A cidade de Afgard não era novidade para Elise. Ela já havia estado nesse lugar há muito tempo. Foi uma memória que a salvou de sua infelicidade e a trouxe para o lugar que agora ela orgulhosamente chama de lar. Após entrar na muralha que cercava a grande cidade, Elise, que estava sentada à beira da carruagem, espichou a cabeça um pouco para fora da carruagem para ser recebida por pessoas aglomeradas na rua. Ela já havia visto a rua antes no passado, mas estava tão escuro que ela mal podia se lembrar da vista.
- É a sua primeira vez aqui na cidade, jovem senhora? - Uma velha ao lado dela falou.
Elise virou a cabeça e negou com um gesto. - Não, é a minha segunda vez aqui. A cidade está muito animada hoje, é sempre assim todos os dias?
- É a cidade da capital, então o que você espera além de agitação aqui. Mas tão excitante e iluminada quanto esta cidade é, você também pode ver a escuridão à espreita. - Elise ouviu as palavras da velha senhora e viu uma jovem menina acorrentada pelo pescoço e pelos pulsos, as escravas que estavam prestes a ser vendidas.
Afgard era bem conhecida por seu leilão de escravos e embora fosse uma cena normal para muitas pessoas, Elise não conseguiu esconder sua expressão de preocupação com a vista.
- Você tem um coração caloroso - A velha elogiou, chamando a atenção de Elise para si. - É raro as pessoas se preocuparem com os escravos, sabe. - a velha explicou. - Aonde você vai visitar?
- A Igreja - Elise respondeu. - Vou fazer o teste.
- Ah, você quer dizer o teste para trabalhar na Igreja? - A velha senhora viu Elise confirmar com um aceno e suspirou. - Não quero abalar sua aspiração, mas trabalhar na igreja é arriscado.
Elise sorriu suavemente e sentiu o cocheiro puxando as rédeas do cavalo para parar a carruagem. - Eu sei, obrigada pela sua preocupação.
Elise desceu da carruagem e passou duas pratas ao cocheiro e voltou seu rosto em direção ao grande edifício branco dividido em três seções e uma escadaria íngreme para a Igreja. O prédio tinha uma linda cruz no topo do telhado com árvores verdejantes ao redor para trazer sombra e era uma visão muito encantadora para os olhos dela.
Elise subiu e viu homens formando fila na outra direção da Igreja e seguiu para ver um pergaminho escrito 'Avaliação da Igreja' e seguiu para se alinhar na fila. Sendo a única senhora e plebeia no local, Elise se destacava como um ponto dolorido em relação aos outros. As pessoas não podiam deixar de olhar para ela, pensando quão ingênua era Elise por se alinhar na fila errada.
Quando chegou a vez dela, o assessor pediu sua identidade, sua boca se moveu para perguntar. - Nome e idade.
- Elise Scott, dezessete anos, senhor.
O homem acenou com a cabeça e moveu sua pena graciosa apenas para parar e perguntar novamente. - Elise? Nome de mulher?
Ele colocou a prancheta de escrita para baixo para ver a pequena senhora e suspirou. - Jovem senhora, você se alinhou na fila errada. A entrada da Igreja é ali. - ele apontou com a mão e Elise balançou a cabeça.
Ela de alguma forma esperava que isso acontecesse. Uma mulher, trabalhando na igreja com o trabalho de proteger o equilíbrio entre humanos e bestas míticas. O trabalho em si não exige apenas inteligência, mas também força devido ao quão perigoso é o trabalho. No entanto, ela havia tomado sua decisão há muito tempo e não recuaria agora. - Não, eu nãome enganei, eu não quero ir para a Igreja por enquanto. Quero fazer o exame escrito.
- O teste é apenas para homens, jovem senhora. - Ele lembrou, vendo o pequeno cordeiro ingênuo que havia perdido seu caminho.
- Nunca ouvi falar de tal regra antes. A Igreja nunca disse que era só para homens. - Elise respondeu e viu o homem franzir a testa.
- Peço desculpas pelo meu modo, jovem senhora, mas isso não é um parquinho nem é o lugar leniente que você pensa que é. Pessoas que fazem o teste também podem perder suas vidas, pois este é um trabalho com suas vidas em jogo; o teste é apenas a versão fácil do trabalho, mas isso não significa que a consequência seria diferente. - Ele não se conteve com sua advertência e deu um tom azedo que fez com que outras pessoas olhassem para ela.
- Vim com essa determinação - Elise respondeu e viu o homem suspirar ao entregar-lhe um pequeno papel para permitir sua entrada. - Mulher tola, a vida é mais importante, eu a avisei. - ele murmurou.
- Agradeço sua gentileza, senhor, obrigada. - ela pegou o papel com o número vinte e quatro nele e puxou a barra de sua saia que havia varrido o chão e entrou no salão.
Elise olhou ao redor, já que não sabia para onde ir, e seguiu o resto dos homens que pareciam conhecer o caminho para o local onde o teste seria realizado. Abrindo as grandes duas portas para o lugar com um grande quadro-negro e longas mesas, Elise percebeu que o lugar levemente escurecido deve ser o salão de avaliação onde o teste seria feito.
- Você também está aqui para fazer o teste? - Uma voz curiosa veio de trás.
- Sim. - Elise respondeu brevemente, olhando para cima e vendo um homem com cabelos castanhos escuros e olhos cor de caramelo estendendo a mão para ela.
- Eu sou Ernest, Ernesto Lone. - o homem se apresentou com uma postura despreocupada.
- Eu sou Elise Scott, prazer em conhecê-lo, Sr. Lone.
- Você parece estar bastante confiante - Ernest falou, ao que Elise respondeu erguendo as sobrancelhas vermelhas. - Você não vê? - ele se inclinou e apontou para o resto dos homens que a observavam com olhares inquisitivos. - Embora eles pareçam calmos por fora, o salão estava barulhento o tempo todo de dedos batendo e pés se movendo. É um sinal claro de nervosismo - mas você não parece estar nervosa.
- Estou nervosa, mas também estou confiante e animada. - Elise olhou para o homem sorrindo.
- Você tem coragem. É raro ver alguém, especialmente uma senhora aqui, vamos fazer o nosso melhor e desejar os melhores resultados. - Ernest elogiou.
Elise achou o homem um pouco estranho. Ele a elogiou como confiante, mas no salão não havia ninguém mais confiante do que ele. - Igualmente, boa sorte para você.
Ernest inclinou a cabeça e dirigiu-se a um dos assentos. Seguindo-o, Elise tomou um assento aleatório na mesa e não demorou muito para que um homem de cabelos acinzentados chamado Ruhan fechasse a porta e distribuísse o teste para o restante do público.
Pegando o papel em uma mão e uma caneta na outra, ela mergulhou a ponta afiada na tinta preta e leu a pergunta para preencher o resto das questões.
Pardais cantavam incessantemente uma melodia enquanto planavam antes dos sons de tique-taque do relógio de madeira não muito longe da parede em frente a Elise. De vez em quando, ela podia ouvir um suspiro e um sussurro indistinto, mas, mesmo assim, seu foco não vacilava. Seus olhos estavam fixos na pergunta e toda a sua atenção estava nas respostas que flutuavam em sua mente.
Após duas boas horas preenchendo o teste, Ruhan, o supervisor do teste, bateu a vara de madeira na mesa para fazer um som estrondoso e alto e anunciou. - O teste terminou. Por favor, passem seus papéis em sequência para mim, começando pela pessoa no leste.
Elise pôs a caneta de lado e viu o homem chamado por Ruhan se levantar e entregar o papel, seguido pelo resto das pessoas até chegar a sua vez.
Quando ela colocou o papel do teste no púlpito, Elise saiu para a saída do salão e desceu o corredor de madeira. Não longe do lugar, um homem de cabelos loiros fixou os olhos na garota de cabelos vermelhos que ele observou até ela sair da Igreja.
- Sr. Anderson? - Alex ouviu uma voz chamando seu nome e desviou o olhar de Elise para olhar para Ruhan.
- Minhas desculpas, o que era mesmo? - Alex perguntou de novo e viu o homem mais velho dando um olhar severo só porque ele havia cochilado por um minuto.
- A reunião do Senhor será amanhã. Espero que você tenha dito boas palavras ao Senhor Ian para ele comparecer à reunião, não é? -
Alex esboçou um sorriso. - Eu tentei, mas se ele vai vir ou não vai depender da vontade dele. Você sabe como o Senhor é volúvel, ele ouvir minhas palavras já é considerado um milagre de Deus. Vamos apenas esperar que ele se lembre. - Ele ouviu Ruhan respondendo com um suspiro profundo e deu de ombros.
- Tenho alguns negócios urgentes para resolver. Bem, então - Alex inclinou o pescoço e se dirigiu para a sala interna da Igreja.