Desperto e vejo que ainda não amanheceu, vou para o banho, me arrumo com diligência, uso roupas de uma indiana solteira, pego um taxi e sigo para o templo hindu, local onde o Guru e sua equipe me esperam.
Os cumprimento adequadamente e decido fazer um pedido especial ao meu mestre, quero que as aulas da arte da luta com espadas sejam intensificadas, para que eu possa continuar a desenvolver as habilidades necessárias, afinal precisarei de muito treinamento. No início, a intenção do Guru era a de me fazer conhecer os duelos e o de ensinar a me defender de um ataque.
Como se soubesse minha verdadeira identidade.
Preciso saber mais, já que agora dizem que sou uma Princesa Maratha, lugar de onde vem os bravos guerreiros. Não sei se usarei essa arte algum dia, mas meu coração pede que eu continue a aprender. Para essas aulas costumamos ir a uma praia deserta, assim temos mais espaço e privacidade.
Deixo o celular no silencioso para que nada atrapalhe a minha concentração.
A aula começa pontualmente às seis da manhã com hinduísmo, vamos ao interior do templo para que eu exercite meus conhecimentos, estou acompanhada pelo Guru, um Brâmane e suas respectivas esposas, faço oferendas, monto os altares, recito os mantras e as pujas que aprendi e que devo usar daqui em diante, sempre em hindi.
Terminamos a primeira aula e seguimos para uma sala na parte externa do templo, por duas horas treinamos a fluência do idioma hindi.
Logo depois sou levada para um outro salão, para começarmos as aulas de canto e dança indiana, que se estendem por mais duas horas.
Em seguida vou para a aula de culinária, fico apenas ao lado das mulheres indianas para aprender um pouco mais sobre as receitas indianas.
São as esposas do Guru, Brâmane e seus assistentes, todas são casadas e vem me instruindo e aconselhando ao longo desse tempo, me ensinam os principais sabores de uma casa.
Hoje vou cozinhar para os meus mestres, preciso mostrar tudo o que tenho aprendido ao longo desses meses, sou supervisionada, recebo poucas instruções e não consigo saber se é porque estou cometendo muitos erros e elas acham que nem vale a pena me corrigir ou se estou indo bem.
Preparo a mesa e os sirvo com cuidado, espero ansiosamente pelo parecer final, fico feliz ao receber elogios e vê-los apreciando a comida como uma iguaria.
Após a refeição, entramos no carro e vamos para o espaço reservado para a última aula de hoje, o treino com espadas.
É um treino bastante intenso e exigente para o corpo e para concentração, tratam-me como uma oponente qualquer, isso é realmente o que quero.
Os mestres encerram as aulas bem tarde, agradeço e retorno ao hotel.
Acordo antes do amanhecer, me arrumo e vou ao restaurante, finalmente tenho disposição para me alimentar, talvez os exercícios estejam produzindo resultados.
Antes das seis saio ao encontro dos sacerdotes, mestres e suas esposas, minha única preocupação no momento é a de me preparar para o meu casamento.
São várias aulas distribuídas ao longo do dia, passo por vários testes que atestam e aprovam a minha dedicação e empenho as aulas.
As aulas têm sido intensas, mas também muito agradáveis, consomem a maior parte do meu dia, mas só sinto cansaço ao retornar ao hotel, hoje as onze e meia.
Os Amigos POV:
Acordam cedo, se arrumam e vão fazer a primeira refeição do dia no restaurante, mais uma vez ficam sabendo que Weenny saiu cedo.
Terminam o café da manhã e vão direto para a aula, cumprimentam a todos e se acomodam.
— Vamos continuar a falar sobre esse longo sexto dia do shádi. Introduzi ontem o bharat e todos os rituais que acontecerão com o Dulhan antes de sua saída, comecei a falar sobre o ritual pelo qual a Dulhana vai passar antes de ir para o bharat, o Solah Shringar, que é a colocação dos dezesseis adornos de uma noiva. Prontos? Posso começar? – Guru diz.
Todos concordam e preparam seus materiais, observam que há três dias a equipe do mestre parece bem menor.
— O primeiro adorno é o vestido de noiva ou sari que é chamado de Shádi Kaa Joda e a cor mais usada é a vermelha. A Dulhana usará um véu que cobrirá o seu rosto, o pallu, isso simboliza a juventude, modéstia e sua castidade.
— Que lindo! – Dani diz.
— O segundo adorno é o arranjo de flores nos cabelos, que é chamado de Kesh-pash-Rachna, a flor utilizada deve ser o Jasmim. O penteado da Dulhana tem extrema importância e representatividade para a tradição hindu, por exemplo, seu cabelo deve ser dividido ao meio porque nós acreditamos que dessa forma a noiva ficará ainda mais bonita, fazendo com que seu Dulhan se apaixone por ela. Seus cabelos devem ser trançados, as três partes dessa trança vão representar os três rios sagrados da Índia: Ganga, Yamuna e Saraswati, a trindade dos deuses hindus: Brahma, Vishnu e Mahesh, as três famílias unidas: os pais, os sogros e agora a sua própria família que será formada pelo Shádi.
— O Dulhan já é completamente apaixonado por ela. - as amigas sorriem e dizem em uma só voz.
Guru fala algo em hindi e gesticula, os amigos não entendem.
— Eu disse Atchá! É uma palavra de concordância e alegria pelo que disseram.
E mais uma vez todos sorriem.
— O terceiro adorno são os acessórios que são colocados sobre os cabelos, conhecidos como Maangatikka e Borla e são feitos de pedras preciosas. A maangatikka é presa em ambos os lados da cabeça e seu pendente cai sobre a testa. Borla tem o formato arredondado e ficará sobre a divisão dos cabelos, é preso por uma corrente. São usados para fortalecer as energias espirituais e o poder intuitivo. Esses acessórios são primordiais e são colocados na região do sexto chakra, que representa o poder da alma e significa concentração, controle e preservação.
— Quanta coisa! Como vamos decorar? – Samara pergunta.
— É mesmo. Vamos ter que decorar isso também? – Enzo pergunta.
— Não precisam lembrar ou decorar. Explico por que quero que entendam o que a Dulhana deve usar e porque deve usar. Vou prosseguir, está bem? – Guru explica.
Todos concordam.
— O quarto adorno é o bindi, que pode ser um ponto vermelho ou uma joia e fica posicionado entre as sobrancelhas. Acredita-se que um olho místico repousa neste lugar, que permite a Dulhana ver o futuro e a sensibiliza para que saiba se algo ruim está prestes a acontecer.
— Ah, finalmente esse nós conhecemos! É o terceiro olho. – Marília, animada, diz.
— Muito bem Marília, está correto – o mestre diz — O quinto adorno é colocado apenas quando há a conclusão do shádi, o vermelhão ou sindur, é a marca da mulher casada e deve ser usado na divisão dos cabelos. Sua cor vermelha representa o poder da fertilidade de uma mulher e é auspicioso, além disso, esta marca sagrada simboliza a energia das deusas Parvati e Sati. Acredita-se que se uma mulher casada usar sindur, a deusa Parvati afastará os maus espíritos e protegerá seu marido dando uma vida mais longa a ele. O sexto adorno é o kajal ou Kohl e é uma maquiagem. Acredita-se que a Dulhana pode ser atingida por inveja por estar com um olhar tão lindo, então o Kohl é aplicado para afastar o mau olhado e protegê-la.
Os amigos prestam atenção a todas as informações, a equipe do Guru vai mostrando cada um dos itens e deixam que eles os manuseiem para que saibam o que é e como é feito.
— O sétimo adorno é o Nath, que é semelhante ao que vocês brasileiros conhecem como piercing, deve ser colocado em uma das narinas. Quando a mulher hindu é solteira, deverá usar apenas uma argola pequena ou um ponto de brilho, quando é casada deve usar um nath maior, que normalmente é em formato de argola adornada, comumente usada preso a narina esquerda e é apoiada em uma corrente que será presa atrás da orelha esquerda. Simboliza a espiritualidade e a coragem, o uso dele representa o ritual de passagem da vida de solteira para a de casada. É considerado o mais sedutor adorno e seu tamanho está relacionado a importância e riqueza do Dulhan.
— As mulheres indianas são obrigadas a usar várias coisas que mostram que são como propriedades dos homens, interessante... - Guilherme ri e diz.
— Estúpido! Machista! - Dani se aborrece e diz.
— Não Guilherme, você está errado. As esposas não são nossa propriedade, pelo contrário, é o dever do marido dar a sua esposa tudo o que ela precisa e adornar a esposa significa o quanto que ele se importa com ela, nós homens hindus casados devemos fazer tudo por elas, temos que ser cuidadosos para que possamos alimentar o amor e fazê-lo crescer. Orgulhosamente, uma esposa hindu usa símbolos como o sindur e o nath para demonstrar essa felicidade e pedir aos deuses que deem vida longa aos maridos, é como uma retribuição amorosa e não um símbolo de propriedade. – Guru intervém.
As amigas aplaudem o Guru e Guilherme se sente constrangido.
— O oitavo adorno é o Karn Phool ou brincos. O lóbulo da orelha é visto como um sinal de status social e desenvolvimento espiritual. Não é apenas um adorno elegante, mas também de proteção contrafeitiços e más influências. Quanto maior for o brinco para as mulheres hindus casadas, maior será seu status e poder. Quando os brincos são pesados, ficam presos a uma corrente que é fixada no cabelo. O nono adorno são os colares, haar e mangalsutra. São colares com comprimentos diferentes que normalmente são feitos de ouro e pedras preciosas, protegem contra o mau-olhado, trazem amor e boa sorte. Acredita-se que possui encantamento mágico e erótico. Já o Mangalsutra, que é o cordão de casamento, a Dulhana só receberá quando estiver oficialmente casada, representa uma das alianças de casamento e só será colocado por seu marido, quando a união for celebrada e só pode retirado na ocasião da morte dele. É tecido com finas linhas de algodão tingidas de amarelo. São cento e oito pedaços de linha trançados, esse é um número de sorte para os indianos, e um pingente é colocado no cordão para atrair ainda mais sorte.
Guru mostra as peças e as deixa nas mãos deles.
— O décimo adorno é o bracelete ou baajuband. É usado no braço, muitas vezes nas mangas do choli. Feitos em ouro com pedras preciosas. É usado como um amuleto. Protege contra o mau-olhado e é o símbolo da beleza perfeita. O décimo primeiro é o mehendi, que deverá ser recebido em uma cerimônia antes do sexto dia do shádi, como já expliquei anteriormente. O Mehendi é usado para proteção contra os efeitos malignos como a miséria, doenças e morte. Mehendi, na celebração do casamento, significa a essência do amor, a força do vínculo e a conexão entre os noivos.
O mestre aguarda um momento para que todos façam suas anotações.
— O décimo segundo adorno são as pulseiras, também chamadas de Choodiyaan ou Bangles, podem ser feitas de diversos materiais como vidro, ferro, metal, marfim, cerâmica e ouro. É uma marca da mulher hindu casada, ela nunca deverá aparecer em público sem suas pulseiras, que normalmente são em número pares, oito, doze ou vinte e quatro. Também existe a Hathphulor que é uma pulseira com oito anéis em ambas as mãos, que estão ligados com uma flor central ou medalhão que cobre a parte superior da mão. E a kalira, que é um pendente decorado e que deve ser colocado nas pulseiras, tradicionalmente usada na cerimônia Churda.
— Mais pulseiras, fora as que serão colocadas na cerimônia churda? – Michele está assustada com a quantidade de itens.
— Sim, claro. Não se assustem, as pulseiras da churda são finas e são usadas por pouco tempo, olhem os braços da minha esposa, ela usa muitas bangles.
Sumitra ergue os braços para que todos vejam suas pulseiras, os amigos aproveitam para conferir se ela usa todos os adornos de uma mulher casada.
— O décimo terceiro adorno é o anel aarsi, que é um anel com espelho usado no dedo polegar.
— Weenny usa um deste desde quando... – Samara começa a dizer.
— Ei Samara. - Vivian a repreende antes que exponha o casal de deuses desnecessariamente.
— Weenny ganhou o anel aarsi de presente do Dulhan. - Michele, sorrindo, diz.
Claudio mostra uma foto da Weenny usando o anel e Guru confirma que esse anel é o aarsi.
— Exatamente! Esse é o anel que eu estava falando, o uso dele garante que a Dulhana, mesmo estando com o rosto coberto pelo pallu, veja através do espelho do aarsi o seu Dulhan ou a ela mesma. O décimo quarto adorno é o kardhani ou karmaband, que são na verdade cintos feitos em ouro e decorado com pedras preciosas, este ornamento não só deixa a Dulhana mais bonita como também ajuda a manter o sari no lugar. É o símbolo da transferência de autoridade da família, mais uma vez quanto maior e mais adornado for maior o kardhani, maior é o poder da Dulhana.
Mais uma vez todos observam os itens que lhe são entregues.
— Agora o décimo quinto adorno é chamado de payal, pajeb e Bicchuaas, que são as tornozeleiras e anéis de dedo. As tornozeleiras são usadas por uma noiva para chamar a atenção para a sua presença e anunciar a sua entrada na vida da Dulhan e na nova casa, são usadas sempre em pares. Uma curiosidade sobre as tornozeleiras é que elas são feitas de prata, não pode ser de ouro porque o metal é respeitado como um deus, consideram que usar ouro nos tornozelos ou pés é desrespeitoso e um mau presságio. Por esse motivo, os anéis nos dedos dos pés são feitos de prata e usado em números pares, há também uma curiosidade desse adorno, um deles será uma outra aliança que a Dulhana receberá durante a cerimônia de casamento, retornarei a esse assunto em breve.
Todos ficam curiosos por saber de mais essa aliança, pegam as tornozeleiras e as acham pesadas, o som produzido por elas são semelhantes a guizos.
— O último adorno é Itra ou Itar, que é o perfume, a fragrância tem um aroma duradouro e deixa uma aura positiva e agradável, mantém a atmosfera auspiciosa e acolhedora. Após o ritual Solah Shringar a Dulhana deverá seguir no final do Bharat e só adentrará na tenda de casamento quando for anunciada.
Guru fez uma breve pausa e entrega o Itar nas mãos deles.
— Agora vou começar a falar do final do Bharat. Os pais da Dulhana adentrarão a tenda de casamento primeiro, receberão os pais do Dulhan, então acontecerá o milni, que é o momento em que as famílias do Dulhan e da Dulhana se cumprimentam e trocam presentes. Logo depois o Dulhan adentrará o local do cerimonial, poderão ser vistos torans decorando a entrada, torans são cordões de flores como se fossem cortinas, então ele deverá tocar o toran com uma espécie de bambu, esse gesto marca a chegada dele. O Dulhan continuará caminhando até chegar diante de sua sogra, ela deverá recebê-lo e fazer o aarti, que é uma recepção auspiciosa com o objetivo de purificar o genro de toda a influência negativa e mau olhado que possam tê-lo atingido no trajeto até o shádi. Para fazer o Aarti são necessários alguns itens: bandeja, diya, que é uma lâmpada a óleo, tilak e flores. A mãe da Dulhana segurará essa bandeja e fará sete voltas na em torno do rosto do Dulhan, no sentido horário, enquanto faz um pedido ou um desejo em cada uma dessas voltas.
Os amigos olham todos aqueles adornos colocados sobre a mesa, parecem tão grandes e pesados quanto bonitos.
— Vamos entrar agora no cerimonial do casamento propriamente dito, após o milni que é o momento no qual as famílias dos noivos se confraternizam e trocam presentes, todos irão para a tenda de casamento. O primeiro ritual será de purificação do Dulhan, o pai da Dulhana vai lavar os pés dos Dulhan para que os passos dele sejam tão puros quanto os da noiva, esse gesto demonstra a aceitação do sogro ao genro. A Dulhana será convidada a entrar na tenda de casamento, ela virá segurando um côco nas mãos, esse gesto simboliza a fertilidade e pureza que ela traz consigo para esse casamento, então acontecerá a Jaimala, que é o momento em que os noivos se cumprimentam. Logo após esses rituais, o Dulhan é convidado a colocar as mãos sob as mãos da Dulhana para que elas sejam purificadas, esse gesto simboliza a pureza das atitudes e intenções de ambos.
Os amigos continuam anotando e gravando tudo.
— Ronaldo fará a entrega da Dulhana, esse ritual é chamado de Kanyadan, ele perguntará ao Dulhan se ele aceita o compromisso do casamento, apenas quando houver a concordância do noivo é que Ronaldo entrega a Dulhana aos cuidados dele, colocando a mão direita da Dulhana sobre a mão direita do Dulhan, esse gesto simbólico representa que a família da Dulhana está passando os cuidados com a vida dela para a responsabilidade do genro, ele se responsabilizará por todos os aspectos da felicidade dela perante Deus, familiares e amigos.
As amigas sussurram elogiando esse ritual.
— Ocorrerá em seguida o Gath Bandhan, que é o momento no qual a mãe do Dulhan dá ao novo casal uma moeda de uma rúpia, moeda indiana, para que seja colocado no nó que Pandith atará com a dupatta do Dulhan e o sari da Dulhana. A moeda significa que os noivos terão que começar sua vida quase do zero, construindo não só a vida, mas também a sua fortuna a partir dessa primeira rúpia. Será a partir disso que vai iniciar o Vagdanam, que significa a entrega da palavra, marca o início da cerimônia do shádi. A mãe da Dulhana colocará no colo da noiva uma cesta com frutas e um pouco de açúcar cristal, este é o símbolo do desejo de felicidade e prosperidade no ciclo que se inicia, logo em seguida a Dulhana oferecerá um pote com iogurte e mel ao Dulhan, simbolizando a pureza e a doçura que eles querem para suas vidas.
Todos estão prestando máxima atenção a cada detalhe, Guru e a equipe fazem questão de mostrar os elementos indispensáveis em um shádi através de fotos.
— Pandith conduzirá os noivos na troca de grinaldas...
— Grinalda? Conhecemos isso como uma espécie de véu da noiva. – Tatiane, confusa, pergunta.
— Grinalda para os hindus é um colar feito com flores, ambos os noivos usarão a partir deste momento do cerimonial, um colocará a grinalda no outro e farão uma declaração mostrando que estão firmando esse compromisso de livre e espontânea vontade.
Um suspiro de alívio demonstra que eles entendem o que significa a grinalda indiana.
— O Dulhan ofertará um pote de arroz ou de trigo em grão ao sacerdote, simbolizando que embora o Dulhan esteja entrando em uma fase nova e diferente da sua existência, não esquecerá nem da caridade nem de outras ações em benefício da sociedade e dos necessitados. A conclusão do Vagdanam se dará com a ação dos pais, primeiro as mães dos noivos vão para fora da tenda principal levando um pote com água e duas facas. Cada uma delas ficará com uma faca na mão e o pote com água ficará entre elas, uma por vez passará a faca como se cortasse a água e fará um desejo específico com a intenção de que o novo casal seja protegido de todo mal e das influências negativas. Logo depois Ronaldo, o pai da Dulhana, verte uma colher de água no solo, simbolizando o sacrifício que a família estará fazendo para deixar sua filha partir e como condição pede um juramento do seu genro.
— Não deveria ser uma ocasião feliz a partida da Dulhana para a vida de casada? – Gislaine, confusa, pergunta.
— Sei que eles estão felizes com o casamento. - Leonardo afirma.
— Quando um pai hindu dá a sua filha em casamento, a partir deste momento da cerimônia, a filha deixará de fazer parte da sua família, deixará a sua casa para viver na casa da família do Dulhan, significa uma quebra de vínculo com a família com quem ela viveu até o momento do shádi. A Dulhana será recebida como filha por seus sogros e passará a pertencer a essa nova família, serão eles os responsáveis por sua proteção, bem-estar e felicidade a partir deste momento.
— Ela não pode ver mais seus pais? É isso? - Mayara pergunta.
— Sim, ela os verá, mas com uma frequência menor. Esse momento marca a quebra de um vínculo tão forte, o pai estará dando a filha para esta nova família, é um momento de dor. Por isso que o pai é tão cuidadoso e criterioso ao escolher o seu genro, para que a sua filha possa ter uma vida melhor e mais feliz sob a proteção de sua nova família.
Os amigos estão surpresos por tantas novidades. Guru faz questão de revisar e mostrar fotos de cada parte do Vagdanam e assim a aula termina tardiamente, mas nenhum deles se importa.
Os amigos procuram por Weenny, mas não a encontram, alguns saem para se divertir e voltam tarde, outros simplesmente revisam o conteúdo das aulas e descansam.