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Capítulo 01

O amor é algo surpreendente, ele é como uma prisão, mas a diferença é que nesta prisão, não há paredes, grades e nem carcereiros.

Você fica preso a sentimentos complexos, confusos e todo dia é sempre uma novidade, uma nova descoberta, uma nova lembrança, uma primeira vez, um primeiro amor.

Mas e se este sentimento for apenas uma condição a ser conquistada a longo prazo? Você pensaria que isso seria besteira e que quando ele chega não há como fugir ou se esconder, certo?

Quando o Japão enfrentou uma grande queda na taxa de natalidade, o governo decidiu criar o ministério da saúde e bem estar, que com uma tecnologia de última geração associava perfis aos seus ideais, o computador pegava os dados de uma pessoa e buscava no banco de dados uma outra pessoa com dados parecidos e fazia uma análise sobre como seria o filho deste casal no futuro, os dados finais do resultado mostravam os pares ideais que seriam unidos pelo "fio vermelho".

Após os casamentos arranjados pelo governo se tornarem lei, os adolescentes que chegassem ao seu décimo sexto aniversário receberiam um aviso do governo com as informações do seu parceiro.

Diversas pesquisas e exames eram feitos nos filhos que nasciam desta união de pessoas com o mesmo tipo sanguíneo, e diante de todas aquelas descobertas a população se acostumou a nova rotina e a nova lei que havia se tornado real.

Enquanto Naoya estava sentado em sua cadeira com o rosto apoiado sobre a mesa, ele ouviu a conversa de alguns rapazes, a sala estava barulhenta com todas as conversas, um começo de ano agitado para todos, e as novas amizades se formavam ali e as antigas se reagrupavam novamente para um novo semestre.

"Aaah eu não quero conhecer a minha parceira."

Um garoto cujo sua franja cobria metade de seu rosto dizia com uma voz triste, relutante em aceitar a realidade que estava diante dele.

"Você faz aniversário neste sábado, né?"

"Sua parceira deve ser muito fofa."

"Eu realmente não quero conhecer ela, ela deve ser muito feia."

Enquanto eles conversavam, Naoya se levantou e caminhou até eles, seus rostos se tornaram sérios e eles o olhavam com um olhar de assustados, Naoya passou por eles e foi em direção a porta da sala, eles se entreolharam e soltaram um suspiro de alívio como se estivesse com medo de algo.

"Isso foi assustador."

"Ele é muito assustador."

Naoya havia ouvido tudo que eles tinham dito, e apenas assentiu com a cabeça, sua expressão inexpressiva e seus olhos frios o faziam parecer assustador, mas não era como se ele gostasse disso, ele só não conseguia agir naturalmente ou puxar uma conversa com alguém pela sua pouca experiência em se socializar com alguém.

Naoya seguiu para o banheiro, enquanto lavava suas mãos ele se olhou no espelho. Naoya pensava seriamente sobre a real situação, os casamentos arranjados serem obrigatórios e que não desse para fugir deles, imagina como um casal que acabou de se formar no início do ensino médio, eles estão felizes e fazendo planos, após um tempo o garoto completa a idade requerida e recebe seu aviso, e em seu aviso está o nome de outra garota diferente da que ele está junto, como eles iriam resolver aquele acontecimento, como eles iriam chegar a uma decisão que não feriria a nenhumas das partes, o relacionamento daquele casal deveria ser interrompido abruptamente pelo surgimento do aviso de um casamento com outra garota e os sentimentos estariam confusos.

Enquanto Naoya raciocinava sobre este fator, o sinal para o começo das aulas havia tocado, ele então se dirigiu a sala e se sentou no seu lugar corretamente, enquanto a aula fluía normalmente, Naoya estava distraído como se seu corpo estivesse na sala de aula, e a sua consciência estivesse em outro lugar bem distante daquele lugar, ele então apoiou seus braços sobre a mesa e apoiou sua cabeça sobre a mesa.

Ele sentiu uma latente dor em sua cabeça, e quando levantou sua cabeça, o professor de história o estava olhando com um olhar furioso enquanto segurava uma régua.

"Me desculpe Akagawa-san, por minha aula ser tão chata a ponto de te fazer dormir."

Ao ouvir isso seus olhos se alargaram e ele curvou sua cabeça em sinônimo de arrependimento.

"Me desculpe sensei, não acontecerá novamente."

"Eu espero que sim."

Naoya manteve seus olhos fixos aos ensinamentos do professor, quando o sino para o intervalo do almoço começou, ele permaneceu em sua cadeira sentado com a cabeça baixa.

Naoya sentiu uma presença de alguém parado a sua frente o observando, quando ele levantou sua cabeça, percebeu que havia um garoto parado a sua frente.

"Muito prazer, sou um grande fã seu."

"E quem seria você?"

"Posso te chamar de chefe?"

Naoya olhou com uma expressão vazia ao olhar brilhante e cheio de felicidade daquele rapaz a sua frente, sua pergunta havia sido ignorada por outra pergunta dele.

"Quem é você? E por que está com tanta animação e intimidade assim?"

"Ah me desculpe, eu me chamo Rafael Shinozaki."

Aquela súbita apresentação deixou Naoya assustado, aquele garoto chegou de repente e se apresentou, quando ele olhou em volta todos o estava olhando para ver sua resposta, a reação de medo deles era visível, como se esperassem pelo pior.

Naoya sentindo a pressão e os olhares em volta se levantou e caminhou até a porta, sua expressão vazia e inexpressiva, e por sempre estar sozinho e não se enturmar, deu lhe a fama de "Lonely Wolf"(Lobo Solitário), não era como se ele ignorasse todo mundo e tivesse este olhar assustador por vontade própria, ele só não sabia como se puxar uma conversa com alguém pela sua pouca experiência, por medo do fracasso ele evitava conversar com todos, Naoya gostava de frequentar a biblioteca por ser um local calmo e silencioso, onde ele podia estar lendo sempre um livro ali.

Ele não entendia sobre o amor, suas experiências sobre este sentimento eram vagas, enquanto ele via casais se formando ele realmente pensava sobre o conceito "amor", aquilo para ele era como um bicho de 7 cabeças ou algo distinto da realidade.

'Quando meu aviso chegar, como será minha parceira?'

Naoya pegou-se pensando sobre o aviso, a sua futura esposa seria algo decidido por outra pessoa e não por ele, uma inquietação sobre este quesito o visitou.

'Estes casais que o governo uniu, estão realmente felizes com isso? Não havia como ignorar o aviso e casar-se com a pessoa que amava?'

"Akagawa-san, você pode ler a tradução da página 7 para nós?"

Como se despertasse da sua hipnose, Naoya pegou em seu livro e o foleava ainda desnorteado, uma voz feminina foi ouvida ao seu lado, a representante de classe se levantou e leu a parte requerida.

"Muito bem representante, e Akagawa-san por favor, fique depois da aula."

Quando o sino da última aula tocou, Naoya arrumou suas coisas e se encaminhou para a sala da coordenação, seu professor o esperava com uma pasta sobre a mesa.

"Akagawa-san, por favor, sente-se."

"Sim."

O professor ajeitou seus óculos enquanto folheava as folhas dentro daquela pasta e voltando sua atenção para Naoya ele fechou a pasta e o encostou na mesa.

"Akagawa-san, o que está acontecendo?"

"Como assim, sensei?"

"Você parece estar mais disperso, dormiu na aula do professor de história, e parecia nem estar prestando atenção na aula de inglês, o que realmente está acontecendo com você?"

"Não há nada acontecendo comigo sensei."

"É algo relacionado a sua família?"

"Não, não está acontecendo nada."

"Se tiver acontecendo algo, não exite em informar a escola."

"Sim senhor."

Quando Naoya segurou a maçaneta da porta, seu professor o chamou novamente.

"Ah, mais uma coisa Akagawa-san, entregue isso ao conselho estudantil para mim."

Eu peguei a pilha de folhas e me retirei da sala, no corredor enquanto eu caminhava, sentia a presença de alguém me observando de longe, quem poderia ser assim.

Quando cheguei à sala do conselho, eu bati na porta e entreguei a pilha de folhas ao secretário do conselho estudantil, quando abri a porta uma garota caiu no chão meio atordoada.

"Kyaaa"

'Que gemido fofo foi esse?'

"Você está bem?"

Por instinto estendi a mão para aquela garota, ela parecia um pouco assustada, mas estendeu sua mão e segurou a minha.

"Obrigado pela sua ajuda Naocchi."

Quando Naoya ouviu aquelas palavras de agradecimento ele travou, aquelas palavras soaram tão familiar a ele, como se ele conhecesse aquela garota de bastante tempo atrás, então ele parou um pouco enquanto admirava aquela garota.

"Desculpa, mas já nos conhecemos?"

"..."

Ela então soltou sua mão da mão de Naoya e correu pelo corredor, Naoya não entendeu porquê aquela garota tão de repente o chamou pelo primeiro nome tão casualmente e com tanta intimidade.

'Eu não entendi o porquê dela ter me chamado pelo primeiro nome, mas isso me pareceu tão familiar, como se eu conhecesse aquela garota de algum lugar.'

Enquanto ele trocava seus sapatos, Naoya pensou sobre o ocorrido com aquela garota, sua ida para casa parecia tão monótona, quando chegou em casa, se deparou com sua irmã fazendo o jantar.

"Estou de volta."

"Bem vindo de volta, onii-chan."

"Cadê a mamãe e o papai?"

"Ainda não chegaram, como foi seu dia na escola?"

"Normal."

"Só, normal?"

"Sim, o único diferencial é que esbarrei com uma garota e ela disse o meu nome como se me conhecesse a bastante tempo."

"Fufufu onii-chan, você está com uma namoradinha na escola?"

"Não enche."

Naoya subiu para seu quarto e foi para o banheiro tomar seu banho, enquanto estava na banheira ele refletiu sobre o passado, parecia que ele havia perdido algumas lembranças do passado muito importantes.

Depois de se arrumar, Naoya desceu para o jantar, enquanto jantava ele foi alvejado pelo olhar fixo e curioso de sua irmã, era como se ela quisesse que ele contasse com os mínimos detalhes sobre a garota.

Quando ele subiu para seu quarto, ele pegou em seu telefone e notou um e-mail diferente.

O e-mail que ele havia recebido tinha sido enviado diretamente do governo, parecia uma parabenização pelo seu aniversário, mas quando ele abriu o e-mail mostrou uma mensagem de erro, como se o conteúdo tivesse sido apagado logo depois de ser enviado, isso deixou Naoya curioso que tentou diversas vezes abrir a mensagem e só via a mensagem "erro ao abrir a mensagem" após tentar diversas vezes ele apagou o e-mail e se virou para o lado da parede para dormir, o barulho de uma nova mensagem foi ouvida e a tela se acendeu.

Quando ele segurou o celular seus olhos se alargaram, o e-mail de um contato desconhecido o chamou muito a atenção.

[Você está a 1 ano de distância da sua nova parceira, você irá realmente esquecer a sua promessa e se casar com outra garota?]

Este e-mail que Paulo recebeu o deixou curioso para saber quem havia mandado, e como ele sabia tantos detalhes sobre Naoya e sobre a promessa que ele havia feito a tanto tempo, este e-mail o fez ter uma imensa dor de cabeça como se ele se esforçasse para lembrar de algo que havia esquecido, o cansaço pelas inúmeras tentativas o venceu e ele dormiu.

Naquela mesma noite ele teve um sonho estranho, lembranças sobre lugares que para ele eram desconhecidos e uma garota que ele não conseguia ver o rosto e nem se lembrava do nome ou da fisionomia dela.

Essa garota parecia tão íntima a ele, e era como se os dois se conhecessem a bastante tempo, após parar de frente a um bosque onde o brilho do pôr-do-sol refletia sobre o cabelo daquela garota, ela então se virou e pegou a mão de Naoya e com um sorriso o olhou fixamente.

"... Você vai se lembrar de nossa promessa?"

"Quem é você?"

"Eu sou…"

De repente a voz daquela garota começou a falhar junto com sua fisionomia, Naoya acordou no meio da madrugada sem entender o que havia acontecido, ele então abriu a janela e olhou a aurora, o dia começava a amanhecer e o brilho da manhã começava a ficar mais intenso a medida do tempo, aquele sonho deixou Naoya pensativo e curioso, como se faltasse alguma coisa ou ele houvesse esquecido algo de que não devesse esquecer.

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