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Ataque Fulminante

O quarteto pegou gosto pela matança e, quando finalizou o ataque aos dragões, não havia mais nenhum em pé. Todos haviam sucumbido à fúria dos nossos heróis, que não só pareciam cansados, mas cada um deles se sentia muito bem e plenamente satisfeito com o resultado. Ao longe daquele corredor largo e extenso, era possível ver os raios do sol entrando pela abertura inicial que Troy havia feito quando estava caçando Kowalsk no início de toda essa aventura.

A luz estava no fim do túnel, ou melhor, no fim do corredor, trazendo um sentimento de esperança de que algo muito bom iria acontecer. Assustada com tudo aquilo, Thilláila conseguiu apenas perguntar:

— Mas o que foi que houve aqui? O que exatamente aconteceu com vocês?

— Eu não sei. Apenas me senti eufórico e com vontade de extravasar. Então deixei essa energia brilhar e sair. E por incrível que pareça, agora estou me sentindo muito bem. — Respondeu Kowalsk com um sorriso tão radiante que prendeu a atenção de Thilláila, que ainda não tinha visto um sorriso tão bonito iluminando aquele rosto quanto agora.

— E qual é a sua desculpa, Gareno?

— A minha desculpa, Thilláila, é que eu simplesmente precisava dessa batalha talvez mais do que ninguém aqui. Eu precisava provar para mim mesmo do que eu era capaz. Sinto que não me decepcionei, pois de agora em diante serei um caçador de dragões. Agora que sei que sou capaz de matar alguns deles, vou fazer isso. Ah, se vou!

— Apesar de eu ter sido transportado tanto tempo por um dragão, ou melhor, de estar grudado a um pelo lado de dentro, compartilho com seu sentimento, jovem Gareno, e acredito que também serei um caçador de dragões, pois a sensação foi muito boa e libertadora, e eu me sinto como se tivesse menos de 20 anos. — Confessou o velho Kaminski.

— Ruol, ruol, uol. Uoff. — Ronronou Troy como se estivesse fazendo uma pequena confissão de quanto havia gostado daquela batalha.

Thilláila estava contabilizando e simplesmente não conseguia acreditar na quantidade de dragões abatidos por seus amigos. O senhor Kaminski abateu exatos quatro dragões, sendo um deles de tamanho médio e três pequenos, apenas com suas mãos e habilidades. O senhor Kowalsk derrubou o maior deles e mais três pequenos com uma grande faca do exército, que inexplicavelmente perfurou a couraça quase impenetrável do bicho. Gareno, em sua fúria e força bruta, junto com essas luvas especiais que ele usa como armas, conseguiu abater dois dragões de porte médio. E, por último, e não menos heroico, o nosso mascote Troy, o dragão amigo, destroçou cinco dragões pequenos do mal. Total da contagem de dragões abatidos: exatamente 15!

Eles começaram a pular e a gritar para comemorar aquele feito, mas de repente os sentidos aguçados de Kowalsk entraram em alerta.

— Tem alguma coisa errada nessa sua contagem, Thilláila. Eu sei que abati meus dragões com essa faca e ainda não sei explicar como ela perfurou a pele deles dessa vez. Mas fico feliz porque com isso finalizei todos eles perfurando seus lugares vitais, e eles não podem voltar a viver depois disso. Exceto pelo Troy, que sabe matar por ser uma máquina de destroçar outros animais, que armas os demais usaram para você contar todos os dragões como abatidos? Você sabe o que significa a palavra abater?

Por um momento, Thilláila sentiu-se ofendida. Se fosse Gareno perguntando dessa maneira para ela, certamente lhe daria uma bela resposta. No entanto, jamais faria isso com Kowalsk e, ainda que não soubesse o porquê, ela sentia uma admiração crescente por ele e um respeito maior ainda.

— No caso de animais, senhor Kowalsk, o abate significa a morte deles. Eu entendi o que o senhor quer dizer e peço desculpa pelo meu erro. Afinal, se todos os demais dragões estão vivos e se recuperando, e eles são do mal e temos que sobreviver a eles, logicamente que eles têm que ser eliminados. Poderia me emprestar sua faca por um momento?

E antes mesmo que Kowalsk pudesse responder, lá estava ela com a faca nas mãos abatendo cada um dos dragões que ainda demonstravam sinais de vida.

— De onde será que veio tanto dragão, já que não tinha mais do que cinco ou seis até pouco tempo atrás? E agora, de repente, tinha dragão de todo lado, de todo tipo e de todo tamanho. Mas o que está acontecendo aqui? — Esbravejou Gareno, voltando à realidade e percebendo finalmente que tinha participado de algo muito brutal e perigoso.

— Acho que posso explicar isso, Gareno. Os dragões sentiram que teriam alimentos por muito tempo e, como vivem em grupos, decidiram se mudar para cá, fazendo daqui um ninho para eles. Só que o tiro saiu pela culatra e agora eles vão virar comida.

— Eu não acho que isso seja uma boa ideia, senhor Kaminski, e também não sei como o senhor sabe a respeito do suposto ninho que comentou. Apesar dessa ideia me parecer bem plausível, já a questão de transformar a carne desses bichos em alimento não acho aconselhável.

— Senhor Kowalsk, se me permite dizer, a carne de cobra que comemos não fez mal a ninguém e, sendo assim, acredito que a carne de dragão também não fará.

— Senhor Kaminski, não me leve a mal, mas o senhor está supondo ou o senhor sabe realmente disso? Como pode dizer que a carne de dragão seria tão boa para nós como foi a de cobra? E como poderia saber disso se ainda estava dentro do bucho dessa fera? — Perguntou Kowalsk, reunindo as pistas estranhas que estava colhendo.

— Como pode saber que alimento é aconselhável ou não para nós se disse ter vivido sua vida inteira dentro de um laboratório como uma preguiçosa cobaia? O que mais o senhor sabe e está escondendo de nós? Já vimos que o senhor tem uma força inexplicável para o seu tamanho, ao mesmo tempo que parece ser tão calmo também consegue perder facilmente, colocando a vida de todos em risco por aqui. E mesmo que pareça ter paciência e essa aparência inofensiva, acredito que o senhor é mais perigoso do que todos nós juntos. Por que o senhor não conta mais alguma coisa a seu respeito e deixa a nossa sensação de segurança bem acima do que está?

— Concordo com você, senhor Kowalsk, sua desconfiança é aceitável. E como me deram o que comer e beber e dividiram sua companhia, assim como alguns de vocês até mesmo me contaram um pouco de suas vidas, então nada mais justo que eu compartilhe meus segredos com vocês.

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