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CAPÍTULO IV - Conto 14: O retorno

Ele foi embora faz um tempo. Um sentimento de viuvez domina-me, sinto uma tristeza profunda. Penso em Zarú todos os dias...

Anoitece e durmo. Durante a madrugada, acordo e vou até a cozinha para beber água. Ao atravessar a sala vejo uma sombra preta sentada no banco da sacada.

Era uma presença extremamente forte e má. Incrível! Uma malignidade como nunca vi, acho que no seu grau máximo!

"Ele voltou pior, Deus vai me castigar..." – pensei.

- Chamou? – ele pergunta.

Não pode ser ele... está muito diferente! Corro para minha cama e cubro-me até a cabeça.

- Não! Você não é Zarú! Zarú não pode voltar! – respondo com medo.

- Quem falou? – indaga, curioso.

- Não interessa! Vá embora!

Rezo o "Pai Nosso", ele vai e não deixa rastros. O que ele quer? Por que veio?

Passam os dias e as noites, sinto saudades... Por que Zarú não vem me visitar? Espero por ele.

Numa bela tarde, eu estava na sacada lendo e um espírito se comunica:

- Vá neste lugar... estão esperando por você.

Mostra-me a imagem de um centro próximo de casa.

- Vocês querem me usar pra falar com as pessoas? Nunca, nunca irei trabalhar pra vocês! Eu sou de Deus!

- Você é um desperdício! " – responde inconformado, e se vai.

De madrugada cogito: "Está sendo travada uma batalha, e eu estou aqui, no mundo dos vivos, sem poder fazer nada! Parece que é lá que as coisas acontecem! Queria ir pro outro lado para lutar junto aos anjos de Deus! "

Amanhece e vou trabalhar. Dirigindo de volta para casa penso: "E se eu bater o carro? Aumento a velocidade e com um alvo certeiro... vou embora deste mundo! Escolho o alvo e ..."

Um anjo aparece bem na minha frente...

Coloca as mãos nos meus ombros, e empurra-me para trás, dizendo:

- Não chegou sua hora! Você tem que ficar aí!

Escolho o alvo...

- Não chegou sua hora! Você tem que ficar aí! – grita.

- Está bem... vou ficar, já que é da vontade de Deus.

- Você não precisa ir pro outro lado, como pediu! Pode participar das batalhas daí mesmo! – e continua. – Você tem que aprender a separar o mundo espiritual do material!

- Preciso aprender e muito. Meu Deus! O que eu ia fazer! Perdoa, Pai.

- Pra nós é interessante que você fique no mundo material, onde as coisas se manifestam! Você tem que elevar seu espírito!

"Elevar o espírito? O que será? " – indago-me.

Chego em casa e vou ler na sacada. Aparece um barulho dentro da minha cabeça, como se muitas pessoas falassem ao mesmo tempo, como uma estação de rádio mal sintonizada. Coloco as mãos no rosto e penso: "Parece que estou ficando louca. "

- Você está com o canal de comunicação aberto! – avisa-me o anjo.

- Como faço para fechar? – pergunto chateada.

- Você tem que se concentrar em alguma coisa, e ele vai fechar! – explica.

Começo a ler com bastante atenção e, depois de um tempo, o barulho na cabeça cessa.

"Como poderia saber que esse canal existe? " – indago-me.

Chega domingo à tarde e começo a me arrumar para ir à igreja. Sinto um pedido de comunicação do mundo espiritual, então, abro o canal:

- Ele será liberado! Tem novas regras! Vocês podem se encontrar somente no plano espiritual para que o seu corpo físico não registre. Você não pode deixar que isto influencie na sua vida aqui na Terra. Você tem que ser uma boa esposa, acompanhar o Luigi e, ao contrário do que você imagina, sua missão com Victor ainda não acabou.

- Preciso me ajoelhar?

- Não, continue fazendo suas coisas. Você não pode mais pedir para ir para o outro lado. Vocês não podem se encontrar enquanto você estiver acordada. Cuidado com as fantasias! Ele receberá outra função. Ele se move muito bem na Terra. Você é a primeira pessoa que ele vai acompanhar. Os dois irão aprender. Nós não vamos falar quando ele será liberado. Ele não vai mais falar com você do jeito que falava antes. Será muito sutil, de modo que você não perceba. Ele disse que não quer que você se lembre mais do jeito que ele era. Ele não quer que você fique triste.

O espírito mostra minha imagem escrevendo e chorando. A comunicação se encerra. Vou à igreja e oro muito.

Anoitece e vou dormir. Acordo, no dia seguinte, falando:

- Aceito, aceito. Ele pode vir...

Levanto, e enquanto tomava café penso: "Ele vai dar um jeito de burlar essas regras! Vá embora pensamento! Eu fiz um trato! Mas que trato!? Pode fazer trato dormindo? Não lembro o que é...

Vou trabalhar. Ao entrar no carro, o espírito diz:

- Trato é trato! Foi feita uma concessão...

Chego, ligo para minha mãe e conto tudo.

- Que espírito é esse? Você não pode falar com qualquer um! Como você sabe se é de Deus? – esbraveja.

- Mas são eles que falam comigo, eu não tenho culpa! É como se estivesse andando na rua e alguém viesse conversar. Como impedir isso? – defendo-me, apreensiva.

- Não responde! Eles não têm nada de bom pra falar!

- Mas parece que ele me aconselhou bem. E qual é o problema de Zarú voltar?

- Como você pode amar alguém que não é substancial! Não entendo isso!

- Deus não tem corpo, e mesmo assim o amamos! Os que se foram não tem mais corpo, e mesmo assim continuamos a amá-los!

- Não tem comparação! Que absurdo o que você está dizendo! – responde, enfurecida.

- Preciso desligar, vou trabalhar.

- Pede pra Deus te dar discernimento! Deus abençoe você!

- Amém, você também, mãe!

Encerro a conversa e concentro-me no trabalho.

Volto para casa, chega a noite.

- Ele está para ser liberado. – diz um espírito.

Não percebi se ele chegou...

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