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Conto 8: Vida após a morte

Costumava ligar para minha mãe, prosear sobre a vida, desabafar e pedir oração: minha querida prima, Mirna. Morava em outro país e há muitos anos não a víamos.

Mirna sofria com o câncer, e, por isso, preocupava-se muito com a filha: "O que será dela se eu partir? Como vai se virar sem mim? "

Depois de meses de sofrimento, Mirna faleceu.

Costumo levantar de madrugada para orar por todos da família, aproveito o silêncio e a paz das primeiras horas do dia para conversar com Deus. Senti no coração de orar por Mirna.

"Sei que ela está do outro lado, mas será que pode me ouvir? " – pensei, cheia de incerteza.

E um anjo responde:

- Ela está aflita. Ela precisa da oração de sua mãe!

No dia seguinte ligo para minha mãe:

- Oi mãe! Tudo bem?

- Tudo bem. Como estão todos aí? Luigi, Victor, Edgar, você...

- Estamos bem, mãe. Preciso falar uma coisa: enquanto orava pela alma de Mirna, um anjo disse que ela precisava de sua oração.

- Mas ela está morta! A Bíblia diz que os mortos dormem! – e continuou. – Tem certeza que foi um anjo mesmo? – indagou incredulamente.

- Tenho mãe! Mirna está precisando das suas palavras, ela precisa do conforto da sua oração. – retruquei pacientemente.

- Você está pedindo para ir contra os ensinamentos da Bíblia! – disse furiosamente.

- Não se dorme depois da morte.

- Quem disse?

- O anjo disse que ela precisa da sua oração. Você está negando oração e disso Deus não se agrada!

- E por que o anjo falou com você? Por que não comigo ou com a Lívia? Você nem era próxima dela! – elevando o tom de voz, cada vez mais.

- É porque vocês não creem! As nossas crenças muitas vezes limitam o agir de Deus! Se o anjo falasse direto com você, você acharia que era o inimigo e o repreenderia.

- Não vou orar, está escrito que depois da morte não tem nada, que os mortos vão dormir até a vinda de Cristo Jesus. – decidiu, já irritada.

Despeço-me e desligo o telefone. Oro, abro a Bíblia e tiro a palavra.

"E Paulo [...], havendo dito isto, houve dissensão entre os fariseus e saduceus; e a multidão se dividiu. Porque os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito; mas os fariseus reconhecem uma e outra coisa.

E originou-se um grande clamor; e, levantando-se os escribas da parte dos fariseus, contendiam, dizendo: Nenhum mal achamos neste homem, e, se algum espírito ou anjo lhe falou, não lutemos contra Deus. "

Ligo para a mãe de novo:

- Mãe, tirei a palavra: Atos 23: 6-9. Dá uma lida! Essa palavra confirma o que estávamos discutindo!

Ela abre a Bíblia e faz a leitura.

- Pode ser que seja a vontade de Deus... – falou baixinho.

- Custa fazer uma oração? Você acha que será castigada se fizer uma oração por uma pessoa que se foi? Sua mãe orava pelos mortos. – supliquei.

- Não sabia. – respondeu serena.

- Ela fazia uma oração em latim. Mãe, depois que a oração é lançada, Deus decide o que fazer com ela. Ora e deixa nas mãos de Deus, isso é um ato de fé!

- Tudo bem, vou orar pela Mirna... Essa deve ser a vontade de Deus. – resigna-se.

De madrugada, deitada na cama, faço uma oração:

- Senhor, Mirna está sofrendo do outro lado, permita que esta oração chegue até ela. Sei que ela não está aqui, mas acredito que existam anjos com permissão para levar esta oração:

"Mirna, descanse em paz, vai dar tudo certo! Deus vai cuidar de sua filha, e, tudo que acontecer com ela será para seu crescimento. Lembra de mim quando era pequena? Como eu era? Como estava? Você falou que ficou com pena quando me viu, e chorou... disse que estava malvestida, mal penteada e morando num lugar sujo e pobre. Mas agora, olha como estou! Eu cresci, também espiritualmente e ela vai crescer também! Você não a deixou só, porque Deus cuida dela e cuida de todos nós. Confia em Deus e descansa! "

Nesse momento, tenho uma visão: um buraco abrindo-se e um rolo de papel, com a oração, sendo atirado para o outro lado, em seguida o buraco se fecha.

O buraco abriu e fechou num piscar de olhos. A mensagem chegou.

No dia seguinte, ligo para minha mãe:

- Orou pela Mirna? – perguntei curiosa.

- Sim, fiz uma oração. – respondeu tranquila.

- E o que falou pra ela?

- Falei que ficasse em paz porque eu iria ajudar a filha sempre que ela precisasse, dentro das minhas condições, lógico.

- Mirna está mais tranquila, precisava de suas palavras.

- Como você sabe?

- O anjo falou.

Despedimo-nos, desligo o telefone e medito:

"Foi permitida a abertura, entre o mundo dos vivos e o dos mortos, para a passagem de uma oração, porque num dos mundos havia uma grande inquietação. Mirna precisava ligar para minha mãe, precisava ouvir a última oração... "

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