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Beth

Alícia foi levada a um quarto muito maior e mais bem arranjado em comparação com o do outro reino. O quarto estava quase vazio, apenas com uma cama de tamanho grande e uma penteadeira com um pequeno espelho. Ela se lembrou de como seu quarto era bem decorado. Lençóis vivos em vez desses lençóis de aparência desbotada, janelas do chão ao teto comparadas às pequenas janelas do quarto. A semelhança era que o quarto ficava no segundo andar, então ela ainda podia olhar para a cidade de sua janela, mesmo que ela não fosse tão grande. Algo se acendeu em sua cabeça, e ela se aproximou da janela com um sorriso no rosto. A porta atrás dela se abriu e uma garota entrou, mas ela não se deu ao trabalho de lhe dirigir um olhar enquanto ia até a janela.

- Minha Senhora,

'Eu posso passar por esta janela.' Alícia pensou consigo mesma. Ela só teria que tentar um pouco, além disso, também precisaria de uma corda para ajudá-la a descer. Ela havia interpretado vários papéis perigosos e se recusado a usar um dublê porque tinha como objetivo ser a melhor atriz. E uma das formas como demonstrava isso era reduzindo o custo de contratar um dublê para interpretar seu papel. Então, ela recebeu muito treinamento. Saltar daqui seria uma proeza fácil.

- Você está me ouvindo?

'Eu só tenho que esperar até a meia-noite. Mas primeiro, preciso encontrar uma corda forte.' Ela se virou para olhar ao redor do quarto distraidamente, ainda sem notar a pessoa dentro.

Ela tentou encontrar algo sólido ao qual pudesse amarrar a corda, e seus olhos pousaram sobre as pernas sólidas da cama.

'É isso! Eu vou tentar mover a cama um pouco para mais perto e me adaptar a isso. E vou precisar de um cavalo. Devo ainda me lembrar de como montar um.' Ela havia estrelado em um drama histórico antes e foi obrigada a ter aulas de equitação para o papel.

Ela ouviu um som alto atrás dela, como se algo estivesse sendo açoitado, e se assustou ao pular para trás. Então ela finalmente notou a garota dentro do quarto com ela, que tinha uma bengala na mão e a tinha usado para bater na penteadeira.

- Quem é você? - Alícia perguntou e a examinou de cima a baixo. Ela usava um vestido simples e tinha o cabelo amarrado em um rabo de cavalo com uma faixa vermelha em volta do cabelo e uma lua crescente tricotada no centro da frente da faixa.

Ela notou que as outras criadas deste reino tinham a mesma coisa em volta de suas cabeças. Mas, ao contrário das criadas que viu no outro reino, que pareciam muito tímidas e humildes, esta tinha um ar de arrogância ao seu redor, que ela não tentava esconder. Ela agia como se fosse superior a Alícia, o que era estranho para Alícia porque, tecnicamente, ela era a noiva do príncipe e deveria ser respeitada. A garota parecia ter entre a adolescência e pouco mais de vinte anos. Ela não conseguia adivinhar.

Meu nome é Beth. Eu serei sua criada a partir de agora e cuidarei de todas as suas necessidades. Também serei responsável por ensiná-la as coisas que você precisa saber sobre o palácio. Primeiramente, você precisa tomar um banho quente e cumprimentar os reais. - Ela se virou para a porta e gritou, - Entrem.

A porta se abriu e cerca de cinco outras jovens garotas entraram às pressas. Todas fizeram uma reverência a Alícia, mas parecia que estavam se curvando a Beth. Elas também pareciam muito nervosas, e Alícia podia dizer que não era por causa dela. Cada uma tinha uma tigela de alguma coisa nas mãos.

- Preparem o banho dela.

Alícia observou tudo acontecer em confusão.

Todas elas apressadamente abriram uma cortina no final do quarto e entraram no próximo cômodo, que ela acreditava ser o banheiro.

- Você deveria estar se desfazendo destes, - disse Beth, examinando-a de cima a baixo como se ela estivesse vestindo trapos.

- Onde está Paulina? - Alícia perguntou.

- Quem é essa?

- Minha criada. Ela veio comigo.

- Ela será designada para outras funções.

- Ela vai me atender.

Algo parecido com um sorriso zombeteiro cresceu no rosto de Beth. - Você não tem escolha aqui, Minha Senhora. É a ordem do tribunal interno que eu a treine. Portanto, Ela. Será. Designada. Outras. Funções, - Beth disse cada palavra enfaticamente, como se estivesse deliberadamente tentando irritar Alícia.

'Há algo errado com este lugar,' Alícia pensou consigo mesma enquanto dava um passo à frente, ficando diretamente na frente da criada, - E se eu dizer não? - Ela perguntou com a sobrancelha levemente levantada, desafiando a criada.

- Você parece estar enganada sobre algo aqui. Eu... não pedi sua opinião. Se você se importa com sua criada, seria melhor você fazer o que eu digo, - ameaçou Beth.

'Não foi o boato que todos tinham medo do Príncipe Harold? Como é que esta garota pode me tratar assim, sendo eu, que acontece de ser a esposa do Príncipe Harold, desta maneira? Quem é ela exatamente? Ela não é uma criada comum. Tudo sobre ela aponta para esse fato. Além disso, talvez eu esteja sendo tratada assim porque eles devem ter ouvido que o Príncipe Harold não gosta de mim. Não importa. Preciso engolir minha raiva e ser gentil com ela, se eu precisar de uma corda para sair daqui.'

Alícia fez uma pausa quando outra coisa lhe ocorreu. Paulina. Ela não percebeu que havia uma falha em seu plano até ter que pensar em Paulina agora. O que aconteceria com Paulina se ela conseguisse fugir? Talvez ela não devesse ter trazido Paulina consigo?

- N-Nós terminamos, Senhorita... Beth, - disse uma das garotas quando saía do banheiro. Ela tinha a cabeça baixa e as outras também.

Agora, Alícia perguntava-se quem era essa Beth e por que a tinha designado para atendê-la.

Beth, por outro lado, podia sentir seu sangue ferver por ter que atender a uma mera mulher humana. Ela vinha trabalhando para os reais desde que era bebê. Sua mãe tinha sido uma criada antes de morrer. E ela nasceu neste palácio. Ao contrário dos humanos, que ela ouviu dizer que não deixavam suas criadas ou servos se casarem e procriarem, era diferente no reino da lua porque eles eram lobisomens. E eles têm que continuar se reproduzindo para não entrarem em extinção. Eles também precisavam de guerreiros.

Não só sua mãe era uma forte Beta que sacrificou sua vida para salvar a rainha, mas seu pai também era um Beta e um dos melhores guerreiros. Todos a temiam porque ela era a criada favorita dos reais, e isso era por causa de sua família. Ela também era bastante forte, já que às vezes treinava com seu pai.

Ela merecia mais do que atender a uma mera garota humana fraca.

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