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CAPÍTULO 26 - PAUS E PEDRAS

A troca de olhares calorosos entre os dois trazia para o clima uma grande rivalidade, algo incomum entre os dois recém conhecidos. Porém aquilo era algo que não podia deixar de existir em meio a uma luta verdadeira.

Uzur e Mizu estavam reto um para o outro em uma grande distância. Uzur empunhava em suas mãos um grande pedaço de madeira, enquanto que Mizu apenas podia se defender usando suas mãos limpas.

– "Ainda posso te dar uma última chance de sair daqui vivo." – Uzur interrompeu o clima de batalha, abrindo sua mente para uma negociação.

– "Não tente se enganar, Uzur. Não há outra resposta para sua provocação."

Mizu foi quem partiu para o ataque. Assim como tinha aprendido em seus treinos no vilarejo, atacar primeiro era manter sua vantagem para que apenas o simples fosse o suficiente durante a luta. Não era necessário ser especial em seus ataques ou estratégias, bastava ser simples sem errar.

O ataque de Mizu foi direto e rápido, impedindo que Uzur tivesse tempo para mover a madeira que estava em sua mão.

Usando de um soco reto de mão direita na região lateral do peito dele, Mizu o afastou para trás, o fazendo se manter em desvantagem.

O segundo ataque de Mizu foi um chute, o qual também foi direcionado para o peito de Uzur, porém foi defendido pelo leve movimento da madeira, que foi colocada a frente do ataque para impedi-lo.

Nenhum dos dois pôde ter vantagem após aquele ataque mal sucedido de Mizu. A luta estava praticamente reiniciada a partir daquele momento.

Tomando a iniciativa, Uzur levantou a madeira com suas duas mãos e a bateu de forma reta em diagonal, buscando acertar diretamente a cabeça de Mizu, o qual desviou do ataque com um pulo, se impulsionando para trás.

Caindo de mal jeito, Mizu rolou no chão de pedra lisa e se levantou já longe do campo de ataque de Uzur. Naquele momento, ele sabia que o homem à sua frente tinha vantagem de ataque por conta de sua arma, porém, ele não teve medo e manteve sua postura.

O semblante de Mizu naquele momento estava preenchido por uma seriedade que não fazia parte de sua expressão rotineira, porém também não apresentava ser uma expressão rara de se ver no semblante dele durante uma luta difícil.

Diferente de suas últimas lutas, nesta seus olhos não queimavam. Não era como se ele desejasse estar ali. Na verdade ele realmente só desejava que aquilo acabasse logo de forma positiva.

– "Isso vai demorar, Luna." – Mizu sorriu para Luna, tirando seu olhar fixo do rosto do homem à sua frente.

– "Não se preocupe com o tempo. Se for preciso eu vou na frente preparar nosso jantar."

Luna sorriu de volta para Mizu. Ela permanecia sentada no chão desde o momento que Mizu começou a lutar.

Recobrando a seriedade, Mizu voltou a olhar seriamente para sua batalha. Ao outro lado de seu olhar, Mizu podia ver um rosto de expressão estranha. Era evidente que havia algo errado com Uzur. Por saber disso que Mizu se descontentava em lutar com alguém que sabia estar fora de seu controle mental.

– "Eu não estou afim de lutar com você, Uzur. Porém, eu não vou me segurar na hora de lutar." – Ele disse, pois se sentia em dever de avisar seus sentimentos sinceros em sua luta.

– "Não espero que você faça isso. Se você se acha em força de vencer, faça!" – Uzur respondeu ignorando a afirmação sincera de Mizu.

Os dois terminaram o curto diálogo pacífico, partindo rapidamente na direção um do outro.

Mizu e Uzur se cruzaram correndo. O homem de mais idade usou de toda a força de seu braço dominante para que pudesse atacar Mizu usando o máximo de velocidade que podia em seu ataque com a madeira.

O ataque forte não foi rápido o suficiente para atingir o garoto que passou por ele sem sofrer dano.

Se virando ao final de sua corrida, Mizu se viu de frente para as costas de Uzur, o atacando com um soco direto de mão esquerda.

O soco de Mizu foi efetivo sobre Uzur, porém não teve forças para que pudesse lhe derrubar ou tirar sua força convencional.

Com um ataque pouco efetivo, Mizu se viu novamente em desvantagem, porém dessa vez, nem mesmo pôde tentar desviar do golpe de madeira que veio como contra ataque.

Sendo acertado em cheio pela ponta da madeira que foi empurrada contra seu peito, foi lançado ao chão, recebendo outro ataque em sequência. Esse novo ataque era um forte golpe de madeira em movimento de cima para baixo, algo que provavelmente o machucaria muito.

– "Escuridão Total." – Luna gritou de longe, lançando sobre Uzur uma magia que o deixou cego imediatamente.

Naquele momento, tudo que ele podia ver era um vasto campo de flores coberto por sombras pretas, algo que tomou o lugar de sua verdadeira realidade.

Com o impedimento da cegueira, Uzur diminuiu a velocidade de seu ataque, o qual pôde ser percebido pelos olhos de Mizu, mas que ainda seria altamente letal caso fosse continuado até o fim daquela mesma intensidade.

Rapidamente, Mizu ajeitou novamente sua mente, desviando do segundo golpe em máximo reflexo. Saindo rolando de perto do golpe de Uzur, o viu afundar a madeira de sua mão contra o solo de pedra lisa.

Aproveitando dos últimos momentos da cegueira de Uzur, Mizu contra atacou usando chute nas costas dele, o fazendo cair no chão.

Logo que caiu, Uzur pode sentir sua mente voltar para sua realidade normal, abandonando o cenário das flores que eram cobertas por uma grande sombra. Mesmo de volta para a realidade, não teve forças para se pôr imediatamente de pé.

Do outro lado dessa mesma luta, Mizu percebeu que exigiu mais do que devia de seu corpo, o que o fez cuspir sangue no chão de pedra lisa da rua rica onde estavam lutando.

– "Mizu!" – Luna gritou, que estava de pé no meio da rua lisa, correndo em direção de Mizu.

– "Não, Luna. Não precisa fazer esse esforço, eu estou bem." – Mizu disse, limpando o sangue que escorria na lateral de sua boca.

Parando de correr ao ver o braço de Mizu que a indicava o sinal de ficar, percebeu a confiança que habitava no cansado semblante do garoto de cabelo azul naquele momento.

– "Luna, eu não vou perder."

Mizu levantou o rosto para o céu. Aquela era sua forma sincera de ajeitar seus pensamentos em meio a situações desagradáveis. Em seu semblante não era possível ver medo, porém era fácil perceber que sua confiança não havia sido abalada.

Ao final de sua firme respiração, encontrou em sua mente a forma de vencer.

– "Luna, faça algo para mim."

Mizu correu pela lateral da rua lisa, indo para perto de Luna e a entregando algo. Por mais de não dizer nada a ela, a faz entender facilmente qual era seu plano.

Parando de correr, Mizu se virou novamente para Uzur, que estava se levantando do chão naquele mesmo momento.

– "Minha arma… Tudo bem, ela ainda pode funcionar." – Uzur resmungou para si mesmo

Pegando o pedaço de madeira afundado que estava no chão, Uzur voltou a encarar Mizu, que estava o encarando com um forte sorriso no rosto.

"Ele não vai perdoar nenhum erro meu." – Mizu pensou, suspirando profundamente.

Terminando de respirar, Mizu sorriu mais ainda, mudando completamente o clima que encarava a luta à sua frente. Logo, ele correu em direção a Uzur, o qual se preparou imediatamente levantando o pedaço de madeira para um golpe horizontal no garoto.

Sem mudar de direção, Mizu se lançou de joelhos ao chão, deslizando por baixo de Uzur, o qual não pôde o acertar com seu ataque horizontal que passou por cima de sua cabeça.

– "Agora!" – Mizu esperou que Uzur virasse o corpo para o lado contrário para dar o sinal à Luna.

Logo que o ouviu, Luna lançou aquilo que tinha em mãos na direção de Uzur com toda a força de seus braços, que mesmo cansados, alcançaram uma força sobre humana. O que foi lançado da mão dela era uma pedra média, não grande, porém também não pequena.

Uzur não pôde ter o mínimo reflexo após apenas se virar novamente para ver o objeto que foi lançado em sua direção.

Porém, a pedra não o atingiu. O lançamento tinha sido errado, fazendo a pedra passar a poucos centímetros de distância do rosto de Uzur, que apenas podia sentir o início da sensação de desespero.

Luna estava realmente cansada, isso a atrapalhou de ser efetiva em seu ataque, caindo imediatamente de joelhos no chão.

– "A que droga…" – Murmorou Mizu, ainda no chão.

Em expressão de medo, Luna perdeu o sorriso de seu rosto, a fazendo mudar seu olhar diretamente para Mizu, que se levantava do chão da forma mais rápida que podia.

– "O que fazemos agora, Mizu?" – Luna disse, com desespero em seus olhos.

– "Eu não sei, meu plano era que você acertasse o ataque." – Mizu fechou sua expressão levemente sorridente, voltando a estar sério.

Seguido de seu plano falho, Mizu foi atacado por diversos ataques do homem que empunhava sua madeira. Desviando de todos eles, rolou pelo chão para se distanciar do campo de ataque da madeira. Eram ataques em diagonal buscando acertar sua cabeça e golpes em horizontal buscando acertar suas pernas e coluna.

Sem ser atingido por nenhum dos vários golpes, Mizu finalmente se distanciou o suficiente para não ser mais alvo dos ataques daquele pedaço de madeira.

Logo, tanto o cansaço quanto a fraqueza dominaram seu corpo. Era como se seus ossos começassem a se romper sozinhos.

– "Ah, eu não vou conseguir…" – Mizu parou de andar, se mantendo parado em um mesmo ponto.

Uzur, que se aproximava, diminuiu seus passos.

– "Finalmente você se rendeu, porém não parece disposto a negociar."

Se aproximando lentamente dele, Uzur levantou o pedaço de madeira em cima de sua cabeça, o levantando lentamente para um último golpe fatal.

– "É irônico que alguém com feitos como os seus seja descuidado dessa forma."

Mizu abriu seus braços e abraçou o corpo de Uzur, que não podia mais o atingir pela distância mínima de seus corpos.

– "Luna"

– "Já entendi, deixe comigo." – A voz da garota de cabelo escuro surgiu das costas de Uzur, que sentiu um sincero medo.

Levantando os braços para a direção de Uzur, Luna entoou:

– "Prender na sombra"

Logo, a sombra de Mizu, que era a mais próxima de Uzur, se levantou do chão, subindo por todo o corpo de Uzur e o puxando para junto dela no chão. Era como se a sombra o puxasse com seus braços, porém sua força era aplicada por todo seu corpo.

Com efetividade rápida, a sombra finalmente pôde trazer Uzur para dentro dela. Ele não pôde impedir pois não podia atingir algo que não tinha vida, presença ou forma física. Desta forma, ele foi preso dentro da sombra de Mizu que se apresentava no chão liso abaixo dele.

– "Sinceramente gostei disso" – Mizu disse, andando em círculos para ver Uzur o acompanhar preso em sua sombra.

– "Vamos?" – Luna disse, porém perdeu suas forças em sequência disso.

Caindo no chão sem energias e forças, Luna novamente desmaiou após usar outra magia para ajudar Mizu. Ela nem mesmo tinha notado a movimentação de Mizu ou sua fala antes de cair, pois tinha perdido a consciência logo que usou a magia.

"Obrigado, Luna." – Mizu sorriu, sinceramente agradecido a ela.

A colocando em seu ombro, Mizu partiu para a direção de sua casa enquanto admirava o céu escuro e era acompanhado por Uzur que estava preso em sua sombra, mas que não podia fugir, falar e, nem mesmo era percebido por Mizu.

"Eu preciso recuperar minhas armas. Não quero que ela esteja sempre assim para me proteger."

Mizu olhou Luna em seus braços e sorriu. Por algum motivo, desde o primeiro momento em que a viu, não imaginou a possibilidade de a tratar de forma diferente de como sempre fazia.

Para ele, esse fato era inexplicável, porém era o melhor que havia acontecido desde aquele dia.

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