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Mordida de Tubarão

Me seguro na parede para não cair.

Sangue esta escorrendo da minha testa, e acabou entrando no meu olho, atrapalhando minha visão.

Sinto cada parte do meu corpo, desde a ponta dos dedos dos pés ao fio de cabelo mais profundo na minha cabeça, pedir para mim tomar analgésicos e me deitar.

Mas, por mais que minha mente também queira, eu não posso fazer isso. Tenho que ir na enfermaria, para que possam curar as fraturas na minha perna direita e braço esquerdo, recolocar no lugar e grudar minhas três últimas costelas do lado esquerdo, e limpar o sangue do meu corpo.

Dou mais um passo, mas acabo tremendo, sentindo a inconsciência cada vez mais próxima.

Me forçou a dar mais um passo, e resisto com toda força que me resta para não cair.

-Precisa de ajuda...? -Viro minha cabeça, e vejo uma bela garota com um olhar preocupado.

Embora o sangue atrapalhe a minha vista, posso perceber a beleza dela.

Baixa, cabelo tigela e rosa, com rosto fino e grandes olhos verdes.

Se eu pudesse, diria "Kawaii", mas acho que se fizer agora fará meu rosto doer mais. Quebraram meu nariz, sabe?

-Por...favor... -Peço antes de cair inconsciente no chão.

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Risadas...ouço risadas...

-Olha! Ele ainda está acordado!

Alguém fala isso e sinto meu corpo ser arrastado pelos tornozelos.

-Pega! -Abro meus olhos para ver quem falou isso, e vejo que é Asura Kabuto.

Ele está me erguendo no ar, pronto para me jogar para o amigo dele.

-N-Não...!

Minha reclamação foi inútil.

Asura me jogou para o amigo dele, que ao invés de me pegar, levantou os braços como se estivesse se espreguiçando, me deixando cair de cara no chão. Sinto uma imensa dor atingir meu rosto.

Meu nariz dobrou em um ângulo estranho, e um largo corte foi aberto na minha bochecha direita e na parte esquerda da minha testa.

-Porra, Ren! Não deixa nosso brinquedo quebrar ainda! -Asura briga com o amigo, enquanto caminha até mim, levantando-me enquanto segura minha camisa. -Segura ele! -Fala e me joga de novo para o amigo dele, que dessa vez me pega.

Levanto um pouco a cabeça para olha-lo, e vejo-o se aproximar com a boca aberta. Tremo, percebendo o que ele vai fazer.

-Vamos ver se seu sangue vale a posição da sua família... -Fala e morde meu braço esquerdo, usando a força da mandíbula de um tubarão e quebrando meus ossos do braços em várias partes e soltando, enquanto cospe o sangue. -Que merda é essa?! Esse sangue é uma porra! -Reclama e da um chute no meu rosto, me jogando dos braços do seu amigo para a parede do prédio.

Solto um gemido baixo de dor. Minha vista começa a escurecer...

-Que porra de sangue é esse, seu merda?! Como sua família nojenta ousa se achar superior por ter uma merda dessa nas veias, hã?! -Pergunta irritado enquanto pisa com força na minha perna direita, quebrando meu fêmur em dois. Solto um grito altíssimo, que com certeza chamaria a atenção.

-Asura, vamos logo! Esse grito vai chamar atenção! 

O amigo de Asura, Ren, tenta puxa-lo de cima de mim, para fugirem.

-Me solta, caralho! Deixa eu bater mais nesse filho da puta! -Asura fala e continua pisando na minha perna, quebrando e ainda mais pedaços meu osso.

Solto um grito mais alto ainda, e aí ele percebe o que a situação pode fazer com ele. Ele chuta meu rosto, fazendo minha cabeça bater na parede. Desmaio.

-Ah... -Gemo, enquanto acordo lentamente. Ponho a mão na cabeça com cuidado, para massagear a têmpora, mas paro, ao sentir uma mão áspera segurar meu braço. Viro minha cabeça devagar, vendo que é o enfermeiro chefe do internato.

-Aconselho a não fazer isso. Você possui muitas feridas e fraturas no rosto. Pode ser doloroso e pode complicar a regeneração. -Fala se sentando na cadeira do lado da cama. -Quer me dizer o que houve?

Fico quieto e de cabeça baixa, em resposta a pergunta dele. Ele solta um suspiro, enquanto fica me analisando.

-Eu me chamo Yanagami Kihiro. -Ele se apresenta e eu abro a boca. -Não precisa se apresentar, eu sei quem é você, Koenji-Kun. -Fala e pega a prancheta que está do lado da cama. -Koenji Tsukira. Quinze anos. Um "Humano", embora suas capacidades estejam em um nível "primata" ou menor. -Yanagami fala e abaixa a prancheta, me encarando de novo. -Me diga...você veio aqui após um evoluído ter lhe agredido, não foi?

Não respondo novamente, mas aperto o lençol que me cobre. Yanagami apenas suspira.

-Você deu sorte que aquela garota bonitinha, a Chihiro-Chan, veio te deixar aqui. -Comenta, se levantando. -Agradeça-a quando você sair daqui. -Fala e fecha a cortina, me dando um pouco de privacidade.

Tiro o lençol de cima de mim, e vejo que estou apenas com minha roupa íntima, com minha perna esquerda, 'tronco' e braço direito estão completamente enfaixados. Mexo os dedos da mão direita, não sentindo dor.

Ainda bem que a percepção é uma característica dos poderes do evoluídos, se não, não poderia ter sido tratado tão rápido. Devo agradecer também aos potentes analgésicos e reestruturantes de ação rápida. 

Graças a esses reestruturantes, ossos uma vez quebrados são reconectados em todas as suas partes com a ajuda de micro robôs presentes nos soros, que levam cada fragmento espalhado pelo corpo para seu devido lugar e o "solda", usando um tipo de supercola biodegradável que dura só o tempo até a regeneração natural.

Solto um suspiro, me deitando novamente.

Resolvo dormir mais um pouco.

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Já faz uma semana desde que "aquilo" ocorreu. Estou evitando sair da sala, e quando saio, é para ir ao banheiro ou para meu apartamento.

Não me encontrei com Asura nenhuma vez após o "incidente".

"Glória a Deuxx", é o que falo para mim mesmo sempre que penso nisso.

Descobri uma coisa interessante.

A garota que me ajudou se chama Amai Chihiro. Ela estuda na sala 1-1 C.

Ela vem até minha sala de vez em quando, me perguntar como tem estado a minha recuperação.

Ela é uma boa garota. Fiz amizade rápido com ela.

Seco meu rosto, e saio do banheiro, após terminar de escovar meus dentes.

Vou até a cozinha, para preparar meu café da manhã.

Frito dois ovos e duas fatias de bacon, colocando-os em um prato.

Ponho uma capsula de café expresso no coador da máquina de fazer café e um pouco de água na cápsula de aquecimento, na medida para ser feita só uma xícara.

Ligo a máquina, e coloco a xícara embaixo do registro por onde o café irá cair.

Pego um pacote com pães de forma e coloco em cima da mesa, junto com uma lata de manteiga e uma faca de serra.

Me volto novamente para a xícara e vejo que ela já está cheia.

Desligo a máquina e dou um beijo nela.

"Ah~! Maravilha da modernidade para preguiçosos!~", penso sorrindo besta.

Pego a xícara e a coloco na mesa ao lado do prato com ovos e bacon.

Pego quatro pães de forma, e uso a faca para espalhar a manteiga em um dos lados dos pães. Colo um dos ovos fritos em um dos pães e um em outro. Corto as fatias de bacon em quatro e ponho dois pedaços sobre um ovo e os outros dois nos outro. Pego os outros dois pães sem ovo ou bacon e ponho cada um sobre uma das partes com ovo e bacon.

Como lentamente os sanduíches, e quando termino de come-los, bebo meu café lentamente.

Solto um suspiro ao terminar de beber e me levanto, levanto o prato, a faca e a xícara para a pia, lavando-os e pondo-os no escorredor. Seco minhas mãos com um pano e guardo o pão, a manteiga e a máquina, mas antes limpando o coador dela e secando-o, pondo novamente na máquina para guarda-la.

Volto para o meu quarto, para dormir mais um pouco. Afinal, ainda são cinco horas da manhã, e as aulas só começam as oito horas.

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