CAPÍTULO 33 - OFUSCADO PELA LUZ BRANCA

Correndo pelo campo de grama, Linn escapou por pouco de um dos ataques de espada do homem que lutava contra. Ela não conseguia equilibrar sua luta e nem mesmo usar o cristal da defesa para se defender efetivamente.

Olhando rapidamente para o lado, viu Mizu lutar com total domínio sobre o lider que também detinha um dos fragmentos do cristal da defesa.

"Esse cristal é tão fraco?"

Linn deixou que seus pensamentos profundos viessem à tona, deixando a dúvida sobre a arma que usava naquele momento. Sem aceitar o que havia pensado, lançou fora toda a dúvida que tinha em relação ao cristal que estava usando.

"Não, o cristal que sempre foi símbolo da nossa luta não pode ser falho dessa forma."

Levantando novamente o olhar em direção do homem que corria em sua direção para atacá-la, respirou profundamente, colocando sua mente em descanso.

Chegando finalmente a distância ideal de ataque, o homem lançou sua espada para a frente enquanto atacava em um corte diagonal em direção ao crânio de Linn.

Percebendo a desvantagem em relação a velocidade de reflexo, Linn finalmente decidiu usar o cristal que carregava em mãos

— Escudo Simples da Defesa.

Linn defendeu o ataque, repelindo sua força de volta sobre o corpo do homem que tinha a atacado, o fazendo ser lançado para longe.

Um forte golpe de ousadia da garota que começava a ter sua confiança de volta.

Caindo no chão a muitos metros de distância da garota, rolou por algumas vezes antes de finalmente parar em meio ao gramado grosso e molhado.

— Argh!

Visivelmente ferido, o homem levantou sua voz para gritar do fundo de sua alma. Imediatamente, se levantou e correu em direção a garota. Mesmo na queda longa e dolorida, ele não havia deixado de segurar sua espada.

— Digo em honra a meu nome, eu Alvin vou vingar com sangue a morte de todos aqueles que protegeram esse país com sua vida.

Aumentando a velocidade de sua corrida, se aproximou da garota de forma inesperadamente rápida.

Pega de surpresa, Linn nem mesmo pôde esboçar reação alguma antes de ser atingida e lançada por um ataque de corpo de Alvin.

Arremessada para trás, tentou firmar os pés no chão para não cair diretamente ao solo. Sem forças para se manter de pé, caindo de joelhos no chão após evitar que sua queda fosse pior.

Em sua frente, o homem chamado Alvin se aproximava lentamente enquanto carregava em seu rosto grande seriedade. Seu olhar de ódio se trasmitia para todo seu corpo, o qual tremia sem cessar.

— Vocês são todos absurdamente fortes. — Linn reclamou enquanto cuspia o sangue de sua boca na grama.

— Eu não devo satisfação alguma da minha força para você. Por favor, não volte a dirigir suas palavras para mim.

— Não acha que está sendo cruel demais com os outros por sua dor–

— Pah! — O som reproduzido ao ambiente se assemelhou a um estalo extremamente forte.

Alvin tinha atingido Linn com um tapa diretamente em seu rosto, causando o forte barulho de estalo que se reproduziu em meio ao vento que pairava sobre a grama.

— Eu disse para não falar nada!

Apontando a espada de sua mão em direção do rosto de Linn, gritou com olhos vibrantes para que todos ao redor pudessem ouvir suas palavras de ódio.

Linn não pôde levantar sua cabeça após receber o tapa do homem. Além de sua dor física, ela sentia sua dor emocional, aquele havia sido um ataque contra seu orgulho e contra sua própria força.

Levantando a espada para aumentar a força do corte, Alvin finalmente realizou seu ataque contra Linn.

— Finalmente eu vou poder testar tudo que vocês dizem sobre esse cristal.

Antes que o ataque fosse finalizado, uma voz masculina vibrante invadiu o espaço entre Linn e Alvin. Era Mizu, que segurava em sua mão o cristal de defesa, do qual criou algo para defender Linn do ataque.

— Escudo inquebrável

Um fino vento branco cercou tudo ao redor de Mizu e Alvin, deixando que os dois estivessem sozinhos dentro de uma esfera branca. Ao centro da esfera de vento, uma parede branca de luz forte ofuscou totalmente a visão de Alvin, o qual não pôde impedir que o movimento de seu ataque fosse finalizado.

Acertando sua espada na parede branca a sua frente, foi lançado para trás com o dobro de força que havia investido em seu ataque. Ao ser lançado para trás, não passou dos limites da esfera de vento branco, a qual o lançou de volta para a frente com o dobro da velocidade de seu lançamento anterior.

Repelido por mais uma vez, foi lançado em velocidade extrema na direção de Mizu, o qual se manteve parado enquanto segurava sua espada em sua mão esqueda e o cristal da defesa em sua mão direita.

— The End — Mizu disse, sorrindo naturalmente.

Estendendo a espada para a frente com sua mão esquerda, criou usando o cristal de sua mão direita um escudo extremamente fino, o qual o defendia da pressão que o corpo de Alvin lhe causaria. Para fora do escudo estava apenas a espada de Mizu, a qual se mantinha apontada em direção de Alvin.

Repelido em direção de Mizu, Alvin nem mesmo pôde mudar sua expressão séria antes de sofrer sua morte definitiva. Seu corpo tinha sido atravessado na barriga pela espada de Mizu, enquanto a parte interna de seu corpo não possuía mais nenhum órgão no lugar correto.

— Você tinha muito o que aprender com os que morreram antes por você.

Desfazendo imediatamente todas as criações a partir do cristal da defesa, Mizu o jogou no chão ao lado de Linn, que se mantinha de joelhos no chão.

— Você está bem?!

— Eu sou patética, não sou?

Levantando a cabeça para encarar os olhos de Mizu, Linn expressou em seu rosto uma tristeza sem fim. Sua melancolia profunda consumia o brilho de seu olhar forte. Era como se perdesse parte de sua vitalidade.

— Não, mas não acho que você esteja pronta para tentar fazer tanto quanto tentou hoje.

Mizu manteve em seu rosto o sorriso no qual usou por toda a segunda luta. No fundo de seus olhos, sua coragem e seriedade eram trazidos para dar suavidade ao ambiente.

Se aproximando de Linn, sentou-se no chão ao seu lado. Inclinando a cabeça para observar o céu azul que os cobria, sorriu empolgado.

— Você resolveu isso de forma rápida e de forma extremamente natural. Se você não estivesse aqui eu teria morrido no final de tudo.

— Ah, você vive pensando em segundas possibilidades, Linn. A grande verdade é que eu sou a causa deles terem vindo até aqui. Por isso, no fundo eu sou quem tem que descer do meu trono de orgulho para matar pessoas em busca dos meus objetivos.

Deixando sua nova espada suja de sangue no gramado, respirou fundo antes de continuar seu discurso.

— No fundo eu sinto que isso não é algo escolhido do universo para mim. Por pouco eu não explodi um dos meus inimigos em pedaços por não saber usar o poder que tinha em mãos, porém isso foi o que eu escolhi para mim. Temos que ser firmes em todas as nossas decisões.

Inclinando o corpo para trás, Mizu respirou profundamente por mais uma vez enquanto esticava seu corpo para trás.

Em nenhum momento ele parou de observar o céu azul que estava sobre sua cabeça enquanto sorria empolgado.

— Eu entendo que é valido pensar sobre outras possibilidades, porém também sei que não vale a pena imaginar que estamos deixando de viver da forma certa por conta delas. Você escolhe suas ações e as consequências são promocionais a isso. Não diria que sua escolha foi errada, acho que você não se preparou o suficiente para a consequência dela.

Sendo escarado por Linn, não percebeu os olhares de socorro. Seu olhar não havia se desviado dos céus em momento algum.

Levando Linn a um choro baixo com suas palavras, preferiu fingir não perceber. A liberdade que ele dava a ela era proposital para que ela pudesse se abrir para si mesma. No fundo, Mizu queria apenas aliados, porém neste mesmo local de seu coração, queria entender a profundidade da palavra "amigos".

Por fim, Linn e Mizu não trocaram mais palavras. Após chorar durante minutos, Linn se deitou no campo junto a Mizu enquanto observava o céu azul que os cobria.

Eles passaram aquele tempo calados admirando o céu enquanto esperavam o tempo escurecer e o clima de morte cessar.

Com o passar das horas, nem mesmo o corpo morto que compartilhava o mesmo ambiente deles podia impedir o clima de paz que surgiu sobre aquele lugar.