A lua observava os eventos sobrenaturais que aconteciam nesta cidade.
Nessa parte mais remota e extremamente abandonada, livre da civilização, onde um quarteirão inteiro foi abandonado, Sado Yasutora determinou do fundo do seu peito que iria cessar esses eventos de uma vez por todas.
Ele se encontrava nesta praça juntamente da maga arcana Fenícia Silver Waite e da jovem albina com dons ridículos: Yuki Sato.
— Hô? Você parece levar a sério o que está falando. Apesar de ser fraco, há força em suas palavras, eu admito. Vamos ver como você se sai contra os punhos de uma maga arcana como eu.
— Mago isso e mago aquilo. Até 1 dia atrás eu não acreditava em nada disso. Mas agora não posso ignorar de que é algo real.
— É uma pena que você esteja tão engajado. Sinto lhe dizer mas morrerás aqui. Entenda, eu não sou má. É por um bem maior do qual você não é capaz de entender.
Ela disse assim, com um sorriso leviano, lembrando Sado da figura de Maxuel Willians que se dizia ser um "bem feitor" mesmo espalhando tanto caos.
— Bem maior? O que seria isso?
Mesmo ela negando isso, o garoto pergunto estreitando os olhos. Ao que Fenícia apenas responde:
— A nossa organização esotérica irá mudar este mundo, ouça o que estou te dizendo. Mas para fazer isso, precisamos ao menos deixar o palco um pouco limpo ao se desfazer dos empecilhos.
— Então vocês agora me veem como um empecilho, é? — Sado riu. — Você segue essa crença de que trará um mundo melhor, mesmo que os meios para tal seja matar pessoas e se livrar delas? Foi mal aí, mas não importa por onde eu olhe, só consigo ver que é errado.
— Errado? Não é do conhecimento comum dos japoneses entenderem sobre religião. Não esperaria nada de um jovem insensato como você.
— Eu posso até não entender. Mas a minha consciência não deixa de me dizer que há algo amplamente distorcido aí. Não passa de fantasia.
— Fantasia? Pra mim é um sonho.
— ...Então eu vou te tirar desse sonho e te trazer de volta pra realidade. — ele cerra os punhos. — Á força.
Apesar do tom sério do jovem, a mulher ainda parecia o julgar como um objeto de divertimento.
Ela riu com aquele batom vermelho e colocou um dos braços nas costas.
— Uma mão é o suficiente para você.
— Vadia!!
Isso por si só foi o suficiente para o tirar do sério e ele partiu correndo em direção à socar aquela face fina, pálida e elegante.
Ao que...
— Continua lento.
Ele errou por milímetros o seu golpe de mão cheia quando ela desviou e logo em seguida o recebeu com uma cotovelada no nariz.
— Ghhg...!
Sado foi rebatido para o mesmo lugar de onde saltou. Sentindo a dor aguda do qual jamais sentiu antes, era a primeira vez de ter a sensação do nariz sendo esmagado.
Ainda de pé, rangendo os dentes suportando a dor avassaladora, ele segurou o seu nariz que escorria sangue e mais sangue manchando sua camiseta branca.
Respirar se tornou uma tarefa difícil com as narinas entupidas.
— Não me olhe assim. Seu olhar é assustador. — debochou.
— ...Cala a boca...!
Ele juntou uma pedra do tamanho da mão do chão abaixo dos seus pés e avançou contra a mulher pela segunda vez.
Pronto para esmagar aquele nariz pequeno e branco naquele rosto odiável, ele jogou o pedregulho com força total na face da mulher.
A pedra arremessada foi pega pela mesma e logo quando Sado se aproximou cheio de raiva para infligir um soco certeiro...
— Guhh!
Sentiu certo impacto duro no estômago dolorido que o fez cuspir ar, saliva e sangue das narinas.
Acertando o jovem com a mesma pedra que ele havia jogado, Fenícia simultaneamente conectou um golpe de mão aberta nas costelas direita de Sado o fazendo esbugalhar os olhos e logo em seguida outra cotovelada, na testa, jogando-o ao chão.
Tudo isso com um braço nas costas. Parecia que ela sequer estava tentando.
— Sado, não!!
Para Yuki, que acompanhava tudo isso sem poder fazer nada senão apenas olhar, era doloroso demais.
Se o garoto fazia tudo isso por ela, a ponto de sofrer danos físicos, Yuki que só assistia impotente estava recebendo danos mentais e emocionais.
Ela começaria a se amaldiçoar caso isso perdurasse por mais tempo.
— Para, Sado! Corre! Desiste! Me deixe aqui sozinha! Só não... Não se machuque tanto assim por mim...
Os lábios trêmulos da menina, seus olhos que se marejavam... Yuki se sentia a principal culpada.
Se ela não tivesse, naquele momento em que o reencontrou naquele playground, aceitado a oferta repentina dele de querer ajudá-la, nada disso teria acontecido.
Ele estaria em casa agora, tendo um momento normal de sua rotina, longe de perigo e bem.
Mas ao invés disso, está sendo brutalmente espancado por inconveniência do destino que o colocou nessa situação.
— O seu rostinho fofo não combina com essa cara de choro...
Ele que se levantava atordoado e zonzo, com a testa cortada e respingando sangue da face no chão, disse isso.
Ele parecia não se importar com a situação de risco vermelho em que se encontrava e era capaz de dizer uma coisa dessas.
— Eu disse... Que iria fazer isso... Que iria manter você em segurança...
A voz dele estava rouca devido a dor de ter que falar.
Se levantando do chão com as roupas sujas de sangue e terra ele se mantinha insistente em lutar.
Vendo a determinação esdrúxula do garoto, a mulher contemplou para Yuki:
— Eu invejo você. Ter um rapaz se esforçando tanto por você, à ponto de se levantar e seguir com o propósito que veio em mente é tão nobre hoje em dia. Eu admiro isso, Sado.
Ele definitivamente não esperava ouvir o próprio nome sair da boca desta mulher, e muito menos palavras de admiração.
Mas ele, se esforçando a se manter de pé para que a consciência não se perca, respondeu só com um "quem diria que eu seria elogiado por uma mulher..." seguido de uma risada irônica.
E, em sua mão esquerda, estavam seus tênis.
Ele, quando se juntou ao chão mais uma vez, havia os retirado e amarrou os cadarços uns nos outros com um nó cego.
Segurando seus dois tênis amarrados, ele rodopiou ambos em mãos.
— É uma pena que a mulher do qual quero tanto ser elogiado, está esperando por mim em algum lugar.
Veio em mente a ruiva. Aquela do qual gostava tanto durante 3 anos.
— Eu definitivamente irei voltar para vê-la.
Usou também esse fator como combustível para resistir tanto.
Seminari Akage era o seu combustível diário.
Sabendo de isso, ele girou e girou os seus tênis pelo cadarço, usando de arma ele correu descalço em direção à oponente hostil.
— Esse vai ser o seu golpe? Pois venha. Irei repelir assim como fiz com todos os outros.
— Então toma! Pode se preparar naipe de espada número 2!
Ele correu chutando o chão enquanto girava os tênis.
— Pois essa é a minha carta coringa!
E assim que chegou perto o suficiente, mirou no rosto da louca.
— Faker!!
Era o seu às na manga. A sua última aposta. A sua carta coringa.
— ....!
E ele errou.
Sado Yasutora errou o alvo.
Desviando para o lado, o ataque de tênis passou reto sem sequer acertar a oponente.
Foi...
— Esdrúxulo.
Ela rebateu ele com mais uma cotovelada, dessa vez no queixo.
Sentindo o impacto dos seus dentes rangendo atritando um nos outros, ele perdeu suas forças e deixou sua arma escapar por entre seus dedos.
Era o fim.
— Uhg...!
Arremessado ao ar e caindo de costas no chão, ele perdeu toda a noção de mundo.
Toda a sua força foi posta neste último ataque, por conta disso, sentia que não conseguiria mais se levantar.
Era o fim para Sado Yasutora que deu tudo de si.
— Humpf. Humilhar você não foi tão divertido. Veja bem, eu não sou uma sádica. Mas o seu ataque falhou.
— He...
Ele...
— He, he, he...!
...Estava rindo?
Tremendo, o menino só teve forças para levantar o pescoço.
— Você acha mesmo...?
— O que?
— Acabou pra você.
Vendo o rosto confiante dele, aquele olhar escuro marcando uma forte determinação, Fenícia Silver Waite arregala os olhos.
— Isso nã-...!
— Iá!!
Quando tomou ciência do que de fato ocorria, ela se virou rapidamente para ver sua sombra que segurava Yuki.
Ou que deveria segurar.
Mas sentiu o impacto de um pequeno punho em sua face, fazendo-a perceber no fim o verdadeiro plano do Yasutora.
— Então era isso... Eu caí em um truquezinho bobo desses.
Ela instintivamente pulou para trás, se desvencilhando da menina.
O plano de Sado Yasutora nunca foi o de tentar derrotar Fenícia sozinho. Ele sabia muito bem que não conseguiria.
O seu plano verdadeiro era ser usado como isca viva.
E quando mirou seus tênis no seu verdadeiro alvo, o seu Faker surtiu efeito quando aquela peça de roupa do Sado caiu em cima da sombra.
Assim...
— Eu estou... realmente zangada com essa situação...!
...O seu às estava ali, brilhando como nunca, e dessa vez a sensação térmica não era de frio, mas calor.
Com o arco se aproximando do fim, levará um certo tempo para os capítulos do segundo arco. Planejamento e escrita.