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Preparando-se para o combate.

Se arrependimento matasse, Kowalsk provavelmente estaria morto.

— O que são exatamente esses bichos, doutor? — perguntou ele.

Sentindo-se lisonjeado e diante das circunstâncias, o senhor Kaminski nem quis retrucar, para lhe dizer que não era doutor de coisa alguma.

— Esses animais não são dragões de verdade ou filhotes de dragões, como poderíamos erroneamente supor. Segundo as informações de que me lembro quando estava em cativeiro, eles são uma espécie de coletores de guerra. Servem apenas para retirar os corpos dos dragões vencidos em combate. Geralmente não são usados como instrumentos de guerra, ao menos não para ataques, mas isso não quer dizer que não estejam aptos a vencer um ser humano.

— Não diga besteira, doutor. Até um gato louco com um décimo desse tamanho consegue matar um ser humano, que dirá um bicho desse porte — disse Kowalsk, já imaginando o massacre que seria para o seu grupo, observando que o número dos tais dreikis não parava de crescer.

— Que chance nós temos contra tantos deles, velho soldado? — perguntou Gareno, já procurando pela segunda luva.

— E eu é que sei? — respondeu Kowalsk, sentindo-se desesperançoso e culpado por aquela situação. Como líder que havia sido votado, não podia demonstrar tais emoções. Querendo ou não, ele tinha que agir como um líder e procurar soluções rápidas e práticas para que todos pudessem sobreviver.

— Quero dizer, eu ainda não sei, mas se conseguirmos ganhar algum tempo, posso conseguir uma chance para nós. Mas preciso de informações de vocês, todas as informações importantes que podem me dar. Gareno, quantos desses bichos você pode parar com um de seus socos de impacto?

— Talvez três ou dois, se estiverem enfileirados.

O doutor, que ainda não havia visto Gareno em ação, achou um tanto estranha a pergunta de Kowalsk e mais estranha ainda a resposta de Gareno.

— Muito bom, Gareno, porém é muito pouco para estas circunstâncias.

— Não se esqueça de que já tenho a outra mão para usar também, o que significa que o resultado é o dobro do que eu falei. E com a espera de um minuto, posso repetir a dose quantas vezes forem necessárias.

— Bem, matematicamente falando e contando com a probabilidade máxima elevada ao quadrado... Seis dreikis abatidos por minuto. Um número razoavelmente bom, mas levando em conta que só existe um de você para fazer essa proeza... Estamos fritos — afirmou Kowalsk, ao olhar um número de adversários que não parava de crescer.

— O que sabe fazer Thilláila? Tem alguma habilidade que pode nos ajudar neste momento?

— Infelizmente, descobri que tenho sim algumas habilidades, mas que agora de nada nos servem.

Aproximando-se de Thilláila, com a curiosidade estampada em seus olhos, Kowalsk perguntou:

— E quais seriam essas habilidades que você tem e que em nada nos ajudariam?

— Não me pergunte como, senhor Kowalsk, nem mesmo eu sei o porquê, mas consigo me comunicar com esses dreikis.

Sem esperar pelo restante, Kowalsk se dirigiu ao doutor Kaminski e perguntou apressadamente:

— E quanto ao senhor, doutor Kami?

— Se tenho alguma habilidade especial, eu ainda não sei, senhor Kowalsk. Mas pode contar comigo. E se quiser, posso bolar uma tática que nos ajudará a escapar dessa enrascada.

Enquanto isso, os dreikis já começavam a se posicionar em duas fileiras, demonstrando que não demoraria para atacar.

— Doutor Kami, talvez o que vou pedir possa parecer loucura, mas preciso de alguns minutos para encontrar munição para essas armas, que no momento têm o mesmo valor que um vaso quebrado. Acha que consegue fazer isso?

— Velho soldado, você sabe que isso é loucura, não sabe? — perguntou Gareno, já se preparando também para o ataque que não demoraria a acontecer.

— Sei sim, Gareno, mas é nossa única chance de sobreviver. Fique aqui e proteja-os o quanto puder. Logo estarei com munição de sobra para enfrentar essas crias de dragões.

E logo após Kowalsk sair correndo pelo corredor em direção às comportas zero um, os dreikis partiram velozmente em direção àquele estranho quarteto, composto por um velho homem que passou grande parte de sua vida dentro de tubos de ensaio de laboratório, um soldado modificado com uma verdadeira salada de genes em seu DNA, uma mulher cuja origem era desconhecida até mesmo para ela mesma, e por último, mas não menos interessante, um dragão que estava bem menor em comparação ao que era antes.

Ainda assim, as feras que se dirigiam a eles pareciam ter em seus olhos uma mistura de ansiedade e curiosidade. Afinal, nunca haviam entrado em combate com um ser humano antes, mas já tinham sentido o cheiro de muitos que emitiam um forte odor de medo só de vê-los.

Mas aqueles humanos ali eram diferentes de tal forma que pareciam nem mesmo ligar para a superioridade numérica deles, que era algo em torno de uns quarenta dreikis e que continuava a crescer a cada momento.

 

Perigo Constante

 

Kowalsk não perdeu tempo e correu o mais rápido que pôde em direção às comportas zero um, deixando jogadas ao chão as armas que havia levado inicialmente. De nada serviriam se não encontrasse munição e procurou nem pensar no que seus companheiros teriam que fazer para não serem devorados por aqueles filhotes infames de dragões.

Não lhe importava que dissessem que não eram filhotes de dragões; como mais poderia chamar aquilo? Ratazanas? Aumentou ainda mais sua velocidade e procurou pensar onde estaria a caixa de munição, se é que existia uma.

Mas Kowalsk sentiu que a sorte poderia mudar a seu favor. Quando olhou para a grande caixa de armas, que conhecera anteriormente, percebeu que ao seu lado havia uma caixa um pouco menor e da mesma cor amarelada, com letras pretas e o símbolo de uma caveira em vermelho, deixando claro o quanto seria perigoso se fosse exposta ao calor.

Correu para abri-la, mas antes que pudesse fazê-lo, um dreikis interceptou seu caminho, rosnando, grunhindo e babando ferozmente, prestes a atacá-lo. Kowalsk olhou para o lado e pensou em pegar alguma arma de fogo para se defender, ao mesmo tempo em que se lembrou de que todas deveriam estar sem munição, razão pela qual ele estava ali.

O dreikis não perdeu tempo e parecia entender que o soldado à sua frente não podia retirar nada de dentro daquela caixa amarela, avançando ferozmente sobre Kowalsk. Ele estava com medo, mas lembrou-se de que seus companheiros dependiam de seu sucesso em pegar a munição. Com uma agilidade despertada pelo medo, conseguiu desviar-se do ataque do dreikis, que passou direto sem sequer conseguir arranhá-lo.

Todos os instintos de Kowalsk o incentivavam a fugir daquele combate, mas ele não tinha opção: ou enfrentava e vencia, ou enfrentava e morria. Quando um rápido pensamento de fuga passou por sua cabeça, logo duas perguntas surgiram em sua mente: "E quanto aos seus amigos? E fugir exatamente para onde?"

Sim, essa era uma dura verdade. Enquanto ele estava com medo e relutante em travar aquele combate com um dreikis, a mais de uma centena de metros dali havia mais de dez dreikis para cada um de seus companheiros lutarem. E quanto a fugir, que local daquela base-laboratório seria seguro agora? Nenhum.

Finalizando seus pensamentos, sentiu que sua hora de agir era agora. Passou a mão na cintura, pegou a bainha e sacou a única arma que poderia lhe ser útil. Posicionou-se e esperou pelo segundo ataque, enquanto analisava qual seria o melhor ponto do dreikis para atacar sem correr muito risco.

O feroz dreikis o encarou novamente, posicionando-se para atacá-lo, e sem aviso algum pulou com sua boca escancarada, pronta para dilacerar Kowalsk. No entanto, o velho soldado foi mais rápido e desviou-se no exato momento em que cravou a afiadíssima faca na garganta do bicho, que sequer compreendeu o motivo de não conseguir levantar-se para efetuar um terceiro ataque.

Kowalsk ainda moveu sua afiada arma mais alguns centímetros, até certificar-se de que aquele animal não lhe causaria mais nenhum problema. Dirigiu-se à caixa de munição, respirou aliviado por ver que nela não havia nenhum tipo de tranca ou cadeado, e rapidamente retirou tudo o que pôde, correndo em direção aos seus companheiros.

Qual não foi sua surpresa ao se deparar com um dreikis ainda maior do que o anterior, que acabara de matar. Instintivamente pôs a mão na cintura e só então lembrou-se de que sua faca havia ficado na garganta de seu inimigo, que estava alguns metros atrás e fora de seu alcance naquele momento.

— Eu sabia que hoje era meu dia de sorte! — disse ele, já se preparando para um ataque que não veio.

— Senhor Kowalsk! Senhor Kowalsk! Largue as armas que estiver em suas mãos — gritou Thilláila.

— Mas não tenho arma alguma aqui comigo.

— Então largue qualquer coisa que estiver em suas mãos, se quiser viver.

Sem pensar duas vezes e vendo as presas brancas do enorme dreikis à sua frente chegando cada vez mais perto, largou a munição ao chão sem muito cuidado com uma mão, enquanto escondia algo diminuto em seu bolso com a outra, sem despertar o interesse da fera, que nada desconfiava.

 

 

 

 

 

 

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