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Capitulo 13

- Isso é loucura!

- Não, chama-se vingança.

- Mas e se ele descobrir? Estaremos mortos.

- Você é um perfeito covarde, sabia? Não sei como entrou em Gryffindor.

- Apenas ande logo...

- Já está pronto – sorri triunfante – com certeza assistiremos a um grande jogo.

- Nem me fale.

-x-

O sábado amanhecera ligeiramente nublado em Hogwarts e dava às boas-vindas àquela que seria a última partida de Quadribol da temporada. Slytherin vs. Gryffindor, quem ganhasse levaria a Taça para casa. É claro que os Slytherins estavam melhores equipados e ainda contavam com o melhor buscador de todos os tempos, mas os Gryffindors tinham... Er... Enfim, mesmo com uma evidente desigualdade entre os times, aquele prometia ser um grande jogo. Quando Harry acordou, depois de passar meia hora deitado na cama com as cortinas fechadas e um feitiço silenciador ao redor, contando ao diário que estava prestes a dar uma surra em alguns Gryffindors, levantou-se, tomou uma boa ducha, colocou o uniforme e logo desceu para tomar café. Seu time já estava na mesa e todas as serpentes lançavam olhares cheios de burla à mesa Gryffindor, onde estes pareciam ter acordado com um punhal atravessado na garganta.

- É impressão minha ou os Gryffindors estão mais pálidos e chorosos que o normal?

- Apenas estão tentando se conformar com a surra que vão levar – Draco sorriu, abrindo espaço para o amigo sentar ao seu lado.

- Parece que o Marcus acordou com dois pés direitos esta manhã – comenta divertido, indicando um sorridente Marcus Flint que não parava de se divertir assustando os alunos menores.

- Na verdade ele está assim desde que ganhamos todos os jogos.

- Tem razão Theo, e para falar a verdade, eu não imaginei que você fosse um batedor tão talentoso.

- Bom, eu...

- Sorte de principiante.

- Ui! Parece que o Dragão está com ciúmes...

- Fique quieta Pansy.

- Não briguem... – Harry interveio, colocando um generoso pedaço de bolo de laranja em seu prato – A verdade é que os dois são ótimos batedores e têm uma sincronia perfeita.

- Quando não estão tentando se matar – Blaise acrescentou.

- O que acontece é que na hora que um balaço chega perto do Harryzito esses dois viram bicho e esquecem todas as desavenças.

Harry apenas sorriu, concordando com a amiga. Theo e Draco, por sua vez, permaneceram em silêncio sabendo que aquela era a mais pura verdade. Quando um balaço chegava perto de Harry eles não pensavam duas vezes e já o afastavam com perfeição, mesmo que para isso tivessem que agir em mutuo acordo, mas a segurança do pequeno Lord, é claro, sempre estaria em primeiro lugar.

À medida que às onze horas se aproximaram, a escola inteira começou a tomar o caminho do estádio de Quadribol. Pansy e Blaise vieram correndo desejar aos amigos boa sorte, quando estes já iam entrando no vestiário e depois seguiram rapidamente para a arquibancada. O time, após ajeitar o impecável uniforme verde que representava sua adorada casa, finalmente se sentou para ouvir a prelação que Flint sempre fazia antes do jogo. E este, como era de se esperar, comunicou a todos o que já era obvio:

- Estamos com um equipamento melhor – inclinou a cabeça em cumprimento a um presunçoso Draco que sorria como se aquilo fosse um mero detalhe – e temos o apanhador mais hábil e rápido de todos os tempos... – Harry corou intensamente naquele momento -... Não há duvidas, vamos vencer!

- VAMOS!

Quando entraram no campo, foram saudados por um alvoroço verde/prata. Madame Hooch, a professora de Quadribol, mandou Flint e Wood apertarem as mãos, o que eles fizeram, lançando um ao outro olhares ameaçadores e pondo mais força no aperto do que era necessário. Harry teve a ligeira impressão de que o capitão Gryffindor sentia seus ossos sendo esmigalhados e sorriu, sabendo que seu capitão não tinha jeito mesmo.

- Harry... – um sorridente Draco o chamou – Olhe!

Quando o moreno levantou os olhos em direção à arquibancada, seguindo o dedo de Draco, quase caiu da vassoura devido à impressão. Sentado com seu característico ar imponente entre Severus Snape e seu padrinho, Lucius Malfoy, estava Lord Voldemort. Apenas os pais dos Slytherins ocupavam aquela parte da arquibancada e Harry não pôde conter um sorriso ao ver que todos pareciam emocionados por estarem perto do Lord, contudo, os estudantes das outras casas e seus pais se mantinham o mais afastado possível, olhando de hora em hora, dissimuladamente, em direção a ele e tremendo de medo. Patéticos, Harry pensou. Mas logo um radiante sorriso adornou sua face, pois aquela sim era uma maravilhosa surpresa. Quando escrevera ao pai perguntando se este viria ao menos para o último jogo, o Lord respondeu que os negócios o estavam mantendo muito ocupado naquele mês e que provavelmente não poderia ir. Agora, vendo como seu pai o cumprimentava com um aceno de cabeça, Harry não pôde deixar de sentir que aquele homem sempre arrumaria alguma maneira para deixá-lo feliz. Em resposta a isso, Harry se prometeu, ganharia aquele jogo.

- Quando eu apitar – a voz de Madame Hooch o acordou – Três... dois... um...

Quando a goles foi lançada e interceptada por Marcus que logo investiu contra o time rival, Harry subiu o mais alto que pôde e não conseguiu se conter, aproximou-se rapidamente do local onde estava seu pai.

- "Surpresa" – uma conhecida voz ressoou em sua cabeça.

E Harry apenas sorriu. Ao lado do Lord, seu padrinho lançava-lhe um discreto sorriso, como bom Malfoy que era, comprovando que seu presente caíra como uma luva para Harry e para o resto do time, é claro. O menino, por sua vez, voou rapidamente por cima dele como se quisesse mostrar a velocidade de sua nova vassoura, ganhando um olhar satisfeito de Lucius.

Finalmente, Harry decidiu que já estava na hora de ganhar aquele jogo e passou a colocar atenção no pomo-de-ouro, apertando os olhos à sua procura.

- Tudo bem aí, Harry? – berrou Draco.

Harry não teve tempo de responder. Naquele mesmo instante, um pesado balaço negro veio voando a toda em sua direção; ele o evitou por tão pouco que sentiu o balaço arrepiar seus cabelos ao passar.

- Merlin! Esse foi por um triz! – o loiro comentou preocupado, emparelhando-se a ele de bastão na mão, pronto para rebater o balaço para o lado de um jogador Gryffindor. Harry viu Draco dar uma forte bastonada na direção de Angelina Johnson, mas o balaço mudou de rumo em pleno ar e tornou a voar direto para Harry.

O garoto mergulhou depressa para evitá-lo, e Draco conseguiu atingir o balaço com força na direção de André Kirke, o apanhador Gryffindor. Mais uma vez o balaço voltou como um bumerangue e disparou contra a cabeça de Harry que imprimiu velocidade à vassoura e voou para o outro extremo do campo. Ouvia o assobio do balaço vindo em seu encalço. O que estava acontecendo? Os balaços nunca se concentravam em um único jogador; sua função era tentar desmontar o maior número possível de jogadores...

Theodore aguardava o balaço no outro extremo. Harry se abaixou quando ele o rebateu com toda a força, desviando-o de curso.

- Peguei você! – anunciou Theo, parecia travar uma batalha pessoal com aquele objeto, mas estava enganado; como se estivesse magneticamente atraído para Harry, o balaço saiu atrás dele outra vez, forçando-o a voar com toda a velocidade.

Começara a chover; Harry sentiu grossos pingos de chuva caírem em seu rosto e molharem seus bagunçados cabelos. Não tinha a menor idéia do que estava acontecendo no jogo até ouvir Lino Jordan, locutor da partida, dizer: "Slytherin na liderança com sessenta a zero..." Aquilo o deixou mais aliviado. As vassouras superiores com as quais seu padrinho presenteara o time, obviamente estavam dando conta do recado, mas para sua grande irritação, aquele furioso balaço estava fazendo o possível para tirá-lo do ar. Draco e Theo agora voavam tão junto dele, um de cada lado, que Harry não via nada exceto os braços se agitando no ar e não tinha chance de procurar o pomo, muito menos de apanhá-lo.

- Alguém... alterou... esse... balaço – rosnou Draco, brandindo o bastão com toda a força quando o balaço desfechou um novo ataque contra Harry.

Desde a arquibancada, Pansy e Blaise olhavam a cena com preocupação, pedindo a Salazar que conservasse o pescoço de seu amigo. Puderam observar também que até o diretor parecia preocupado, provavelmente não fora sua idéia enfeitiçar o balaço e temia que o Lord achasse que ele estivesse envolvido com isso. O sabor daquela surra no ano passado ainda estava gravado em sua mente. E o mencionado Dark Lord, por sua vez, arqueava uma sobrancelha severamente, perguntando-se o que estava acontecendo com aquela estúpida bola que não deixava seu filho em paz... Ao seu lado, um igualmente preocupado Lucius tentava acalmar seu amo para que este não fosse pessoalmente interromper a partida e verificar o que estava acontecendo com aquele balaço, pois sabia que Harry ficaria furioso se visse sua vitória impedida.

- Ouçam – Harry chamou a atenção dos dois batedores que voavam ao seu lado – Deixem-no comigo, eu só preciso de espaço para pegar o pomo e já acabo com isso.

- Mas é perigoso! – protestaram ao mesmo tempo.

- Oh, por favor! Com a velocidade dessa vassoura ele não irá me alcançar.

- Isso é loucura! – o loiro berrou, desferindo um novo golpe contra o balaço que tentava a todo custo acertar seu amigo.

- Confie em mim, Draco.

- Mas...

- Por favor, Theo, o que me diz?

- Hum... – suspira, interceptando uma nova investida contra Harry.

- Será rápido, eu prometo.

- Ok... – concordaram por fim, ainda que estivessem com o coração na mão, sabiam que o pequeno Lord queria ganhar logo aquele jogo.

A chuva caía mais pesada agora. Quando Draco e Theo se afastaram e abriram seu caminho, Harry deu um forte impulso para o alto e ouviu o assobio que indicava que o balaço vinha atrás dele. Ganhou cada vez mais altura; fez loops e subiu, espiralou, ziguezagueou e balançou. Mesmo ligeiramente tonto, mantinha os olhos bem abertos, a chuva empapando seus cabelos e entrando por suas narinas enquanto ele voava de barriga para cima, evitando outro mergulho furioso do balaço. Ele ouvia os assobios do publico, sabia que devia estar parecendo um acrobata, mas o balaço errante era pesado e não podia mudar de direção tão rápido quanto Harry.

Um assobio em seu ouvido lhe disse que o balaço deixara de acertá-lo por muito pouco outra vez; ele imediatamente deu meia volta e disparou na direção oposta.

- Treinando para o balé, Riddle? – berrou o buscador Gryffindor, e quando Harry se virou para encará-lo, viu o que tanto procurava... O pomo-de-ouro. Pairava a poucos centímetros acima da orelha esquerda do garoto que, ocupado de mais em lançar olhares cheios de burla a Harry, não o vira.

Por um momento de estupefação, Harry imobilizou-se no ar, pensando em como o buscador rival era incompetente, pois o pomo estava praticamente diante de seu nariz e o garoto não via nada. Aquela demonstração de burrice fora tanta que Harry até esquecera seu problema com o balaço, mas, de repente:

BAM.

Permanecera parado um segundo a mais. O balaço finalmente atingi-o, bateu no seu cotovelo e Harry sentiu o braço rachar. Sem enxergar direito, atordoado pela terrível dor no braço, escorregou para um lado da vassoura encharcada, um joelho ainda enganchando-a por baixo, o braço direito pendurado inútil – o balaço retornava a toda para um segundo ataque, desta vez mirando o seu rosto –, Harry desviou-se, uma idéia alojada com firmeza no cérebro entorpecido: chegar até o outro buscador.

Através da névoa de chuva e dor, ele mergulhou em direção à cara risonha abaixo dele e viu os olhos de André Kirke se arregalarem de medo. O garoto achou que Harry ia atacá-lo.

- Que di... – exclamou, inclinando-se para longe.

Harry tirou a mão boa da vassoura e tentou agarrar o pomo às cegas; sentiu os dedos se fecharem sobre a bola fria, mas agora só estava preso à vassoura pelas pernas, e ouviu-se um urro das arquibancadas quando ele rumou direto para o chão, tentando por tudo não desmaiar. O baque nunca aconteceu, pois Lord Voldemort encontrava-se em pé na arquibancada, com a mão a pino, fazendo seu herdeiro descer suavemente até o chão. Harry, agora acomodado delicadamente no gramado do campo, ouviu como se fosse à grande distância, muitos assobios e gritos. Focalizou o pomo seguro na mão boa.

- Ah... – suspirou vagamente – Ganhamos.

E desmaiou.

Voltou a si, a chuva batendo no rosto e seu corpo recostado contra um bem maior, olhou para o lado e viu o balaço em pedaços – pois fora atingido por um "Finite Incantatem" do Lord. Este, naquele exato momento, mantinha seu filho firmemente seguro em seus braços e o encarava com preocupação, ao redor, seu padrinho, amigos e o resto do time Slytherin observam-no da mesma forma.

- Estou bem... – murmurou finalmente.

- Claro que está.

Aquela irônica voz fez o menino sorrir. Estava com tantas saudades de seu pai.

- Braquium Remendo – uma luz branca saiu da varinha do Lord e impactou diretamente no braço de Harry. O som dos ossos voltando ao lugar e se emendando fizeram a maioria estremecer, mas rapidamente uma expressão de alivio surgiu na face de Harry.

- Está perfeito – Harry sorriu, movendo seu braço que parecia como novo.

- Sem dúvida, mas você ainda vai para a enfermaria.

- Mas papai...

- Sem réplicas.

O menino suspirou, mas se deixou guiar em silêncio, aproveitando para abraçar o adulto. Alguns alunos que já esvaziavam as arquibancadas, ao observarem a cena, quase desmaiaram pela impressão. Aquele imponente homem que usava uma caríssima e elaborada túnica negra, em contraste com sua expressão gélida, deixava-se abraçar por um sorridente garotinho. Definitivamente, o mundo estava perdido.

-x-

Madame Pomfrey estava toda esbaforida.

- Aqui, deite-se na cama, jovem Riddle.

- Mas eu já estou bem!

- Harry... – a profunda voz de seu pai fez Harry se deitar sem discutir.

- Beba isto, é um relaxante muscular para que você descanse da partida. E mais esses dois que são vitaminas e sais minerais para você repor no seu organismo.

Com um suspiro resignado, Harry bebeu os três vidrinhos com as poções, fazendo uma careta devido ao amargo sabor. Ao lado da cama, estava seu pai, encarando-o com zelo e satisfação escondidos por sua característica face desprovida de emoções. Logo atrás, encontrava-se seu padrinho e apenas seus quatro amigos, pois os outros jogadores haviam sido praticamente escorraçados pela enfermeira que não queria agitação ali.

- Muito bem, agora você passará as próximas horas descansando, meu jovem.

- Ok... – suspirou.

- Estarei em meu gabinete, caso precisem de mim, com licença – ela informou ao Lord, sem atrever-se a olhá-lo nos olhos e saiu rapidamente para sua sala ainda preocupada com o filho daquele que fora seu protegido, James Potter, mas contente por ver como Harry conquistara a vitória. Era exatamente igual ao pai.

- Draco, por que você e seus amigos não me levam a sala do professor Snape? Preciso tratar de alguns assuntos com ele.

- Claro, pai.

Com um último olhar cheio de preocupação ao melhor amigo, Draco seguiu com os outros para fora da Ala Hospitalar, deixando Lord Voldemort e seu herdeiro a sós. O adulto encarava o menor seriamente, na verdade, estudava-o nos mínimos detalhes. O cabelo completamente revolto dando um alegre ar de rebeldia em contraste com seu porte delicado, as bochechas rosadas devido ao intenso jogo, o uniforme verde e prata destacando o brilho de seus olhos e, é claro, enchendo ao Lord de orgulho, mas principalmente aquele encantador sorriso que Harry conservava nos lábios apenas para aquelas ocasiões e que fazia um semblante de verdadeiro carinho surgir na face daquele temido ser.

- Por que, em todos os jogos que eu assisto, você acaba aqui Harry?

- Acredito que seja pessoal.

- Harry...

- Ou você acaba trazendo más vibrações, papai – suspira de forma teatral.

- Estou falando sério, não é normal que aquele balaço o tenha seguido pelo jogo inteiro.

- Isso é verdade.

- Precisei lançar um Finite para que ele parasse ou acabaria acertando você ainda desmaiado.

- É bem estranho mesmo.

- Você acha que Dumbledore...

- Não, não acredito que tenha sido ele. A última surra ainda está bem gravada em sua mente e ele parecia tão aterrado quanto os outros quando viu o balaço me seguindo.

- Hum... De qualquer forma, alguém o alterou – o Lord parecia estar contendo sua fúria.

- Sem dúvida, mas não se preocupe, papai, irei descobrir. Provavelmente foi algum Gryffindor querendo ganhar a partida, mas no final das contas acabou dando errado – sorri triunfante – Mas quando eu descobrir, pode deixar que esta pessoa ganhará uma lição.

O adulto ponderou por alguns segundos, em silêncio, e em seguida respondeu:

- Apenas não se meta em encrencas.

- Oh, que calúnia. Eu nunca o faço.

O olhar incrédulo e divertido de seu pai contradizia suas palavras.

- Certo, mas as encrencas é que acabam se metendo comigo.

- Claro...

- Já sei até o que fazer para descobrir quem foi. E depois que eu descobrir... – sorri maquiavelicamente, daquela forma que o Lord fizera em seus momentos de maior satisfação na guerra.

Diante da cena, o mais velho arqueou uma sobrancelha inquisitoriamente.

- Por que este sorriso, Harry? Está pensando em fazer o que?

- Oh, nada papai. Será apenas um susto.

- Um susto?

- Ainda não formulei bem – mente com perfeição – mas logo o deixarei informado.

- Sei...

Contudo, aquele sorriso não enganava a Tom, já o presenciara muitas vezes quando era mais novo, diante do próprio espelho.

- Harry, tem alguma coisa que você queria me contar?

- Não, papai – replica com calma – nada.

Déjà vu.

- E os preparativos para o Natal? – muda subitamente de assunto, para que seu pai não suspeitasse de mais nada.

- O Natal é só daqui a um mês, Harry.

- Mesmo assim! Mal posso esperar, estou com saudades de Nagini, da mansão e de você, é claro.

O ligeiro sorriso que se instalou nos lábios do Lord indicou a Harry que já não havia perigo de seu pequeno segredo ser descoberto. Entretanto, a desconfiança de que seu filho estava tramando algo ainda rondava os pensamentos de Tom, e este tinha a estranha certeza de que em breve ficaria sabendo dos mínimos detalhes.

-x-

No dia seguinte, domingo, Harry acordara como novo. Afinal, passara à tarde de sábado inteira conversando com seu pai e depois, divertindo-se com seus amigos na Câmara Secreta, pois todos estavam interessadíssimos nos ensaios de Slytherin sobre a Animagia e haviam se proposto que até o final do ano teriam se transformado em animagos. Já havia alguns meses que eles treinavam e treinavam, exaustivamente, entre brincadeiras e lanches estrategicamente roubados da cozinha com a ajuda da capa de Harry, e sem dúvida alguma estavam tendo progressos. Aquilo seria até impensável, pois o que milhares de magos e bruxas demoraram anos a conseguir, as pequenas serpentes estavam conseguindo em poucos meses e com muito mais sucesso. Não havia dúvidas de que em breve estariam correndo pelos bosques da Escola em suas novas formas, porque aquelas não eram crianças comuns. Eram jovens serpentes com um surpreendente potencial mágico e faziam jus a ele.

Agora, aproveitando que encontrara Blaise e Pansy sozinhos no salão comunal, jogando Xadrez de Bruxo no sofá em frente à lareira, Harry se aproxima com a intenção de seguir com seus planos:

- Bom dia, pessoal.

- Bom dia, Harryzito!

- Caiu da cama, Harry?

- Já são mais de dez horas...

- Pensei que você emendaria até o almoço.

- Hoje não, Blaise – sorri, encarando-os com cumplicidade – Tenho uma pequena investigação para vocês.

Os olhos castanhos de Blaise brilharam com aquelas palavras e Pansy logo sorriu emocionada.

- Vocês sabem que o balaço do jogo de ontem foi alterado para me seguir...

- Disso não há duvidas.

- Um Gryffindor, com certeza.

- Exato, Pan. Provavelmente um Gryffindor sem amor à sua mísera vida tenha enfeitiçado aquele balaço. E agora preciso que vocês descubram quem foi.

Um sorriso completamente Slytherin apareceu no rosto de Blaise.

- Prazo?

- Não mais que três dias.

- Um desafio – concluiu.

- Com certeza.

- Será um prazer, Mi Lord – Blaise fez uma ligeira reverência relembrando às vezes em que eles brincavam de Dark Lord e cada um imitava o seu pai, divertindo-se como nunca nas missões que Harry lhes propunha.

O pequeno Lord, por sua vez, correspondeu ao aceno do amigo com uma inclinação de cabeça, numa pose que imitava perfeitamente o seu pai. Pansy, diante da cena, soltou uma risadinha divertida e inclinou-se como as antigas princesas medievais, saudando aos amigos. O pobre Gryffindor que ousara atacar Harry, em breve, aprenderia uma lição, Pansy e Blaise garantiriam isso.

-x-

- Poção Polissuco?

- De jeito nenhum que eu colocarei os meus lindos e delicados pés naquele antro vermelho e dourado pessimamente combinado.

- Certo, que tal Veritaserum?

- E depois?

- Um Obliviate talvez.

- Pode ser...

- Mas sempre resta à boa e velha Maldição Imperio.

- O que é muito arriscado, pois o velhote idiota pode descobrir.

- Veritaserum então?

- É o que nos resta – a menina suspirou – Mas como vamos consegui-la? Roubando do professor Snape?

- Não podemos pedir para o Theodore fazer, pois ele ia querer saber os motivos e se contarmos que é para descobrir quem alterou aquele balaço é provável que ele mate a pessoa antes que possamos passar as informações ao Harry.

- Com certeza.

- Também não podemos pedir para o Harry fazer porque ele incumbiu essa missão a nós. Então...

-... Devemos roubar do estoque do Snape.

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Na madrugada de domingo para segunda, Harry encontrava-se em sua cama com as cortinas fechadas e um feitiço silenciador ao redor. Com pluma e tinta em mãos, ele conversava com o diário de Tom Riddle, contando que mais uma vez deixara o Basilisco sair para se divertir um pouco e ver quem seria o primeiro sangue-ruim a cair diante dele. Seria hilário ver como o diretor de Hogwarts reagiria ao ver sua escola sendo dominada por uma força que ele sequer sabia de onde vinha e Harry estaria lá, com certeza, para ver Alvo Dumbledore completamente desmoralizado. Oh, sim... Assistira a tudo na primeira fila.

"Então um balaço errante foi enfeitiçado para segui-lo?"

"Exato".

"Gryffindors, sempre se dizendo tão nobres e podem ser piores do que uma raposa.

Mas o que minha realidade aí no seu mundo fez diante disso?

Devo ter ficado furioso, com certeza".

"Oh, sim... Possivelmente, se o meu padrinho não tivesse tentado contê-lo, a partida teria sido encerrada e vários Cruciatus estariam voando pelos ares até agora.

Mas ele sabia como aquele jogo era importante para mim e acredito você também".

"Mas e depois do jogo? Não fiz nada para punir seu agressor?"

"Não, porque eu já garanti que vou descobrir quem foi e esta pessoa pagará bem caro.

Acredito que você tenha preferido que eu acerte minhas próprias contas desta vez,

ou acabaria assassinando um estudante, o que infringiria o Tratado de Paz".

"De fato. Provavelmente eu queira que você demonstre tudo o que eu lhe ensinei,

e dê uma lição nesse Gryffindor que ousou ameaçá-lo antes que eu o mate".

"Precisamente" – o menino sorriu.

Aquilo era o que, sem dúvida, o seu pai desejava fazer.

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- Vocês ficaram sabendo? – um sonolento Crabbe perguntou ao grupo das serpentes quando se sentou à mesa para o café da manhã naquela segunda-feira.

- Do que? – Pansy questionou, interessada na possível novidade.

- Quando estava vindo para cá, ouvi um grupo de Gryffindors comentando que um garoto do primeiro ano de sua casa foi petrificado durante a noite.

- Quem? – desta vez foi Draco quem perguntou.

- Clowen... Calvin... Coultin... Ah, um baixinho que vivia tirando fotos de você, Harry.

O aludido apenas arqueou as sobrancelhas, movendo ligeiramente a cabeça, como se aquela fosse uma notícia banal. Então o irritante fotógrafo fora petrificado? Provavelmente vira Basilisco pela câmera-fotográfica, ou então, estaria morto agora. Ótimo, Harry já não agüentava mais os dissimulados intentos que o garoto fazia para fotografá-lo sem que ele percebesse. Sim, sim... Uma irritação a menos. Estava tomando gosto por aquilo.

Horas mais tarde, no intervalo entre as duas últimas aulas, Pansy e Blaise caminhavam próximos ao corredor que levava à biblioteca quando viram exatamente aquilo que procuravam: um Gryffindor dando sopa. Para a sorte das pequenas serpentes, a sangue-ruim-com-mania-de-sabe-tudo, caminhava logo a frente deles bem no momento em que voltavam do armário de poções do professor Snape – aproveitando que este se encontrava ocupado lecionando a Revenclaws e Hufflepuffs do sexto ano – e Blaise já podia tocar o vidrinho de Veritaserum no bolso. Assim, não pensaram duas vezes e lançaram-lhe um Desmaius pelas costas, arrastando-a depois para uma sala vazia.

Após amarrá-la em uma cadeira com um Incarcerous – era um trabalho de profissionais – Pansy a acordou com um Ennervate e Blaise aproveitou que ela ainda estava atordoada para fazê-la tragar as três gotas da poção. O resultado foi imediato, a menina pareceu entrar num estado de transe hipnótico, olhando fixamente para frente com uma expressão vazia.

- Qual é o seu nome? – Blaise perguntou.

- Hermione Jean Granger.

- Quantos anos você tem?

- Doze anos.

- Você sabe quem enfeitiçou o balaço no jogo de Quadribol de sábado?

- Sim.

Os dois Slytherins se entreolharam, animados.

- E quem foi?

- Eu.

Naquele instante os queixos de Pansy e Blaise quase chegaram ao chão. Como era possível que aquela come-livros tivesse feito aquilo? O mundo realmente estava perdido, sangues-ruins já não sabiam respeitar seus superiores, como diria Draco.

- E por que você enfeitiçou o balaço? – agora foi Pansy quem perguntou.

- Porque Harry Potter agrediu o menino que eu gosto, Rony Weasley, e ele e seus amigos vivem me chamando de sangue-ruim.

- Por que você é – Blaise murmurou irritado.

- Então você quis vingança?

- Exato.

- E não pensou nas conseqüências?

- Pela primeira vez em minha vida, não.

- Não pensou que ele pudesse talvez... Matá-la?

- Não. Não pensei em nada, o que me deixou muito entusiasmada.

- Ora, sua sangue-ruim idiota! Cruci...!

- BLAISE! – Pansy o segurou – O velhote irá perceber se você lançar algum feitiço obscuro. É perigoso, poderá encrencar o Harry.

O menino apenas suspirou e deixou que o abraço de sua amiga o acalmasse.

- Já conseguimos o que queríamos, não é mesmo?

- Sim, Pan.

- Então vamos.

- Vamos...

Antes de saírem, eles desamarraram a menina e lançaram um potente Obliviate nela, contendo seus impulsos de atingi-la com uma poderosa maldição de tortura por ela ousar agredir seu amigo. Já haviam conseguido o que queriam na metade do tempo indicado. Harry ficaria satisfeito e eles mal podiam esperar para ver o que o pequeno Lord iria fazer.

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Três dias se passaram e Harry, estando com a informação que precisava, como bom Slytherin, apenas aguardava o momento adequado. Naquele exato momento, para grande tédio do pequeno Lord, os Slytherins, Gryffindors, Hufflepuffs e Revenclaws do segundo ano se encontravam em uma sala especial para duelos, onde teriam sua aula de DCAO, pois o diretor de Hogwarts tivera a grande idéia de reabrir o clube de duelos devido aos ataques que estavam acontecendo. Como se fosse ajudar em alguma coisa, Harry pensava com desdém. A sala em questão, contava com um palco dourado encostado em uma parede, cuja iluminação era produzida por milhares de velas que flutuavam no alto, e ao redor do palco, os estudantes se aglomeravam para ver o que o inútil professor iria aprontar desta vez.

E falando do diabo, Gilderoy Lockhart vinha entrando no palco, resplandecente em suas vestes ameixa-escuras, acompanhado por ninguém mais do que Snape, em sua roupa preta habitual.

- Aproximem-se, aproximem-se! Estão todos me vendo? Estão todos me ouvindo? Excelente!

Seu sorriso absurdamente falso fez Harry revirar os olhos e apoiar a cabeça no ombro de Draco, que verificava algum indício de poeira em sua imaculada túnica.

- O Prof. Dumbledore me deu permissão para começar um pequeno clube de duelos, para treiná-los, caso um dia precisem se defender, como eu mesmo já precisei fazer em inúmeras ocasiões, para conhecer mais detalhes, leiam minha obra publicada.

Alguns suspiros foram ouvidos e Harry escondeu seu rosto na túnica do amigo para conter a crescente necessidade que sentia em se suicidar, ou melhor, "suicidar" aquele inútil professor.

- Deixem-me apresentar a vocês o meu assistente, Prof. Snape – continuou Lockhart, dando um largo sorriso – Ele me comentou que sabe alguma coisa de duelos e concordou em me ajudar a fazer uma breve demonstração antes de começarmos. Agora, não quero que nenhum de vocês se preocupem, continuarão a ter o seu professor de Poções mesmo depois que o derrotar, não precisam ter medo!

O lábio superior de Snape crispou-se. Harry não pode conter um sorriso divertido ao ver o olhar mortal, que nem em seus piores dias seu pai chegava a fazer, com o qual o chefe das serpentes encarava o outro professor. Assim, Lockhart e Snape se viraram um para o outro e se cumprimentaram com uma reverencia; pelo menos Lockhart cumprimentou com muitos floreios, enquanto Snape curvou a cabeça, irritado. Em seguida, os dois ergueram as varinhas como se empunhassem espadas.

- Quando eu contar até três lançaremos os feitiços. Um... Dois... Três...

- Expelliarmus! – Viram um lampejo vermelho ofuscante e Lockhart foi lançado para o alto: voou para os fundos do palco e colidiu com a parede, foi escorregando e acabou estatelado no chão.

Harry e os outros Slytherins deram vivas, entre gargalhadas.

- Muito bem! – Lockhart conseguiu se levantar, tonto. E cambaleou de volta ao palco – Excelente demonstração, Prof. Snape, mas se não se importa que eu diga, ficou muito obvio o que o senhor ia fazer. Se eu tivesse querido detê-lo teria sido muito fácil, mas achei mais instrutivo deixá-los ver...

- Talvez devesse ensinar os alunos a repelir feitiços hostis antes de começar.

- Oh... Excelente sugestão Prof. Snape! – seus dentes reluziam na face bonachona – Vejamos... Nott, Malfoy, subam aqui.

Naquele instante, Blaise e Pansy trocaram um olhar de evidente preocupação e Harry soltou um suspiro derrotado. Aquilo não previa bons resultados. Os aludidos, por sua vez, deixaram um sorriso arrogante – Draco – e uma expressão de puro desprezo – Theo – adornar seus rostos enquanto subiam no palco já com a varinha em punho. Até os outros estudantes se mostravam apreensivos, pois as brigas entre Theo e Draco pela atenção de Harry eram lendárias. O pequeno Lord ainda observou que ao invés de parar aquela loucura, o Prof. Snape apenas revirou os olhos e esperou para ver o desastre que aconteceria a seguir.

- De frente para seus parceiros! – mandou Lockhart – E façam uma reverência!

Draco e Theodore mal inclinaram as cabeças, e não tiravam os olhos gélidos um do outros.

- Preparar as varinhas! – anunciou o professor – Quando eu contar três lancem seus feitiços para desarmar os oponentes, apenas desarmar, ouviram? Não queremos acidentes. Um... Dois...

- Everte Statum!

O feitiço de Draco atingiu Theo com tanta força que o atirou a mais de cinco metros no palco. Com um olhar cintilante de fúria, o atingido levantou-se ainda cambaleante, mas não pensou duas vezes e apontou a varinha diretamente para o adversário, gritando:

- Rictusempra!

Um jorro de luz prateada atingiu Draco no estômago e ele se dobrou, com dificuldade de respirar.

- Estupefaça! – Theo voltou a gritar, mas um ofegante Draco conseguiu bloquear:

- Protego!

- Eu disse desarmar apenas! – berrou Lockhart, assustado.

Mas os combatentes o ignoraram completamente, continuando a se enfrentar. Por sorte não usavam tudo aquilo que sabiam de Artes Obscuras ou maldições mais hostis, pelo menos por enquanto.

- Confringo! – conjurou o moreno.

- Avis!

Rapidamente Draco convocou uma dezena de pássaros que ao entrar em contato com a maldição de Theo, explodiram em pleno ar, fazendo com que a maioria das alunas gritasse assustada.

- Expellia... – porém antes que Theo pudesse continuar, Draco já lhe lançava um feitiço paralisante:

- Immobilus! – e em seguida um poderoso ataque – Expelliarmus!

Assim o moreno era lançado mais uma vez a vários metros no ar.

- PAREM COM ISSO! – gritava um histérico Lockhart.

- Glacius!

- Protego! – Draco gritou – Estupefaça!

- Impedimenta!

A essa altura, a adrenalina corria solta pelas veias dos espectadores. Harry amarrotava sua túnica nas mãos pensando com angustia que se não desse um jeito naquilo, logo os dois se matariam.

- Sectumsempra!

- DRACO! – Harry gritou. Tanto ele quanto Snape percebiam que aquilo estava indo longe de mais.

- Protego Horribilis!

Por sorte, Theodore conseguiu se defender, ainda ganhando alguns profundos arranhões.

- Já chega! – Snape ordenou. Aquilo havia ultrapassado o controle.

- Cruci...

- THEO! NÃO!

Naquele exato momento, quando absolutamente todos os alunos conservavam expressões de terror em seus rostos, pois sabiam que estavam prestes a presenciar uma terrível Maldição Imperdoável, Harry pulou no palco com a ajuda de Blaise para deter seu amigo.

- Theo, por favor! – conseguiu segurá-lo – Não faça nenhuma besteira...

Era evidente que Theodore Nott estava alterado, seus olhos brilhavam com verdadeira ira contida e não havia duvidas de que se a maldição fosse lançada, Draco sentiria uma dor terrível que jamais imaginara na vida. Contudo, a assustada voz de Harry conseguiu parar o moreno antes que este fizesse uma bobagem que o levasse com uma passagem só de ida para Azkaban. Dessa forma, um pouco mais calmo, Theo deixou que Harry confiscasse sua varinha sob o olhar aliviado de Lockhart e dos outros alunos. Draco, porém, estreitou os olhos com verdadeiro ódio e se segurou para não acabar com aquela batalha de uma vez por todas, deixando-se guiar pelo professor de poções até as escadas que levavam ao palco.

- Me...Menos dez pontos para Slytherin, senhor Nott, por perder o controle e quase lançar uma Maldição Imperdoável – sentenciou Lockhart.

O olhar com o qual Theo o encarou, no entanto, fez com que o professor se afastasse rapidamente para não receber uma maldição do menino. E este se deixou guiar por Harry até as escadas do palco sentindo que finalmente a adrenalina parecia baixar do seu sangue.

- Senhor Riddle – o Prof. Snape o chamou – Vamos aproveitar que o senhor já está no palco para nos brindar com uma verdadeira demonstração de duelo.

Harry apenas arqueou uma sobrancelha. Estava na cara que aquele homem queria testá-lo.

- Sim, sim. É uma ótima idéia, Prof. Snape – Lockhart sorriu, um pouco mais calmo – Deixe-me ver... Um Gryffindor desta vez.

Quase todos os leões se afastaram, obviamente amedrontados.

- Srta. Granger, por favor.

A menina engoliu em seco, mas não recuou, queria dar uma lição naquele principezinho mimado que não sabia nada de nada. Ou pelo menos, era isso o que ela achava. Harry, no entanto, deixou que um sorriso malicioso adornasse seus lábios. Parece que sua oportunidade de vingança surgira mais cedo e ele não a deixaria passar.

- Não esqueçam, usem feitiços para desarmar! Somente desarmar! Não irei tolerar mais uma guerra, entenderam?

Um simples olhar de Harry bastou para que o professor de DCAO se calasse e voltasse ao seu lugar.

- Um...

- Com medo, Potter? – ela perguntou com malícia, querendo provocá-lo para que, de acordo com ela, o menino não pudesse se concentrar.

- Em seus sonhos, sangue-ruim.

- Dois...

- A partir de hoje você irá aprender a me respeitar.

- A partir de hoje... – sorriu com verdadeira maldade –... Você irá aprender qual é o seu lugar.

- Três...

- Talvez você queira saber – Harry continuou – que eu treino duelos com meu pai desde os nove anos de idade.

A cor que havia no rosto de Hermione desapareceu completamente.

- E não perco nenhum desde os dez – concluiu.

Antes que alguém pudesse fazer qualquer pergunta, como o porquê de eles não se atacarem, uma barreira mágica na cor fumê os envolveu, mantendo tanto os professores quanto os outros alunos fora daquela disputa. Harry havia feito magia não verbal sem varinha e Hermione quase desmaiou quando percebeu. Estava perdida e ela sabia disso.

- Expelliarmus! – a menina gritou com coragem, segurando firmemente a varinha.

Contudo, um simples movimento da mão de Harry repeliu o ataque.

- Interessante o jogo do último sábado, não é mesmo? – comenta casualmente – Mas o mais interessante foi aquele balaço me seguindo.

- Do que... Do que... você está falando?

- Oh, não precisa se fazer de inocente, Granger – sorri com tranqüilidade – Mas diga-me, você achou mesmo que eu não fosse descobrir quem foi?

- Eu...

- Pobre menininha tola...

- Você... Você está enganado! Eu juro... juro que não fui eu!

Harry girava tranquilamente a varinha em seus dedos com um sorriso cheio de malícia que sem dúvida alguma deixaria sua tia Bellatrix orgulhosa.

- É muito feio mentir, sabia? Meu pai me ensinou isso, os seus não? Oh, é claro, muggles, eles não podem ensinar nada a ninguém porque não valem absolutamente nada, como você.

Antes que uma chorosa Hermione pudesse responder, Harry já murmurava uma poderosa maldição que aprendera com seu tio, Antonio Dolohov. Imediatamente a menina caiu no chão, cuspindo sangue e gemendo de dor, mas sem nenhum indício de dano externo. Do lado de fora da barreira uma exclamação de terror surgiu nos lábios dos estudantes – exceto dos Slytherins, é claro – e os professores arregalaram seus olhos, pois mesmo sem conseguiu ouvir o que acontecia lá dentro, puderam ver que Harry não agitara nenhuma vez sua varinha. Incrível. E aterrador. Em um ato falsa coragem, Lockhart se pronunciou:

- Afastem-se, vou anular essa barreira – todos obedeceram, e os amigos de Harry sorriram divertidos ao ver que os feitiços do professor ricocheteavam sem nem abalar aquela poderosa estrutura mágica.

- Saia da frente, Lockhart.

Snape se adiantou, empurrando o charlatão para o lado e passando ele mesmo a lançar poderosos feitiços para derrubar a barreira. Mas nada aconteceu. O professor de Poções começava a ficar preocupado e se arrependia de sua brilhante idéia de testar as habilidades mágicas do filho do Lord das Trevas. Enquanto isso, dentro da barreira, Hermione conseguira se levantar com dificuldade e olhava para o seu oponente com verdadeiro terror, passando a lançar-lhe qualquer feitiço que lera em seus livros. Mas o pequeno Lord os repelia com uma facilidade alarmante, apenas usando sua mão esquerda.

- Você possuiu a teoria, Granger, mas não a prática. E muito menos potencial mágico suficiente para tentar me atingir.

- Isso é loucura!... Você... Você não pode fazer magia sem varinha!... Estamos no segundo ano!

Harry apertou ligeiramente sua mão no ar, como se enforcasse algo, e na mesma hora a menina caiu de joelhos sentindo o ar lhe faltar.

- Não só posso como faço. E é algo que você jamais conseguirá fazer, sangues-ruins como você não possuem magia suficiente para isso.

- Eu... Cof, Cof... Ah!

- O que? – sorri cruelmente – Não entendi.

- Ah... – a face da menina já começava a ficar roxa quando Harry a soltou.

- Agora preste atenção, sua inútil, porque eu não gosto de ficar repetindo as coisas. A partir de agora é bom você aprender qual é o seu lugar e a se manter fora do meu caminho, a não ser que queira para você e para os seus emprestáveis pais muggles uma morte bem lenta e dolorosa, entendeu?

-...

- Entendeu?! – a voz firme e impaciente fez Hermione estremecer de medo.

- Si...Sim – algumas silenciosas lágrimas já banhavam seu rosto.

- Muito bem. Só para me certificar, tenha em mente que se você ousar se aproximar de mim outra vez, o que sentirá será muito pouco comparado a isso.

- O...que...?

- Crucio!

Conjurou em Parsel, sem varinha, o que a fez sentir quase o dobro de dor. Bella estaria tão orgulhosa. E após alguns segundos, Harry deteve a maldição e se desfez da barreira que os envolvia. Em seus últimos suspiros de consciência, Hermione o encarou com puro ódio e lançou seu último feitiço:

- Serpensortia! – uma belíssima Cobra Real surgiu da varinha da menina. Uma cobra extremamente venenosa, parda e de mais de cinco metros e meio de comprimento.

Um grito de terror surgiu de algumas meninas e todos os alunos se afastaram.

- Para você lidar com os de sua laia... – a Gryffindor murmurou com raiva, cuspindo sangue e ainda sentindo uma terrível dor percorrer o seu corpo.

- Eu cuido dela para você...

- Olá, preciosa – Harry sorriu à cobra, interrompendo o professor de Poções.

- Você fala a minha língua...

- Sim, e posso lhe oferecer um lar se você se dispuser a me ajudar um pouquinho.

- O que o senhor quiser, amo.

Todos observavam a cena, boquiabertos, exceto os amigos de Harry, que sorriam.

- Quero que você dê um pequeno abraço nesta menina que está caída no chão. Com suas presas bem perto do pescoço dela.

- Imediatamente, amo.

- Vejamos como ela reage a este sustinho.

A cobra fez exatamente o que Harry mandou e envolveu fortemente o corpo da jovem Gryffindor que tremia de medo e deixava as lágrimas saírem livremente.

- Por favor, por favor, perdoe-me! Eu juro que farei o que você mandou – suplicava a Harry.

- É bom ver que chegamos a um acordo amigável – sorri divertido.

- Não se mexa, senhorita Granger – Snape já apontava a varinha para a serpente, quando Harry o interrompeu:

- Abaixe sua varinha, por favor, professor.

Aquela voz indicava claramente que se tratava do filho de Lord Voldemort, o homem mais cruel e poderoso de todos os tempos, e seu próprio amo, Snape pensou. Assim, afastou-se, observando como Harry trocava algumas palavras com a perigosa cobra e como esta deslizava feliz ao seu encontro. Havia muito poucos falantes de Parsel no mundo e o professor estava seguro de que os Potter não possuíam este dom, conhecia apenas um homem com esta habilidade: Lord Voldemort, o pai daquele menino. As coisas pareciam se encaixar e tanto Snape, quanto o resto dos estudantes presentes, estavam certos de que os ataques aos nascidos muggles estavam relacionados com o filho de Voldemort. Não cabiam duvidas, Harry era o herdeiro de Salazar Slytherin.

- A aula está... Er... Está encerrada por hoje... – Lockhart gaguejou nervoso.

Contudo, Harry e seus amigos já cruzavam a grande porta de madeira sob o amedrontado olhar dos outros estudantes. A bela Cobra Real deslizava docilmente ao lado do moreno de olhos verdes.

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Naquela mesma noite, acomodados nos divãs e nas poltronas da sala de estar principal da Câmara Secreta, Harry e seus amigos divertiam-se comentando as amedrontadas reações que os medíocres estudantes das outras casas tiveram ao pensar que o filho do Lord das Trevas pudesse ser o herdeiro de Slytherin. O fogo da lareira acalentava as piadas que surgiam em meio às calorosas discussões, as cinco pequenas serpentes ainda aproveitavam para desfrutar de um coquetel com suco de abóbora, varinhas de alcaçuz e bolinhos de chocolate enquanto relembravam como todos abriam espaço e fugiam da presença daquele temido ser de brilhantes olhos verdes quando o viam cruzando os corredores. Pareciam temê-lo ainda mais do que a primeira vez que pisara na escola.

- O melhor foi ver a cara do Dumbledore no jantar – Blaise sorria.

- Claro, Snape já devia ter passado o relatório completo a ele.

- Deixe de ser desconfiado, Harry. Aquele velhote parece saber de tudo que acontece nesta escola.

- "Dumbledore, o onisciente que perdeu a Pedra Filosofal para um garotinho" – Draco recitou divertido.

Harry e Draco encontravam-se acomodados em um confortável divã negro aveludado, com o moreno preguiçosamente recostado no peito do amigo enquanto este acariciava seus cabelos. Ao lado dos dois, em uma poltrona igualmente elegante e confortável, Theodore folheava um livro e por vezes soltava alguns comentários mordazes e extremamente divertidos, sem deixar de mandar olhares assassinos ao loiro. Contudo, graças a um sério ultimato de Harry, os dois rivais pareciam mais calmos, como se houvessem esquecido o enfrentamento no clube de duelos, e se limitavam aos olhares mortais para não presenciar a fúria do pequeno Lord. À frente deles, sentados cada um em uma poltrona, estavam Pansy e Blaise. E no centro encontrava-se uma elegante mesa de cristal na qual estavam distribuídas as guloseimas.

- O único perigo é que ele informe ao seu pai o que você vem fazendo.

- Muito improvável, Pan. Com certeza ele pensa que meu pai está por trás disso e de qualquer forma, não possui provas para me incriminar.

- Sem contar que pelo visto, o velhote está tentando levá-lo para o seu lado.

- Oh, nem me lembre, Blaise.

- Aposto que foi esse par de esmeraldas cativantes que fez com que ele desistisse da idéia de matá-lo.

- Muito engraçado.

- Se ele ficou sabendo que você já faz magia sem varinha, pode apostar que você estará na lista de Natal do velhote este ano, Harry.

- Não acredito, até você, Theo? – suspira resignado – Draco, essa é a hora em que você me salva...

O loiro apenas balançou a cabeça, com falso pesar:

- Infelizmente, o velho babão já está rendido aos seus encantos, Harry. Seja forte.

- Oh, Merlin. Não sei se prefiro seus desejos homicidas ou os desejos de que eu me una à sua causa ridícula.

- Uma escolha difícil... – ponderou Blaise.

- Nem me fale.

Horas mais tarde, quando já seguiam para um merecido descanso nos luxuosos quartos da própria câmara – pois não se arriscariam andando pela escola à noite com a possibilidade de serem pegos por Filch ou um professor – Harry avisou aos demais que seguissem sem ele, pois demoraria um pouco a se deitar. Pansy seguiu ao quarto que contava com uma bela cama de casal e uma decoração em tons pastéis; Blaise e Theo acomodaram-se no único quarto que contava com duas confortáveis camas de solteiro; E Draco dividiria uma cama de casal com Harry no último quarto, mesmo baixo os protestos de Theo, uma vez que sempre que desciam à câmara e ficavam até tarde aquele se mostrava o aposento preferido dos dois – que intuíam ter pertencido ao próprio Slytherin – e assim, dividiam o leito: Harry nos braços de Draco.

- Acode – Harry sussurrou ao Basilisco que repousava dentro da enorme estátua de Salazar.

- Amo.

- Quero que vá a enfermaria. Siga pelos canos até o quarto andar e encontre uma menina que descansa sob uma das camas.

- Uma humana?

- Seu cheiro é claro: uma sangue-ruim. Olhe-a bem nos olhos e depois volte para cá.

- Como ordenar, amo.

Um sorriso digno do próprio Salazar adornava as finas feições de Harry quando viu o Basilisco deslizar para fora da câmara. Hermione Granger já não era mais um problema. E com este satisfeito pensamento, Harry foi se juntar ao melhor amigo naquela confortável cama em busca do delicioso calor que estranhamente o envolvia, e levava uma cor rosada à suas bochechas enquanto sentia os poderosos braços de Draco abraçarem possessivamente sua cintura.

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Continua...

Próximo Capítulo: Parecia impossível, mas eles finalmente haviam conseguido se transfomar animagos. Belos e poderosos animagos.

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Vocabulário:

Poção Polissuco – Transforma quem a bebe em uma réplica perfeita de uma pessoa pré-determinada.

Veritaserum - É a poção da verdade mais forte e perigosa que existe.

Finite Incantatem - Usado para acabar com o efeito de um feitiço.

Braquium Remendo – Usado para curar um braço quebrado.

Obliviate - Causa amnésia.

Desmaius - Faz a pessoa desmaiar.

Incarcerous - Cria cordas que se prendem ao corpo do alvo.

Ennervate - Um feitiço que faz com que a pessoa que o recebeu "acorde".

Everte Statum - Joga o adversário longe, enquanto dá piruetas no ar.

Rictusempra - No filme (e nesta fic) funciona como um grande soco na barriga.

Estupefaça - Joga a vítima para longe.

Protego - Este feitiço faz com que os feitiços ricocheteiem em quem os usou.

Confringo - Qualquer coisa que tem contato com esse feitiço explode.

Avis - O feitiço cria um bando de pássaros.

Immobilus - Feitiço paralisante.

Expelliarmus - Usado para atirar o alvo longe.

Glacius - Congela algum objeto/criatura.

Impedimenta - Este feitiço é capaz de paralisar, e impedir o alvo de prosseguir sobre o feiticeiro.

Sectumsempra - Um feitiço que faz com que a vítima pareça que foi esfaqueada. Faz com que saia sangue.

Protego Horribilis – Para se defender de feitiços mais poderosos.

Maldição de Antonio Dolohov – Uma variação do Sectumsempra, mas que causa danos internos.

Serpensortia – Surge uma cobra da ponta da varinha.

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