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Com certeza

O Rei assistiu toda a interação deles. Seus lábios, macios como pétalas de peônia, moviam-se com facilidade. Seus olhos brilhavam, muito parecidos com aquela noite quando ela sussurrou seu nome. Um frio diferente de todos os outros percorria seu corpo. Ele queria possuí-la, pelo tempo que a noite durasse, e foi exatamente isso que aconteceu.

Adeline era tão frágil que ele queria protegê-la com carinho. Ele não esqueceu como ela tinha gosto e sensação. Apenas estar perto dele já era suficiente para sobrecarregar seus sentidos. Ela era deliciosamente doce.

O belo tremor de seus cílios quando ela estava tímida, os súbitos suspiros que aceleravam sua respiração, e o tremor de seus dedos. Ele desejava possuí-la, enfeitiçá-la até.

"Uma presinha tão travessa," ele refletiu.

Entretanto, lá estava ela, com as bochechas rosadas e olhos arregalados por um homem que não era ele. Estava bem. Logo, ela estaria implorando por ele.

Ele passou a língua sobre um canino. Ele teria seu caminho com o corpo e a alma dela. Ele se certificaria disso.

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"Quem era aquele, Adeline?" Asher perguntou.

Seu rosto estava inexpressivo, apesar da tempestade que se formava em seu olhar. Tudo que ele fez foi se virar para pegar um prato de bolo para ela. A próxima coisa que ele soube, ela tinha desaparecido. Ele a procurou por todo lado. Seu coração foi parar na garganta quando ele não a encontrou

Sem aviso, algum cavalheiro a levou para a pista de dança. Ele não podia imaginar a cena, nem uma vez sequer em sua vida.

Adeline Rose era facilmente uma das mulheres mais bonitas do baile. Pelo menos a seus olhos. De seus cabelos em cascata de cor de crisântemo ao seus olhos verdes vivos, ela se assemelhava a uma flor rara em um campo de flores que desesperadamente tentavam imitá-la. Mas, nenhuma poderia comparar.

"Eu não sei," Adeline mentiu. Ela sorriu para ele, sabendo que ele estava apenas preocupado com o bem-estar dela.

Asher era seu guarda-costas. Ele tinha todo o direito de questionar quem a acompanhava. Ele precisava garantir a sua segurança, mesmo que não houvesse ninguém que a visasse direto. Era um trabalho bobo, realmente. Por que alguém se importaria com uma mulher sem nome como ela?

Mas ele insistia.

Mesmo após a morte de seus pais e seu banimento de sua cidade, Asher a seguiu. Ele era seu escudo e sua espada.

"Adeline," Asher falou seriamente, como um irmão mais velho repreendendo sua irmã desobediente. "Eu jurei aos seus pais que manteria você segura. Você deve me dizer o nome dele."

Adeline estremeceu ao ouvir a menção de seus pais. Não foi uma morte convencional. Mesmo quando criança, ela sabia que foi um assassinato planejado. Uma década havia se passado desde sua morte, mas ela nunca poderia esquecer seus olhos injetados e pele drenada e arroxeada.

"Adeline Mae Rose," ele disse em tom mais grave.

"Eu verdadeiramente não sei." Adeline suspirou alto. "Queria saber."

A mão de Asher tremeu. Uma dor roía seu peito. Ela estava intrigada por outro homem. Era uma ocorrência que nunca havia acontecido. Pelo que Asher podia se recordar, ela sempre estava absorta em si mesma.

Adeline acabara de fazer vinte anos. Era natural para ela finalmente se interessar por homens. No entanto, por alguma razão, seu coração não colaborava. Durante todo o tempo que ela dançou com aquele estranho, ele sentiu uma estranha amargura. Ele sentiu um impulso de matar.

O desejo de sangue era forte, mas ele o escondeu. Sua sede de sangue era sempre forte, embora, sempre que se tratava de Adeline.

Pelo bem de sua amada flor, ele escondia tudo dela.

"Tudo bem," Asher finalmente disse. "Eu ultrapassei a linha, Princesa. Me desculpe."

Adeline franziu a testa com culpa. Ela se moveu desconfortavelmente em seus sapatos e juntou seus dedos ansiosos. Ela não gostava de ouvir aquele título. Não pertencia mais a ela. Apesar do sangue Real correndo em suas veias, ela não era ninguém agora.

Este continente era dominado por um único Rei, Sua Majestade Real. Todos os outros que governavam as cidades, à parte da capital, eram meros Príncipes da Coroa ou Princesas da Coroa, e nada mais. Eles nunca poderiam se tornar Rei.

"Todos estavam observando você, Princesa," Asher comentou.

Adeline engoliu em seco. Ela tinha a pele grossa, então ela estava acostumada com os olhares e sussurros. Isso acontecia há anos seguindo o envenenamento de seus pais. Sorrisos de piedade, olhos preocupados, isso a irritava. Não haviam muitas coisas que a incomodavam, mas simpatia fingida certamente sim.

"Você sabe que eu não gosto desse título," ela reclamou, sua voz não mais mansa e gentil.

Asher pausou e estudou sua expressão antes de fazer seu próximo movimento. Suas sobrancelhas suaves estavam franzidas, um olhar ardente em seus olhos gentis, seus lábios finos.

Eu entendi,' ele pensou consigo mesmo. 'Ela está chateada.'

Asher supôs que não poderia ser ajudado. Independentemente disso, ela o desagradou hoje. Era justo que ele retribuísse o favor.

Asher ultrapassou a linha. Estava estampado em seu rosto, que era como um livro aberto para ele. Embora, ele preferisse que outras partes dela fossem abertas.

Como seu coração.

"Eu peço desculpas, Adeline. Contudo, eu sou seu guarda-costas, não seu amigo," Asher falou lentamente. Ele a repreendeu por amor, não por raiva. "Você precisa entender que me importo mais com seu bem-estar."

Adeline estava magoada. Seu coração foi apunhalado por suas dolorosas palavras—não um amigo. Como ela poderia esquecer? Não importa o passado entre eles, seu relacionamento havia diminuído para uma simples amizade. Ela não odiava isso. Ela estava acostumada.

Apesar de seu humor sombrio, ela forçou um sorriso. Embora, em seus olhos, parecia mais uma careta. Ela não queria chateá-lo em um lugar tão festivo, com conversas abafadas e música elegante.

Adeline rapidamente procurou por algo para distraí-los da conversa constrangedora. Tia Eleanor estava em lugar algum. No entanto, ela preferia não comentar sobre isso.

Eventualmente, ela avistou algo interessante.

"O que é isso?" Adeline perguntou.

Na mão de Asher estava algo que parecia fora de lugar—considerando seu tamanho e natureza. Ele era bem construído, com músculos de exercício constante. Ver um homem crescido como ele segurando um prato de bolo a divertiu até aumentar seu sorriso. Eventualmente, sua alegria tornou-se genuína.

"Um pedaço de bolo," Asher disse timidamente.

De repente, a frustração de Asher foi esquecida. Enamorado por seu charme deslumbrante, ele foi reduzido a uma confusão. Ele não podia evitar, ela sempre trazia esse lado embaraçoso dele.

"Para mim?" Adeline perguntou sem fôlego, seus olhos se ampliando.

Lá estava, o seu encanto infantil. Ele ficou momentaneamente hipnotizado por suas características suaves e belas. O ar foi roubado de seus pulmões.

"Claro." Na gagueira, Asher amaldiçoou interiormente. Ele jamais xingaria na frente dela. Céus não, ele jamais mancharia os ouvidos dela assim.

Asher limpou a garganta. "Eu sei que a Viscondessa Eleanor colocou aquele horrível regime em você, mas ela está sendo distraída por um grupo de mulheres idosas fofocando. Assim, eu encontrei o seu bolo favorito."

Estava claro como o dia. O humor sombrio de Adeline havia desaparecido, como se nunca estivesse ali em primeiro lugar. Quando ela estava verdadeiramente feliz, seus olhos clareavam, até que lembrassem a grama macia e fofa em um dia chuvoso.

Ele estava cativado. Enfeitiçado, até.

"Posso pegar?" Adeline pediu animada.

Asher engoliu. Forte. Quando Adeline olhava para ele assim, ele queria escondê-la de todos. Ele desejava levá-la, para bem longe deste continente. Talvez assim, ela sempre sorriria desse jeito.

"Claro," Asher disse. "Para quem mais eu daria essa torta de limão merengue?"

Adeline estendeu ambas as mãos. Elas estavam unidas, como se ela fosse receber um tesouro nacional. Seu coração batia acelerado de alegria.

Ela estava faminta. Durante toda a manhã e tarde, Tia Eleanor a privou de comida, só para que ela pudesse caber no vestido de baile em marfim colante ao corpo. Todos ali estavam vestidos com cores majestosas. O salão de baile parecia um arco-íris, mas Adeline preferia coisas simples e sem adornos.

Era o que sua mãe gostava. Assim, ela também gostava.

"Obrigada," Adeline disse agradecida.

Adeline pegou o garfo de sobremesa da outra mão dele. Era pequeno e não mais comprido que o dedo de um homem. Ela ansiosamente furou a faca na massa suculenta.

Adeline levou o garfo à boca, sabores azedos e picantes explodindo em sua língua. Ela fechou os olhos e gemeu aliviada. Estava delicioso. Seus ombros relaxaram em pura êxtase.

"Está delicioso," Adeline suspirou ansiadamente.

Sempre a mulher inocente, ela não estava ciente dos olhares ardentes observando cada movimento dela. Nem imaginava os pensamentos que passavam pelas mentes deles. Quatro pessoas tinham fixado sua atenção nela.

Adeline estava completamente alheia. Especialmente em relação às suas intenções desordenadas de despi-la ali mesmo.

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