Aed Ruad estudou seu corpo antes de se fixar em seu rosto, que estava escondido atrás de seu véu.
Ainda assim, ele não poderia deixar de notar seus olhos azuis cheios de medo. Por cortesia, ela retirou a mão de seu vestido e a estendeu para ele. Ele a pegou e se curvou levemente para pressionar um beijo frio no dorso de sua mão.
— Minha princesa — murmurou ele, enquanto a puxava para o centro do salão. Os convidados se curvaram um a um à medida que passavam.
Nyles permaneceu perto da porta com olhos brilhantes para sua senhora até que a porta se fechasse, enquanto Kaizan se dirigia aos balcões de vinho, com o olhar fixo na garota como se a estudasse.
Aed Ruad parou no centro do salão. Ele se curvou e os músicos no balcão superior do salão começaram a tocar uma música suave que flutuava pelo quarto. Ele deslizou os dedos por sua coluna e colocou a mão na pequena de suas costas, e a puxou para mais perto dele. Ela estremeceu com o toque; a sensação era semelhante à de uma aranha rastejando por sua pele.
Era um baile para celebrar seu destino e sua ascensão ao trono. Apenas casando-se com ela ele poderia assegurar o trono. Essas eram as regras do reino.
Ele a girou com elegância. Depois de completarem uma volta inteira na pista de dança, os convidados juntaram-se a eles. Ele a rodopiou e a inclinou para baixo, com seu rosto pairando sobre o dela por alguns segundos.
Ao observar o rosto dela, ele disse com uma voz rouca: — Mal posso esperar para me casar com você. — A malícia em seus olhos cinzentos era evidente.
O ódio que ela sentia por ele atingiu o ápice e se transformou em vergonha e insegurança. E ela sabia que tinha que escapar.
Enquanto dançava, seus olhos vasculhavam o quarto e se fixavam em Kaizan. O guarda a observava por cima da borda do copo e acenou com a cabeça através de sua máscara negra.
Ela não podia esperar. A necessidade de fugir daquele lugar fervia dentro dela a cada minuto que passava.
Ele dançou com ela por uma hora até seus calcanhares doerem, até suas costas doerem. Ela sufocou um gemido de dor, agora querendo mostrar sua vulnerabilidade para ele. Com um sorriso frio, ele terminou a dança. Ela cambaleou um pouco e ele a conduziu até seus convidados.
Dentre os convidados ansiosos para conhecê-la estavam ministros, reis e rainhas de outros reinos.
Ela se encolheu à vista de Kar'den, o rei de Zor'gan, que estava com sua esposa, Og'drath. Suas peles cinzentas e opacas e íris amarelas a fizeram recuar interiormente. Ao lado deles estava a rainha de Ixoviya, Sedora. A mulher era uma criatura etérea que parecia saída da fantasia de todo homem. Seu noivo apenas parou para apresentações antes de guiá-la para mais fundo na multidão.
Como se estivesse em modo automático, ela assentiu rigidamente para todos eles e respondeu a quaisquer perguntas com um tom cortante. Quando Aed Ruad alcançou sua irmã gêmea, Maple, ele ergueu seu copo para ela e a abraçou calorosamente. — Para nós!
Com os cabelos tão escuros quanto os de seu irmão, Maple parecia assustadoramente com ele. Ela compartilhava tantos de seus traços que se cortasse seu cabelo preto, poderiam ser confundidos um pelo outro. Com mais de um metro e setenta de altura, Maple era apenas uma polegada mais baixa que seu irmão. Ela era magra e tinha uma pele pálida. E sua escolha de roupas — sempre preta. Mesmo neste baile comemorativo, Maple usava um vestido de seda preta justo com uma máscara combinando.
Maple riu quando olhou para Anastásia. — Para nós, irmão!
Anastásia conteve um esgar de dor. As chibatadas que sofreu esfregavam dolorosamente contra o tecido de seu vestido. A cada passo que dava, sentia uma dor cegante.
— Gostaria de ir embora — disse Anastásia, virando-se para seu primo irmão.
Sua boca se torceu em uma linha irritada. — Não até que o último dos convidados tenha ido embora — ele sibilou. Ele adorava torná-la miserável, adorava machucá-la, e qualquer coisa que ela quisesse, ele adorava arrancar dela.
— Deixe-a ir — disse Maple em um tom entediado. — Ela é apenas um meio para um fim. Não precisamos dela por enquanto. Não é como se ela pudesse falar sobre política — Maple zombou antes de começar a rir. — Tola! — Pelo canto dos olhos, ela lançou um olhar para Kaizan e mordeu o lábio. O homem era bastante elusivo, mas valia a espera.
Anastásia não disse uma palavra. Ela sabia que, se falasse, Aed Ruad a humilharia na frente de todos os convidados. Isso seria insuportável. Ela mal tinha permissão para frequentar reuniões tão grandes e, quando aparecia, tinha que permanecer em silêncio.
— Você está certa — disse Aed Ruad. Ele olhou para sua noiva e a dispensou. — Você pode ir embora.
Anastásia não lhe deu chance de mudar de ideia; virou-se para ir embora e imediatamente a nobreza cercou os irmãos. Ela correu em direção à porta através da multidão. No entanto, antes de chegar à porta, seu cotovelo foi pego por trás. Ela virou a cabeça para a esquerda.
— Por aqui, princesa — Kaizan sussurrou e a levou para uma porta diferente, sabendo o que ela queria. Arrepios cobriram sua pele. Estava acontecendo. Ele estava ajudando-a. Suor cobriu sua testa com a antecipação.
O caminho pelo qual ele a conduzia parecia normal, exceto por ser escuro. Ela podia sentir o calor irradiando de seu corpo.
Ela não lutou ou fez perguntas, demonstrando total confiança quando ele a conduziu pelos corredores em direção à ala sul do palácio. Seu pesado vestido fazia barulho enquanto ela tentava manter o passo com ele.
— Você precisa se livrar disso! — ele resmungou.
Eles subiram uma escada e entraram em um pequeno quarto sujo — talvez um vestiário. Kaizan pegou um vestido de servente de uma prateleira e o jogou para ela. — Vista isso! — A maneira como ele a dirigia era como se tivesse visualizado isso em sua mente pelo menos uma centena de vezes antes da execução.
Ele a ajudou a descer o zíper do vestido pelas costas e virou-se de costas.
— Saia! — ela sibilou.
— De jeito nenhum — ele disse com uma voz fria e calculista. — Você tem que trabalhar de acordo comigo. — Ele espiou fora da fenda da porta. — E você tem exatamente dois minutos.