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CAP II: O Diário de Aymé

Após o colapso do mundo e a perda quase total de tudo o que possuía - minha vida, minha mãe, meus irmãos, meus amigos e Helen - não é que eles tenham morrido. No Dia do Juízo, fomos separados e levados para uma base militar. Acredito que estão bem lá, mas não tenho certeza. Os militares dividiram as pessoas, escolhendo cuidadosamente quem teria uma chance de vida e quem seria deixado para trás. Fui uma das deixadas para trás, mas não por muito tempo!

Durante uma semana, vivi um período solitário vagando sem direção e lutando pela sobrevivência, até ser acolhida pelo casal Sr. Davis e Sra. Mari, juntamente com outros sobreviventes. Sinto saudade da minha família, da Helen, com seus cabelos ruivos longos, olhos castanhos-esverdeados e pele clara marcada por sardas. Sinto falta da proximidade que tínhamos, dos abraços no banco da praça, porém sei que essa parte da minha vida nunca mais se repetirá.

Helen está vivendo bem com seu pai, os dois meio que estão em um abrigo a cerca de 227 km de distância. Eu converso com ela de vez em quando através dos rádios, mas ainda não contei toda a verdade a ela. Não mencionei que perdi o contato com minha família e que – suspiro – conheci outra pessoa. Eu pensava que ela estava morta até ouvir sua voz novamente. Ela conseguiu entrar em contato com o meu abrigo e me sinto mal por isso, pois é alguém do meu passado que foi muito importante. Ouvir a doce melodia da sua voz trouxe felicidade de volta para mim.

Um homem de estatura elevada e porte físico imponente, com cabelos ruivos e olhos castanhos, entra na sala onde Aymé está e a observa escrevendo em seu diário.

–O que você está fazendo aí, Aymé, escrevendo em seu diário novamente?, perguntou ele.

–Recordando os dias bons, Neitan, você me faz lembrar de uma pessoa do meu passado que foi muito importante na minha vida, o nome dela era Helen. Helen foi minha melhor amiga e TMB foi... durante praticamente toda a minha vida escolar e nos separamos antes do dia 1. – Respira fundo –.

Neitan fica sem palavras para responder a Aymé, tudo o que ele queria era abraçá-la e perguntar o que aconteceu no dia 1, mas naquele momento ele achava que não era uma boa ideia, então Neitan tenta mudar de assunto.

–Olá, Aymé! Estamos planejando visitar o Bosque, eu, Raquel, Diego e Shirley. Se quiser, pode vir conosco.

O Bosque é como um refúgio para os sem noção, ou como podemos dizer, para os adolescentes. Mesmo não sendo mais adolescentes, tenho 24 anos agora e ainda me sinto como uma. Íamos quase todas as noites para lá, ver as estrelas, correr, jogar jogos de tabuleiro e falar sobre nossas vidas passadas. Foi lá que comecei a me aproximar do Neitan.

–Vamos lá, vai ser divertido! – disse Neitan.

–Tudo bem, mas só desta vez. – respondi.

Saímos escondidos em direção ao bosque, que não ficava muito longe do nosso abrigo e dava para chegar lá em menos de 30 minutos.

– Olha só, Aymé, está vendo? - disse Neitan - Diego e eu encontramos anteontem, é um parque de diversões. Sabe qual é a melhor parte?

– Qual? - perguntei.

– Ainda está funcionando! - disse Diego, entrando animado na conversa.

O parque era de fato bastante grande, enormemente grande. Tinha uma roda gigante, barcas, carrinhos de bate-bate, tudo o que um parque poderia oferecer e o melhor de tudo é que ainda estava em funcionamento. Eu estava muito feliz por ainda existir um lugar que nos fazia felizes no mundo de antigamente. Mas chega, é hora de parar de lembrar do passado, estamos no presente agora. Este é o mundo em que vivemos e precisamos ser felizes com o que ainda resta. Então, Diego e Neitan dirigem-se ao gerador de energia para acioná-lo e fazer com que os brinquedos funcionem.

– Como ainda há energia? - indagou Shirley - quer dizer, já estamos sem energia há muito tempo!

– O parque possui seu próprio gerador de energia e, para nossa sorte, está funcionando perfeitamente! - explicou Diego.

– Diego não se importaria de ligar o gerador sozinho, certo? Quero ficar a sós com a Aymé, enquanto nós dois estaremos na roda gigante. - disse Neitan.

–Está tudo bem, eu posso fazer sozinho, mas...

antes que Diego pudesse concluir sua frase, Raquel o interrompeu.

–Eu irei com você para o gerador.

Tudo parecia estar indo às mil maravilhas, ligamos o gerador e os brinquedos funcionaram. Neitan e eu estávamos na roda gigante, Shirley estava sozinha no carrossel, parecendo uma criança extremamente feliz. Foi incrível ver o sorriso no rosto dela, pois fazia muito tempo que ela estava sempre de cara fechada. Enquanto isso, Diego e Raquel estavam lá embaixo operando a roda gigante. Acho que eles gostam um do outro. Ao serem encontrados pelo Sr. Davi, os dois não se separavam, estavam juntos e vieram de uma cidadezinha chamada Loki City.

Estávamos tão felizes, ninguém percebeu que tínhamos saído e não havia sinal de zumbis por perto, apesar de todas as luzes do parque. Pelo menos era o que pensávamos, até estarmos na roda gigante e avistarmos uma legião de zumbis vindo do norte, muito próximos de nós. Foi nesse momento que Neitan gritou para Diego, Raquel e Shirley

– Droga, SAIAM DAQUI, TEM MUITOS ZUMBIS VINDO!

Não demorou muito para o parque se encher de zumbis e, para piorar nossa situação, o gerador começou a falhar e, num piscar de olhos, acabei escorregando.

–NÃOOOOOOOOOOOOOOO -gritou Neitan-

mas, por sorte, consegui me segurar em uma das cadeiras da roda gigante. Os outros olharam desesperados para cima, sem saber o que fazer. De um lado, zumbis se aproximando e, do outro, eu me segurando para não morrer, Diego, ao perceber a situação, gritou:

–Neitan, salve a Aymé! Raquel e eu cuidaremos dos zumbis!

Toda essa situação caótica nos fez nos esquecermos da Shirley, que estava sozinha no carrossel.

–Aymé, segure minha mão, eu vou te puxar para cima! - disse Neitan desesperado.

Com grande dificuldade, consegui segurar a mão dele. Enquanto escutávamos os tiros de Diego e Raquel que disparavam contra os zumbis, Neitan me puxou para cima e inicia-se um tiroteio cobrindo Raquel e Diego a partir do topo da roda gigante, foi então que percebi.

– Onde está a Shirley? - perguntei a Neitan.

–Eu não sei!!! _retrucou Neitan

Os zumbis continuavam a se aproximar em grande número, mais de uma centena deles avançavam em nossa direção desesperados por nos alcançar. O som de tiros ecoava pelo ar, misturado aos gritos aterrorizantes dos zumbis. Infelizmente, o gerador parou de funcionar, deixando-nos à mercê da escuridão da noite. Apesar de estarmos seguros no alto, preocupava-me com os outros lá embaixo e com Shirley, que estava sozinha no carrossel. Sentia-me sem ação diante da situação. Ate que nossos salvadores chegaram no veículo com armamentos pesados, nosso abrigo abrigava mais de 20 pessoas, com o Sr. Davi como líder. Foi ele quem chegou na hora, acompanhado de seu filho Ian. Ian empunhou uma M134 Minigun e começou a disparar contra os zumbis, mas a quantidade era tão grande que eles não conseguiriam matar todos. No entanto, foi o bastante para que eu, Neitan, Raquel e Diego entrássemos no carro. O Sr. Davi acelerou rapidamente para nos tirar de lá.

–NÃO, TEMOS QUE VOLTAR! A SHIRLEY FICOU LÁ_

Neitan expressou sua preocupação.

– A Shirley está abrigada graças a ela, vocês poderão ver o sol hoje._disse Ian_

Não falamos nada até chegarmos ao abrigo, permanecemos em silêncio o tempo todo. Em pouco tempo, chegamos ao local, que estava bastante escuro, deviam ser por volta das 4 da manhã, os relógios pararam de funcionar há muito tempo. Nós cinco nos dirigimos à sala do Sr. Davi, que parecia extremamente irritado. Davi, bastante enfurecido, perguntou.

– Que diabos vocês foram fazer lá?

– A gente só saiu para se divertir. - respondeu Neitan

– Se divertir, se divertir. Quantas vezes eu disse para não saírem à noite, droga! Vocês poderiam estar mortos agora e tudo por causa de diversão, - respira fundo - de quem foi a ideia de sair?

Em um silêncio constrangedor, permaneci calada, nenhum de nós queria revelar a quem pertencia a ideia, até que Neitan levantou a mão.

– Fui eu quem teve a ideia de sair, sei que coloquei a vida de todos em perigo.

O Sr. Davi parecia bastante irritado com Neitan.

– Você está envolvido em tudo que aconteceu aqui desde que chegou, só tem dado dor de cabeça. – disse Davi, se aproximando de Neitan - Faça suas malas, rapaz, é hora de procurar outro abrigo!

– O QUE VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO, VELHO!

Então, todos começamos a discutir, Davi estava determinado a expulsar Neitan do abrigo.

–Ele não foi sozinho para lá, estamos todos juntos nesta decisão. A ideia não partiu apenas dele, Sr. Davi, não pode expulsá-lo -disse Diego.

Raquel, Shirley e eu concordamos com o que Diego disse

–Não voltarei atrás, rapaz. Ou você se comporta, ou terá que ficar sem comida por dois dias. É um castigo aceitável. Ou aceita isso, ou está fora!_ retrucou Davi.

– FODA-SE EU NÃO LIGO, QUER SABER VELHO EU VOU EMBORA, Em busca de minha irmã, aparentemente é a única família que me resta.

Estávamos sem palavras, não podemos desobedecer às ordens de Davi, pois a casa é dele e todos aqui o respeitam muito. Se ele impor uma regra temos que segui.

– E o que você planeja fazer se nem sabe se ela está viva e por onde começar??? - disse Ian.

– É melhor do que ficar aqui em um lugar onde não sou bem-vindo - disse Neitan, dirigindo-se a Aymé. -O abrigo da Helen fica aqui perto, certo? Vou começar por lá. Você vive dizendo que sente falta dela, então venha comigo.

– Eu não posso, Neitan é muito perigoso. Quase morremos há pouco tempo. Sair para enfrentar 227 quilômetros a pé é loucura. Aceite a punição do Sr. Davi, por favor. É melhor do que sair por aí procurando por alguém que nem sabe que você existe ou que talvez esteja morta. Falar assim para o Neitan foi demais. Ele se enfureceu, olhou nos meus olhos e disse:

–Não fale assim da minha irmã, sua covarde!

Revoltado, Neitan saiu da sala e dirigiu-se para seu quarto, onde iniciou o processo de arrumação de suas posses. Guardou sua arma, uma faca, roupas adicionais e os mantimentos que havia separado. Foi nesse momento que a Sra. Mari adentrou o cômodo.

–Por favor, Neitan, não tome essa atitude precipitada. Você sabe que Davi não estava levando a sério. Por vezes, ele pode parecer despreocupado, mas suas palavras não refletem suas verdadeiras intenções.

–Pareceu bastante sério para mim.

–Pelo menos deixe para partir de manhã, lá fora está escuro e será muito perigoso.

O Sr. Mari passou um tempo conversando com Neitan em seu quarto, enquanto nós aqui estávamos roendo as unhas de preocupação. No entanto, ela conseguiu convencê-lo a sair apenas pela manhã, então todos fomos para a cama tranquilos. Ainda assim, não muda o fato de que ele quer ir embora.

Quando o sol começava a nascer, todos nós estávamos reunidos em frente ao abrigo, nos preparando para a partida. Fui até Neitan e questionei:

–Você tem certeza de que não quer desistir?

Ele olhou nos meus olhos e respondeu:

–Não, isso apenas me deu forças para reunir coragem e seguir em busca da minha irmã. Sobre o que eu disse ontem à noite, eu gostaria de pedir desculpas. Estava muito abalado e não queria magoar você com aquelas palavras.

–Tudo bem, - segurando o choro- eu entendo, mais você não tem que ir, eu vou com você não posso perde mais alguém importante para mim não posso!

– Ei não fica assim tá! Eu vou achar minha irmã e depois vou te encontrar tá bom eu vou volta pra ti, e eu não quero por você em perigo, oque eu falei ontem de você vir comigo foi no calor do momento não posso deixar você vir comigo, não importa oque aconteça eu vou volta pra ti Aymé e sabe porque?

nós olhamos nos olhos. Neitan expressou seu amor ao dizer: 'Porque eu te amo!', puxando-a pela cintura e beijando-a.

–'Eu iria com você, mas tenho minha família e amigos aqui, não preciso sair'._disse Diego_

Neitan abraçou seu amigo e então se desculpou com Davi, admitindo que estava de cabeça quente mais cedo e não queria ofendê-lo.

–Está tudo bem, jovem. Ontem eu também proferi palavras horríveis para você, mas saiba que as portas estarão sempre abertas para você quando decidir voltar.

–Agradeço ao Sr. Davi, agradeço a todos vocês que me acolheram, me ajudaram, cuidaram de mim, e Aymé, por favor, não se esqueça de mim, pois eu voltarei por você, isso é uma promessa!

Foi com essas palavras finais que ele se despediu de nós e partiu. Foi aí que eu percebi que ele entrou na minha vida de repente, com muita intensidade, mas também foi embora do mesmo jeito. Mais uma vez me encontro sozinha, mas mantenho minha confiança nele e em sua promessa. Tenho plena convicção de que ele alcançará o sucesso em sua jornada e que voltará para mim.

Continua..

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