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Erro grave

O silêncio que se seguiu à pergunta do Gavriel era ensurdecedor, pois Evie estava completamente sem palavras. Seus lábios tremiam um pouco enquanto ela só podia olhá-lo com olhos arregalados. Por mais que tentasse, ela não podia negar as emoções chocantes e estranhas que haviam inundado seu interior desde que ela o viu dançando com Thea. A pergunta a atingira malditamente forte.

"Não! C-ciúmes?! P-por que eu teria ciúmes?!" Ela gaguejou enquanto dava um passo para trás, sacudindo a cabeça com força como se também quisesse se convencer daquela afirmação, enquanto baixava os olhos para o chão, evitando os olhos do Gavriel.

Gavriel a observava atentamente e algo brilhou em seus olhos. Seus lábios finos tremiam levemente como se ele estivesse suprimindo um sorriso. No final, ele prendeu seu lábio inferior entre seus dentes brancos perfeitos e silenciosamente olhou para outro lugar para se recompor.

Quando ele retornou o olhar para ela, sua expressão era séria, mas gentil. Ele deu um passo mais perto, mas Evie recuou, fazendo-o suspirar.

"Olhe para mim, esposa." Sua voz era envolvente e calorosa. Mas Evie se virou, mostrando-lhe sua flagrante desobediência. "Se você não está com ciúmes, então por que está reagindo assim?"

O aperto de Evie em sua saia se intensificou e ela sentiu que seu corpo estava prestes a tremer. "Eu disse que não estou! Só quero sair daqui, agora!" ela gritou para ele, sem perceber que parecia que estava prestes a chorar.

Gavriel ficou imóvel e em silêncio. Seu olhar nunca deixando o rosto dela. Depois de outro momento observando seu rosto perturbado, sua voz baixa e rouca preencheu o silêncio. "Ok, entendi. Vou te levar para casa, agora."

Ele ofereceu a mão dela e o olhar de Evie pousou nela. Por que ele sempre faz isso? Por que ele sempre lhe oferecia a mão assim? Ela tinha acabado de gritar com ele e mesmo assim ele ainda...

Evie sabia que toda vez que aceitava essa mão grande, quente e forte, ela permitia que ele se aproximasse um passo dela. E se fosse honesta consigo mesma – também um passo mais perto do seu coração. Desde que seus olhos se encontraram naquela noite do casamento, Evie estava agindo por adrenalina e emoções que giravam em torno desse homem diante dela. Ela não conseguia acreditar que haviam se passado apenas alguns dias e ela já estava tão envolvida. Evie começava a sentir medo e preocupação porque não era tola para não entender as razões por trás de suas próprias ações e emoções. Nesse ritmo, se ela deixasse ele se aproximar mais do que isso, ela estava aterrorizada com as consequências. Seria impensável!

Apertando ainda mais o punho em sua saia, Evie se recompôs. Seu olhar ainda sem pousar em sua pessoa nem uma única vez.

"Eu quero que Elias me leve de volta. Por favor, volte para dentro, o baile ainda não terminou. Vou ficar bem sozinha," disse Evie decisivamente. Sua voz agora mais suave, mas mais firme com determinação sólida enquanto seu olhar desviava por todos os lugares, menos para o rosto dele.

Evie esperou que ele retraísse sua mão e quando ele não o fez, ela começou a sentir um pouco de ansiedade. Sua recusa ainda não era suficiente? Enquanto ela lutava para pensar em seu próximo passo, Gavriel falou.

"Temo que seu pedido chegou um pouco tarde demais, esposa. Todo mundo já saiu há pouco tempo."

As palavras dele fizeram Evie virar-se rapidamente só para ver que os homens atrás dela tinham ido embora. Seus lábios se entreabriram em descrença e, em seguida, ela se viu voltando a olhar para ele. Ele estava passando a mão na nuca enquanto a olhava com um olhar de desculpas, fazendo Evie ficar ainda mais sem palavras.

Evie não sabia que enquanto se recusava a olhar nos olhos do Gavriel, o homem havia ordenado que seus homens desaparecessem e partissem antes dele, apesar de sua forte recusa. Gavriel de alguma forma previra que sua esposa tentaria se distanciar dele de novo e ele estava feliz por ter previsto isso.

"Agora vamos. Antes que o imperador mande alguém nos chamar de volta para dentro." Ele alcançou a mão dela e sem lhe dar um momento para protestar, ele levantou Evie, ao estilo de uma princesa, e saltou do chão.

Tudo o que Evie pôde fazer foi envolver seus braços ao redor do pescoço dele e quando sua testa roçou o maxilar dele, ela sentiu como se ele tivesse sorrido. Ele puxou a cabeça dela para trás para olhar em seu rosto. "Você... sorriu agora?" ela perguntou, sua expressão ainda séria.

Gavriel inclinou um pouco a cabeça. "Eu não posso sorrir também? Esposa?"

Evie piscou. "N-não foi isso que eu quis dizer..." ela gaguejou surpresa. "E o que você quer dizer com 'também'?"

"Bem, eu imaginei que não posso aceitar o convite de alguém para dançar comigo porque isso fará minha esposa ficar brava."

As palavras dele fizeram Evie parecer que um golpe a atingira, forte. Enquanto ela estava sem palavras, Gavriel continuou.

"Se sorrir também te deixar brava, então eu não devo –"

"N-não seja ridículo. Por que seu sorriso me deixaria brava?" ela exclamou e então o príncipe astuto acionou seu sorriso. Aquele sorriso que era suficiente para transformar o cérebro de qualquer mulher em massa e fazê-la rastejar voluntariamente para a cama dele.

Quando Evie viu aquele sorriso, ela não sabia por que, mas sentiu que acabara de cometer um dos maiores erros de sua vida.

"Se meu sorriso não te deixa brava, então acho que devo sorrir mais –"

"Não!"

"Não?"

"Eu... eu quero dizer... não sorria quando não houver motivo. Senão... você parecerá um tolo."

Ele riu e Evie sentiu como se tivesse cometido despreocupadamente outro grande erro. Ela precisava se afastar desse homem perigoso. Ela não podia acreditar que até mesmo a risada dele poderia afetá-la gravemente.

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