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Marginais das Cidades

Recomendação Musical: Dark Asher IQ- Nathan Barr

Eve sentava-se na carruagem, olhando pela janela e observando as árvores passarem. A duração da viagem de volta à Cidade Meadow era longa o suficiente para fazer seu estômago reclamar de fome.

Em algum lugar ela estava preocupada com a porta da mansão que havia lascado um pouco por conta da ponta do seu guarda-chuva. Seus olhos deram uma olhada no guarda-chuva.

A janela da carruagem estava aberta para ventilação devido ao número de passageiros que entravam e saíam. A brisa movia suavemente a franja na testa de Eve, e uma mecha de cabelo perto de sua orelha se mexia.

Enquanto ela estava sentada na carruagem, segurando seu guarda-chuva em uma mão e a outra colocando-a na marmita que repousava em seu colo, os homens não conseguiam evitar de lançar alguns olhares para ela.

Ao chegar na Cidade Meadow, o cocheiro puxou as rédeas dos cavalos para parar a carruagem. Eve desceu da carruagem.

- Obrigada - disse Eve, pegando seu guarda-chuva do cocheiro, que se ofereceu para segurá-lo enquanto ela descia.

- Às ordens, Senhorita Barlow - o cocheiro segurou a mão na parte da frente do seu chapéu.

Eve respirou fundo o ar que enchia sua cidade. Enquanto começava a caminhar, ela ouviu o som da porta da carruagem fechando atrás dela.

Enquanto Eve caminhava em direção à sua casa, notou uma pequena confusão não muito longe de onde estava. A maioria das pessoas da Cidade Meadow havia se reunido perto de onde o tumulto ocorria, e, incapaz de suprimir sua curiosidade, Eve decidiu dar uma olhada.

- Solta o meu braço, eu já disse que não sei de nada! - Gritava um homem que estava sendo arrastado por dois guardas, que estavam fardados.

- Cala a boca antes que eu corte sua língua! - Avisou um terceiro guarda, que parecia ter uma posição mais alta, pois usava um tom de uniforme mais escuro.

Mas o aviso do chefe da guarda não impediu o homem capturado de lutar e tentar se libertar dos guardas.

- Me solta! - Gritou o homem. Reunindo toda a sua força, libertou-se e começou a correr para longe de lá.

Mas ele só conseguiu dar dois passos antes de o chefe da guarda usar seu cacetete de metal para bater na parte de trás das pernas do homem. Isso resultou na queda da pessoa no chão. Alguns gritos de choque escaparam das bocas dos moradores da cidade que cercavam o lugar e assistiam à cena, mas ninguém tentou interromper ou questionar os guardas.

- Amarrem suas mãos e pernas! - Ordenou o chefe da guarda aos seus subordinados.

- NÃO! Eu não fiz nada de errado!! - O homem implorava e debatia seus membros, mas foi em vão.

- O que aconteceu? - Uma das mulheres sussurrou para a pessoa ao seu lado com a curiosidade grave.

A pessoa ao lado da mulher balançou a cabeça, "Não tenho certeza. Mas acho que descobriram que ele é um dos párias," ele respondeu em tom baixo, e Eve rapidamente virou-se para olhar o homem, que estava acorrentado e sendo arrastado no chão. "Eu não sei qual deles."

Os párias eram criaturas que não se encaixavam nas normas existentes da sociedade, criaturas diferentes e que eram usadas para a vantagem da alta sociedade. Essas criaturas não pertenciam nem à alta sociedade, nem à baixa sociedade e muitas vezes eram vendidas para famílias ricas como diversão.

O chefe da guarda virou-se então para olhar para um de seus subordinados e ordenou, "Veja se ele tem algum membro da família, se tiver, traga-os até a jaula!"

- Somos humanos! - O homem resistiu sendo arrastado e empurrado para dentro da jaula colocada em um carrinho. - Por favor, poupe minha esposa—

A mandíbula do homem encontrou-se com a vara de metal, e sua boca começou a sangrar.

- Agora cale a boca e deixe-nos fazer nosso trabalho - o chefe da guarda cuspiu no chão e virou-se para olhar para a mulher capturada, que estava sendo arrastada para fora da sua casa. A mulher implorava e pedia, gritando por ajuda.

- Me ajudem! - Gritou a mulher, que era esposa do homem acorrentado.

Quando alguém tentou dar um passo à frente e perguntou ao chefe da guarda, "Por que eles estão sendo levados? Eles sempre foram pessoas boas—"

O chefe da guarda bateu seu cassetete no chão, o que imediatamente fez o homem da cidade fechar a boca. Ele perguntou, "Que tal se você se preocupar com seu trabalho e deixar-nos, guardas, cuidar das coisas aqui? A não ser que você queira se juntar a eles atrás das grades da cela."

Eve fechou os punhos pois não era a primeira vez que ela testemunhava algo assim. Sempre que alguém tentava impedir, eram ameaçados, e todos sabiam que a ameaça não era vazia.

- Se alguém tem mais algo a dizer, pode dar um passo à frente e veremos como esclarecer as dúvidas em suas mentes - alertou o chefe da guarda, e os outros dois guardas, que estavam por perto, sorriram ao olhar para a população.

Cochichos e murmúrios começaram entre as pessoas, mas ninguém ousou expressar seus pensamentos alto o suficiente para os guardas ouvirem.

- Eles são pessoas inocentes.

O chefe da guarda virou-se ligeiramente irritado e olhou na direção de onde a voz vinha.

Quem havia falado era Eve. Incapaz de ficar à margem e observar, ela agora encontrou o olhar do chefe da guarda.

- Estamos apenas seguindo ordens para garantir que todos vocês estejam seguros, e que nenhum mal lhes aconteça - aproximou-se lentamente o chefe da guarda. - Parece que você tem muita compaixão por eles.

- E por que não teria? - Perguntou Eve ao ousado chefe da guarda. - Os ferreiros vivem em Meadow há anos. Mantêm-se por si mesmos e não causam transtorno a ninguém. Ore diga-me, como podem nos prejudicar?

- Nem tudo o que você vê é o que parece, Senhorita - respondeu o chefe da guarda enquanto tentava memorizar o rosto da mulher impertinente que se atreveu a questionar suas ações. - Parem! - Ordenou a seus homens que estavam arrastando a pobre mulher em direção à carruagem. - Tragam a mulher aqui!

Todo mundo prendeu a respiração e olhou para a mulher com olhos curiosos, imaginando o que aconteceria agora. A mulher que havia sido capturada foi puxada para ficar na frente do chefe da guarda, e ele anunciou para as pessoas enquanto olhava para elas,

- Deixem-me mostrar-lhes porque é necessário que capturemos estas criaturas vis e imundas!

As sobrancelhas de Eve franziram. Ela observou o guardão robusto pegar o pescoço da mulher por trás. A mulher, que havia estado chorando, de repente, teve os olhos transformados em fendas.

Os moradores rapidamente recuaram com um olhar de cautela em seus rostos.

- O que é aquilo?! - Perguntou um dos homens na multidão.

- Você viu aqueles olhos? - Questionou outro.

- Exatamente - respondeu o chefe da guarda, com um sorriso de satisfação no rosto, e então disse, - Aqui não é um humano, e só causará mal. - Ele então virou-se para olhar Eve, encarando-a. - Há alguém que tem mais perguntas?

As pessoas rapidamente balançaram a cabeça em concordância e coletivamente concordaram que levassem essas estranhas criaturas daqui. Quando Eve e o chefe da guarda se encararam, o homem empurrou a mulher em direção a seus homens, que rapidamente a agarraram e a arrastaram para dentro da jaula que haviam trazido.

O chefe da guarda então deu alguns passos em direção a Eve.

- Parece que você era bastante próxima dessas criaturas. Será que elas a encantaram? - Perguntou o chefe da guarda, que era mais alto do que Eve por alguns bons centímetros. Então ele perguntou em voz baixa, - Ou há algum outro motivo?

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