Meu nome é Harry James Potter...

Eu não sou um monstro...

Não sou uma..., aberração...

E muito menos um peso morto.

Meu nome é Harry James Potter...

Eu não sou um monstro...

Não sou uma aberração...

E muito menos um..., peso morto.

Meu nome é Harry Potter...

Eu não sou um..., monstro...

Não sou uma..., aberração...

E muito menos um..., peso morto.

Meu nome é Harry...

Eu não sou um..., monstro...

Não sou uma..., aberração...

E muito menos um..., peso morto.

Meu nome é..., Harry...

Eu não sou um..., monstro...

Não sou uma..., aberração...

E muito menos um..., peso morto.

Meu nome é Harrysson James Potter Peverell Pendragon Black...

Eu sou um..., monstro...

Sou uma..., aberração...

Com certeza um..., peso morto.

E sim, a culpa de tudo isso é minha.

E com isso dou fim ao primeiro capítulo do terceiro livro da Changed Prophecy.

Espero que estejam gostando, sim... Harry não estava preparado para isso.

Imaginou ele qualquer ataque físico ou verbal, mas não ver seus parentes agindo normais, num cotidiano normal, com rotinas normais, mostrando na cara dele, que sempre foi culpa dele.

Mas isso é algo ainda mais obscuro para se fluir no futuro, só relembrem de como Ron agiu nos filmes ao carregar o medalhão da Horcrux... tem coisa relacionada.

Enfim, espero mesmo que tenham gostado, e não se esqueçam daquele apoio fera na seção de comentários. XD

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