Só para esclarecer (por causa do erro de digitação de ontem): Adeline Rose e Elias Luxton NÃO são parentes de forma alguma!
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Uma vez na vida, Elias ficou sem palavras. Ele levantou o olhar de sua Avó para a janela. O vento uivava, levantando um tornado de folhas, devastando a bela floresta além dela.
Elias bebeu silenciosamente o vinho. Ele era o menos chocado com a notícia.
O tempo todo, Elias sabia que Adeline não era a Rosa Dourada. E isso não o incomodava.
Elias não precisava de imortalidade quando ele era um Puro-Sangue. Ele não precisava ser o homem mais forte do mundo, ele já era um dos mais poderosos de todo o Império. Como mais ele teria tomado o trono?
"E isso me abala, porque...?" ele disse.
O sorriso de Dorothy se transformou numa careta. "Todo o Império espera que você case com a Rosa Dourada. Sou uma profetisa dos Céus, seu maldito pirralho. Se o conselho perguntar, serei obrigada a contar-lhes a verdade."
Os dedos de Elias apertaram firmemente a xícara de chá. Num piscar de olhos, ela se estilhaçou no ar, a bebida espirrando na mesa. Pingava pelas bordas, como sangue recém-derramado.
Dorothy soltou um longo suspiro. Nem mesmo se abalou com a força bruta dele. Já estava acostumada a isso. Assim, continuou sentada ali, indiferente à mancha. A bagunça estava longe do seu vestido, de qualquer forma.
"Eu sei que você a acha divertida, como um brinquedo novo dado a uma criança, mas você eventualmente vai se entediar dela," Dorothy murmurou. "Pelo seu bem, você deveria deixá-la em paz."
Elias bateu os dedos no espaço vazio da mesa. Tap. Tap. Tap. Ele estava perdido em pensamentos, sua outra mão pressionada contra o lábio superior. Ele esperou tempo demais para deixá-la escapar de repente.
Olhar para a floresta o fazia lembrar dos olhos dela. Era a janela para a alma dela. Ela era um livro aberto com o coração à mostra.
"Você sabe," Dorothy disse lentamente. "Há um ditado popular entre os humanos— existem muitos peixes no mar."
"Sim, mas estou de olho naquela atum emocionalmente indisponível com problemas de confiança e uma montanha de bagagem," ele disse secamente.
Dorothy riu em sua xícara de chá. Por que os homens da sua vida eram tão teimosos?
Seu filho era assim também. Ele estava firme em se casar com sua esposa, embora ela fosse a filha adotiva de um Barão de baixa patente.
Talvez Elias tenha aprendido com o melhor, incluindo seus sorrisos provocadores e truques sem coração.
"Suponho que essa seja a beleza deste lugar," Dorothy disse baixinho. "Um sonho bonito, uma ilusão dolorosa, o que há de errado com a felicidade falsa quando este mundo está cheio de mentiras?"
Elias não respondeu. Ele nunca havia imaginado um sonho bonito com nenhuma mulher até Adeline voltar a entrar em sua vida.
Não existia coisa como uma ilusão dolorosa quando durante toda a sua vida, ele soube que Adeline não era a Rosa Dourada que seu povo queria que ele se casasse.
Elias só pode fingir ser feliz por tanto tempo antes de se cansar de usar uma máscara. Quando isso acontecer, Adeline o ajudará a rir?
Pensando nela sob o dançar da luz do luar, na primeira vez que ele a viu no baile, um esboço de sorriso adornou seus lábios. Ela era deslumbrante.
Sob a lua, ele achou que ela era uma ninfa que havia escapado da floresta. Quando ela se virou lentamente em sua direção, com o rosto inquisitivo e tudo, ele se lembrou de quanto pacientemente havia esperado por ela.
"Você está certa de que quer sentar aqui e fingir ser mudo, Pirralho?" Dorothy perguntou. Ela colocou a xícara de chá de lado e fez um sinal para ele sair.
"Acredito que um rato se esgueirou para o palácio enquanto você não estava olhando," ela acrescentou.
Os olhos de Elias brilharam com reconhecimento. Seus lábios se retorceram num rosnado, revelando seus fangs afiados e penetrantes.
Era hora de ir exterminar ratos.
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Adeline ficou surpresa com a gentileza das camareiras. Ela havia experienciado pessoas como elas uma década atrás, na enorme propriedade em Kastrem. Naquela época, tratavam-na como realeza, dando peso a cada uma das suas palavras.
Até agora, ela conseguia lembrar das duas aias que sempre estavam ao seu lado, guiando-a na etiqueta apropriada e mostrando-lhe uma bondade diferente de qualquer outra.
Entretanto, com o tempo, seus rostos se tornaram borrões, e ela não se lembrava de seus nomes.
"S-será tudo, obrigada," Adeline agradeceu a Jane, a mais alta do par, e Jenny, que era um pouco mais baixa.
Jane tinha um rosto estoico, apesar de estar no início dos seus vinte anos. Ela desempenhava seu dever com discrição e perícia. Jenny era o oposto extremo. Apesar de não ser parente de Jane, seus comportamentos se complementavam.
Jenny usava um leve sorriso que a fazia parecer jovem, mesmo estando no final dos seus vinte anos. Ela cumpria suas tarefas quase impecavelmente, mas cometia os menores erros, quase imperceptíveis.
"Você é muito gentil, Princesa!" Jenny exclamou alegremente.
"Estamos satisfeitas em servi-la, Princesa," Jane disse educadamente, e Jenny acompanhava o gesto prontamente com uma reverência.
Adeline se perguntou como eles descobriram seus títulos, mas supôs que fizeram uma previsão. Ela brincava com seu colar, torcendo-o entre os dedos. Era um hábito que tinha sempre que estava nervosa.
"Se não há mais nada, v-vocês estão dispensadas," ela acrescentou.
Adeline foi completamente banhada. Seu cabelo lavado com xampu e condicionador de alta qualidade, depois secado com óleo de Marrocos e penteado. Uma camisola de seda vestia seu corpo, o material suave e sedoso sobre a pele. Ela agradeceu por chegar até o colarinho, significando que não escorregaria tão facilmente.
Adeline não precisava repetir o que aconteceu na noite passada. Embora, ela previsse que ele teria gostado muito. Quando Jane e Jenny deixaram o quarto, Adeline se levantou da confortável cadeira da penteadeira. Ela trotou até as portas e as trancou sem hesitação.
Em seguida, correu até as janelas, trancando-as também. Por fim, fechou as cortinas, uma por uma em todo o quarto. Ela havia aprendido com os problemas da noite anterior.
"I-isso deve impedi-lo de entrar," Adeline sussurrou, sem saber que nada neste mundo impediria Elias de se aproximar dela.
Adeline caminhou relutantemente em direção à cama. Ela queria apagar as luzes, mas estava muito cautelosa com o novo ambiente.
E se alguém se infiltrasse e tentasse matá-la, mesmo num quarto trancado? Ela ainda não tinha aprendido o design de tudo. Seria difícil dormir confortavelmente num ambiente desconhecido.
Assim, Adeline subiu na cama. Um pequeno suspiro de alívio escapou dela assim que seu corpo afundou no colchão confortável. Ela puxou os cobertores até o peito, tentando fechar os olhos.
A incerteza cresceu. Sua ansiedade disparou.
Um segundo depois, ela abriu os olhos.
"P-por que você é tão medrosa?" ela resmungou para si mesma.
Adeline apertou firme os cobertores. Ela estava olhando para o dossel da cama, onde as pesadas cortinas cor-de-rosa perolado estavam abertas. Supunha-se que isso era para bloquear a luz. Era uma cama linda, ela tinha que admitir. Havia correntes de pérolas penduradas acompanhando as cortinas.
"Este lugar é tão… rosa e branco."
Adeline rolou para o lado, ponderando se ele sabia que essas eram suas cores favoritas, ou se era uma coincidência. Virar-se para o lado a deixou preocupada com qualquer um que pudesse atacá-la por trás. Com grande relutância, virou-se de volta.
Adeline suspirou. Ela desejava ter livros para ler, de modo que pudesse adormecer com eles. Entediada, ela brincava com seu colar, observando silenciosamente a rosa encapsulada em vidro.
"Acho que minha mãe disse que isso era algum tipo de cristal…" ela murmurou, enquanto continuava a brincar com o acessório para frente e para trás.
Logo, seus olhos pesaram, o colar lentamente se enrolando em seu dedo. Lentamente, gentilmente, ela adormeceu, mas não sabia da escuridão que espreitava no castelo, e subia pelas suas paredes.