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Capítulo 82 – Carol: O primeiro dia chega ao fim

Mas deixo meus pensamentos de lado e continuo a prestar atenção ao que Amitabh traduz o que Pandith está dizendo.

"Um filho pode ser abandonado pela família se ele executar uma má ação, mas uma filha, nunca! O chefe de família nunca pode abandonar uma mulher da família a menos que ela seja casada. O chefe de família não pode abandonar sua mãe ou sua esposa. É dever do chefe de família guardar e proteger as mulheres de sua casa contra o vício e o jogo, mulheres sem proteção acabarão por trazer tristeza para as suas famílias." Pandith disse. E logo depois o Brâmane começa a falar".

Nessa hora fico pensando em como muitos estão distantes desses princípios digamos assim. Tá aí uma coisa que se na nossa cultura tivéssemos esses conselhos e rituais antes de casar, seria tudo diferente. Entendo sobre as castas e tal, mas por um lado não concordo com a forma que é feito, mas essa importância sobre o casamento, cada detalhe de cada ritual, esses conselhos que estamos ouvindo atentos a cada um deles, sinceramente na minha cabeça faz sentido, mudaria até o cenário drasticamente do nosso país. Lógico que o ser humano é o animal mais difícil de lidar, e sinceramente alguns devem ser chamados de animais mesmo, devido a sua perversão, maldade, egoísmo e afins.

Olho para nossos amigos e vejo a felicidade no olhar de quase todos eles, mas Samara e Filipe me intrigam. Samara tem um sorriso no rosto, mas seu olhar é diz o contrário. Olho semicerrado em direção ao Eros e os Imperadores me deixam de certa forma pensativa e desconfortável, o Filipe olha para Eros com uma certa raiva.

Não sei o porquê disso, me chamou atenção logo agora, decido voltar minha atenção a cerimônia e deixar meus pensamentos confusos voltarem para o nada. Quero aprender muito ainda nessa cerimônia.

Como a tradução está sendo simultânea sei que o conselho agora voltou para o Pandith "Um marido deve se esforçar para assegurar que sua descendência esteja limpa. O marido entra na esposa, torna-se um embrião e nasce de novo na terra. É por isso que uma esposa é chamada "Jaya" (Felicidade) porque o homem nasce "Jayate" (triunfo da verdade) novamente através dela.

A esposa dá luz a um filho que é exatamente como o homem que ela ama, por isso o marido deve proteger a sua esposa com zelo para manter sua descendência limpa."

O Brâmane tem a palavra agora e diz que existem seis coisas que corrompem a mulher, o álcool, as más companhias, ficar longe do seu marido, dormir demais, viver na casa de outras pessoas e digamos em nossa língua, bater perna por aí.

Acho muito legal e interessante isso que ele fala e realmente, quantas histórias sobre casamentos fracassados por conta de que uma pessoa vivia na casa desse casal, ou a quantidade de maridos reclamando de mulheres que ficam na casa das amigas o tempo todo. Sim pode pensar que sou machista ou palavras do gênero. Mas casamento requer uma mudança de comportamento drástica, e nem todo mundo está pronto para os desafios que o casamento exige, não é flores ou um campo de girassóis o tempo todo. São duas pessoas com cargas particulares convivendo debaixo do mesmo teto, se os dois não estiverem dispostos a entender que para tudo existe equilíbrio e que as prioridades de casados são diferentes das de solteiros, vai ser complicado esse casamento se manter.

Então agora presto atenção no Pandith está dizendo "O chefe de família não deve deixar sua filha solteira permanecer fora da casa quando o sol não estiver brilhando, pois, este mundo é uma selva cruel e a filha solteira é extremamente vulnerável quando deixada fora da casa quando o sol se põe. O pai sempre deve garantir que a filha solteira esteja com a companhia de amigos, onde pelo menos uma das amigas é uma mulher, ou na companhia de seu irmão ou nora, de sua esposa, um brâmane ou uma mulher casada. O chefe de família nunca deve deixar a filha ficar em companhia de mulheres que foram abandonadas por seus maridos"

Essa parte do abandonada pelo marido me pega um pouco, nunca sabemos o que realmente sucedeu para isso acontecer. Então as vezes ela pode estar precisando de ajuda.

Agora um sacerdote que toma a palavra, e fala o próximo conselho "Um chefe de família pode punir seu filho fisicamente, mas nunca poderá punir fisicamente sua filha ou esposa. A violência física contra uma filha ou contra uma esposa causa a violação do Dharma e um homem cai de sua posição, se ele usa a forma física de castigo para com sua esposa, filha ou nora. Um homem que pune fisicamente a sua filha ou bate na sua esposa, puxa-a pelos cabelos ou atormenta o seu corpo sob qualquer forma, queima no inferno. Seja qual for o crime da mulher ou da filha, em nenhuma circunstância o chefe de família deve punir fisicamente a sua filha ou esposa. A mulher na casa representa "Prakriti" (natureza) e a violência física contra as mulheres na família é uma contradição direta à teoria de que o "Purush" (Homem) está aqui para preservar e proteger a natureza e não para destruí-la."

Vejo que as meninas assim como eu no começo ficamos incomodadas, porém a frase final faz com que ficamos alegres, agressão de qualquer forma é péssima e sou totalmente contra.

"Uma mulher é como o campo e um homem é como a semente. Todas as pessoas nascem da união da semente e do campo. A prole é considerada a melhor quando tanto a semente quanto o campo estão maduros, na época e quando todas as condições são ideais da semente e do campo, a semente é dada mais importância. Nós nos referimos a uma árvore por sua semente, por exemplo, uma árvore de maçã, uma macieira e não pelo campo onde cresceu. Da mesma forma, uma pessoa é conhecida por sua linhagem, a semente de seu pai e não pelo ventre que o gerou. Um homem sábio que entende isso nunca semeará sua semente na esposa de outro homem. Um homem deve tentar restaurar sua semente durante a fase Brahmacharya, melhorando assim a qualidade de sua "semente" e deve semear sua semente no campo de uma mulher a quem ele foi prometido. O campo deve ser irrigado adequadamente antes que a semente seja semeada e se a semente for semeada na estação errada, uma árvore torta ou quebrada será formada." Pandith acrescenta.

Vejo que esse tipo de pensamento incomoda a todas nós, que vejo as meninas se remexendo na cadeira.

Já tinha ouvido falar sobre isso, que os filhos aqui na Índia quando nascem pertence ao pai, nunca entendi o porquê, agora com isso com o que o Pandith disso entendi, não concordo, até porque os dois tem a mesma importância.

Pandith continua sua fala "O chefe da família deve oferecer a um hóspede, assim que ele chegar, um assento, água e comida que tenha sido ritualmente preparada e cozida em sua cozinha. Se um Brâmane permanece em sua casa e não é honrado quando ele parte, ele tira todo o crédito das boas ações que o chefe de família pode ter realizado em sua vida. O chefe da família deve, regularmente, dar esmolas a um mendigo e a um estudante casto do Veda. Um convidado que vem com o pôr-do-sol não deve ser rejeitado pelo chefe de família e o convidado deve ser permitido ficar na casa e comer. O chefe de família e sua família só devem comer somente depois que os convidados terminarem de se servir." Achei esse princípio de hospitalidade bem legal. Bem parecido com o costume da minha família referente a visita.

Acho que temos bastante costumes indianos que nem sabíamos.

Agora o Brâmane toma a palavra e fala acerca dos cerimoniais aos mortos, como devem proceder, como alimentar um Brâmane que seja neutro, nem amigo, nem inimigo, porém em contra partida não devem alimentar ninguém que tenha estudado o Veda, nem um fraco, nem um jogador ou alguém importante.

Isso fica confuso na minha cabeça e acho que isso ficou nítido, porque vejo o Guru me olhando curioso. Me assusto com isso e abaixo o olhar em respeito. Acontece de forma automática.

"O chefe de família deve educar seu filho com uma vara por dez anos, mas quando ele alcançar os dezesseis anos, deve tratá-lo como seu amigo. É dever do chefe de família nomear um brâmane como o Guru de seu filho e mandar seu filho para fora de sua casa, para que ele possa aprender sua educação, ganhar a vida e voltar para casa como erudito." Pandith aconselha, e como tudo nessa cerimônia, está fazendo eu repensar muito e aprender demais, então entendo que até os dez anos devem educar o filho com uma certa rigidez, mas na adolescência se tornam amigos, e acho isso fantástico, principalmente pela adolescência, é o período mais confusos que temos, já é a fase que saímos da fase de criança e também estamos longe da fase adulta, onde tudo é muito intenso.

Nisso um homem muito bem e ricamente vestido se manifesta, parece ser um nobre, ele diz que um chefe de família deve ficar longe de qualquer coisa que dê dependência, álcool, cigarro, e as mulheres.

Pandith toma a palavra novamente e diz "O chefe de família não deve comer usando apenas uma peça de roupa. Não deve urinar na estrada, em terra arada, em cinzas, em água, nas ruínas de um templo, nem num monte de formigas, à margem de um rio, numa caverna, no cume de uma montanha. Durante o dia, ele deve urinar virado para norte e a noite ele deve urinar na direção sul. Urinar no fogo ou na água, ou em uma vaca destrói a sabedoria do chefe de família. O chefe de família não deve viver em um reino governado por um servo, não deve comer o alimento que teve seu óleo extraído dele, nem comer demasiado tarde da noite. O chefe de família não deve usar roupas de segunda mão. O chefe de família deve tomar banho três vezes por dia: pouco antes do nascer do sol, ao meio-dia e logo após o pôr do sol. O chefe de família deve abandonar a aldeia onde não há amigos, nem rio, nem emprego, nem médico ou que é governado por um rei tirano. Mesmo que ele seja elegível para aceitar presentes, um chefe de família deve abster-se de aceitar presentes que são desnecessários, para a sua energia brilhante que vem do veda se perder através da aceitação de presentes que não são necessários para o cumprimento de suas necessidades. Um ignorante que aceita ouro, terra, cavalo, vaca, roupas e comida é reduzido a cinzas, como se fosse madeira. "Agora me fica a pergunta, como eles urinam com tanta regra? Tá de tudo que ele falou, sim isso ficou pairando meus pensamentos.

E quando vejo o Guru está me olhando de novo, e agora ele estava parecendo que estava sorrindo, acho que está escrito na minha testa essa minha pergunta, fico com vergonha de novo e agora vermelha pela minha dúvida.

"O significado de tudo é controlado pela fala. Tudo está em movimento por meio do discurso, daí o chefe de família deve tentar controlar seu discurso e falar somente quando for necessário." O Brâmane aconselha e Eros depois disso tudo tem a hora de fala e diz que irá guardar em seu coração todos os conselhos que recebeu, que irá cumprir seu papel como chefe de família, marido, homem, levando em consideração tudo que aprendeu até aquele momento e diante de tudo que ainda irá aprender.

Vemos que os sacerdotes continuam falando mas Amitabh e Tia ficam em silêncio. Olhamos para eles e os mesmo nos diz que agora só estão formalizando o final da cerimônia e que Eros promete que irá cumprir tudo que está ao seu alcance, com dedicação e respeito.

Eros enfim levanta, e todos junto com ele, enquanto Eros vai saudando um por um.

E assim se dá o fim da cerimônia Kashi Yatra, segundo os nossos tradutores.

Então somos todos conduzidos para o salão de festas assim que os Imperadores vão embora.

Estávamos cansados de ficar sentados durante tanto tempo.

Então assim que repomos nossas energias comendo um pouco, vamos dançar e falar com alguns convidados e nossas famílias, que estão impressionadas com tudo que foi dito.

Falamos sobre o Eros que deve estar muito feliz, mas a tristeza da saudade de sua amada é a sombra da sua alma, que o deixa ansioso.

Conversamos mais sobre as nossas impressões sobre tudo que foi dito, mas acho que isso não é uma boa ideia quando vozes inflamadas entre Gui e Dani são ouvidas, ela realmente está magoada com esse comportamento insistente dele, separamos os dois. E vamos todas as meninas para a pista de dança, junto com os locais.

Nós divertimos muito, vamos procurar Eros para dançar com a gente, mas o seu Ronaldo diz que ele já tinha ido embora.

Nossos familiares também já foram. Então o cansaço começa a bater então decidimos ir embora também, até porque já era alta madrugada.

Não entendemos o que está rolando mas depois nos preocupamos com isso, então nossos tradutores nos conduzem até o micro ônibus pois amanhã temos mais uma parte do casamento e precisamos descansar.

No micro-ônibus o assunto não poderia ser outro. Será que mesmo morando no Brasil eles iriam seguir todo o costume indiano como foi aconselhado hoje? E alguns não veem a Weenny como submissa da forma que vimos hoje, pois ela é tão independente.

Concordamos, mas eu e o Claudio preferimos falar das belezas das festas e dos locais escolhidos. Foi assunto unânime. Mas aproveitamos para matar um pouco da saudade dos nossos companheiros.

Infelizmente a chegada no nosso hotel foi rápida demais. Nós despedimos e cada um foi para a sua suíte.

Tomo um banho rápido e me deito, fico pensando no Claudio e o sorriso logo aparece, estou aconchegada no travesseiro quando recebo uma mensagem do meu amor me desejando um bom sono e o quanto me amava, respondo para ele e desligo o celular.

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