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Cansada. Tão cansada.
Parecia que ela estava caminhando por uma eternidade através de um túnel escuro e desolado. Ela queria parar, mas por algum motivo continuava andando em direção ao pequeno ponto de luz distante.
Sua garganta estava seca e áspera, queimando com uma sede extrema.
Água.
Ela precisava de água. Talvez pudesse beber quando chegasse ao final do túnel.
E assim ela continuou caminhando e caminhando e caminhando.
Água. O pensamento de que a água aliviaria sua garganta ressequida a mantinha em movimento.
Ela não sabia por quanto tempo caminhou. Dias, meses, anos… talvez até décadas, talvez até séculos.
Ela não sabia. Ela só queria água.
Finalmente, a luz ficou mais ampla e brilhante.
Quase lá.
Então ela foi banhada por uma luz branca e pura.
Finalmente.
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Em um grande hospital particular.
Ela abriu os olhos e sentiu-se quase cega por uma luz suave e difusa. Levou alguns momentos até que seus olhos se ajustassem.
'Onde estou?'
Confusa, ela olhou ao redor do quarto elegante, parecido com um hotel. Ela não reconhecia o lugar. Então ela notou o som de um bip lento e constante ao lado dela. Ela virou a cabeça em direção ao som e ficou surpresa ao sentir que sua cabeça estava pesada. Na verdade, seu corpo inteiro estava pesado. Ela não podia se mover.
'O que está acontecendo?'
Com muito esforço, ela finalmente virou um pouco a cabeça e viu que era uma máquina emitindo o som do bip. Ela então percebeu que estava ligada a ela e a muitos outros aparelhos médicos também. Aos poucos, percebeu que estava em um hospital e pelo jeito, sua condição era bastante séria.
"Á-água..." Ela tentou falar, mas apenas um sussurro seco saiu de seus lábios rachados.
Ninguém estava por perto. Ela já se sentia exausta. Seus olhos começaram a fechar, mas ela lutava contra a inconsciência que ameaçava dominá-la.
Depois de esperar sei lá quanto tempo, a porta finalmente se abriu e uma enfermeira entrou apressadamente.
"Você acordou!" A enfermeira ficou chocada quando viu os olhos abertos do paciente. Ela imediatamente apertou um botão para chamar um médico.
'Hm? Chinês?'
"Como você está se sentindo?" a enfermeira perguntou e começou a examiná-la.
"Á-água… água..." ela crocitou em Mandarim.
Felizmente, a enfermeira entendeu. "Você quer beber água? Espere um momento, Senhorita. Precisamos esperar o médico e perguntar a ele se está tudo bem você beber. Ah, ele chegou!"
A porta se abriu e um médico de meia idade entrou, seguido por três outros vestindo jalecos brancos iguais. Eles pareciam médicos também, mas mais jovens.
"Olá. Você consegue me ouvir? Meu nome é Dr. Ching. Como você está se sentindo?" O médico principal pressionou seu estetoscópio em várias partes do peito dela enquanto fazia perguntas.
"Ela pediu por água," a enfermeira informou a ele.
"Isso é bom. Deixe-a beber por um canudo se ela for capaz. Se não, use gotas ou derreta um cubo de gelo nos lábios dela."
A equipe de médicos começou a examiná-la, enquanto a enfermeira saiu para pegar água.
Finalmente, a enfermeira retornou com água em um copo de papel e um canudo.
No começo, ela não conseguia sugar pelo canudo. Seus músculos da boca pareciam fracos. Só após algumas tentativas é que ela conseguiu fazer a água fluir, mas se sentiu exausta depois de apenas alguns goles.
No entanto, a sensação de água descendo por sua garganta seca era tão celestial que seus olhos se encheram de lágrimas. Ela piscou para afastar as lágrimas, sem deixá-las cair. Era quase inacreditável que ela estava ficando tão emocionada por alguns goles de água.
"Você sabe o seu nome?" Dr. Ching perguntou.
"Meu nome..." Ela estava prestes a dizer seu nome, mas de repente memórias começaram a invadir sua mente.
Ela respirou fundo, totalmente confusa com essas memórias estranhas. O que estava acontecendo?
Ela olhou para o lado e viu mechas de cabelo preto de sua cabeça sobre o travesseiro.
Cabelo preto? Cadê seu cabelo loiro? Alguém havia pintado seu cabelo enquanto ela estava inconsciente?
Seu coração palpitou enquanto um pensamento impossível surgia em sua mente com o assalto das memórias desconhecidas.
Os médicos ficaram alarmados com a súbita aceleração da frequência cardíaca dela. O bip da máquina aumentou.
"Es-espelho...me dê..."
Os médicos e a enfermeira se olharam.
Dr. Ching encarou a garota com uma expressão tranquilizadora e disse, "Acalme-se. Está cansada? Está sentindo dor em algum lugar?"
"Po-por favor... espelho."
Dr. Ching hesitou e olhou para sua paciente por mais alguns segundos antes de acenar para a enfermeira. A enfermeira saiu. Quando ela voltou, trouxe um espelho e o segurou na frente da pálida garota deitada na cama.
Quando a garota viu seu rosto, seus olhos não o reconheceram. Cadê seu cabelo loiro? Seus olhos verdes? O rosto na frente dela claramente não era o seu próprio.
O cabelo preto liso e os olhos de fênix castanho-escuros entregavam a origem asiática do rosto.
A máquina ligada a ela bipou mais rapidamente, preocupando os médicos. A enfermeira afastou o espelho enquanto a pálida garota fechava os olhos para assimilar o que acabara de experimentar.
O rosto de um estranho no espelho combinava com o das memórias que surgiram em sua mente poucos momentos antes. Ela abriu os olhos em descrença.
'Impossível! Isso não pode ser. Estou sonhando?'
Inacreditável. Mas como ela poderia explicar o que estava acontecendo consigo agora?
Ela acordou no corpo de outra pessoa.
O choque foi demais, especialmente porque ela se sentia tão fraca naquele momento.
Seus olhos fecharam e ela sucumbiu à escuridão familiar.
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