Nota: (1) - Harry Potter e seus personagens não me pertencem. E sim a J.K. Rowling.
(2) – Essa é uma história Slash, ou seja, relacionamento Homem x Homem. Se não gosta ou se sente ofendido é muito simples: Não leia.
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O mês de Setembro passara como uma flecha na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e sem que os alunos pudessem perceber, já se encontravam em meados de Outubro. Harry, no exato momento, aproveitava aquela agradável manhã de sábado para pesquisar com Theo e Draco sobre o tal "Nicolau Flamel" na biblioteca, que se encontrava quase vazia, pois a maioria dos estudantes estava no pátio, ou em suas salas comunais, terminando os deveres para entregar na próxima semana. Cabe dizer que os três Slytherins se deparavam com sérias dificuldades em achar alguma novidade sobre o criador da Pedra Filosofal, uma vez que todos os dados encontrados nos livros não passavam de informações já concedidas pelo Lord, porém não desistiriam até descobrir algo que pudesse ajudá-los a acabar com os planos do diretor.
- Nada! Mais uma vez... – Draco suspira, fechando o enorme livro intitulado: "Grandes Magos do Século e Suas Descobertas".
Harry, que estava sentado entre ele e Theo, exibe apenas um pequeno sorriso apenado e concorda com a cabeça, pois também não havia descoberto nada. Os dois, então, olham para o terceiro integrante do grupo que lê o parágrafo do seu livro em voz alta:
- "Nicolau Flamel, casado com Perenelle Flamel, é um grande alquimista que escreveu "O Livro das Figuras Hieroglíficas", "O Sumário Filosófico" e "Saltério Químico". Pesquisou, junto com Alvo Dumbledore – famoso por ter derrotado Gerardo Grindelwald em 1945 e por ter descoberto os doze usos do sangue de dragão (pág. 452) – sobre a Pedra Filosofal, acredita-se que a mesma é capaz de produzir o elixir da vida e tem capacidade de transmutar qualquer metal em ouro. Porém, não é confirmado o sucesso da pesquisa."
- Ou seja... – Harry revira os olhos e os outros completam:
- Nada!
Sem duvida, aquilo começava a irritá-los.
- Não é possível! – o pequeno Lord murmura, frustrado, olhando para os incontáveis livros abertos na mesa que não ofereciam ajuda alguma – Essa pedra deve possuir um feitiço bloqueador para rastreá-la. Se pudéssemos saber qual, seria muito mais fácil. Não há outro lugar, ela tem que estar escondida por aqui!
- E ela está, Harry. O velhote não se separaria dela tão fácil – Theo comenta, acariciando a mão do amigo para infundir-lhe ânimos.
- É o que espero – suspira, alheio aos cálidos afagos em sua pequena mão esquerda.
Draco, por sua vez, estreita os olhos e logo entrelaça os dedos com os da mão direita do amigo, acariciando-a com o polegar:
- Não se preocupe Harry, acharemos essa pedra nem que seja preciso interrogar o semi-gigante maluco com uma boa maldição Cruciatos.
O menor deixa transparecer um sorriso, apoiando a cabeça no ombro do loiro para espairecer.
- E se mandássemos uma carta ao Flamel? – o herdeiro dos Nott se pronuncia, atraindo a atenção de Harry, para aborrecimento de Draco.
- Parece uma boa ide...
- Genial Nott! – o loiro interrompe com aquele conhecido tom sarcástico – E o que você sugere colocar na carta? Que tal: "Boa tarde senhor Flamel, somos estudantes do primeiro ano em Hogwarts e ficamos sabemos que sua pedra foi roubada pelo velhote safado do Dumbledore, o senhor poderia nos falar mais sobre ela para que possamos roubá-la para o Lord das Trevas? A propósito, o filho dele está mandando um olá".
- Hum... Olhando por esse lado, não creio que seja... – Porém, antes que Harry pudesse continuar, já era interrompido de novo:
- E o que você recomenda Malfoy? Que a gente espere o velhote dormir para entrar no quarto dele e procurar dentro da gaveta de cuecas?
Harry arqueia uma sobrancelha, em uma expressão perfeita de: "Eca..."
- Com certeza seria algo mais garantido do que mandar uma carta a alguém que não conhecemos e que não é partidário do Lord.
- Pelo menos estou tentando ajudar o Harry, já você não sabe fazer nada se não reclamar!
- Se você oferecesse menos idéias inúteis e pesquisasse mais nesses seus adorados livros, talvez eu pudesse pensar em algo apropriado!
- Você e o verbo pensar na mesma frase? Oh, isso sim é novidade!
- Como ousa, seu...!
O pequeno Lord, diante da cena, apenas suspira e se coloca a pesquisar novamente. Afinal, já era a vigésima ou trigésima vez que aqueles dois discutiam em sua presença, somente naquela manhã.
- Vamos, Harry! Vamos pesquisar em outra mesa! – Theo puxa-o para si.
- Mas...
- Em seus sonhos, Nott! O Harry ficará comigo – Draco sentencia, puxando o melhor amigo para mais perto.
- Hey! Vocês poderiam...
- De jeito nenhum, Malfoy. Ele vai comigo! – puxa o moreninho novamente.
- Ele ficará comigo! – puxa-o de volta.
- Ele vai!
- Ele fica!
- Ele vai!
- Ele fica!
- Ele vai!
- Ele fica!
- Ele...
- CHEGA! – Harry se enfurece, sentindo seus suaves braços começarem a doer – Vocês querem me partir ao meio para cada um ficar com uma metade? É isso? Porque não vejo graça nenhuma em ser feito de cabo-de-guerra!
- Sinto muito...
- Não era minha intenção...
- Não interessa! Cansei dessas brigas inúteis! Se vocês não conseguem ficar em paz por um segundo, para que possamos investigar coisas sérias, pedirei para outra pessoa me ajudar!
Os dois Slytherins já estavam prestes a abrir a boca para se desculparem e jurar que jamais discutiriam de novo, coisa que sempre faziam e que nunca cumpriam, quando a severa bibliotecária os interrompeu:
- O que está acontecendo aqui? – a sussurrada voz da mulher parecia raivosa. Irma Pince, uma bruxa rigorosa, sempre desconfiava dos alunos e tentava manter o silêncio no local de estudos.
- Nada – Harry responde friamente, seus profundos olhos verdes pareciam cortantes como gelo – Já está tudo sob controle, obrigado.
Diante daquele tom taxativo do filho do homem mais temido do Mundo Mágico, a mulher imediatamente se cala e volta para sua mesa, murmurando algo que soava como: "Um rostinho tão doce, mas que pode ser tão assustador quanto o pai... Merlin do céu".
- Muito bem... – Harry respira fundo – Chega de brigas?
- Certo.
- Pode deixar.
- Ótimo! Então vamos almoçar, porque eu não agüento mais essas páginas velhas que não ajudam em coisa alguma – sorria como se nada tivesse acontecido. E os outros dois só podiam sorrir também, contemplando aqueles brilhantes olhos cor de esmeraldas que conseguiam se mostrar cortantes em um segundo e impressionantemente cálidos em outro.
Theodore Nott e Draco Malfoy podiam, com certeza, considerarem-se pessoas de sorte por serem presenteados com um sorriso de Harry após um rápido momento de repreensão. Poucos eram aqueles que não sofriam se o menino mostrasse seu descontentamento, apenas os que compartilhavam importantes lugares no coração do Pequeno Lord sabiam que este não conseguia permanecer bravo por muito tempo diante de coisas banais. E agora, os três seguiam para um merecido almoço no Salão Principal, Draco e Theo em um momentâneo acordo de paz para não aborrecerem mais o herdeiro do Lord e este com sua mente voltada à idéia de acabar com os planos do diretor.
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- Esse salmão ao molho de maracujá e ervas finas está mesmo divino! – Pansy se deliciava, sentada à mesa Slytherin com os amigos – E mamãe sempre diz que faz bem para a pele.
Harry apenas sorria diante do comentário da amiga, enquanto os outros se perguntavam como uma bruxa tão poderosa podia se esconder baixo essa fachada doce e superficial. No entanto, o fato é que por trás das belas roupas e do sorriso carismático, encontrava-se uma menina poderosa e inteligente. E ninguém era louco o bastante para se colocar no caminho da herdeira da fortuna Parkinson quando ela se mostrava enfurecida. Que o diga a chamuscada túnica do diretor, esta nunca mais seria a mesma...
- Pois eu prefiro muito mais esse filé mignon ao molho madeira.
- E não esqueça essas maravilhosas batatas sauté, Blaise – o jovem herdeiro dos Malfoy comenta, saboreando elegantemente a iguaria.
O grupo das serpentes já se encontrava reunido, degustando aquela deliciosa refeição há alguns minutos e conversando sobre trivialidades. Falariam sobre a pedra mais tarde, a sós, pois mesmo sem terem encontrado nada até agora, ainda estavam confiantes que não deixariam o diretor triunfar.
- Mas então, conseguiram terminar o trabalho da McGonagall? – Harry pergunta à amiga, para em seguida, levar outra pequena porção daquele delicioso Penne à Romanesca à boca.
- Oh sim... – a menina suspira – Levou quase a manhã toda, mas conseguimos né "B"?
- Pare de me chamar assim! – o aludido murmura com as bochechas levemente avermelhadas, para logo colocar-se sério – Em todo caso, com certeza aquela velha chata ficará boquiaberta e será obrigada a dar o braço a torcer, admitindo que nós somos muito melhores do que aqueles Gryffindors inúteis!
- Assim que se fala, "B"! – Draco sorri com burla, recebendo um olhar mortal de Blaise e risadas divertidas do melhor amigo sentado ao seu lado.
Pansy, por sua vez, mostrava-se indiferente tanto ao sarcasmo do loiro, quanto à contrariedade de Blaise, dirigindo-se ao pequeno Lord:
- E vocês, como foram na biblioteca?
- Nenhuma novidade... – Harry suspira, mas antes que pudesse continuar, uma conhecida voz o interrompe, sobrepondo-se ao barulho dos estudantes desde a mesa dos professores:
- Meus queridos alunos... – Dumbledore encontrava-se de pé, em frente à mesa e parecia querer comunicar algo importante – Gostaria de avisar que dia 31, sábado, será realizado o baile anual de Halloween aqui mesmo no Salão Principal.
Vários aplausos e assobios são ouvidos, então o diretor continua:
- Muita música, dança e guloseimas para vocês desfrutarem, por isso, separem suas túnicas de gala e arrumem um par! Tenho certeza que será uma noite inesquecível das 20h00min às 00h00min para os alunos do primeiro e do segundo ano e das 20h00min às 3h00min para os demais. Espero que aproveitem!
Com um enorme sorriso, o ancião volta ao seu lugar em meio aos aplausos e murmúrios que aquela notícia imediatamente gerara.
- Isso é genial! – Pansy comenta emocionada. Seus olhos já brilhavam ao pensar nos inúmeros vestidos que pediria para sua mãe mandar.
- Sim, parece interessante... – Harry concorda, sorrindo.
- Com quem você irá, Harry? – a menina pergunta, mas antes que o pequeno Lord pudesse responder, duas vozes já se pronunciavam ao mesmo tempo:
- Comigo!
Os donos das vozes se encaram com ódio ao notar que ambos tiveram a mesma intenção, fazendo Harry suspirar com as bochechas encantadoramente coradas e Pansy e Blaise trocarem um olhar divertido que expressava: "Claro, como não?"
- Você acha que é quem para levar o Harry a algum lugar, Nott? – Draco pergunta com desdém, encarando o moreno sentado do outro lado de Harry.
- Uma companhia bem mais agradável do que um filhinho de papai mimado como você, Malfoy – responde friamente, encarando-o com superioridade.
- Há. Há. Há. Muito engraçado, perdedor, mas ao contrário de você, o Harry tem vida social e esta será arruinada se ele for visto com um zero à esquerda no baile.
O motivo da discussão, por sua vez, suspira e volta sua concentração às deliciosas sobremesas que agora apareciam na mesa.
- Ao contrário de uns, outros dão mais valor ao intelecto do que às suas superficialidades.
- Ótimo! Então leve uma enciclopédia como acompanhante, tenho certeza que a pobre coitada não poderá reclamar – diz com maldade, fazendo Crabbe e Goyle, que devoravam suas respectivas tortas, sentados próximos ao grupo, darem boas gargalhadas. Mas estes logo se calam ao verem o olhar de advertência de Theodore.
- Se você dependesse do seu talento humorístico para viver, seria tão pobre quanto os Weasley, Malfoy – rebate gelidamente – Não sei como alguém tão inteligente e agradável como o Harry consegue ficar perto de você.
- Porque ele tem bom gosto, ao menos parcialmente, já que ainda interage com espécimes feito você.
Harry, no entanto, saboreava tranquilamente sua torta mousse de chocolate branco e preto mesclados, completamente alheio às farpas que os dois trocavam. Não valia a pena se aborrecer com isso agora.
- Você está morrendo de medo que ele prefira ir comigo, filhinho de papai.
- Até parece, rei dos excluídos. Para sua informação, Harry e eu somos melhores amigos desde antes de você sonhar em conhecê-lo!
- Não importa...!
- Agora como o Harry é uma pessoa boa de mais e quis ser apenas agradável ao ser seu amigo, você está obcecado com ele!
- Deixa de delirar, Malfoy! Eu não preciso de amigos inúteis! O Harry é o único digno de receber minhas atenções, porque eu gosto dele...
Nesse instante, o pequeno Lord quase engasga com a cereja da torta, sentindo suas bochechas arderem de vergonha.
-... Porque ele é a única distinção em meio às vulgaridades desse mundo.
- Er... Eu... - Harry sentia que deveria falar alguma coisa, mas as palavras morriam em sua boca, queria apenas um lugar para se esconder do olhar divertido de Blaise, do sorrisinho malicioso de Pansy, mas principalmente da fúria de Draco:
- Não se atreva a falar assim! Você não tem o direito! – uma raiva infundada se apoderava do loiro, sem que pudesse controlar. Afinal, quem aquele idiota pensava que era para falar assim do SEU Harry?
- Viu! – o herdeiro dos Nott sorria com superioridade – Você está assim porque sabe que eu sou a melhor escolha.
- Claro... Aí você cai da cama e acorda – replica com desprezo.
- Admita Malfoy, ele estará muito melhor indo ao baile comigo.
- Em seus sonhos, Nott – dá um sorriso suntuoso, ao mais puro estilo Malfoy – Está mais do que claro que o Harry irá comigo!
- Não, ele vai comigo!
- De jeito nenhum! Ele virá comigo! Vamos, diga para ele, Harry!
- O que?... Er... Eu... – os brilhantes olhos verdes exibiam apenas confusão e vergonha.
A essa altura vários olhares, tanto de Slytherins, quanto de alunos das outras casas, já estavam voltados à cena e muitos compartilhavam o mesmo desejo de Nott e Malfoy: levar o lindo e poderoso herdeiro do Dark Lord ao baile de Halloween.
- Ele vai comigo, garoto mimado!
- Não seja idiota, come-livros, ele quer ir comigo!
- Comigo!
- Comigo!
- Não, comigo!
- Comigo!
- Comigo!
- É claro que é comigo!
Por sorte, à hora do almoço chegava ao fim, sem que Theo e Draco percebessem e os estudantes já seguiam para seus respectivos afazeres. Entre eles Harry, Pansy e Blaise que caminhavam tranquilamente para fora do Salão Principal, deixando os outros dois Slytherins ainda discutindo na mesa.
- Está na cara que ele prefere ir comig... Espera! – Draco estanca de repente, vendo o melhor amigo já há uma considerável distância.
- Harry, espera!
- Hei! Harry! – os dois o chamavam, já seguindo atrás do moreninho. Este, no entanto, apenas se vira com calma e os encara com seriedade:
- Hum... Se continuar desse jeito, não irei com nenhum dos dois – diz simplesmente, seguindo para as masmorras com uma animada Pansy e um divertido Blaise.
Theo e Draco permanecem parados, boquiabertos, mas ao verem os olhares cobiçosos logo se dirigirem ao pequeno Lord, não pensam duas vezes antes de seguir atrás dele, lançando olhares mortais a qualquer um que ousasse se aproximar do motivo de suas discussões. Do SEU lindo menino... Somente os dois eram dignos de brigar por ele, ao menos era isso que suas retorcidas e apaixonadas mentes pensavam. Já não era de hoje, Harry sempre seria a causa da rivalidade daqueles dois inteligentes e audaciosos Slytherins. E Hogwarts ainda ouviria falar muito dos enfretamentos entre Theodore Nott e Draco Malfoy para ter o carinho, a atenção e a prioridade na vida do doce e cativante herdeiro do Lord das Trevas.
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Finalmente, para os estudantes da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, duas semanas já haviam passado e o dia do baile chegara. Em meio há esse tempo, o "pobre" Harry Riddle se viu encurralado diversas vezes por vários Slytherins, alguns Revenclaws e um ou outro corajoso Gryffindor. Os Hufflepuffs apenas sonhavam com a ilusória oportunidade de se aproximar do herdeiro do Lord, contemplando-o de longe. Nem o bonito e carismático Cedric Diggory, aluno do quarto ano, atreveu-se a convidar o requisitado moreninho quando se aproximou certo dia e por pouco não levou um "Crucio" de Theo e Draco.
Os dois Slytherins rivais, por sua vez, viveram uma verdadeira "Guerra Fria" nesses 14 dias. Por vezes, Harry precisava intervir quando as maldições estavam prestes a deixar as varinhas, mas as coisas sempre se acalmavam quando o moreninho lançava um olhar frio ou ameaçava-os dizendo que aceitaria o pedido do próximo Gryffindor que lhe convidasse.
- Então Harryzito, o que você acha deste? – uma animada Pansy pergunta, girando sobre si mesma para mostrar ao amigo o belo vestido rendado, preto e roxo, que lhe chegava à altura dos joelhos com lindas pregas.
- Está lindo, Pan – Harry sorria, recostado na cama da amiga, enquanto esta mudava de "looks" e desfilava para ele.
As amigas da menina, que dividiam o quarto com ela, encontravam-se escondidas atrás da porta observando o pequeno Lord com sorrisinhos sonhadores no rosto. Este e Pansy ignoravam-nas completamente, mas elas não pareciam se importar, contanto que pudessem continuar contemplando o menino mais famoso da história a tão pouca distância.
- Tem certeza? Você não acha que o terceiro que eu coloquei estava melhor? – questiona, remexendo na enorme pilha de caríssimos vestidos em cima da cama.
- Estão todos maravilhosos, Pan, mas este que você está usando ficou perfeito – diz com carinho, pois sabia o quanto isso importava para a amiga.
Na mesma hora a Slytherin sorriu encantadoramente e se pôs a falar sobre os sapatos e os possíveis acessórios que usaria a noite.
Enquanto isso, os professores se empenhavam em decorar a escola. Abóboras, morcegos, múmias e esqueletos enfeitiçados se encontravam em cada corredor, para diversão de todos. Bom, quase todos. Severus Snape ainda achava que aquela bobagem toda era fruto da insanidade do diretor, mas o que poderia fazer? E nesse ritmo, a noite do baile finalmente chegou. Todos seguiam com suas melhores túnicas ou vestidos, para o Salão Principal, onde a maioria dos estudantes já se encontrava dançando, comendo as deliciosas guloseimas e bebendo os refrescantes sucos de abóbora e cervejas amanteigadas. Aproveitando uma festa definitivamente fantástica, porém, que ainda não contava com seu convidado mais requisitado.
Harry ainda se encontrava em seu quarto, nas masmorras, arrumando-se para o baile somente agora, pois perdera a noção do tempo conversando com seu pai por meio da conexão sobre as pesquisas com relação à Pedra Filosofal. Agora o moreninho contemplava-se no grande espelho atrás da porta e dava os retoques finais. Nesse meio tempo, dois elegantes meninos o esperavam na sala comunal.
- Por que você não some de uma vez, Nott? Está claro que nem gosta de festas... – Draco comenta com desdém, sentado em uma das belas poltronas que rodeavam a lareira. O loiro usava um elegantíssimo smoking, com uma elaborada túnica gris por cima, cravejada de cristais de diamante que acentuavam o profundo e embriagador brilho de seus olhos.
- Desista Malfoy, estou aqui unicamente pelo Harry, já que não quero que ele vá com "qualquer um" ao baile – replica friamente, sentado na poltrona do outro extremo da sala. Theodore, por sua vez, usava um caro terno preto, com a camisa de seda branca e uma elegante túnica azul-marinho que deixava seu semblante misterioso ainda mais cativante.
Uma grande tensão pairava no local, ambos se encaravam com pura hostilidade e a qualquer momento as maldições estariam voando pelos ares. No entanto, após alguns instantes com sua astuta mente funcionando a todo vapor, Draco deixa um maldoso sorriso adornar seus lábios sem que o outro Slytherin percebesse.
- Muito bem, Nott – suspira, encarando-o com seriedade – cansei de toda essa discussão. Não preciso levar o Harry ao baile para ter certeza que ele se importa comigo.
- Hum... – observava-o com desconfiança, mas prestando atenção em suas palavras.
- Sou o melhor amigo dele e isso não mudará nunca, então boa sorte e cuide-o muito bem esta noite.
Theo estava pasmo, mas seu frio semblante não demonstrava emoção alguma. Apenas arqueou uma sobrancelha inquisitoriamente quando o loiro veio até ele e lhe estendeu a mão.
- Trate-o com inestimável atenção, ou se verá comigo, entendeu? – diz com seriedade, segurando a mão do rival com uma dolorosa firmeza.
- Não se preocupe – dá um sorriso maldoso - você estará lá, sozinho, para vê-lo feliz dançando comigo.
- Claro... – sorri igualmente, o que alerta os sentidos do moreno – Quem sabe na próxima encarnação.
- O que...?
Porém, antes que Theo pudesse fazer algo, a varinha que Draco mantinha escondida sob a outra manga já lançava o feitiço com precisão em seu peito:
- Desmaius!
E na mesma hora, Nott cai em um sonoro baque no chão, fazendo o loiro sorrir enquanto o levitava para dentro do armário de casacos.
- Prontinho! – um radiante Draco Malfoy limpava a poeira inexistente da túnica após trancar o moreno – Hum, idiota! Com certeza ele não deveria estar em Slytherin...
- Quem não deveria estar em Slytherin? – uma voz surge à suas costas, descendo calmamente as escadas.
Lá estava a imagem perfeita de um anjo vindo em sua direção. Harry usava uma elegante túnica marfim, no estilo greco-romano, presa por dois broches de prata na altura dos estreitos ombros. A túnica caía suavemente pelo corpo infantil, chegando-lhe aos pés, e por cima dela levava uma bela capa verde com esmeraldas bordadas que faziam seus olhos brilharem tal como as jóias. Definitivamente uma imagem linda de mais, a ponto de Draco prender a respiração por alguns instantes.
- Então? Quem não deveria estar entre nós? – pergunta novamente, fazendo o loiro "acordar".
- O que?... Ah, sim! O imprestável do Nott, é claro.
Harry apenas suspira.
- O que aconteceu dessa vez?
- Nada que já não fosse óbvio. O perdedor desistiu de te esperar e ver quem você escolheria... Hum!... Covarde...
- É mesmo? – arqueia ligeiramente uma sobrancelha, confuso, pois sabia que Theo não era desse tipo. Esperava que os dois estivessem ali, brigassem quando ele descesse e que acabasse indo sozinho ao baile. Mas se o moreno não estava ali, devia mesmo ter desistido.
- Uhum... Disse que ficaria lendo alguma coisa na Torre de Astronomia, o idiota.
- Certo... – encara o loiro por alguns segundos, para depois dar os ombros – Então tudo bem, ele não gosta mesmo dessas festas.
Draco, por sua vez, sorri, oferecendo a mão ao SEU melhor amigo em uma elegante reverência.
- Pelo menos sem o perdedor aqui, você não precisa arrumar desculpas para não ir com nenhum de nós dois, não é?
- Certo. Você venceu, Dra – Harry sorria também, aceitando sem duvidar a mão que lhe era oferecida para, então, seguirem ao baile.
O Salão Principal, agora aumentado cinco vezes de tamanho graças a um excelente feitiço do diretor, estava simplesmente incrível. Centenas de abóboras, morcegos, fantasmas, gatos pretos e teias de aranhas estavam espalhados pelo local. As mesas das quatro casas haviam sumido e várias mesinhas redondas apareceram para substituí-las, deixando um grande espaço para os alunos aproveitarem à música contagiante que inundava o local por meio da bela arte da magia. A mesa dos professores continuava em seu lugar, sendo onde se encontravam os maravilhosos pratos do Buffet para os estudantes se servirem, e as bebidas estavam em bandejas flutuantes que vagavam por todo o salão e se enchiam magicamente. Definitivamente uma festa digna da mais prestigiada escola da Inglaterra.
E foi em meio a esse contagiante cenário que as grandes portas de madeira se abriram e todos puderam contemplar o par mais célebre de Hogwarts ingressar no Salão, com suas expressões superiores enaltecendo ainda mais o glamour que os rodeava. Eram apenas meninos, haviam recém completado 11 anos, mas já chamavam atenção como adultos e sabiam muito bem se portar como tal em requisitadas situações, como agora. Draco Malfoy, neste momento, era invejado por muitos e isso apenas fazia o impetuoso herdeiro da família Malfoy estufar o peito, colocar um sorriso arrogante nos lábios e abraçar a estreita cintura de seu par com mais ênfase, enquanto ingressavam naquele fascinante ambiente. Harry, por sua vez, permanecia propositalmente alheio aos olhares que atraía, pois seria perder tempo de mais importar-se com toda a atenção que gerava, uma vez que desde que engraçara em Hogwarts isto já era rotina em sua vida.
- Harryzito, você está um arraso! – Pansy sorria deslumbrada, de braço dado a um pobre Blaise Zabini que apenas suspirava, acenando debilmente aos amigos que acabavam de chegar ao seu lado.
- Obrigado, Pan... E você está linda com esse vestido, como posso ver tenho mesmo bom gosto – pisca, referindo-se ao lindo vestido preto e roxo que a menina usava em conjunto com uma bela gargantilha de ouro branco, as luvas negras que iam até o cotovelo e as botas negras que lhe chegavam à altura dos joelhos.
- Com certeza, Harryzito! Não poderia ter ficado melhor!
- Merlin... – Blaise revirava os olhos, exasperado. O moreno usava um elegante terno cinza-escuro com a camisa de seda branca e uma elaborada túnica negra por cima que contava com discretos bordados em pedras de ônix. Todo um esplendor, sem dúvida – Já ouvi isso umas cem vezes.
- Hey! – a menina o encara, indignada.
Os outros dois Slytherins, por sua vez, apenas riam da situação.
- Relaxa, Blaise, poderia ser pior – Draco comenta entre risos.
- Pior como? – suspira pela quinta vez naquela noite. Afinal a impetuosa menina já o arrastara mais de sete vezes para a pista de dança, pedira para ele trocar seu ponche umas quatro, requisitara diferentes doces a cada minuto e o puxava de um lado para o outro sem sossego.
- Hum... Ela poderia ter uma irmã gêmea.
- Draco! – gritam Pansy e Blaise ao mesmo tempo. Ela indignada com o comentário e ele aterrado com a possibilidade.
Com uma ultima risadinha sarcástica, o loiro já puxava um sorridente Harry para pista de dança, pegando-o de surpresa. Assim evitava que a menina o assassinasse e aproveitava para desfrutar do baile com o amigo. Seus corpos infantis – é claro que nenhum tão doce e pequeno quanto o de Harry – se uniam com graça, em movimentos elegantes que Draco guiava com maestria. O jogo de luzes dava um ar exótico: amarelo, verde, vermelho, e azul percorriam vertiginosamente o salão, fazendo as belas vestes dos estudantes mudarem de cor em compasso com o ritmo.
As horas passavam...
Draco e Harry pareciam ter esquecido o mundo, dançando e se divertindo como faziam quando mais novos e só dessa forma conseguiam aproveitar os aristocráticos bailes nas mansões Riddle ou Malfoy. Por vezes, paravam alguns minutos e Draco se separava do moreninho para buscar uma bebida para os dois, ou alguma guloseima que o amigo tivesse pedido com os olhinhos brilhando. E então, voltavam ao delicioso ritmo da dança. Cabe dizer que não foram poucas as pessoas que se aproximaram de Harry quando o loiro estava longe dele, mas o pequeno Lord não precisava nem abrir sua convidativa boquinha para dispensá-los, uma vez que em menos de dois segundos Draco já estava ao seu lado "rosnando" e encarando com uma perigosa frieza qualquer um que ousasse se aproximar do SEU amigo, não se importando nem um pouco com o fato de, na maioria das vezes, serem mais velhos do que ele. Draco Malfoy com certeza fazia jus ao seu nome e afastava qualquer idiota com um simples olhar. Harry, por sua vez, não se importava, pois sabia que aquelas pessoas só vinham a ele por sua fama, fortuna e status.
- Hum! Quem elas pensam que são? – Draco diz por entre os dentes, irritado, após "afugentar" três Revenclaws do primeiro ano que haviam se aproximado para pedir uma dança ao pequeno Lord.
- Relaxa, Dra... – Harry sorria, sendo girado pelo amigo no ritmo da música.
- Relaxar? Como relaxar se parece que você tem mel?
As risadas cristalinas do moreno se misturam à música, adentrando nos ouvidos do maior e o levando a sorrir inevitavelmente. Porém, antes que um dos dois pudesse fazer mais algum comentário, a primeira música lenta da noite começa a tocar trazendo os sorridentes casais logo para a pista. Harry e Draco, no entanto, permanecem parados sem qualquer indicio de movimento. O moreninho achara um interessante ponto em seus pés e olhava para baixo com as mãozinhas atrás do corpo e as bochechas lindamente coradas. O jovem Malfoy, por sua vez, estava mais do que encantado com aquela imagem e após alguns segundos de contemplação não pensou duas vezes antes de sujeitar com firmeza a estreita cintura do amigo, incitando-o a passar os suaves braços em torno do seu pescoço. Os dois agora se movimentavam lentamente e Draco guiava o menor com perfeição, este se deixava levar docilmente, ainda com as bochechas coradas, mas com um encantador sorriso adornando seus lábios. Era muito bom estar rodeado pelos protetores braços de seu melhor amigo.
E o tempo passava, em meio a esse romântico cenário...
Mais de um observava a belíssima cena de Harry habilmente envolto pelos braços de Draco. Alguns morrendo de inveja do loiro, outros querendo estar no lugar do moreno, um ou outro sorrindo – Pansy e Blaise principalmente, dançando próximos a eles – mas a grande maioria não podia deixar de pensar que os dois realmente se viam bem juntos. Draco perecia rodear o pequeno com uma intensa aura ciumenta e protetora.
- Você fica uma gracinha com as bochechas avermelhadas, sabia?
Harry estremece, sentindo a conhecida voz do amigo ressoar em sua nuca.
- Cala a boca... – murmura ainda mais envergonhado. Era estranho, pouquíssimas vezes sentira vergonha de alguém, que dirá de seu melhor amigo, mas agora estando em seus braços às coisas pareciam diferentes. Os dois pareciam diferentes. Como se um sentimento novo começasse a inundá-los.
O loiro, porém, apenas sorri, levantando com a ponta dos dedos, com pura delicadeza, o pequeno queixo de Harry e encarando os brilhantes olhos verdes profundamente. Seus lábios se aproximavam devagar... Não existia mais nada ao redor deles, o mundo parecia seguir em câmera lenta. Suas respirações estavam praticamente se chocando... Sequer podiam acreditar que aquilo estava realmente acontecendo, apenas deixavam seus instintos falarem mais alto. Draco já podia até sentir o doce sabor dos rosados lábios de Harry, quando, de repente, um poderoso feitiço o atingiu em cheio, levando-o a mais de um metro de distancia do amigo.
Os gritos de exclamação logo foram ouvidos.
Os alunos já podiam pressentir que uma violenta batalha teria início.
- Nott... – Draco pronuncia com ódio, levantando-se com elegância e batendo a suposta poeira da túnica para então, sujeitar com firmeza a varinha.
Porém, antes do loiro chegar à altura do rival, Harry já se colocava entre os dois, encarando com puro desconcerto o recém chegado:
- Qual o seu problema, Theodore?
- Ele é o meu problema! – diz com fúria, apontando para Draco.
Obviamente uma grande parte dos estudantes estava pendente da situação, entre eles um apreensivo Blaise Zabini, fazendo um meio círculo ao redor dos três. Alguns professores também já se colocavam em alerta, mas não interrompiam vendo que o herdeiro do Lord das Trevas já tinha o controle do caso. Isto é claro, porque Snape não estava ali, ele sim adoraria colocar os três em uma boa detenção.
- Do que você está falando, Theo? Foi você que não quis vir...
- O QUE?
Draco engoliu em seco neste momento, sabia que Harry descobriria sua "pequena traquinagem", só não esperava que fosse tão cedo.
- Draco me falou que você preferiu ficar lendo na Torre de...
- ESSA RATAZANA TRAIÇOEIRA MENTIU! – interrompe indignado.
- Hum? Mentiu como?
- O desgraçado me enganou! Lançou-me um "Desmaius" e depois me deixou trancando no armário de casacos! Se não fosse por três alunas do terceiro que esqueceram suas túnicas lá, eu estaria inconsciente até agora!
- Draco! – Harry exclama, encarando o amigo com pura perplexidade. O loiro, por sua vez, apenas dá os ombros e deixa um sorrisinho culpado adornar seus lábios.
O pequeno Lord suspira. Aquilo era a cara do jovem herdeiro da prestigiosa família Malfoy e provava exatamente o porquê do chapéu seletor tê-lo mandado para Slytherin sendo que mal lhe tocara a cabeça.
- Se você não fosse tão retardado, talvez não caísse assim tão fácil – Draco comenta com maldade, fazendo a fúria do jovem Nott dobrar de tamanho.
- Ora seu...!
No entanto, antes mesmo que Theodore pudesse levantar a varinha, gritos amedrontados são ouvidos adentrando no salão:
- TRASGO! NAS MASMORRAS! TRASGO! NAS MASMORRAS!...
O pobre professor Quirrell estava pálido como uma folha de papel.
- A...Achei que d...deveriam s...saber – murmura, para logo em seguida desmaiar em pleno Salão.
Imediatamente os gritos foram ouvidos, e correia foi o que não faltou.
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!
- SILÊNCIO! – Dumbledore, porém, conseguiu retomar o controle rapidamente – Sigam seus monitores de maneira calma e organizada até suas salas comunais e permaneçam lá até segunda ordem. Professores, venham comigo.
Nenhum aluno se opôs a ordem do diretor e logo todos já seguiam seus respectivos monitores até a segurança de suas salas comunais. Bom, quase todos, é claro. Blaise parou no meio do caminho e olhou para Harry com preocupação.
- Pansy...
- O que tem ela?
- Foi ao banheiro retocar a maquiagem... – é claro que Blaise não precisou nem terminar a frase, pois Harry a concluiu assustado:
- Ela não sabe do Trasgo!
Theo e Draco tinham até deixado as desavenças para depois e observavam a cena com preocupação.
- Vamos! – Harry imediatamente muda o caminho e já começa a correr em direção ao banheiro das meninas próximo às masmorras, com os amigos em seu encalce.
No banheiro em questão, uma tranqüila Pansy Parkinson retocava a sombra negra dos olhos e o brilho de uva que adornava lindamente seus suaves lábios, pensando que aquela escola era realmente uma bagunça. Ora, onde já se viu deixar os banheiros no andar do Salão Principal em manutenção? Hum! Aquilo era um ultraje, uma dama precisava estar sempre cuidando de sua aparência e mostrar-se impecável diante dos demais. Estava tão concentrada que só notou aquela coisa enorme parada na porta quando esta deixou seus estranhos grunhidos tomarem conta do local.
- O que...? – murmura, fixando-se finalmente no intruso. Ao encará-lo, seus belos olhos negros se abrem com pura surpresa, asco e terror.
Imediatamente a menina entrou na primeira cabine sanitária que conseguiu alcançar. O enorme trasgo, porém, parecia disposto a fazer dela sua próxima refeição e com sua força brutal arremeteu o bastão de madeira contra as cabines, destroçando-as. Por sorte, a esperta Slytherin pensou rápido e se jogou no chão antes de ser atingida, amaldiçoando-se por ter deixado a varinha em seu quarto já que não tinha lugar para guardá-la no vestido.
- "Por Salazar..." – pensa aflita, vendo como a criatura levantava o bastão para voltar a atacá-la e sem pensar duas vezes, arrasta-se para baixo de uma das pias, buscando qualquer proteção. O Trasgo, por sua vez, logo golpeou a pia da frente, fazendo a menina gritar.
Estava perdida...
Sua vida, naquele momento, passava como um filme diante de seus olhos. A exigente mãe que sempre a obrigara a comportar-se como uma verdadeira dama da sociedade, o pai omisso que vivia viajando a trabalho, seus amigos maravilhosos – o doce Harry; o arrogante e irreverente Draco; até o frio Theodore e principalmente seu melhor amigo, Blaise Zabini – surgiam em sua mente. Ainda tinha tantas coisas para dizer a eles, tantas coisas para viver com eles...
No entanto, era tarde de mais.
A grotesca criatura já se aproximava para selar seu infeliz destino, podia até sentir o gélido vento do bastão acima de sua cabeça, estava completamente perdida e nada mais fazia sentido...
- Wingardium Leviosa! – a voz de Blaise ressoou no local, pronunciando o feitiço com perfeição e separando o bastão daquelas enormes mãos antes que fosse tarde de mais.
- Everte Statum! – pronunciou Harry em seguida, fazendo o Trasgo voar dolorosamente contra a parede para então, terminar com um perfeito feitiço paralisante - Petrificus Totalus!
No exato momento, três professores adentraram no local e puderam contemplar a precisão com a qual o pequeno Lord lançava os feitiços.
- Oh, Merlin! – a chefe da casa Gryffindor parecia em choque – O que aconteceu aqui?
Harry estava concentrado de mais, observando a perna estranhamente machucada de Snape, que nem prestou atenção nas palavras de McGonagall. Pansy, ainda assustada, mas pensando rápido, logo respondeu:
- Eles me salvaram, professora...
- Srta. Parkinson! Explique-se.
- Ora! É muito simples... – diz com mais calma, levantando-se e batendo a poeira do vestido -... Eu precisei vir retocar minha maquiagem aqui, porque o banheiro perto do Salão Principal está em manutenção, o que é um absurdo... Mas enfim, esta aberração apareceu e antes que eu virasse jantar de Trasgo, os meninos apareceram e me salvaram.
- Parece que estão com sorte esta noite – os olhos frios e penetrantes do professor Snape estavam fixos em Harry.
- Alguém tem que estar, não é mesmo, professor?
Vendo o significativo olhar do menino, Severus Snape o encara com fúria e cobre sua perna rapidamente com a túnica. Antes que um dos dois pudesse fazer mais algum comentário, porém, a professora se pronuncia:
- Muito bem. Sr Zabini, Sr Riddle, 10 pontos para cada um... - encara o pequeno Lord com evidente preocupação – Por terem tanta sorte. Agora, por favor, voltem todos para sua sala comunal.
- Is...Isso mesmo – o amedrontado professor Quirrell se pronuncia – e...ele pode a...acordar.
- Ele está petrificado – Draco revira os olhos com desdém, sujeitando protetoramente a cintura de Harry para saírem logo dali, pois o pequeno não deixava de fuzilar o Professor de Poções com seus penetrantes olhos verdes. Assim, com Blaise escoltando a menina e Theo os seguindo de perto, os cinco Slytherins finalmente regressam à sua sala comunal.
-x-
Estando no conforto da recamara Slytherin há mais de meia hora, desde o incidente com o Trasgo, o grupo das serpentes seguiram aos seus afazeres já mais tranqüilos. Pansy, após agradecê-los mais de dez vezes e pendurar-se nos pescoços de Harry e Blaise a cada instante, finalmente dirigiu-se a um relaxante banho para depois meter-se na cama. Blaise também se encaminhou ao quarto, assim como Theodore. Este não parecia muito contente em deixar Harry e Draco sozinhos na sala, mas precisava agir com frieza, com a cabeça quente acabaria por fazer uma bobagem estando perto do cínico loiro.
- Estou te falando, Dra... – Harry não podia esquecer a suspeita imagem de seu professor – Um Trasgo aparece, o amargo homem não estava no baile, e depois surge com a perna ensangüentada?
- É... Não parece muito comum, mas deve haver uma explicação.
- Claro – diz ironicamente – Uma ótima explicação.
- Eu acho é que você não foi com a cara dele desde o início, isso sim.
Harry apenas suspira e se acomoda melhor no confortável sofá de couro negro, deixando sua cabeça recostar-se no ombro do amigo.
- Ele é que me olha como se visse seu pior inimigo desde que nos encontramos. Hum! É um maluco!
- Tem certeza?
- Lógico! Lembra aquela vez na aula de poções, no primeiro dia, quando ele ousou sugerir algo contra o meu pai?
- Não foi o que você pensou, Harry, ele estava elogiando você e o Lord.
- Sei... E eu sou um Hipogrifo. Hum! De qualquer forma, não confio nele.
Sorrindo diante da conhecida atitude do amigo, Draco concentrava-se em afagar os negros cabelos revoltos, levando o menor a se acalmar um pouco. Assim, somente após alguns minutos, num confortável silêncio, Harry parece se lembrar de algo ao tocar no bolso da calça.
- Minhas figurinhas!
- O que? – o loiro arqueia uma sobrancelha, confuso.
- As figurinhas que eu tirei nos sapos de chocolate, hoje, na festa.
- Sim, qual o problema?
- Acho que perdi quando nos encontramos com o Trasgo no banheiro...
Draco conhecia muito bem aquele olhar doce e a voz desolada do amigo, e apenas suspirou, levantando-se do sofá:
- Certo, vamos lá ver.
- Êba! – O pequeno sorria radiante, pois além de reaver sua figurinha de Salazar Slytherin, aproveitaria para saciar sua veia Gryffindor explorando o castelo de madrugada com seu melhor amigo.
Os corredores sombrios encontravam-se iluminados debilmente por apenas algumas tochas flamejantes. Os passos dos jovens Slytherins ecoavam em meio ao sufocante silêncio das masmorras, somente os cochichos dos quadros incomodados pelo "Lumos" da varinha de Draco se misturavam ao som dos passos apressados.
Chegavam às escadas.
- Só espero que o idiota do Filch e sua maldita gata não esteeeeejammm...! – Draco se segura ao corrimão com firmeza, assim como Harry, pois as escadas acabavam de mudar abruptamente.
Quando, por fim, ela estabilizou, os dois correram para o corredor que surgiu em seguida. Um corredor ainda mais escuro que os anteriores, mas sem pensar duas vezes eles seguiram em frente, guiados pela curiosidade. Os quadros não paravam de murmurar maldições devido ao incômodo que a luz da varinha de Draco proporcionava e este apenas os mandava ficar quietos com sua pose inalterável que fazia Harry sorrir divertido. Encontravam-se no segundo andar, próximos às torres e já que estavam tão perto, por que não fazer uma visitinha ao terceiro andar que o diretor julgava tão inapropriado? Com essa idéia em mente, Harry deixou um sorrisinho maroto adornar seus lábios, enquanto agarrava a mão do amigo e seguia em direção às escadas novamente.
- Não suporto essas escadas – Draco murmura, sujeitando firmemente a pequena mão de Harry para evitar qualquer possível queda do moreno.
Por cruel jogada do destino, porém, as benditas escadas se moveram inesperadamente pela segunda vez na noite.
- Oh, por Salazar! – Harry suspira, exasperado, ao ingressarem finalmente no "seguro" corredor do terceiro andar. Mas antes que Draco pudesse concordar, um conhecido som felino adentra em seus ouvidos.
"Merda!" – pensam os Slytherins ao avistarem Madame Nora. Os traiçoeiros olhos vermelhos da gata os encaravam fixamente, enquanto miava cada vez mais alto, denunciando a presença dos estudantes.
- Vamos logo, antes que Filch apareç...
- Quem está aí? – a voz do zelador interrompe o loiro.
E antes do velho amargado aparecer diante dos dois, os meninos se colocam a correr para qualquer sala vazia que pudesse escondê-los. Sabiam que Filch estava praticamente em seus calcanhares e na mesma hora agradeceram a Merlin quando avistaram uma única, enferrujada e grande porta de madeira no final do lúgubre corredor.
- Vamos... – Harry sussurra, apressando o jovem Malfoy que tentava a todo custo abrir a porta.
- Está trancada!
- Draco!
- O que?
- Nós somos MAGOS! – diz o óbvio, fazendo o amigo "cair em si".
- Ah, claro... – sujeitando a varinha com firmeza, logo pronuncia – Alohomora!
No mesmo instante eles ouvem o "cleck" que indicava a porta sendo destrancada e não pensam duas vezes antes de ingressar na sala. Por fim, estavam seguros...
- Oh, Merlin... – Harry suspira, cerrando os olhos e encostando a cabeça no peito do maior.
Draco instintivamente passa seus braços em torno da cintura de Harry, mas este sente a visível tensão do amigo e eleva seus profundos olhos para encará-lo, notando então a face anormalmente pálida e o semblante assustado do loiro.
- O que foi?
- Te...Temos pro...problemas...
- Você está bem, Dra? Parece que encarnou o professor Quirrell – porém, antes mesmo que Draco pudesse tentar responder, o moreninho sente um estranho bafo à suas costas, acompanhado de medonhos grunhidos - O que...?
Os belos olhos verdes, finalmente, contemplavam aquela aterrorizante criatura. Em frente aos Slytherins se encontrava um enorme cão negro que em pé chegaria quase à altura do teto e, no momento, estava com seu grande corpo recostado preguiçosamente no chão. Mas isso não era absolutamente nada, pois o medonho animal que agora piscava seus sonolentos olhos, acordando, possuía não apenas uma, mas três sinistras cabeças! Foram os dois segundos mais tensos de suas vidas, encarando a criatura, enquanto esta os encarava de volta. Até que o horrendo cachorro começou a mostrar suas TRÊS enormes mandíbulas, rosnando violentamente. Harry e Draco não cogitaram qualquer possibilidade e imediatamente correrem para longe dali:
- AHHHHHHHHHHHHHHHH! – gritando a plenos pulmões.
Somente após forçarem aquelas enormes cabeças para dentro da sala com a pesada porta e finalmente conseguirem trancá-las, os dois jovens se permitem respirar novamente e escorregam até o chão, Harry apoiado em Draco, buscando normalizar as altas tachas de adrenalina que agora vagavam livremente por suas correntes sangüíneas.
- O que...era...aquilo? – Draco pergunta com a respiração entrecortada.
- Não faço idéia...
- O velhote maluco deve estar criando essa coisa como bichinho de estimação!
- Eu não duvidaria – diz misteriosamente, para então deixar um maquinador sorriso adornar seus lábios.
O loiro, ao notar aquele sorriso, arqueia uma sobrancelha inquisitoriamente:
- O que você descobriu, Harry?
- Ora, Dra! Vai me dizer que você não notou em cima do que aquele monstro estava? – pergunta, entusiasmado.
- Não... Mas notei muito bem suas cabeças, não sei se você observou, mas eram TRÊS!
- Sim, sim, que seja. Em todo caso, creio que descobri o que estávamos procurando.
- O que...?
- A Pedra Filosofal, Dra! – os expressivos olhos cor de esmeraldas brilhavam intensamente naquele momento, com a astúcia de um autêntico descendente de Salazar Slytherin – Ela só pode estar escondida sob aquele alçapão.
O complexo labirinto onde se encontravam finalmente indicava uma direção.
Estavam a um passo de concluir seus objetivos. E o diretor permanecia completamente alheio a isso, pelo menos por enquanto.
- Agora é apenas questão de tempo... – qualquer um que ouvisse aquele tom de voz saberia que se tratava, realmente, do filho do Lord das Trevas.
Continua...
Próximo Capítulo: Harry sentia a alegria percorrer cada fibra do seu ser. Voltaria para casa. Aproveitaria o feriado de Natal na mansão Riddle, com seu pai, Nagini e seus amigos. Com certeza aquilo não podia ficar melhor.
(...)
- Capa de invisibilidade? – arqueava uma sobrancelha, tentando não mostrar seu deslumbre.