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CAPÍTULO 24 - O PRIMEIRO USUÁRIO

Atrapalhado pelo forte sol que atravessava as cortinas do grande prédio de pesquisas do País dos grandes muros, Polano decidiu finalmente se levantar de sua cadeira.

Ele já estava sentado a horas e não havia desviado seu olhar da mesa a sua frente desde o momento que se sentou lá.

– "Já está de manhã…" – Ele disse, respirando fundo ao final de sua reflexão para o teto branco.

Naquele momento, ele tinha virado toda a noite terminando sua pesquisa e por isso sofreu o forte efeito do sol que repentinamente atravessou seus olhos, queimando sua retina.

Se levantando da cadeira e caminhando para a cortina que tampava a janela, a abriu totalmente, deixando que o sol invadisse toda a sala.

– "O dia parece começar bonito" – Ele sorriu, admirando o céu azul bebê que emcorpava o céu de cor.

O sol que invadiu todo aquele andar iluminou a pesquisa que estava sendo feita pelo homem de longos cabelos brancos.

– "Está fantástico. Não poderia imaginar um resultado melhor."

Sorrindo, Polano admirou sua própria pesquisa, algo que para si mesmo e para aquele mundo era era revolucionário e novo.

Sua pesquisa se tratava do protótipo em maquete de um cristal branco que remete a um escudo de bolso, algo que funcionaria de forma prática para todos os que tivessem que lutar em sua guerra.

– "Sinceramente, eu nunca poderia imaginar que meu simples projeto se tornaria a fonte principal de batalhas no país dos grandes muros." – A voz mais experiente de Polano invadiu aquela sala, diferenciando as lembranças de uma realidade verdadeira.

Logo, Mizu também pôde transformar sua voz em um comentário que sobressaísse a imagem que viam do passado de Polano, algo que era narrado por ele mesmo e mostrado em todos os lados do mundo branco que rodeava eles.

– "Então você criou esse cristal mágico? Isso não faz sentido, você teria que ter a mesma ideia que outras 7 pessoas."

– "Não Mizu, eu fui escolhido por pessoas que me trouxeram esse cristal. Não sei exatamente quem eles eram, mas logo que eles chegaram, me explicaram sobre todo o funcionamento do cristal e tudo o que eu devia fazer sobre ele."

Junto de sua explicação, Polano estalou seus dedos para que todo o mundo de luz branca seguisse as memórias que mostravam aquilo que era contado por ele. Era como se tudo ao redor fosse transformado em uma grande televisão 3D de realidade extremamente aumentada.

Com o controle de Polano, o mundo mostrava o momento em que dois homens totalmente cobertos por capuzes cinzas entregaram para Polano o cristal da defesa e o explicaram sobre tudo que ele devia fazer.

Naquele momento ele já não estava mais no prédio de pesquisas, além de já estar bem mais velho em relação à memória de quando projetou o estudo portátil.

– "Foi nesse momento em que descobri o meu destino enquanto eu tive vida e até o momento onde ela me seria tirada." – Polano novamente tomou voz sobre as imagens de suas memórias que eram vistas minuciosamente por Mizu.

– "Me diga, o que tirou a vida de alguém que detinha todo o poder dos cristais da defesa?"

Despreocupado, Mizu manteve seu sorriso sereno enquanto lançava sua pergunta para o homem ao seu lado. Para sua surpresa, o homem não reagiu de boa forma, fechando o seu semblante e 'desligando' do mundo ao redor todas as imagens de sua lembrança.

Abaixando a cabeça, o homem bagunçou seus longos cabelos branco e permaneceu mexendo nele por longos minutos.

– "Tenho que confessar que essa não é minha melhor lembrança, Mizu."

– "O que há com você? Não se acostumou ao fato de já estar morto?"

– "Me desculpe, mas diferente do que seu pequeno cérebro acredita, mesmo mortos nós que temos uma presença de alma, então ainda sentimos medo."

Mizu se manteve em silêncio após ser respondido de forma levemente grosseira pelo homem que estava ao seu lado. Sem mudar seu tom desanimado ou levantar sua cabeça, ele se mantinha apenas mexendo em seu longo cabelo, o jogando para a direita e para a esquerda de sua cabeça.

– "Me desculpe pelo modo de falar. Que exemplo eu estou tentando dar agindo da mesma forma que você age…"

Batendo em seu próprio rosto com leves tapas, Polano levantou novamente sua cabeça para olhar para o céu, porém percebeu novamente que não havia nenhum céu acima de sua cabeça.

– "Está tudo coberto pela luz branca, esqueceu?" – Mizu disse, provocando o homem com todo seus sentimentos.

– "É verdade, acho que perdi o costume de mudar esse cenário ao redor."

Levantando novamente os braços assim como das últimas vezes, o homem estalou os dedos e tornou novamente aquele lugar em uma cidade, porém dessa vez, era a própria que Mizu estava quando tocou o Cristal e foi transportado para aquela realidade.

Percebendo rapidamente o cenário ao redor, Mizu mudou sua expressão, colocando em seus semblantes um pequeno desespero que o fazia lembrar de tudo que tinha passado em suas últimas lutas naquele lugar.

– "Porque o prédio de pesquisas?" – Mizu perguntou, encarando o homem de olhar intimidante.

– "Essa é nossa última troca de cenário antes que você volte para lá. Apenas não quero quebrar sua mente ao te mandar de volta." – O homem sorriu de forma sincera, passando uma verdadeira credibilidade para Mizu, que apenas aceitou o que foi dito por ele.

Respirando fundo e alternando seu olhar entre a paisagem ao seu redor e o rosto do Homem ao seu lado, Mizu teve de volta sua linha principal de raciocínio.

– "Você ainda não me respondeu a pergunta."

– "Está falando sobre quem me matou?" – Polano olhou novamente para o alto, admirando o céu que agora era completo por nuvens brancas que cobriam todo o azul levemente escuro. – "Foi aquele que as lendas de vocês contam. O ser nomeado de "o mais forte" foi quem me matou."

Após a fala despreocupada do homem que olhava o céu, Mizu se manteve em silêncio, criando sobre os dois um clima de pesar extremamente angustiante e desagradável.

Alternando seu olhar desesperado entre o chão de pedra lisa e o céu azul, Mizu se viu em total transe enquanto ouvia a confirmação que dizia sobre a lenda que era usada como forma de assustar crianças desobedientes.

A lenda contada sobre aquele que foi nomeado de mais forte se resumia a falar sobre o ser que foi capaz de dominar todos os 8 cristais do poder e trazer o caos total para o mundo que hoje é dividido por conta das guerras causadas por esse único homem.

Ao fim da lenda é contada a possibilidade de haver sucessores para aquele homem, ou até mesmo a possibilidade dele estar vivo após o passar das gerações.

– "Ele… ele existe?!" – Mizu disse, parando seus olhar de forma fixa nos olhos do homem ao seu lado.

– "Não se assuste tanto, eu morri a muitos anos, ele já é apenas uma lenda de um monstro que já foi real. Não precisa se preocupar com algo desse tipo."

Olhando para o redor do mundo que os cobria, Polano percebeu que seu tempo estava acabando de forma forçada.

– "Pois bem, nossa conversa foi tão divertida que nem mesmo pude fazer aquilo que era minha principal função, mas mesmo assim não deixarei faltar isso."

Desfazendo tudo ao redor deles, o homem voltou a transformar tudo em uma luz branca, fazendo até mesmo o banco onde estavam desaparecer.

– "Você voltará para seu mundo real com todas as lembranças do que viveu e ouviu aqui. Para ter acesso novamente a esse lugar você precisa pegar o cristal de forma completa." – O homem andou até perto de Mizu, o tocando com o dedo médio em sua testa. – "Todas as habilidades que você pode usar com o cristal da defesa acompanharão sua mente ao sair daqui. Sinceramente espero nos vermos logo."

O homem se distanciou de Mizu, sumindo pouco a pouco na luz que a cada segundo se tornava mais forte e presente naquele lugar, o qual roubava a consciência do garoto Mizu.

Sua última lembrança do homem de cabelo branco longo a sua frente foi de um sincero sorriso, algo que firmava um novo laço entre eles.

– "Até daqui a um tempo, Majestade."

Mizu acenou com suas duas mãos, sendo finalmente levado por completo pela luz branca, a qual o fez acordar do mesmo ponto onde havia perdido sua consciência para a nova realidade.

– "Ei Mizu, você está bem?" – A voz de Linn quebrou a tontura que Mizu estava sentindo. Aquilo o fez finalmente voltar para o mundo real por completo.

– "Estou bem, Linn." – Disse o garoto, entregando imediatamente o cristal de sua mão para Linn, que o guardou no mesmo momento.

Levantando o olhar para ver o rosto da garota, se encantou, deixando que seu rosto fosse contaminado por um forte tom vermelho, o qual também trouxe do fundo de sua alma um sorriso novo, um sorriso bobo do qual nunca tinha feito na vida.

– "Você está mesmo bem?" – Linn fechou sua expressão em dúvida após ver Mizu ficar coberto por um forte tom vermelho em sua pele.

– "Estou sim, eu já te disse." – Mizu afirmou, virando o rosto para o lado contrário a Linn. Rapidamente, ele tomou sua nova ação em sua mente, a colocando imediatamente em prática. – "Vou acordar a Luna, já está na hora de voltarmos."

Mizu caminhou por dentro da cratera para chegar até o corpo de Luna, o qual estava caído no chão sem força alguma para se pôr de pé. Ela estava exausta por seu uso excessivo de magia durante suas lutas.

– "Ela não está acordando."

Usando de tapas leves em suas costas e rosto, Mizu chamou Luna pelo nome por diversas vezes, porém não obteve sua resposta e nem mesmo sua atenção. Ela se mantinha dormindo mesmo com todo o movimento do garoto em acordá-la.

Era óbvio para o garoto o fato de Luna estar bem, porém também era notório que seu cansaço não seria quebrado nem mesmo pelo maior barulho do mundo.

– "O que vamos fazer com ela nesse estado?" – Linn se aproximou de Mizu, olhando fixamente para Luna.

– "Está tudo bem, eu posso levar ela."

Mizu segurou Luna com cautela e a levantou do chão, a colocando em suas costas como uma mochila.

Após pô-la em suas costas, Mizu imediatamente saiu dali andando lentamente em direção a casa no qual tinham invadido para estarem.

– "..."

Parando após poucos passos, Mizu percebeu o barulho ensurdecedor do silêncio que rodeava aquele gramado ao lado dos destroços do grande prédio de pesquisa. Se virando para trás, olhou para Linn, a qual se manteve parada no mesmo ponto onde olhava Luna fixamente ao lado de Mizu.

– "O que você vai fazer, garota?"

– "Não me chame de garota, garoto inútil."

– "Você me parece adorável sempre que está calada."

Mizu sorriu de forma provocativa, sendo acompanhado pela garota que acenou de forma positiva com a cabeça.

– "Não se preocupe comigo, eu tenho um lugar para ir antes de acompanhar vocês."

– "Eu queria te perguntar para onde você vai, porém eu não me importo com isso."

Mizu sorriu enquanto virava as costas para sair dali em direção a sua casa.

Linn apenas o observou sair de sua vista em poucos segundos enquanto carregava Luna em suas costas.

– "Se ele teve um bom encontro com aquele poderoso dono do cristal, então com certeza ele é uma ameaça. Acho que devo me manter de olho nele por enquanto."

Linn fechou sua expressão de forma séria, não deixando que nem mesmo um pequeno sorriso escapasse em seu rosto.

Daquela mesma forma, ela caminhou em direção do centro do país dos grandes muros, deixando para trás todo o desastre que havia naquele lugar após a queda do prédio de pesquisas.

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