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Como foi?

Lina congelou. Era como se raízes crescessem do chão, mantendo-a no lugar. Luzes piscavam diante de seus olhos, suficientes para causar uma convulsão e fazê-la espumar pela boca.

Imagens estranhas inundavam sua mente. Punhos e tornozelos envoltos em couro, capacetes de metal, salas brancas e gritos aterrorizantes.

Incapaz de se recompor, Lina abria e fechava a boca, frenética com os flashes cegantes. Os paparazzi tiravam fotos uma após a outra, até que tudo o que ela podia ver era branco.

"Senhorita Yang, olhe para cá!"

"Senhorita Yang, você e Everett Leclare estão oficialmente juntos?"

"Isso é um encontro?"

Perguntas atrás de perguntas eram gritadas para Lina. Lina tremia, sua respiração presa na garganta, e sua mente ficava em branco. Ela não conseguia nem pensar, muito menos piscar e reagir.

Lina sentia como se estivesse presa no meio de uma tempestade aterrorizante, e o mundo estava se fechando sobre ela.

"Por favor, senhores, um pouco de privacidade," disse Everett, protegendo-a da luz.

Everett passou um braço em volta da cintura dela e começou a puxá-la escada abaixo. Ele estava confuso pela falta de movimento dela.

Lina se comportava como uma boneca. Ela se movia conforme ele queria, caminhava entorpecida, e não dizia nada. Sua expressão era vazia, mas ela tremia como um cachorro com raiva. Ele não podia deixar de protegê-la, mesmo que tivesse sido ele a colocá-la nessa situação em primeiro lugar.

"Chefe... Não deveríamos intervir?" perguntou Sebastian preocupado, parado atrás de seu Chefe.

Sebastian olhava nervosamente para a grande multidão de câmeras e paparazzi bloqueando a saída do casal.

O rosto de Lina estava desolado. Era como se ela tivesse abandonado a luz.

Kaden não disse nada. Simplesmente levava o cigarro à boca, respirando-o profundamente. A fumaça fazia cócegas em seus olhos, mas ele ainda a observava. Observava o pânico no rosto dela, a maneira como ela era puxada como uma boneca de pano e o movimento dos cabelos sobre suas feições.

A expressão de Kaden não mudava nem quando Everett puxava Lina para mais perto.

"Deixe o tolo cavar sua própria cova," disse Kaden friamente.

Kaden se encostava em seu carro preto e dava mais uma tragada no cigarro, os fumos entupindo sua garganta. Era a única coisa que o mantinha em controle, apesar do alívio temporário.

"Sim, Chefe." Sebastian continuava a olhar fixamente para o casal, franzindo a testa.

O herdeiro do escritório de advocacia Leclare achava que Senhorita Yang era estúpida? Assim que Lina se recuperasse do choque das luzes piscando, ela deveria perceber quem enviou os paparazzi para lá em primeiro lugar. Pelo amor de Deus, ela frequentou uma das universidades mais prestigiosas deste país!

Logo então, Sebastian viu Lina entrar no carro. Mesmo de longe, ele podia ver o herdeiro Leclare se inclinar e afivelar Lina.

Eles foram capturados em todos os tipos de posições íntimas. Sem dúvida, a notícia iria se espalhar. Primeiro, ela foi pega em fotos com o Jovem Mestre DeHaven, e agora, com o herdeiro do escritório de advocacia Leclare.

Como Lina ia se livrar dessa confusão agora?

- - - - -

A viagem de carro inteira para casa foi silenciosa. Everett tentou puxar conversa, mas ela não disse nada. Seu rosto se assemelhava a uma tela em branco, seu olhar oco e distante.

Everett instantaneamente se arrependeu de não a ter protegido o suficiente. Será que ela tinha medo de grandes multidões ou era medo dos paparazzi?

Ele franziu a testa e virou-se para vê-la olhando pela janela.

"Você está bem?" perguntou Everett.

Nada.

Nem mesmo um olhar.

Everett suspirou suavemente. Ele a levou para casa. No segundo em que o carro parou, ela abriu a porta e saiu.

Lina nem sequer olhou para trás. Ela bateu a porta do carro e entrou tempestivamente em sua casa.

Não havia passado um minuto, ele recebeu uma ligação. Olhando para a tela do celular, seus lábios se apertaram em uma linha fina. A mãe de Lina, Evelyn Yang.

"Alô?" Everett atendeu amigavelmente enquanto observava a porta pela qual Lina tinha entrado.

"Sr. Leclare, como foi?" Evelyn perguntou gentilmente, sua voz aérea e esperançosa.

"Péssimo," murmurou Everett.

"O quê?"

"Ótimo," corrigiu Everett.

Everett não sabia a relação de Lina com a mãe, mas a julgar pelas perguntas dela, concluiu que não era boa. Everett não queria dar a Lina mais uma razão para odiá-lo. Embora, às vezes, fosse bastante refrescante e encantador...

"Perfeito! Você gostaria de marcar outro—"

"Não é necessário," Everett disse secamente. "Só garanta que eu serei o único encontro que ela terá."

Evelyn piscou. Ela estava sentada na sala de estar e o tinha chamado imediatamente ao ouvir Lina voltar para casa. Pensar que o jovem Leclare seria tão possessivo... Seus lábios se curvaram com a oportunidade de ganhar poder através do marido de sua filha.

Além desta ligação, Evelyn tinha outra para fazer... para alguém que raramente atendia suas chamadas. Mas desta vez ela seria implacável. Jurava que seu trabalho árduo não seria em vão!

"Claro, você será o único homem que minha filha verá," respondeu Evelyn. "Como você sabe, ela é bastante puritana, então não tem muitos—"

"Então por que Kaden DeHaven está sempre com ela?" Everett disparou.

Antes que Evelyn pudesse responder, Everett desligou o telefone. Soltando um suspiro alto, ele bateu a mão contra o volante.

Everett franzia o cenho ao lembrar-se de Lina e Kaden. Eles ficavam bem juntos. Ele odiava admitir, mas havia uma faísca entre aqueles dois. Era eletrizante, e a visão deles mantinha as pessoas alertas. Ele cerrava os dentes, recostando-se no assento do carro.

"Seja paciente," Everett expirou.

Após os eventos de hoje, Lina estava garantida para ser dele—quer ela gostasse ou não.

Infelizmente, Everett tinha a suspeita de que outro predador estava vindo por sua presa.

Everett estreitou os olhos. Ele tinha o hábito de querer coisas que não o queriam. E Lina era a epítome disso. Uma conquista, se ele quisesse.

Everett se perguntava quanto tempo ela conseguia manter sua fachada.

Estava tudo ao seu tempo.

- - - - -

Lina não estava preocupada com as fotos aparecendo nas revistas de fofoca. No segundo em que essas imagens fossem divulgadas, elas seriam retiradas novamente. Ela já sabia quem a apoiaria.

A única pessoa neste mundo que queria mantê-la discreta. E para o ganho pessoal dele.

"Devo começar a queimar este vestido," murmurou Lina para si mesma.

Lina encarou o teto, decidindo que trancaria as portas do seu quarto a partir de agora. Chega de emboscadas. Chega de encontros às cegas. Ela planejava sair dali.

De repente, alguém bateu na porta. Então, abriu-se para revelar Milo espiando.

"Você está acordada?" Milo perguntou suavemente.

Lina assentiu, olhando para sua expressão de desculpa. Sua atenção se desviou para o quarto e pousou sobre seu blazer, pendurado no cabide.

"Meu amigo estava passando pelo museu mais cedo e viu uma confusão," Milo disse lentamente. "Eu sei o que aconteceu."

Lina contraiu o rosto. "Não quero falar sobre isso."

"Você nunca me contou de onde vem seu medo de luzes piscando," murmurou Milo, brincando com os dedos. "Eu só me lembro de você voltar do acampamento de verão um dia com medo de chuva e luzes piscando."

Lina piscou. O quê? "Eu-I'sempre tive esse medo…"

Lina não se lembrava de um acampamento de verão. Do que Milo estava falando?

"Nunca fui para um acampamento de verão," Lina começou.

Milo enrijeceu. Imediatamente, desviou os olhos. "Ah, eu quis dizer o seu internato."

Lina esfriou. Seu rosto foi drenado de sangue e, instantaneamente, ela olhou para o chão. Seu horrível passado. Ela queria esquecer tudo isso. E de repente, não estava mais com fome.

Lina sabia que o passado não podia ser mudado. As palavras de seu avô passaram por sua cabeça. Você nunca viverá o presente se deixar a si mesmo em seu passado.

Lina sabia que seu pai e avô fizeram tudo o que podiam, mas foi inútil. Os três se arrependeram dos anos que ela passou no internato. E seria a culpa que assombraria seu avô e pai pelo resto de suas vidas.

"Desculpe," Milo admitiu. "Eu só— ei, você comeu alguma coisa hoje?"

Milo decidiu mudar de assunto. A julgar pela confusão no museu, ele duvidava que sua irmã tivesse comido alguma coisa.

Lina apertou os olhos e balançou a cabeça. "Não, não estou com fome."

"Mas eu fiz biscoitos, e eles são seus favoritos," disse Milo. "Finalmente estou agindo como um irmão mais novo prestativo. Você não quer vir e presenciar?"

Lina deu uma risada leve e abriu os olhos.

"Eu só quero dormir, Milo. Estou cansada," Lina respondeu.

A expressão de Milo se suavizou.

"Bem, tudo bem. Não vou incomodá-la," disse Milo.

Lina assentiu. Ela se enroscou no edredom, apesar de vestir a mesma coisa desde aquela manhã.

Milo apagou as luzes e ela fechou os olhos novamente. Ele permaneceu na porta, observando a ausência de fotos em seu quarto. Um forte contraste com o dele, onde se podia ver fotos de seus amigos do ensino médio e fundamental.

O quarto dela era limpo e intocado, como se ninguém jamais tivesse morado ali antes. Segurando um suspiro, Milo saiu do quarto, esperando que o sono curasse seu coração ferido e sua mente confusa.

"Sonhos doces," sussurrou Milo, fechando a porta.

Mas tanto Milo quanto Lina sabiam que nunca seriam sonhos doces para ela. Sempre seriam pesadelos do passado esquecido.

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