Andrey acordou faminto. Sentiu o peso em seu braço e olhando para o lado viu Emma dormindo como criança em seus braços. Ele a apreciou. Era ainda mais vulnerável ainda daquela forma. Não teve coragem de acordar ela. A visão era bela e boa demais. Sabia que estava começando a sentir algo perigoso por ela. Algo como o amor. Temia se entregar como já havia feito uma vez e se dar mal. Isso o lembrou do contrato de casamento. Ela ainda não havia assinado. Mas a faria assinar, assim que acordasse... Ou não. Precisava colocar mais uma cláusula. Não seria feliz com ela se não fizesse isso. Ele respirou fundo e olhou para o teto. Ele estava proibindo seu coração de se apaixonar outra vez. E sentia que ele ria dele. Era tarde demais para aquele aviso. Aquela ordem. Sentiu seu braço leve e olhou para Emma com a testa franzida. Ela o fitava surpresa. Como se também avaliasse seus sentimentos, mas se retirou do braço dele. Andrey aproveitou para pedir que levassem o jantar. O telefone ficava ao lado de sua cabeceira em um criado mudo. Depois ele se voltou para Emma.
"Não se importa se ficarmos aqui essa noite e formos para casa amanhã cedo?"
"Já esperei um mês..." Ela respondeu dando de ombros. Queria mais daquilo que viveram aquela tarde ou acreditaria que havia sonhado com a intensidade de emoção e prazer sentidos. Também queria ver seu filho, mas não conseguiria convencer Andrey...
"Vou fazer uma chamada de vídeo para que converse com Caio." Ele disse parecendo adivinhar seus pensamentos.
Emma o fitou e quase sorriu para ele. Se levantou se enrolando em um lençol e foi até a cadeira onde havia deixado o celular dele e se sentando ao seu lado, o entregou.
"Não disse que seria agora." Andrey a repreendeu, mas não conseguiu conter a diversão em seu olhar.
Andrey pegou o celular e fez a chamada. Caio logo apareceu do outro lado.
"E aí amigão? O que está fazendo agora?"
"Oi papai! Eu estou no parquinho da casa." Ele disse contente.
Emma sentiu seu coração arder a ouvir a voz amada de seu filho e nem percebeu que lágrimas lhe corriam pelo rosto, quando tomou o celular das mãos de Andrey.
"Mamãe!" Ele exclamou feliz e saiu correndo, o que fez com que a imagem se deslocasse.
"Caio! Fique quieto para que te veja meu filho. Sinto muita saudades de você..."
"Mamãe! O papai disse que ia te buscar! Que dia vocês chegam?"
Emma fitou seu rostinho.
"Você está bem? Alguém fez mal a você? O machucou?"
"Não." Os olhos dele ficaram sombrios como os de... Andrey! "Eu só chorei quando acordei e você não estava. Mas o papai me disse que você teve que fazer uma viagem..."
"Sim, meu filho. Eu tive." Emma disse se sentido culpada. Só então percebeu que Caio estava tratando Andrey como papai.
Novas lágrimas começaram a cair. Como ele pôde fazer isso? Ela se lembrou que seria apenas por dois anos que teria seu filho e as lágrimas rolaram com maior intensidade. Ela amava tanto Caio que chegava a doer e se Andrey não fosse tão... Talvez ele a deixasse ficar depois dos dois anos e ela trocaria a empresa que ele a prometeu para ser babá de Caio. Nem se importava de ter que se deitar com ele, afinal isso não era um sacrifício. Mas não queria ficar longe de seu filho.
"Porque está chorando mamãe? Eu fiz algo de errado?"
Andrey arrancou o celular da mão de Emma e quando ela se voltou para ele, lhe lançou um olhar reprovador e sua expressão mudou totalmente quando falou com Caio.
"Ela está emocionada por ver você. Amanhã chegaremos em casa. Mande a cozinheira preparar algo bem gostoso para o almoço."
"Tá bom papai. Te amo."
"Também te amo." Andrey disse e desligou.
Quando se voltou para Emma o olhar dela havia voltado a ser frio e indiferente, apesar das lágrimas incessantes.
"Papai? Te amo? O que você está fazendo com meu filho?"
"Não é nenhuma mentira. Eu o adotei, portanto é meu filho. E... Eu o amo."
Emma teve a sensação que perdera alguém especial e se levantou.
"O que vai fazer? Nosso jantar vai chegar daqui a pouco."
"Banho." Emma disse e entrou no banheiro.
Não se importou em fechar a porta, mas não gostou quando Andrey entrou para tomar banho junto com ela. Mas ao contrário do que imaginava, a experiencia debaixo do chuveiro, fora tão maravilhosa que ela pensou que iria ser dependente daquele homem para sentir tudo aquilo para sempre. Eles saíram do banho e se vestiram. Ele colocou uma calça caqui e uma camiseta e ela colocou um vestido rosa claro que havia encontrado na loja das noivas.
O jantar chegou e a mesa da suíte foi servida com requinte. Andrey buscou Emma que estava sentada na cama fitando a parede perdida em pensamentos e a levou para se sentar e afastou a cadeira para ela. Devia estar faminta e ele se sentiu culpado. Ele se sentou e começou a comer. Estava tão distraído que não percebeu que Emma continuava pensativa e nem tocou na comida. Só percebeu quando terminou e a fitou furioso.
"Vai fazer greve de fome?" Ele perguntou e Emma o fitou como se tivesse despertado de um sonho.
Ela se serviu de salada. Estava sem apetite e só iria comer para Andrey não se irritar mais do que já estava.
"Onde você aprendeu a dançar?"
"Desde menina. Minha mãe adorava a deusa Afrodite e essa dança era como uma forma de a contemplar e venerar. Todas as mulheres da minha família dançam..." Emma parou quando viu o rosto de Andrey lívido. "O que houve?" Ela perguntou com medo.
"Nada. Continue..." Ele disse e tomou água. Mas o rosto continuava pálido.
Emma voltou a comer desconfiada e então largou o talher e sentiu sua cabeça rodar. Era por isso que Andrey ficara surpreso! Ela havia se lembrado. Antes de tentar forçar a memória para se lembrar mais, pois por um momento viu o rosto de sua mãe e agora nunca mais o esqueceria, Andrey a pegou em seus braços e a deitou na cama e saiu. Depois voltou com um copo de água e ela o bebeu.
"Você tem que comer mais um pouco. Quer uma sopa?" Ele disse já ligando para pedir um ensopado para ela.
Emma não conseguia se lembrar de mais nada. Aquela memória veio como o piscar de olhos. Como uma reação involuntária e natural. Seus olhos, além de frios e indiferentes ficaram sombrios também.
"Eu me vi menina... Dançando, com outras meninas. Primas. E vi mamãe. Ela... É como se eu tivesse me olhando no espelho... A única diferença era que ela tinha sardas. Haviam outras mulheres. Todas vestidas com aqueles trajes..." Emma disse e as lágrimas voltaram a correr.
Andrey ouviu em silencio e enxugou as lágrimas delas com as mãos.
"Isso é um progresso. Vou levar você ao médico amanhã..."
"Não. Caio!" Ela disse desesperada.
"Passamos em casa primeiro e depois ele vai com a gente até o médico. Talvez com o tratamento certo... Você se lembre." Andrey disse, pensando que se ela soubesse que dali a alguns anos ela poderia reclamar sua herança...
Ele se levantou e foi até o armário do quarto e mandou mensagem para seu advogado. Ele devia passar ali e pegar o contrato e colocar a última clausula e entregar de volta ainda aquela noite. Alguém bateu à porta e ele foi até lá. Pegou a sopa de Emma e entregou a pasta para o rapaz o recomendando que trouxesse de volta assim que o advogado o entregasse e fechando a porta, levou a sopa até Emma. Ela não fez nenhum movimento para pegar. Ele respirou fundo e sentou ao lado dela e começou a dar a sopa na boca dela com a ameaça de não partirem na manhã seguinte para ver Caio. Viu que ela ficou furiosa, mas não quis comer com as próprias mãos e ele a serviu se divertindo.
Bateram à porta após Andrey terminar de dar a sopa para Emma e colocar a vasilha na mesa. Ele foi atender. Era o contrato. Ele deu gorjeta para o rapaz que o trouxe e abriu o envelope pardo. Deu uma rápida olhada e achou a clausula que ele complementou e levou para Emma assinar. Pegou uma caneta e entregou ambos a ela.
Emma o fitou desconfiada e leu o documento. Ali estavam todas as regras que ele havia lhe falado, mas tinha uma que ele não tinha mencionado e ela o encarou.
"Esse contrato está dizendo que o nosso casamento e nossos deveres podem se estender se for da minha vontade? Entendi direito?"
"É isso mesmo."
Emma ficou em silencio o encarando divertida e Andrey gostou de vê-la assim.
"Quer dizer que posso obrigar você a ficar comigo?"
Andrey a encarou surpreso.
"Eu amaria ser obrigado por você."
"Mas isso é... Só quem leva vantagem com essa clausula sou eu. Você não poderia ficar com outras mulheres... Por tempo indeterminado. E você já pensou que eu posso escolher ficar com você até que Caio tenha idade suficiente para escolher com quem pode ficar? É como se tivesse me dando uma arma carregada."
Andrey riu.
"Emma, há algo que precisa saber sobre mim. Eu não faço nada sem avaliar primeiro todos os detalhes e todas as direções que uma decisão minha pode seguir. Estou preparado para sua decisão. Espero que também esteja, pois eu já tenho cada detalhe bem pensado em minha mente. Tenho recursos para tudo e para todo rumo que vier a tomar. Resumindo. O que estou tentando lhe dizer é que sou detalhista. Não faço documentos por impulso."
Ela o fitou friamente e após assinar o documento o entregou a Andrey que o pegou e guardou na pasta e jogou na cadeira. Ele desejava Emma, mas não queria fazer nada se ela não estivesse se sentindo bem.
"Você está bem agora?" Ele perguntou e Emma se excitou com o brilho no olhar dele. Um brilho selvagem. Ela gostava do toque dele em seu corpo. Ela poderia dizer que ainda não estava bem, e ele não a tocaria, mas ela o desejava mais do que ele podia a estar desejando. E amou que ele tivesse deixado a decisão para que ela tomasse.
"Sim." Ela disse e sentiu seu rosto se afoguear. Andrey estava a fitando divertido.
"Você é muito insaciável senhora Bernardi."
Emma o fitou sensualmente, gostando de seu novo sobrenome, e estendeu a mão para que ele fosse até ela. Andrey aceitou o convite e ela o fez se abaixar para o beijar nos lábios e aquele foi o princípio de uma noite de amor. Não era só uma transa. Por mais que não admitissem um para o outro, o que fizeram foi amor pela noite afora. Pois ambos se amavam e passaram a noite testando os pontos mais sensíveis e que davam mais prazer no corpo deles. E foi uma descoberta feliz para eles. Em apenas uma noite, conheceram cada pedaço do corpo um do outro. E isso era algo que levariam para a vida toda, assim como a noite de núpcias.
Ao amanhecer, tomaram café e foram para a pista de pouso e entraram de mãos dadas no jatinho. A frieza e indiferença de Emma não voltou para seus olhos. Era como se ela tivesse passado de uma fase ruim para outra melhor. Como se ela não tivesse mais motivos para se esconder atras de sua indiferença. Eles se encaravam e sorriam a todo momento como casais de adolescentes que acabaram de descobrir o amor. E foi com esse clima entre eles que chegaram a Chicago e Andrey levou Emma para a mansão que fora de seu pai. Ela o fitou surpresa.
"Você disse algo sobre Caio estar onde não poderia o encontrar..."
"E estava. Mas mandei que o buscassem para cá antes de ir buscar você em frente do abrigo."
"Você ainda não sabia qual seria minha resposta."
"Mas sabia que você não tinha condições financeiras para o procurar e mesmo se conseguisse, não poderia entrar por esses portões."
Andrey ficou a espera que ela dissesse mais alguma coisa, mas ela não disse. Então desceu do carro e deu a volta para abrir a porta para ela e a ajudou a sair. Eles entraram na casa e Caio veio correndo, mas abraçou Andrey primeiro, o que magoou Emma, mas ela não disse nada e quando ele foi para abraçar ela, pegou em seus braços e o beijou muito antes de o deixar de volta no chão.
"Você tá diferente mamãe..."
"Diferente como?"
"Está sorrindo. Nunca a vi sorrir."
Emma se ajoelhou para ficar do tamanho dele e o abraçou novamente.
"Estou feliz por ver e por estar perto de você."
"Tomara que fique assim sempre, agora que casou com o papai."
"Como sabe disso?"
"Papai me enviou a filmagem pelo celular."
Emma fitou Andrey irada por ele não ter lhe contado, mas o rosto dele estava com ar tão leve enquanto os observava que ela logo esqueceu sua ira e se voltou para Caio novamente.
"Você viu no celular de quem?"
"No meu. Papai me deu um." Caio disse e tirou um iPhone 14 Pro Max do bolso e mostrou para Emma, que reconheceu ser de alto custo. "Vou pegar o seu." Ele disse, deixando o celular com ela e saindo correndo.
Emma mostrou o celular para Andrey.
"Sabe quantos riscos ele pode correr com um aparelho desse? Já ouviu falar em pedófilos da internet?"
"Tudo que está no celular dele é configurado. Vai direto para o seu. Pode ver e monitorar o que ele está fazendo o tempo todo."
"E você poderá monitorar o meu, não é mesmo?"
"Não. Você é livre para fazer o que quiser. Já assinou o contrato e sabe das consequências.
"Então não vai me monitorar?"
"Não. Você já deve ter percebido que seu cartão não tem limite. O motorista vai levar você amanhã para comprar um carro de sua escolha. Se for da sua vontade claro. E... Vamos almoçar?" Ele disse e se voltou para Caio com olhar desconfiado, quando ele entrou e entregou um celular igual ao dele para Emma. "Você escolheu nosso cardápio?"
Caio riu, como se tivesse aprontado algo e Emma nunca havia visto aquela reação em seu filho. Era óbvio que ele havia aprontado algo.
Eles foram para a sala de jantar e Caio exibia um comportamento diferente. Emma ficou imaginando o quanto mais seu filho havia mudado naquelas poucas semanas? Ele parecia mais... Livre.
A cozinheira viera junto com suas ajudantes para servir a mesa e também exibia um sorriso cumplice e divertido para Caio.
Ela colocou três bandejas tampadas na frente de cada um deles. Andrey foi o primeiro a abrir e fitou Caio que começou a gargalhar, tentando parecer zangado. Mas Emma viu que ele se divertia também.
"Hamburguer Caio? Esse é nosso almoço? O que conversamos sobre comidas saudáveis? Pois hoje vamos treinar até queimar todas as calorias desse almoço."
"Papai... Tem alface e tomate e carne. Você disse que isso era saudável." Ele disse rindo e Andrey balançou a cabeça negativamente, mas não conseguiu esconder o riso.
"Treino?" Emma perguntou interessada.
"Eu, pratico judô desde que fui adotado. Sou faixa preta e já alcancei o Décimo Dan."
"Não entendo do que está falando." Emma disse. "Mas Caio não é muito novo para começar esse treinamento?"
"Não. A disciplina deve começar cedo. Não se preocupe. Sei o que estou fazendo. Jamais iria fazer algo que o machucasse."
Enquanto comiam o hamburguer passaram a falar sobre atividades que Caio podia começar a praticar e Caio pediu para que o colocassem na aula de natação. Andrey fitou Emma franzindo a testa.
"Ele não sabe nadar?"
"Nunca tive tempo e nem dinheiro para o colocar em uma escola..."
"Porque não o ensinou você mesma?"
Emma o fitou com olhar perdido.
"Não sei se saberia."
Andrey suavizou o rosto. Se lembrou que ela tinha perdido a memória.
"Uma amiga vai vir aqui hoje. Ela quer conhecer você, Emma.
"E como ela sabe sobre mim?"
"Ela... Me propôs que casasse com ela e eu já disse que tinha alguém em vista. Ela queria ir no casamento."
"Sua ex." Emma concluiu largando metade do hamburguer. Perdera o apetite.
"Está com ciúmes?"
Emma olhou para Caio.
"Filho, pode terminar seu Hamburguer na cozinha? Mamãe precisa conversar o papai."
Caio a fitou aborrecido. Era óbvio que estava gostando da conversa, mas desceu da cadeira e fez o que Emma pediu.
"Se lembra da clausula sobre traição?" Emma perguntou para Andrey assim que Caio sumiu de vista.
Andrey riu.
"Ela é minha amiga, Emma. Não tem nada que nos proíba de termos amigos."
Emma se levantou.
"Você que está dizendo. Não venha com arrependimentos depois." Emma disse e saiu rápido da sala de jantar e subiu as escadas, explorando cada quarto para descobrir qual era o seu. Abriu o quarto que era de Caio. Era enorme e continha muitos mais brinquedos do que ela já havia dado a ele. Podia ser feliz ali. Mas estava louca de raiva por Andrey querer manter contato com a ex dele e os planos que se formavam em sua mente, poderiam ser sua ruina. Foi olhando os quartos. Já tinha entrado em cinco e havia mais dois no final do corredor. O da direita estava vazio, nenhum móvel. Olhou o da esquerda e fazendo como fez nos outros, abriu o armário e descobriu suas roupas ali. Então aquele seria seu quarto. Viu as roupas de Andrey no armário e aspirou seu perfume. Era agravável e ela estava perdidamente apaixonada por aquele cheiro.
Encontrou o banheiro no quarto e foi tomar banho. Se sentiu mais disposta após fazer isso. Vestiu jeans e camiseta. Não estava interessada em ficar bonita para a ex de Andrey. Amarrou os longos cabelos em um rabo de cavalo e desceu as escadas. Ela ouviu a voz de mulher vinda da sala de estar, por onde eles passaram, quando entraram e Andrey gargalhando com ela. Entrou na sala e paralisou quando viu com quem Andrey estava conversando intimamente. Elena!
Os olhos de Emma voltaram a ficar frios e indiferentes e se aproximou, vendo a surpresa no olhar de Elena, refletindo sua própria surpresa que escondeu atrás de sua indiferença.
"Emma?" Ela perguntou e se levantou, largando a mão de Andrey, que segurava com carinho e intimidade entre as suas enquanto estavam sentados lado a lado no sofá.
Andrey também se levantou e passou o braço pela cintura de Elena e as fitou com curiosidade.
"Vocês se conhecem?"
"Não."
"Sim."
Elas responderam, juntas. Emma negou que a conhecesse para talvez ela não contar a Andrey sobre sua história.
"Amor, lembra aquela moça que me fez ir a polícia por causa do assédio exagerado de John? Te contei na época. Foi antes de nos casarmos. Ela é a menina que era abusada pelo tio."
Andrey ficou pensativo e olhou para Emma que estava irada, mas ele não se importou. Ela mudava de humor com muita rapidez.
"Nossa! Me lembro sim! Ela sumiu depois de contar a história dela a você... Que estranha coincidência..."
"O que faz aqui Emma? Se esqueceu de mim?"
"Sou a dona da casa agora. Pode me chamar de senhora Bernardi. Não voltei a pensar em você." Emma disse com a voz cortante percebendo que Andrey permanecia com o braço em volta da cintura dela como se fosse algo natural.
Elena entendeu que Emma não era mais sua amiga. Estava com ciúmes dela. E ela não se importava. Andrey era apenas dela, e até achava bom que ele tivesse conseguido outra para parir o filho dele e depois disso ele estaria livre para ela novamente. Olhou a roupa cafona e pobre que Emma usava e ainda estava descalça.
"Você parece mais uma empregada." Elena comentou e gostou de ver que as bochechas de Emma ficaram rosadas.
"De uma certa forma ela é as duas coisas." Andrey comentou divertido e Elena riu com ele.
Emma se sentiu mortalmente ferida pelas palavras de Andrey. Ela não era nada para ele. E estava a humilhando na frente de sua provável amante para a agradar. Ele sabia que não tinha como ela provar que ele estava a traindo com aquela mulher. Se retirou da sala sem dizer nada e foi para o quarto, onde estava o celular. Ela o pegou, junto com suas poucas roupas e levou para um quarto vazio, o mais distante daquele e se trancou no quarto. Arrumou suas roupas no armário vazio e depois se deitou com o aparelho em suas mãos e ficou pensando no que ia fazer. Richard também era falso e escondeu que tinha mulher e filha, mas ela não se importava mais com isso. Eles tinham algo em comum. Amavam e odiavam ao mesmo tempo Andrey. Ela ligou para o numero dele e para sua surpresa, ele atendeu do outro lado.
"Quem é?"
Emma quase chorou ao ouvir aquela voz que ela aprendera a amar.
"Você está com sua esposa agora?"
"Emma!" Ele gritou do outro lado. "Deus Emma! O que fez? Estou procurando você desde que cheguei. Abandonei minha busca assim que descobri que você não havia voltado para trabalhar em três dias. Sua casa está vazia... Onde está? Que história é essa de esposa?"
"Sua esposa deixou voltar?"
"Que esposa? Do que está falando?"
"Vi a foto de sua filha."
Um silencio se fez do outro lado.
"Andrey? Foi ele quem disse isso a você? Ele te enganou Emma. Pedi para você me esperar que eu explicaria tudo a você. Onde você está? Vou até você para podermos conversar."
"Estou em Chicago, na mansão de Andrey."
"O que está fazendo aí?"
"Ele roubou meu filho e me obrigou a casar com ele."
Outro silencio.
"Viajarei até ai. Amanhã chego. Tenho que deixar algumas coisas em seus devidos lugares aqui. Quero saber essa história do roubo de Caio. Talvez ainda consiga uma anulação desse casamento e ele não pode manter Caio cativo. Resolveremos assim que eu chegar aí." Ele disse e desligou.
Emma ficou mais aliviada. Lembrou que Richard era advogado e poderia ajudar ela a sair daquela situação. Não podia continuar vivendo com um homem que esfregaria sua amante na face dela todos os dias. Não queria mais ficar ali, e levaria Caio junto com ela. No entanto, mesmo ouvindo as desculpas de Richard, não queria viver com ele também. Sumiria no mundo com seu filho e nenhum dos dois a encontrariam. Mudaria de nome. Mas antes faria Andrey provar do próprio veneno. Se conseguisse que Richard provasse que Caio não havia sido largado ao abandono e que sua adoção havia sido ilegal, já era um começo. Pegou o cartão em sua bolsa. O cartão sem limites. Pensou em comprar uma casa com ele em um lugar distante, mas Andrey saberia. Ela tinha que arrancar dinheiro de Andrey. Lembrou das joias que ele lhe dera e do seu vestido de casamento, como o de dançarina. Venderia todos eles. Se levantou e os colocou na mochila que havia guardado no armário e assim que ela terminou a jogou no armário e o trancou a chave. Emma adormeceu.
Caio chorava e Emma pensava que era apenas um pesadelo. Mas as batidas na porta se tornaram ensurdecedoras e ela despertou assustada. Correu e abriu a porta. Caio estava aos prantos e Andrey a fitava irado. Ela abaixou para receber o abraço do filho.
"O que houve, meu filho?"
"Pensei que você tinha passado mal ai dentro mamãe! Porque você não dormiu no seu quarto?"
Emma se levantou e Caio a observou enquanto enxugava as lágrimas com a palma das mãos.
"O que houve mamãe?"
"Meu quarto é aqui agora."
"Não mamãe! Você voltou a ser triste. O que aconteceu?"
"Sou a mesma de sempre. Você se enganou. E eu também." Emma disse e sustentou o olhar irado de Andrey.
"Posso dormir com você essa noite mamãe?"
"Não Caio." Andrey disse antes que Emma pudesse falar. "Vá para seu quarto que a babá vai ajudar você a tomar banho e se trocar."
"Eu posso fazer isso." Emma disse desafiadora.
"Não. Não pode. Você não toma mais decisões em relação ao meu filho." Ele disse e se voltou para Caio que assistia a cena com o rostinho triste. "Vá Caio."
Caio fez o que o pai mandou e Andrey se voltou para Emma.
"O que pensa que está fazendo?"
"Sou uma empregada, lembra? Não foi o que você disse para a sua amante?"
Andrey balançou a cabeça.
"Sabe que tem que me dar um filho e eu não quero ter que forçar você, Emma. Em respeito a tudo pelo que já passou... Volte suas coisas para o nosso quarto."
"Você nem sabe o significado de respeito! E quanto ao seu filho... Porque não o coloca em Elena? Acho que ela vai gostar da ideia. Sua herança estará garantida. Pelo que me disse, você tem que ficar casado apenas por um ano e ter um filho em cinco anos. Não especificou que teria que ser com sua esposa." Emma disse e franziu a testa. "Você nem sabe o que significou o nosso casamento."
"Assinou o contrato aceitando que teria meu filho dentro de dois anos."
"Assinei. Mas isso pode ser revisto no tribunal. Estava sob forte pressão acreditando que nunca mais iria ver meu filho que você roubou! Vou alegar que fui coagida!"
"O que a fez mudar de ideia? Estava feliz com nosso acordo..."
"Eu estava cega. Você me manipulou."
"Isso tem alguma coisa a ver com a visita de Elena? Era para ter ficado feliz. É sua amiga também."
"Não "amor", Elena não é minha amiga. É alguém que conheci quando estava vivendo uma situação difícil, mas muito parecida com a de agora!"
Andrey sorriu.
"Ela chama a todos de amor. Você está com um ciúme bobo. Tá fazendo papel de idiota."
"Ciúme não, mas papel de idiota eu já percebi."
"Você quer que eu peça para ela não vir mais aqui?"
"Se eu pedisse você faria?"
"Provavelmente não."
"Você pode ter suas amizades, mas também posso ter as minhas. Se prepare para isso e se conforme."
"Você? Que amigos você tem? Da última vez que chequei não tinha nenhum. Fez alguma amizade no abrigo?" Andrey perguntou debochado.
Emma permaneceu fria e indiferente.
"Pode sair? Vou me trocar para o jantar."
Andrey revirou os olhos.
"Pare Emma. Vá jantar da forma que está mesmo. Que diferença vai fazer a troca de trapos por trapos?"
Emma sentiu uma pontada de dor no peito pela insulta. Mas ele tinha razão. Ela só tinha roupas doadas e as que comprou na loja de noivas, mas a maioria delas eram roupas intimas.
"Se não se importa, vou ficar nesse quarto. Não gostei do seu e não quero dormir ao seu lado nunca mais."
"Eu não vou ficar vindo aqui e depois ter que ir para o meu quarto. Isso é um absurdo!"
"Eu irei até você. Não se preocupe."
"Todas as noites?"
"Sim."
Andrey a fitou desconfiado, mas depois decidiu que já havia deixado Elena esperando por tempo demais.
"Elena vai jantar com a gente."
"Então, não vou jantar."
"Vai sim. Não foi você mesma que disse a ela que é a dona da casa? Quer que eu ensine Caio a chamar ela de mamãe?"
Emma se sentiu sem saída. Saiu do quarto e passou no de Caio, com Andrey atrás de si.
"Ele já deve ter decido com a babá, enquanto você dava seu espetáculo."
Emma não olhou para ele e desceu as escadas, indo diretamente para a sala de jantar.