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Capítulo 1

Umas semanas antes

E engraçado como a vida muda num piscar de olhos.

Depois de tanto procurar um emprego na minha área e não conseguir, não  tive escolha e para continuar pagando meus estudos e o pagamento do tratamento do meu irmão fui obrigada a aceitar trabalhar de garçonete numa boate de striptease. Hoje, exatamente quarta-feira à noite, às sete horas, seria meu primeiro dia. Eu cheguei pontualmente em frente ao endereço assustada, de dia não parecia tão assustador assim.

Meu celular vibra na bolsa, o pego tentando imaginar quem seja, afinal não tenho amigos, não me permite ter, situação complicada lá em casa. E abri o WhatsApp: era uma mensagem de meu padrasto

'obrigado por ajudar aqui em casa.

Você não há de se arrepender. Logo estaremos bem'

Respirei fundo. Eu não deveria mesmo e em ajudar em casa. Ele que deveria sustentar minha mãe e ajudar meu irmão, que é filho dele, mas vivia gastando nos bares e nunca levava dinheiro para casa. E o que ele queria que eu fizesse deixasse minha mãe morrer de fome já que ele não a deixava trabalhar? 

Agora como nunca tomei coragem ao lembrar pelo que estava passando e acelero o passo, estou determinada pensando em como afugentar homens nojentos quando viesse mais tarde com malícia por cima de mim. 

Só preciso de mais dois anos para me formar e conseguir o estágio na melhor Empresa de energia eólica do Brasil a Air Exo Brasil, meus anos de dedicação vão ser recompensados. 

Porém ouvir dizer que pai e filho pareciam não estar se dando bem. Nunca os vi nem mesmo em foto o senhor Bragança e reservado, não é difícil perceber que não aprovava, na verdade, resistia bastante a mídia.

Não o culpo, eu também não queria meu rosto estampado por aí. O homem conservador com fama de cruel era um tipo durão, com influência tanto nos bons quanto nos maus círculos, e era decisivo e implacável em suas ações.

 O único filho então nada responsável pelo que as colunas de notícias dizem, foi morar fora no Brasil gastar o dinheiro do papai. Não sabemos quantos anos tem o senhor Bragança, mas até quanto será sua relutância em se manter no poder se não tiver quem a direcionar? Aí que eu entro, quero trabalhar árduo para quem sabe chegar lá e ajudá-lo, esse é meu sonho. Então é compreensível a decisão dele não aparecer nos holofotes. 

A família Bragança, naturalmente, não será massacrada, deu trezentos bilhões de dote para ajudar algumas famílias a superar os tempos difíceis, incluindo a minha quando meu pai era vivo. Então muitas famílias o admira. Sim, já fui rica graças ao Bragança, mas graças ao meu padrasto perdemos tudo. Também me sinto culpada pelas condições, ou seja, três anos atrás, eu ainda era menor de idade e não pude fazer nada. Mas gostaria muito de retribuir a ajuda ao senhor Bragança por isso minha determinação. 

— Boa noite Cristal! — O segurança ao me avistar me cumprimenta.

— Boa noite! — Entro pelas portas do fundo onde somente os funcionários são permitidos e já vejo Elza.

— Menina pensei que havia desistido.

Forcei um sorriso nada motivada, mas precisava tentar.

— Eu não poderia perder essa oportunidade.

— Se você diz — ela dá um sorriso confortante.

— Trouxe seus documentos para o contrato?

— Contrato?! Quando fiz a entrevista não me falaram de contrato. 

— Não seja boba. Ninguém contrata hoje em dia sem contratos.

Respirei resignada. Não queria ficar presa a um contrato, caso a oportunidade certa surgisse.

— Entendo se não quiser a vaga.

Suspiro meio bufando conformada com minha falta de sorte, mas era o que tinha para hoje e não poderia me dar o luxo de recusar e deixar meu irmão sem os remédios.

 Representantes de ambos levaram os documentos necessários e finalizamos tudo.

O dono era novo por volta de uns vinte três anos, um loiro com olhos castanhos, comparado ao que pensei, e bonitinho e pelo jeito e esnobe ainda pois se quer olhou nos meus olhos.

— Elza, me coloque a par do que está acontecendo e por que precisamos contratar mais uma Host?

Host ou Hostess:

É a anfitriã, a pessoa responsável por receber os clientes na entrada. Mas não só isso: além de recepcionar os clientes do bar, o host ou a hostess indica onde podem se acomodar, coordena as reservas e tira as dúvidas sobre o cardápio e pagamento. 

Ou seja: é um cargo que atua diretamente com o atendimento ao público e exige muito carisma e simpatia. Sua principal função é acolher os clientes na chegada, dando as boas vindas e garantindo qualidade e conforto para o cliente.

 — Senhor, e que a Marcela não anda se sentindo muito bem ultimamente… — Ele se vira em direção a Elza então pude vê-lo melhor, seu olhar parecia maléfico.

— Então quebre o contrato com ela.

— Mas senhor…

— Está querendo desobedecer minhas ordens.

Elza nega com a cabeça.

Elza foi quem me entrevistou. Como gerente de bar, a função dela é supervisionar a operação, coordenar a equipe e garantir que tudo corra bem — inclusive resolvendo possíveis insatisfações e conflitos com os clientes. 

Além disso, o gerente também deve fazer o controle de estoque e financeiro do bar, entre outras funções administrativas como contratações, entretanto Elza não parece ter o poder de decisão. 

— Tudo bem senhor!  

  — Está preparada? — ele estava perto de mim observando-me profissionalmente, portanto percebi que a pergunta foi feita a mim.  

                        — Preciso estar! 

— Interessante a sua resposta, mas deve ter habilidades de comunicação e resolução de problemas. Trabalhar sob pressão e deve estar preparada para tomar decisões estratégicas quando um dos clientes passar dos limites.  

— Para ser garçonete? 

— Não é simplesmente garçonete, e Host.

— Para mim, dá no mesmo. — respondi a dar de ombros.  

— Aí! _ Ele segurou meu braço com força.

— Elza nos deixe sozinho preciso ter uma conversa com nossa nova funcionária. — Elza consentiu e se vira em direção a porta e quando abre parecia que uma dançarina vinha pra cá determinada.

Sérgio continua apertando meu braço.

 — A partir de agora tome cuidado ao falar comigo. — Ele me diz ameaçador.