webnovel

Capítulo 6: O Eco das Trevas

A madrugada ainda cobria Kyoto com seu manto silencioso quando Maya, Aisha, Joshua e Akumi desembarcaram na antiga capital japonesa. A brisa noturna carregava um frio incomum para a época do ano, como se a própria cidade pressentisse a escuridão que se aproximava. As ruas, geralmente vibrantes mesmo à noite, estavam desertas. Lojas fechadas, lanternas apagadas e uma névoa densa que serpenteava entre os becos estreitos criavam um cenário quase fantasmagórico.

"Isso está pior do que da última vez", sussurrou Maya, seus olhos percorrendo as sombras em busca de qualquer sinal de movimento. "A energia negativa é quase tangível."

Akumi apertou o casaco contra o corpo, não pelo frio, mas pela sensação opressiva que a cercava. "O epicentro parece estar no templo principal da Luz das Armas. É lá que tudo começou e, pelo visto, é lá que tudo vai terminar."

Aisha fechou os olhos por um momento, concentrando-se. O Farol da Sabedoria da Bússola emitiu uma luz suave que iluminou parcialmente a névoa, revelando trilhas de energia sombria que convergiam em direção ao templo. "Você tem razão, Akumi. Há algo muito poderoso nos aguardando. Precisamos ser cautelosas."

Joshua, sempre observador, ajustou seu manto camaleônico, tornando-se quase invisível contra o ambiente. "Posso avançar à frente e verificar o caminho. Minha habilidade de camuflagem será útil para evitar surpresas desagradáveis."

Maya assentiu. "Certo, mas mantenha-se em contato. Qualquer coisa suspeita, nos avise imediatamente."

Enquanto Joshua desaparecia nas sombras, o trio restante avançou pelas ruas silenciosas. Cada passo era acompanhado pelo rangido distante de portas balançando ao vento e pelo gotejar de água das calhas, criando uma sinfonia inquietante.

"Kyoto nunca esteve tão... morta", comentou Aisha, quebrando o silêncio.

"É como se a cidade inteira estivesse sob um feitiço", respondeu Maya. "Precisamos agir rápido."

Akumi olhou para as fachadas das casas, lembrando-se de tempos mais felizes. "Eu cresci nessas ruas. Ver minha cidade assim parte meu coração."

De repente, um ruído metálico ecoou à distância. Maya sinalizou para que parassem. "Vocês ouviram isso?"

Antes que pudessem responder, três figuras emergiram da névoa, bloqueando o caminho. Eram guardiões do templo, mas seus olhos estavam vazios, e eles portavam espadas curtas que brilhavam com uma energia escura.

"São eles", murmurou Akumi, reconhecendo os rostos familiares. "Estão sob o controle dos amuletos."

Aisha deu um passo à frente. "Não queremos machucá-los. Podemos tentar desarmá-los."

Os guardiões avançaram sem aviso, movendo-se com agilidade surpreendente. Maya mal teve tempo de erguer suas correntes para bloquear um golpe que visava seu ombro.

"Não temos escolha!", exclamou ela. "Defesa Circular!"

Girando sua Corrente de Andrômeda em alta velocidade, Maya criou uma barreira que repeliu os ataques. Aisha aproveitou a oportunidade para mover-se rapidamente, aplicando golpes precisos nos pontos de pressão dos guardiões, tentando incapacitar sem causar danos permanentes.

Akumi hesitou por um momento, mas decidiu agir. Usando técnicas de artes marciais que aprendera no templo, ela desviou-se de um ataque e aplicou uma chave de braço em um dos guardiões, derrubando-o suavemente no chão.

"Desculpe-me", sussurrou ela.

Com os guardiões neutralizados, o caminho para o templo estava livre. Joshua reapareceu ao lado delas, ofegante.

"Há mais deles dentro. E pior, sinto uma presença poderosa no salão principal", informou ele.

Maya trocou um olhar com Aisha. "Estamos prontos?"

Aisha assentiu firmemente. "Vamos acabar com isso."

Em Machu Picchu, o ar rarefeito das montanhas não era o único desafio que Fernando, Léo, Julian e Quilla enfrentavam. Enquanto subiam as escadarias de pedra, podiam sentir uma vibração estranha sob seus pés, como se a terra estivesse viva.

"Esse lugar sempre me deu arrepios, mas hoje está diferente", comentou Julian, ajustando a urna de sua Armadura de Unicórnio nas costas.

Léo analisava as leituras em seu dispositivo portátil. "As anomalias magnéticas estão fora do comum. Algo ou alguém está manipulando a energia deste lugar."

Quilla parou por um momento, fechando os olhos e respirando profundamente. "Consigo sentir. O centro energético está sendo corrompido. Se não agirmos rápido, isso pode desencadear um desastre natural."

Fernando estalou os dedos, ansioso. "Então não vamos perder tempo. Quanto antes chegarmos lá, melhor."

Ao chegarem ao topo, depararam-se com um altar antigo cercado por símbolos incas que brilhavam em uma tonalidade escarlate. Três figuras encapuzadas estavam ao redor, entoando cânticos em uma língua esquecida.

"Precisamos interromper o ritual", sussurrou Léo.

Julian sorriu de canto. "Deixem isso comigo." Com um salto ágil, ele avançou. "Carga Relâmpago do Unicórnio!"

Sua velocidade foi tão grande que deixou um rastro luminoso. Ele tentou surpreender os cultistas, mas um deles ergueu a mão, criando uma barreira energética que o repeliu.

"Não serão tão fáceis", murmurou Fernando. "Vamos juntos!"

Quilla reconheceu um dos cultistas quando seu capuz caiu. "Diego de Lince? Você deveria estar desaparecido!"

Diego sorriu, seus olhos brilhando em vermelho. "Quilla, irmão, junte-se a nós. O Caos oferece um poder que você não pode imaginar."

"Não me chame de irmão! Você traiu tudo o que juramos proteger!", gritou Quilla, preparando-se para o combate.

Fernando avançou contra os outros dois cultistas. Usando a Astúcia da Raposa, ele moveu-se em zigue-zague, confundindo-os. Quando chegou perto o suficiente, desferiu uma sequência de golpes rápidos. Um dos cultistas bloqueou, mas o outro foi atingido e caiu para trás.

Léo concentrou-se em manipular o terreno. "Dança dos Elementos do Escultor!" Com um gesto, fez com que o solo sob os pés dos cultistas se movesse, desequilibrando-os.

Diego percebeu a situação e decidiu agir. "Vocês são persistentes, mas não têm chance contra o poder que possuo agora." Ele elevou seu cosmo, e uma aura negra o envolveu.

"Ele está ficando mais forte!", alertou Julian, recuperando-se do golpe anterior.

Quilla não hesitou. "Isso acaba agora, Diego!" Ele avançou, esquivando-se dos ataques sombrios e desferindo um golpe direto no amuleto que Diego usava no pescoço.

O amuleto rachou, e Diego gritou de dor. A energia negra dissipou-se, e ele caiu de joelhos, ofegante. "O que... o que aconteceu?"

"Você estava sendo controlado", explicou Quilla, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar. "Agora está livre."

Fernando e Léo terminaram de neutralizar os outros cultistas, destruindo seus amuletos. A energia no altar começou a diminuir, e o brilho escarlate desvaneceu-se.

"Bom trabalho, pessoal", disse Léo, respirando aliviado. "Mas precisamos destruir este altar para garantir que não será usado novamente."

Em Kyoto, dentro do templo, o ambiente era ainda mais opressivo. As paredes estavam cobertas de símbolos estranhos que pareciam se mover sob a luz tremeluzente das velas. O ar era pesado, dificultando a respiração.

No centro do salão principal, o Sumo Sacerdote da Luz das Armas estava ajoelhado diante de um grande espelho negro, murmurando palavras incompreensíveis. Sua aparência estava alterada: a pele pálida, os olhos profundos e vazios, e um amuleto brilhando intensamente em seu peito.

"É ele", sussurrou Akumi, contendo as lágrimas. "Ele nos treinou, nos guiou. Não posso acreditar que chegou a isso."

Nérion materializou-se ao lado do Sacerdote, um sorriso sinistro nos lábios. "Bem-vindas, Cavaleiras de Athena. Chegaram na hora certa para testemunhar o renascimento do Caos."

Maya deu um passo à frente, erguendo as correntes. "Não permitiremos que continue com seus planos, Nérion."

Ele riu, uma risada fria que reverberou pelo salão. "Vocês não têm ideia do poder que estou prestes a liberar."

De repente, sombras começaram a se erguer do chão, tomando forma de criaturas grotescas que cercaram o grupo.

"Preparem-se!", alertou Aisha.

As criaturas atacaram simultaneamente. Maya girou suas correntes, usando a Defesa Circular para proteger o grupo. As lâminas das correntes cortavam o ar, repelindo os monstros sombrios que se desfaziam ao contato.

Joshua usou sua Camuflagem Camaleônica para flanquear os inimigos, golpeando-os com rapidez e precisão. Akumi, embora sem armadura, demonstrou habilidades impressionantes em artes marciais, derrubando os adversários com movimentos fluidos.

Nérion observava a batalha com desdém. "Vocês estão apenas atrasando o inevitável."

Aisha concentrou-se, elevando seu cosmo. "Cardinal Cross!" Dois feixes de luz em forma de cruz partiram de suas mãos, dirigindo-se a Nérion. Ele ergueu uma barreira sombria que absorveu o ataque.

"Preciso de mais tempo", sussurrou Maya para Aisha. "Se conseguirmos distraí-lo, posso usar a Tempestade Nebulosa."

Aisha assentiu. "Deixe comigo." Ela avançou, movendo-se com agilidade graças à Rota Deslumbrante da Bússola. Seus movimentos rápidos confundiram Nérion, que teve dificuldade em acompanhá-la.

Enquanto isso, Maya fechou os olhos, concentrando-se profundamente. Sentiu seu cosmo expandir-se, conectando-se com as forças da natureza ao seu redor. O ar ao seu redor começou a girar, criando um vórtice.

"Agora!", gritou Aisha, saltando para trás.

"Tempestade Nebulosa!", bradou Maya, liberando uma poderosa rajada de ventos que varreu o salão. O impacto atingiu Nérion em cheio, quebrando sua barreira e arremessando-o contra a parede.

Nérion levantou-se com dificuldade, uma expressão de fúria no rosto. "Vocês me subestimam!"

Antes que pudesse contra-atacar, Akumi correu em direção ao Sumo Sacerdote. "Perdoe-me, mestre." Com um movimento preciso, ela destruiu o amuleto no peito dele.

O Sacerdote caiu, e uma névoa negra saiu de seu corpo, dissipando-se no ar. Nérion gritou de raiva. "Não! Seu sacrifício era essencial!"

Aisha aproveitou o momento de fraqueza. "Brilho Celestial da Bússola!" Uma luz intensa inundou o salão, atingindo Nérion e purificando as sombras ao seu redor.

Ele começou a se desintegrar, sua forma perdendo consistência. "Isso não acaba aqui, Cavaleiras. O Caos é eterno!" E com um último grito, desapareceu.

O templo começou a tremer, as paredes rachando. "Precisamos sair daqui!", alertou Joshua.

O grupo correu para a saída enquanto o templo desmoronava atrás deles. Do lado de fora, a primeira luz do amanhecer surgia no horizonte, e a névoa que cobria a cidade começava a se dissipar.

"Conseguimos", disse Maya, ofegante.

Akumi olhou para a cidade que despertava. "Obrigado por me ajudarem a salvar minha casa."

Aisha sorriu. "Ainda temos muito trabalho pela frente, mas este é um bom começo."

No Santuário, os Cavaleiros reuniram-se para relatar suas missões. Athena e o Grande Mestre ouviram atentamente, seus rostos refletindo tanto preocupação quanto esperança.

"Vocês fizeram um excelente trabalho ao impedir os planos de Nérion", elogiou o Grande Mestre. "Mas ele ainda está lá fora, e precisamos estar preparados."

Athena assentiu. "A batalha contra o Caos está apenas começando. Mas com coragem, união e determinação, podemos superar qualquer obstáculo."

Fernando cruzou os braços, um sorriso confiante no rosto. "Então é hora de intensificarmos nosso treinamento."

Léo concordou. "E de elaborarmos estratégias mais eficazes. Precisamos entender melhor o inimigo."

Maya olhou para Akumi e Quilla. "Com a ajuda de vocês, temos informações valiosas sobre as operações do Caos."

Akumi assentiu. "Faremos tudo o que pudermos para auxiliar."

O Grande Mestre levantou-se. "Descansem por agora. Amanhã, iniciaremos os preparativos para a próxima fase desta batalha."

Enquanto os Cavaleiros dispersavam-se, Maya caminhou até uma varanda que oferecia uma vista panorâmica do Santuário. Aisha juntou-se a ela.

"Perdida pelos seus pensamentos?", perguntou Aisha.

Maya suspirou. "Sinto que estamos apenas arranhando a superfície. Nérion é poderoso, e o Caos parece infinito."

Aisha colocou a mão no ombro dela. "Talvez, mas temos algo que eles não têm: esperança e união. E enquanto estivermos juntos, podemos enfrentar qualquer coisa."

Maya sorriu. "Você tem razão. Vamos vencer esta batalha."

Ao longe, uma figura observava do topo de uma colina, escondida entre as árvores. Os olhos de Nérion brilhavam na escuridão. "Eles são fortes, mas ainda não estão prontos para o que está por vir."

Ele virou-se e desapareceu nas sombras, deixando apenas o sussurro do vento como testemunha de sua presença.

Próximo capítulo