16 º dia, da primeira lua do ano de 289.
Robb pov
Jon estava a pouco mais de um dia de viagem, e a comitiva já podia ver as grandes muralhas do porto e seu castelo branco. Desde que Jon partiu, venho pensando nas nossas brincadeiras de cavaleiros; ele sempre brincava comigo e não ligava para o que as pessoas diziam. Mas um dia tudo mudou. Ele perguntou sobre sua mãe, e meu pai não falou. Desde aquele dia. Meu irmão se tornou outra pessoa: parou de brincar e começou a se dedicar aos seus projetos. Uma vez, tentei olhar seu caderno, mas não entendi nada—eram desenhos e números. Com o tempo, ele literalmente parou de falar comigo e focou apenas em seus planos. Ouvi uma das criadas dizer que bastardos cresciam mais rápido; eu odiava essa palavra. Isso mudou Jon: os servos, minha mãe e até Sansa já não falavam muito com ele. Tentei me aproximar, mas percebi que meu irmão não estava mais ali; ele cresceu. Eu precisava crescer também, e comecei a focar nos estudos, mas Jon sempre estava um passo à frente. Quando descobri que ele começaria seu treinamento com espadas, implorei à minha mãe para falar com meu pai. Mais tarde, descobri que seu treinamento fazia parte do acordo que ele fez com meu pai. Comecei a treinar escondido, mas toda vez que via Jon, ele estava melhor do que antes.
Saindo de meus pensamentos, meu pai convocou todas as grandes casas do Norte para algo que Jon queria mostrar. Meu pai não é um homem que cede aos caprichos dos filhos; deve ser algo importante, especialmente porque minha mãe também vem. Ele sempre odiou Jon, um "vergonha nascida da luxúria", segundo ela. Eu só via o garoto que brincava comigo—meu irmão.
Porto Branco. meu coração dispara com uma mistura de admiração e apreensão. As imensas muralhas de pedra, desgastadas pelo tempo e pelo mar, se erguem imponentes contra o céu, como guardiãs de segredos antigos. A brisa salgada traz o cheiro do mar e das especiarias que permeiam o ar, enquanto o som das ondas quebrando nas rochas ecoa como um canto de boas-vindas, mas também como um aviso.
As ruas da cidade são um labirinto vibrante de vida; comerciantes gritam suas ofertas, exibindo peixes frescos e tecidos luxuosos em barracas coloridas. Vejo rostos curiosos se voltando na minha direção, alguns sorrindo, outros com um olhar cauteloso, como se pudessem sentir a carga da responsabilidade que carrego. As construções, com suas janelas emolduradas por flores, contrastam com a dureza do ambiente político que sei que me espera.
Todos olham para meu pai com admiração, e Lorde Stark acena para algumas pessoas, sempre mantendo a seriedade. Quando chegamos ao centro da cidade, vi um tritão em uma fonte, o símbolo da Casa Manderly. Consegui ter um vislumbre do porto, onde a cena se transforma em um espetáculo de movimento e cor. Barcos de madeira, com suas velas desfraldadas, balançam suavemente nas águas azuis, enquanto marinheiros descarregam redes cheias de peixes e mercadorias exóticas. O cheiro do mar se mistura ao aroma de sal e especiarias, criando uma atmosfera vibrante.
Os cais são movimentados, repletos de comerciantes e viajantes que trocam histórias e bens. Vejo rostos de todas as origens, cada um com sua própria história, refletindo a diversidade que o comércio marítimo traz. Os gritos dos vendedores se misturam ao som das ondas, criando uma sinfonia caótica, mas acolhedora.
O porto e a cidade são cercados por pedras brancas, com seu castelo feito inteiramente de branco. Ao entrarmos no pátio do castelo, vejo vários lordes em fila, com Lorde Manderly bem ao centro. Assim que a comitiva do meu pai desce do cavalo, ele vai até o homem.
— Lorde Stark, é uma honra receber você e sua família em Porto Branco lhe ofereço pão e sal — falou Wyman Manderly fazendo uma reverencia
— Obrigado por nos receber — disse meu pai, comendo o pão e sal sendo repetido por mim e minha mãe
Em seguida, Lorde Wyman apresentou sua família. Depois, meu pai me apresentou como seu herdeiro e minha mãe. Após as apresentações com os anfitriões, meu pai repetiu o processo com cada lorde das casas Tallhart, Glover, Umber, Ryswell, Mormont, Manderly, Karstark, Hornwood, Dustin, Cerwyn, Locke, e Bolton.
Após o fim das cortesia, notei Lady Dustin e Lorde Bolton me olhando como se estivessem me julgando.
— Meus senhores, agradeço a vocês por atenderem meu chamado. Sei que não foi fácil chegar aqui às pressas, mas agradeço a todos. Sei que têm muitas perguntas, mas amanhã conversaremos. Garanto que vocês não vão se arrepender. Meu filho Jon vem trazendo seu novo projeto e nos apresentará um plano para o Norte.
Após alguns murmúrios entre os lordes, Lorde Wyman falou:
— O garoto que fez a marinha do Norte renascer.
perguntou o homem, mais como uma afirmação do que uma pergunta.
— Eu também não sei muitos detalhes, mas meu filho nos apresentará seu projeto amanhã — disse meu pai. Após o acerto de detalhes, fomos para o castelo. Não pensei duas vezes e fui para meus aposentos, onde dormi.
Jaehaerys pov
15º dia da primeira lua do ano de 289, Porto Leste do Gargalo
A cena diante de mim é um verdadeiro espetáculo de trabalho e ambição. O som do martelo batendo contra a madeira ressoa no ar, misturando-se ao barulho das ondas que quebram contra os rochedos do Gargalo. Já se passaram dois meses desde que enviei a carta convocando a reunião. Meu tio me respondeu que, no mesmo dia, enviou cartas para seus vassalos. Recebendo respostas, soube que todos os lordes estão se preparando para o deslocamento, que levará dois meses para que todos cheguem ao destino, Porto Branco.
Falei com Lorde Reed sobre não extrair mais recursos e focar nos retoques das construções já existentes. Atualmente, tenho 11 forjas e serralherias; cada porto conta com uma grande forja e uma grande serralheria. Três forjas são dedicadas a equipamentos militares, duas serralherias à construção da estrada e uma forja para a ferramentas de construção. Cada forja e serralheria conta com 50 trabalhadores. Pedi a Mervyn Flowers que cuidasse para que cada homem recebesse novos equipamentos; uma das fornalhas é responsável pela produção de peças de armaduras. Dos 3.000 soldados de infantaria, cerca de 1.500 já estão com os novos equipamentos. Os trabalhadores responsáveis pela estrada estão descansando, totalizando cerca de 500 pessoas. ver meus projetos tomando tomando forma é uma maravilha.
Quando olho para as estradas valerianas, não consigo deixar de me maravilhar com o esforço monumental que envolveu sua construção. Tudo começava com a escolha do traçado. Eu e meus engenheiros e trabalhadores analisávamos o terreno. Precisávamos garantir que as estradas fossem o mais retas possível, evitando obstáculos naturais, pois o Gargalo apresentava muitos deles, mas sempre respeitando as necessidades de conectividade entre cidades e vilas.
A extração de recursos era um trabalho árduo. As pedras eram fundamentais, então organizávamos expedições para as pedreiras próximas. Lembro-me de como usávamos ferramentas, como martelos e cunhas, para extrair blocos de pedra maciça. Cada dia era uma luta contra o cansaço, mas a visão da estrada pronta nos motivava.
Assim que tínhamos as pedras, começávamos a preparação do leito. Era essencial garantir que a base fosse sólida, então escavávamos o solo, removendo qualquer vegetação e detritos. Quando o solo estava nivelado, preenchíamos com uma camada de seixos e areia, que serviam de drenagem, evitando que a estrada se transformasse em lama durante a chuva.
Depois, era hora de assentar as pedras. A habilidade de colocar cada pedra no lugar certo era crucial. Trabalhando juntos, ajustávamos as pedras para que ficassem firmes, criando uma superfície durável. As pedras eram cuidadosamente dispostas, muitas vezes em padrões que facilitavam o escoamento da água.
Os últimos toques incluem a construção de drenagens laterais, para evitar que a água danifique a superfície. Também criamos pequenos marcos ao longo do caminho, para guiar os viajantes e assegurar que a estrada seja bem mantida.
Com a ajuda das grandes casas, pretendia ligar todo o norte, do Castelo Negro a Fosso Cailin. Mas, por ora, o foco é conectar o Porto Leste ao Porto Oeste. trabalhadores ligarão as vilas recém-criadas à estrada que cortará o Gargalo ao meio. A Atalaia da Água Cinzenta também será fixada. Quando mostrei os projetos a Lorde Reed, ele ficou impressionado. Os Corganos lidavam cada vez melhor com os homens que vinham do leste; um objetivo comum estava criando laços que não poderiam ser quebrados facilmente.
Olhando para o Lobo do Pantano, o navio agora conta com velas negras como a noite. Uma grande bandeira com um lobo azul em fundo negro está no topo do navio. Ele está carregado com algumas mercadorias que pretendo trocar em Porto Branco. O navio está pronto para partir, levando a tripulação; Mervyn Flowers ficará no comando, junto com os irmãos Reed. As construções pararam. Recebi um corvo do Porto Oeste informando sobre a falta de madeira para as embarcações. O Gargalo tem muitas árvores, mas se eu extraí-las, perderia sua maior vantagem defensiva. Possuo 15 dragões do mar, 8 a oeste e 7 a leste. Cada navio demanda cerca de dois guindastes e 80 trabalhadores para sua fabricação. Cada porto conta com dois estaleiros, capazes de construir um navio a cada duas semanas, graças aos canais e à força da roda d'água. Os portos são, em sua maioria, feitos de madeira; as pedras são para a estrada.
Em resumo, dos 1.600 trabalhadores:
500 para a estrada
500 para as forjas e serralherias
320 para a construção de navios,
60 para a coleta de recursos
60 para ligar as vilas recém criadas a estrada
60 para acabamentos e melhorais
Além disso, conto com 500 aprendizes que trabalham em todas as áreas até identificarem uma na qual queiram seguir carreira.
Cada trabalhador ganha um salário de 2 moedas de ouro a cada duas semanas. No total, o gasto mensal com os trabalhadores é de 6.400 dragões de ouro. O exército, que conta com 8.500 homens, ganha em torno de 2 moedas por mês, com um gasto de 17.000.
A população do Gargalo é de 20.000 pessoas, entre habitantes do leste e nativos. Muitas pessoas manifestaram interesse em ir para outras regiões do norte. Informei que a reunião com os nobres poderia permitir que fossem, mas os militares teriam que ficar em cidades designadas para seus batalhões.
A arrecadação de impostos gera uma receita de 15 mil moedas de ouro por mês. Lorde Reed mencionou que antes isso seria impossível, com uma despesa totalizando 23.400 mil dragões de ouro, levando a uma dívida de 8.400 dragões de ouro. O dinheiro que meu pai deixou para mim agora totaliza 33.200 dragões. A reunião precisa acontecer; preciso gerar receita o mais rápido possível, ou o dinheiro vai acabar.
— Jon, o navio está pronto. Chegaremos a Porto Branco em dois dias, se os ventos forem favoráveis — disse Lorde Reed, me tirando de meus pensamentos.
— Vamos! Quero fazer uma grande entrada.
Ned stark pov
17º dia da primeira lua do ano de 289, Porto Branco
Hoje, Jon chegaria. Todos os lordes estavam no grande salão do castelo de Porto Branco, quebrando seu jejum. Lorde Manderly conversava com Grande Jon sobre alguma história que eu não ouvia. Todas as mesas estavam lotadas com lordes e seus herdeiros. Catelyn estava à minha esquerda e Robb à minha direita, conversando com Wylis Manderly. Todos estavam perdidos em alguma conversa aleatória quando as portas do salão foram abertas com força. Soldados corriam, como se a vida dependesse disso, e o salão imediatamente se calou.
— Em nome dos deuses, qual o significado disso? Fale agora ou perdera a cabeça por tamanho insulto a Lorde Stark! — gritou Lorde Manderly, levantando-se de seu assento, furioso.
— Me desculpe, meu senhor, mas é urgente! Um grande navio foi avistado, enorme, deve ter no mínimo 30 pés de altura, com velas negras. Vimos uma bandeira de um lobo azul sobre um fundo preto. Reunimos a guarda; o navio atracou um pouco longe do porto e está lá parado. Viemos informar o senhor.
Todos pareciam incrédulos, alguns surpresos, outros sem demonstrar muita emoção.
— Juro pelos deuses antigos, meu senhor, é real! — repetiu o homem. Vários lordes se levantaram e olharam para mim. Pela descrição do navio, só podia ser Jon. O salão agora era um caos, com vários lordes chamando o soldado de bêbado. Bati minha caneca na mesa e o silêncio reinou mais uma vez. Notei Catelyn e Robb tensos; havia compartilhado com eles sobre o progresso de Jon.
— Meus lordes, vamos ao porto! Meu filho chegou! — falei, levantando-me. Pedi a Lorde Manderly que preparasse os cavalos. Vários lordes pareciam perplexos. Fomos até onde os cavalos estavam sendo trazidos, enquanto vários soldados corriam com seus equipamentos, marchando para o porto. Assim que saímos da muralha do castelo, pude ter um vislumbre do porto. Trinta pés nunca pareciam cinquenta; o navio era enorme. Ele tinha três mastros e velas negras mais escuras que a própria noite. Os lordes que antes diziam que era impossível estavam calados; até Lorde Bolton parecia surpreso. Via isso em seu olhar, mas quem poderia julgar? Até eu, que sabia, estava surpreso.
Assim que chegamos ao porto, vi três barcos vindo em nossa direção. Dois homens levantaram as bandeiras: uma da Casa Reed e outra com um lobo azul sobre um fundo negro. Compreendi o significado; o azul era de Lyanna e o preto, de Rhaegar Targaryen. Jon não estava para brincadeira. O símbolo e seu navio eram prova viva dele.
— Pelos deuses, olhem aquilo! Nunca vi nada igual na minha vida, e eu fui criado no mar! — exclamou Lorde Manderly, admirado.
— Os rumores eram verdadeiros. Onde Howland conseguiu isso? Aquele navio vale mais do que minha capitania! — Lorde Manderly parecia uma criança. Até Grande Jon estava sem palavras; Robb olhava admirado, e os outros lordes não conseguiam falar nada, apenas admiravam o grande dragão do mar.
Quando os barcos chegaram à costa, a bandeira do lobo foi abaixada, mas a bandeira do lagarto foi elevada ao mais alto que se podia. Vi Howland subindo, estendendo a mão para outra pessoa: Jon. Ele parecia o mesmo. Sua postura estava ereta; usava roupas tão negras quanto as velas do navio, com uma capa azul e um broche de neve de três pontas. Eles caminharam pelas docas. Não exagerei ao dizer que o porto parou; todos estavam olhando para o navio e para os homens que acabavam de descer. Vários guardas estavam em dúvida, pois o estandarte da Casa Reed tremulava ao vento. Quando eles se aproximavam, percebi que os guardas haviam recebido instruções de Manderly para não interferirem.
Quando chegaram, olhei para Howland e para Jon. Ficamos assim um tempo até Reed falar:
— Lorde Stark! — disse o homem, fazendo uma reverência.
— Lorde Stark! — respondeu Jon, com uma pitada de diversão na voz. Ele tinha tudo dela, até a maneira de insultar sem parecer.
Jaehaerys pov
Satisfação. Essa era a palavra que me veio à mente ao ver a expressão dos lordes, um ao lado do outro, olhando para meu navio, o Lobo do Pântano. Muitos apontavam e cochichavam entre si.
— Pelos deuses, Howland, onde você conseguiu tal navio?
Um homem grande, o maior que já vi, se destacou. Pelo seu brasão em sua roupa, reconheci Jon Umber, o Grande Jon, como era conhecido.
— Não levo crédito por isso. É obra do garoto — disse Lorde Reed, apontando para mim com a cabeça. Quase todos os lordes me olharam arregalados.
— Impossível! Um bastardo não teria...
Olhei para a mulher que abriu a boca: Barbrey Dustin. Seu marido morreu pela espada do Amanhã na Torre da Alegria em Dorne. Antes que ela pudesse falar mais, Robb interveio, chamando a atenção de todos.
— Minha lady, acho que falo por todos ao dizer que, bastardo ou não, ele veio aqui com seu navio, junto a Lorde Reed, em quem meu pai confia com a vida. Se meu pensamento estiver correto, você estaria questionando a palavra de Lorde Reed e de Lorde Stark, ou me engano?
Robb falou, parecendo despreocupado com a situação.
— Não, meu lorde. Jamais questionaria a honra de seu pai e de Lorde Reed — respondeu a mulher, com vergonha. Até Lorde Roose Bolton parecia incomodado com algo. Lorde Manderly também se calou. Antes de abrir a boca, todos olharam para meu pai.
— Vamos, vocês precisam descansar. Falaremos amanhã — disse meu pai.
— Não será necessário. O navio é grande e, com a tripulação mínima, tivemos uma boa viagem. Porém, agradeceria um banho, Lorde Stark, e então podemos começar — respondeu Lorde Manderly.
— Tudo bem. Lorde Manderly cuidará das suas acomodações — disse meu pai
Fomos em uma comitiva com os outros lordes de volta ao castelo. Meu pai perguntou, quebrando o silêncio entre nós:
— Como estão indo as coisas?
— Bem, não é como se houvesse um prazo, mas está indo rápido. Para mim, está se mostrando um desafio; planejar e executar são coisas diferentes.
Meu pai deu um pequeno sorriso.
— Acho que você aprendeu algo que todo governante deveria saber — disse ele, indo para a frente da comitiva falar com nosso anfitrião. Vi Robb parando ao meu lado com seu cavalo. Ele parecia em conflito, como se algo estivesse preso em sua garganta e ele não conseguisse soltar. Antes de entrarmos no castelo, ele segurou minhas rédeas, fazendo os cavalos pararem. Olhou para mim com os olhos Tully.
— Me desculpe. Você é meu irmão e nada vai mudar isso: nem sangue, nem nome, nem minha mãe. Você é sangue do meu sangue. Deveria ter sido sincero com você. Quando vi que você estava sendo melhor que eu em praticamente tudo, não soube lidar com isso e acabei nos afastando. Não falo isso pelo seu navio; queimaria ele até o fundo do mar para ter seu perdão. O que quero dizer é que quero meu irmão de volta. Farei qualquer coisa por isso, juro pelos deuses antigos.
Quando Robb terminou de falar, olhei para ele. No fundo de seus olhos, a única coisa que via era alguém querendo um irmão e um amigo, sem segundas intenções. Para ser sincero, fiquei tão focado em minha vingança que também contribuí para nosso distanciamento. A primeira vez que entendi a palavra "bastardo" foi quando Robb estava comigo. Ele me defendeu; ele nem se importou em saber o significado da palavra. Ele só me defendeu; isso era algo que um irmão faria pelo outro.
— Irmão — falei, a palavra saindo sem hesitação.
— Espero que tenha aprendido a balançar uma espada, pois, se não, você vai perder feio, Stark — respondi, com uma voz alegre. Ele abriu um sorriso, como se tivesse se tornado rei.
— Não conte com isso, Stark.
— Snow. Me chame de Snow.
— Mas você é...
Não deixei que ele terminasse.
— É meu nome. Neve. Olhei para todo o Norte. Você sempre verá neve, então sempre se lembrará da minha cara bonita.
Ele pareceu pensar um pouco e começou a rir.
— Então lembrarei de sua cara feia sempre que ver neve. Acho que posso lidar com isso.
Irmão, lá estava ele.
— Sobre o navio, não se preocupe. Tem um para você, Sansa e Arya no Gargalo — falei, saindo em disparada para dentro, deixando Robb confuso para trás.
horas depois:
Após um bom banho e uma refeição sem cheiro de mar, ouvi alguém bater à minha porta. Assim que abri, vi Lorde Stark acompanhado de sua esposa do outro lado. Pela expressão dela, percebi que ela sabia. Ela me olhou como se eu fosse cortar sua cabeça. Isso vai ser divertido, pensei, e apenas murmurei a palavra tio só para eles escutarem. Assim que eles entraram, fechei a porta.
— Vossa graça — disse ela, fazendo uma reverência.
— Jamais esquecerei o que você me causou, nunca. Não seremos amigos, muito menos família, mas saiba que nunca machucarei meus irmãos, porque eles são meus irmãos. Nem o sangue, nem você, nem os deuses tirarão isso. Quem tentar saberá o porquê de as palavras da minha família serem fogo e sangue.
Aquilo encerrou um capítulo em nossa história. Na verdade, ela era nada além de mãe de meus irmãos, e isso era tudo.
— Bom, não conte a Robb ainda. Vi que ele não sabe. Quero um tempo com ele como irmãos. Na hora certa, eu vou contar. Tio, preciso que você conduza a reunião. Diga que, quando viu meus projetos, me mandou para o Gargalo para tentar colocá-los em prática. Sobre o dinheiro, fale que fiz um acordo com o Banco de Ferro. O projeto pelo dinheiro foi sob suas ordens. Diga que tenho quatro navios desses: dois a oeste e dois a leste. Para a construção de mais, preciso de recursos. Quando você falar isso, tomarei a frente. Já tenho um plano em mente.
— Você pensou em tudo, não é?
— Sou filho de minha mãe e sangue do Conquistador. Tenho o nome do conciliador. Se eu não tiver passos à frente, não mereço ser quem sou. Uma vez, você me perguntou sobre minha ambição. Chegou o dia da resposta.
Percebi Catelyn enrijecendo. Após sairmos de meus aposentos, fomos até o Grande Salão do castelo. Podia-se ouvir grandes gritos de dentro. Os nortenhos não eram conhecidos por sua sutileza e paciência. Meu tio Brandon era a prova disso. Lorde Reed estava na porta junto a Robb, falando sobre algo quando me viram. Antes que Lorde Reed falasse, olhei para ele e disse:
— Jon Snow não pode construir um navio igual àquele. É isso que estão falando?
Dei uma olhada para Robb, lorde Reed entendeu a situação
— Isso. Alguns estão falando que você é Brandon, o Construtor renascido. Outros dizem que invoquei o navio e coloquei a culpa em você.
— Vai ser divertido. Pai, por favor, faça as honras. Lady Stark deve nos acompanhar; ela deve estar a par de tudo — falei, apontando para a porta. Meu tio, parecendo ansioso, abriu a porta. Assim que ele entrou, vi o caos: o Grande Jon segurava Lorde Karstark pelo colarinho. Quando a porta se abriu, a gritaria continuou, mas meu pai bateu com a mão três vezes na mesa e todos se calaram.
— Como vamos saber de alguma coisa se vocês não conseguem ficar sem gritar e agarrar os pescoços um dos outros— disse meu tio, com uma frieza que nem o mais rigoroso dos invernos poderia igualar. Quando todos os lordes se centraram, meu pai foi até a mesa principal.
— Meus lordes, quando convoquei esta reunião foi a pedido de meu filho. Ele foi responsável pelos lobos selvagens. Acho que todos aqui têm pelo menos um sobre sua bandeira, pois são fáceis de construir. Piratas e a Frota de Ferro não podem mais fazer o que quiserem com nossas costas. Isso aumentou nossos cofres e comidas em nossas mesas, além de provisões para o inverno. Há quase um ano, ele veio ao meu solar com o projeto do navio que vocês viram lá fora. Como muitos de vocês não achei possível, ele já sabia disso e pediu que fosse adotado no Gargalo, onde ele desenvolveu os navios.
Meu pai olhou para mim, querendo saber o nome.
— Dragões do Mar — respondi.
Assim que falei, vi ele parecer nervoso. Junto a Catelyn, até Robb ficou surpreso.
— Teremos que discutir o nome, mas os navios foram feitos para o Norte. Essa será nossa força no futuro.