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Que coisa

"Droga..." Heaven sussurrou, checando seu lábio rachado no banheiro do shopping. O tapa da mulher doeu. Ela deve ter colocado toda a sua força naquele único tapa. 

'Da última vez que alguém tentou me tocar, Bear cortou a mão dele,' ela pensou, tocando sua bochecha levemente inchada.

Esse corpo não estava acostumado com a dor. Se não fosse pela forte mentalidade e experiência da alma, sua bochecha inchada muito mais. Afinal de contas, aquele tapa veio da raiva depois que Heaven provocou aquela mulher.

"Mas bem, pelo menos, me livrei daquela situação." Heaven abaixou a mão, encarando o grande espelho à sua frente. "Aquela mulher realmente me deixa irritada — por que essa Heaven é um imã para pessoas como ela?"

Ela franziu a testa, pensando sobre todas as pessoas que cercavam Heaven. Primeiro, Paula Shen e depois aquela mulher. Embora a outra mulher que ela encontrou na padaria não tenha nenhuma ligação com Heaven, essa mulher seria se o que ela se gabava fosse verdade.

"O que ele está pensando?" ela se perguntou, tentando adivinhar o que passava na cabeça do Dominic para ele fazer uma oferta tão generosa à família daquele garoto que estava intimidando seu filho. Sua expressão aprofundou-se, lembrando do que as mulheres estavam falando.

[Eu ouvi que o jovem mestre Zhu não tem uma mãe para cuidar dele. Sabendo o quão ocupado o CEO Zhu estava, tenho certeza de que ele não poderia se concentrar na criança.]

Heaven tinha muitos argumentos para desmentir aqueles comentários, mas em algum lugar dentro dela, ela se sentia mal pelo filho do Heaven. Cinco anos. Por cinco anos, Heaven não se envolveu nos assuntos do seu filho, mesmo quando o jovem mestre Sebastian Zhu começou na escola. Ela nem mesmo sabia qual era a escola do seu filho ou onde ficava; quais eram os seus favoritos, hobbies, e nada.

A atual Heaven podia olhar dentro das suas memórias para conhecer uma pessoa ou relembrar um evento. Mas tudo sobre seu filho estava quase em branco. Isso apenas provava como Heaven nem sequer tentou saber algo sobre a criança que ela deu à luz.

Que mãe cruel.

'Você é sinceramente cruel, Heaven.' Ela olhou para o espelho, encarando a si mesma com desânimo. 'Você nem sabe que suas ações não só machucam seu filho. Mas dão aos outros a oportunidade de machucá-lo também.'

Sua expressão tornou-se amarga enquanto sua mão se fechava em um punho apertado. "Você também já foi criança, não foi, Heaven? Uma criança sem mãe? Como você pode fazer seu próprio filho passar pelo que você passou?"

Isso era algo que a atual Heaven não conseguia entender, mesmo com todas as memórias dela. Ela nunca conseguiria entender e todas as justificativas da original Heaven só a repugnavam. Não importava de que ângulos a alma atual olhasse, não havia justificativa para porque um menino inocente merecia ser tratado do jeito que ela fez.

'Tanto faz.'Heaven balançou a cabeça e fechou os olhos. 'Ela está morta. Ela não pode amar seu filho, mas...'

Heaven lentamente reabriu seus olhos e olhou para si mesma no espelho. 'Mas com certeza, eu não serei tão cruel quanto você.'

Ela olhou para si mesma no espelho, convencendo-se a não se afundar nas ações passadas da original Heaven. Não havia necessidade de morar no passado, nem ela poderia mudar o que aconteceu no passado. Com ela nesse corpo, ela tem a chance de mudar o que o futuro reserva se apenas fizer o seu melhor no presente.

Com esse pensamento em mente, Heaven pegou as sacolas de papel contendo o pão que comprou para todos na mansão. Ela não ficou parada no banheiro, saindo como se sua bochecha levemente inchada não importasse. Quando ela chegou fora, Heaven de repente parou.

Ela olhou para os carros e táxis que chegavam, inclinando a cabeça para o lado. "Vai se foder, Heaven," um palavrão escapou involuntariamente de seus lábios.

"Como no mundo... você não sabe como voltar para casa?" Heaven exclamou horrorizada, revirando suas memórias, mas sem sucesso.

Embora a original Heaven tenha vivido naquela mansão por cinco anos, ela nunca saiu por conta própria. A única vez que ela saía de casa era quando tinha que comparecer à reunião da família Zhu uma vez por ano. E mesmo assim não ajudou em nada!

Heaven nunca tinha pegado um transporte público de fora para sua casa; ela nem tinha interesse em deixar o seu quarto! Isso faz sentido?!

"Merda!" Heaven segurou a cabeça enquanto ela latejava. "Como isso é possível? Agora eu sei porque parece uma prisão para você. Você não sabe porra nenhuma de onde diabos você está! Ah!!!"

Algumas pessoas fora do shopping se assustaram quando Heaven gritou irritada. Todos olharam para a mulher, xingando e angustiada. Outros se afastaram enquanto alguns imediatamente chamaram um táxi.

"Como vou para casa agora?" ela se perguntou. "Se ao menos eu soubesse, eu não teria saído andando de Paula."

Heaven mordeu os lábios, relutando em chamar Paula para pedir um favor. Isso feriria seu orgulho. Além disso, ela precisava de um tempo longe de Paula, já que Heaven estaria ocupada consertando sua vida em ruínas.

'Droga!'ela olhou para a sua bolsa, tirando o celular irritadamente. Ela navegou pelos seus contatos, tendo apenas alguns nomes neles. "Devo incomodar meu marido? Ele não ficaria bravo?"

Heaven ponderou se deveria ligar para o Dominic pedindo ajuda ou procurar outras formas de fazer isso. "Mas ele ofereceu enviar alguém para me levar para casa — droga! Eu não deveria ter recusado!" Ela ranger os dentes de irritação, parecia que agora estava com uma dor de cabeça.

Enquanto Heaven estava indecisa se ligava para o marido, um carro esporte vermelho de repente parou diante dela. O vidro se abaixou, revelando um homem atraente se inclinando para olhá-la.

"O que você está fazendo aí?" ele perguntou, chamando a atenção de Heaven. "Você sabe que parece burra agora?"

Heaven virou a cabeça para ver a pessoa, e todo o seu rosto se contraiu. "Axel."

"Heh. Precisa de uma carona?" ele sorriu maliciosamente. "Apesar de que não posso prometer andar devagar."

Heaven analisou o rosto de seu cunhado, captando a dica de seu comentário. A última vez que Axel a levou para casa a traumatizou, mas felizmente, a Heaven de agora nunca teve medo de tais coisas.

"Você... é um salva-vidas!" Heaven sorriu, saltando para dentro do carro sem hesitar. Sua disposição e entusiasmo fizeram Axel recuar, olhando-a enquanto ela afivelava o cinto. "Graças a Deus. Eu pensei que precisaria ir para casa a pé."

Heaven encarou Axel. "Vamos. Oh, quer um pouco de pão? Comprei bastante." Ela ofereceu.

Axel piscou várias vezes, olhando para a mulher entusiasmada no carro. Por um momento, mesmo olhando para ela, ele não pôde deixar de questionar o que seus olhos estavam vendo. Essa mulher pulou para dentro do carro, sabendo muito bem o que ele estava planejando fazer?

"O que?" Heaven inclinou a cabeça para o lado. "Você não quer? Tudo bem. Você pode comer mais tarde."

"Não se arrependa de ter sentado nesse assento."

"Haha. Não se preocupe. Eu prometo que não vou." Heaven piscou, acenando com a mão como se dissesse a ele para começar o carro. "Vamos, vamos. Deixa eu te acompanhar por um tempo. Você pode me deixar em casa mais tarde. Sem pressa!"

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