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Qualquer coisa em excesso

Aries deslizou na banheira até que seu peito ficasse submerso na água. À sua frente estava Abel com as pernas abertas, os joelhos para fora da água, braços sobre as bordas da banheira, inclinado para trás, olhos nela.

Ela permaneceu em silêncio desde que se juntou a ele na banheira, e Abel também. Muitas ideias já lhe passaram pela cabeça sobre o que ele poderia fazer com ela, mas Abel não tinha feito nada além de encará-la até agora.

"Ele gosta de silêncio? Ou estava esperando que eu falasse?" ela se perguntou enquanto lançava um olhar furtivo para ele. No segundo em que o fez, ele sustentou seu olhar.

"Querida, se você tem algo em mente, diga em voz alta." Abel finalmente quebrou o silêncio enquanto tocava sua têmpora. "Mesmo que você guarde seus pensamentos dentro dessa cabecinha, eu posso dizer que você continuou revidando por dentro."

"Perdão?" — ele podia ler mentes? Ela se perguntou em pânico.

"Está estampado no seu rosto." Sua explicação foi curta e direta. "Agora, vamos ouvir o que está dentro dessa sua cabeça. Você não quer que eu abra seu crânio para saciar minha curiosidade, quer?"

Aries engoliu, ouvindo em seus ouvidos. Ela sabia que as últimas observações não eram apenas uma simples brincadeira. Abel certamente faria isso se lhe apetecesse.

"Eu — Eu estava me perguntando se Sua Majestade prefere que eu fique em silêncio ou que o divirta falando," ela confessou, olhando cautelosamente em seus olhos.

Abel estreitou os olhos, examinando-a enquanto acariciava o queixo. Ela soava cautelosa com sua voz trêmula e, ainda assim, mantinha o contato visual com ele. Mesmo quando ela estava nua diante dele, ele não sentia nenhuma relutância dela em mostrar seu corpo. Se alguma coisa, ele sentiu... confiança.

"Adivinhe," ele respondeu, fazendo com que as sobrancelhas dela se elevassem. "O que você acha que eu prefiro?"

Os lábios dela se juntaram, apertando a mão debaixo d'água. Mas ela respirou fundo e soltou devagar.

"Nenhum dos dois?" ela respondeu e Abel inclinou a cabeça. "Eu não acho que Sua Majestade goste de muito silêncio, nem que ele goste de muita conversa — especialmente conversa fiada...?"

Contente com sua resposta, Abel assentiu. "Bom. Se você apenas ficar em silêncio, eu posso entender que você talvez não queira falar. Eu posso conceder esse silêncio, permanentemente."

"Deus... ele estava pensando em me silenciar mais cedo?" O ombro dela se tensionou enquanto seu coração batia alto contra seu peito. Ouvir sua resposta a fez perceber que ela não deveria apenas jogar pelo seguro. Em vez disso, ela tinha que jogar perigosamente e correr algum risco para manter este homem interessado.

"E também não gosto de muito barulho. Basicamente, nada em excesso. Você entende minhas preferências agora?" ele perguntou, sorrindo ao olhá-la.

"Si — não..." Aries baixou a cabeça, mordendo a língua enquanto andar na corda bamba parecia caminhar na beira de um precipício. Um passo em falso e tudo acabaria.

"Não?" Abel arqueou uma sobrancelha, observando-a levantar o olhar para ele.

"É muito complicado, Sua Majestade."

"Como é complicado?"

Aries reuniu sua coragem para falar, mas ainda escolheu suas palavras cuidadosamente. "Se meus pensamentos são irrelevantes para você, então eu naturalmente manterei meu silêncio. Mas Sua Majestade pode assumir que era meu desejo e concedê-lo a mim por bondade."

"Haha! Então, pense em outras coisas que eu acharei relevantes!" O canto dos lábios dele se estendeu num sorriso largo, gargalhando ao ver como ela apresentava seu ponto de vista sem ultrapassar a linha, mas sem apertar um botão.

Todas as mulheres com quem ele havia estado ou se jogavam para ele, e o único meio de entretê-lo era aquecendo sua cama. Era apenas uma questão de desempenho. Mas este novo animal de estimação que ele escolhera estava quebrando o padrão inconscientemente.

Ele até gostava disso, mas ao mesmo tempo, não.

Os olhos de Abel se estreitaram maldosamente, fazendo-a recuar com a súbita maldade emanando dele. "Querida, você quer me manter entretido?" ele a observou segurar a respiração, fazendo seus olhos caírem enquanto mantinha seu sorriso.

"Então, que tal isso? Por que você não faz as coisas que você normalmente faria para agradar seu antigo mestre?"

A mente de Aries ficou em branco por um segundo. Que tipo de jogo ele queria jogar? Ela examinou seu sorriso, e ela sabia instantaneamente que ele gostava de infligir agonia nos outros. Ele queria que ela revivesse aqueles tempos sombrios no Império Maganti.

"Esse homem sádico..." Seu punho debaixo d'água se fechou enquanto seu ombro se tensionava. "Ele acha que é tão fácil assim?"

"Hmm? Por que você não está se movendo? Você não quer brincar comigo?" Abel perguntou, piscando duas vezes enquanto inclinava a cabeça para o lado. "Vamos, querida. Eu só quero saber como você era boa para o príncipe coroado te procurar por todo aquele lugar."

Aries mordeu o lábio inferior antes de soltar um suspiro superficial. "Eu já estou fazendo isso, Sua Majestade."

As sobrancelhas dele se franziram enquanto a encarava. Ela ainda não tinha feito nada, e ela já estava fazendo isso? A realização foi rápida em passar pela mente dele enquanto balançava a cabeça levemente.

"Você apenas fica parada para agradá-lo?" ele riu, balançando a cabeça enquanto passava os dedos pelo cabelo preto como o jato. "Eu não sabia que o príncipe coroado de Maganti é tão manso!"

"Eu nunca me submeti a ele," ela explicou em voz baixa, olhando as ondulações na banheira enquanto abraçava os joelhos. "Eu preferiria morrer a ser seu cachorro."

Aries encarou seu reflexo distorcido. Como Abel não se importaria, ela não se importava em contar a ele um pouco do resumo de sua vida em Maganti. Enquanto ela se encolhia, Abel apenas a observava sem vestígios de emoções humanas no rosto.

"Então, ele simplesmente se forçou a você?" ele perguntou, quebrando o silêncio entre eles. Ela olhou para ele antes de desviar o olhar.

"Sim," ela sussurrou, abstendo-se de fazer contato visual com ele. "Ele assassinou minha família, então não vejo motivo para agradá-lo."

Abel inclinou a cabeça para o outro lado, piscando preguiçosamente. "Eu não acredito em você."

Aries apenas o olhou para ver sua expressão imutável. Ela lhe contou isso não para conseguir sua simpatia ou para ele acreditar nela. Abel não era esse tipo de pessoa, e isso estava claro para ela. Ela estava simplesmente dizendo a verdade já que ele queria saber. Mas ela não encontrava motivo para se defender, já que ele acreditaria no que quisesse acreditar.

"Venha aqui." Abel fez um sinal com o dedo, os olhos brilhando ameaçadoramente. Ela hesitou, mas ainda assim se arrastou em direção a ele.

"Vire-se e deite aqui," ele instruiu, puxando os ombros dela para seu corpo quando ela se virou. Ele a manteve entre suas pernas, afastando o cabelo dela para o lado.

"Eu odeio mentirosos." Aries estremeceu quando ele acariciou seu ombro, fazendo-o olhar para cima. "Se eu provar que tudo o que você disse são mentiras..."

Lentamente, Abel se inclinou e mordeu levemente o ombro dela. Ela estremeceu levemente, segurando a mão sem fazer um som.

"... eu vou desintegrar você."

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