```
~ SASHA ~
Ela abriu a boca para dizer que não era tão simples. Mas a voz dele interrompeu primeiro.
Você pode confiar em mim, Sash. Você sabe que pode.
Exceto... seus lábios não se moveram. Ela piscou. E piscou novamente.
"O que—como você fez isso?" ela respirou.
Ele segurou o olhar dela e ela sabia que deveria se preocupar em manter o carro na estrada, mas não podia tirar os olhos dele.
"É por causa do lobo. Eu te disse, nós temos algumas… características que eles têm. Eu posso falar com a tua mente. Se eu quiser. Se você quisesse, poderia responder, porque estamos ligados."
"Eu… o quê?!"
Zev exalou um suspiro e desviou os olhos para checar os espelhos, e depois voltou para ela, os olhos escuros na luz fraca, mas suaves sobre ela. "Os lobos podem se falar telepaticamente. Eles fazem isso com imagens, mas como eu sou humano também posso fazer com palavras."
Ela ficou olhando, de boca aberta. Ela precisava falar. Reagir. Dizer para ele que isso era loucura. Mas ele deu um resmungo como se tivesse ouvido o pensamento e a voz dele floresceu na cabeça dela novamente.
Você sabe que é linda mesmo quando me olha como se eu fosse louco.
Uma imagem piscou em sua mente—ela mesma, olhando como uma louca. Encarando-o. Mas não era apenas a imagem. Eram… os sentimentos dele. O lábio inferior dela era cheio e convidativo… os olhos dela, o medo neles, o entristeciam. Os seios dela tinham crescido desde—
"Chega!" ela estalou, recuando como se tivesse levado um tapa, as bochechas esquentando.
Zev deu um sorriso como costumava fazer na escola secundária quando sabia que estava sendo fofo e isso a devastava, uma faísca de eletricidade direito ao seu coração—e mais abaixo, na barriga.
Ela se recostou no assento, as emoções se atropelando enquanto tentava absorver tudo isso.
De alguma forma, de maneira impossível, ela ainda se sentia segura com ele mesmo que cada coisa porca que saía da boca dele dizia que ela não deveria. Ela ainda o queria—diabos, ela ainda o amava! E ele estava aqui dizendo todas as coisas certas sobre ela. E se esses sentimentos eram reais, coisas que ele tinha sentido quando a olhava…
Era o sonho dela se realizando.
Mas então seu cérebro entrou em ação e ela imaginou falar sobre isso com Rob durante o café da manhã.
"Sim, ele me sequestrou da rua, me forçou a voltar ao meu apartamento para arrumar uma mala, me tratou mal, depois me forçou a entrar num carro que ele tinha escondido na floresta... ah, e eu mencionei que ele pode se transformar em lobo e falar comigo na minha cabeça?"
Ela sentiu aquela risada histérica borbulhando novamente e engoliu. Ela não estava pirando. Estava sob estresse. E precisava tomar uma decisão.
Exceto... ela já não tinha tomado a decisão lá atrás? Fugindo dele no carro e quando ele a interceptou...
Se ela precisasse de mais alguma prova de que ainda estava, de fato, apaixonada pelo Zev que conheceu cinco anos atrás, o fato de ter passado por um filme de terror e ainda pensar em beijá-lo tinha que ser isso.
Então o pensamento dele se reproduzindo com outras mulheres invadiu sua cabeça e interrompeu sua respiração.
O Zev dela. O Zev dela, carinhoso, atencioso, quente como lava, tinha tido as mãos sobre outras mulheres.
Espera...
Um reprodutor.
Isso significava...?
"Quantas?" ela engasgou, olhando para o painel porque sabia que se olhasse para ele, se derreteria novamente e deixaria se esquecer de tudo isso.
"Quantas o quê?"
"Com quantas mulheres você... se reproduziu?"
Ele respirou fundo e ela se preparou. "Houve cinco antes de você," ele disse baixinho. "Os testes. Elas todas estão mortas agora." A tristeza em sua voz foi como uma lança em seu estômago.
"E depois que você me deixou?"
Ela sentiu ele se retrair com as palavras, mas recusou-se a pedir desculpas. Era apenas a verdade.
"Eu não sei," ele disse. "Muitas. Nenhuma nos primeiros anos. Mas uma vez que me tiraram da Quimera e trouxeram de volta pra cá... muitas. Algumas por mês."
"Algumas... todo mês?!"
"Depende se há uma caçada e do que está acontecendo na pesquisa e... mas sim..." Ela virou para olhá-lo então, porque ele não estava olhando para ela. Aqueles pequenos músculos na parte de trás de sua mandíbula se flexionaram e suas mãos se abriram no volante novamente. "Elas não significavam nada pra mim, Sash," ele disse suavemente. "Era literalmente... Mas eu sempre estava no lobo."
"Espera, O QUÊ?!"
O pomo de adão dele se movimentou. "Quando os Quimera se acasalam, geralmente é mais bem-sucedido se estiverem na forma animal. E em um nível prático é mais fácil. O meu lobo pode sentir quando ela está—"
"Pare! Não! Eu não quero ouvir isso. Eu não posso... Eu não quero... Eu não posso, Zev. Eu simplesmente... não consigo pensar sobre isso."
Ele levantou uma mão do volante para passá-la pelos cabelos. "Por favor, Sasha," ele disse, e havia um apelo suave em sua voz que fez com que ela fechasse os olhos. "Por favor, me perdoa. Eu pensei... Eu nunca pensei que ia te ter de volta. Eu pensei... Eu pensei que era o que eu fui feito para fazer."
"É por isso que isso é um problema, Zev," ela disse, a voz muito alta. "Porque até agora eu juraria que fui feita para amar você. Eu tinha tanta certeza... Eu nem conseguia pensar em dormir com mais ninguém. Todo mundo me chamava de louca. Eles diziam que eu era obcecada, que eu tinha te idealizado na minha mente. Que ninguém era tão perfeito. E eu tentei dizer a eles... mas eles estavam certos. Certo?" Ela engoliu em seco.
Um ruído baixo escapou da garganta dele e cada músculo de seu corpo parecia se tensionar.
"Sash... por favor..."
Ela balançou a cabeça, o coração dividido entre querer abraçá-lo e querer machucá-lo. Mas então a mão dele apareceu sobre a dela e os dedos se entrelaçaram, e o cheiro dele a envolveu.
Sasha fechou os olhos e deixou a cabeça afundar no encosto do banco, e se agarrou à mão grande e espessa dele, tão quente quando as dela estavam tão frias.
```