Diziam que as traições podiam vir de qualquer um, no entanto, por que aqueles que vêm do topo decidiram trair logo seus servos mais fiéis? Lutamos tanto para, no fim, estarmos aqui, neste chão gelado. Só queríamos mais uma chance, talvez alguma segunda vida em que não sejamos fadados à miséria e servidão a algo imoral. Pelo visto essa chance nos alcançou, uma nova vida, que lutaremos até o fim para proteger.
A história em que nos tornamos os três mosqueteiros.
Por: Nickname_Xd
Mesmo que seja irônico eu falar isso, mas sempre imaginei que morreria de maneira épica, sabe? Com trombetas ecoando por um cenário destruído, enquanto eu e meus camaradas lutavam contra soldados inimigos...
Mas, aqui estou eu, o infame carrasco real, caído no chão, com espadas perfurando cada parte de meu corpo, queria saber o motivo desta puniçã- Maldita traição. Olhei para frente, erguendo enfurecidos em direção àquele que trouxera meu fim, aquele que nos governava com mão de ferro, a majestade.
O desgraçado ria como uma criança que acabara de ouvir uma piada de bom gosto. Além da risada doentia daquele diabólico ser, poderia escutar terceiros, como esqueceria de meus compatriotas, mais que isso... irmãos de batalha. Diferente de minha pessoa, Bael e Priest, aqueles que me acompanham desde a mocidade, gritavam e esperneavam contra o Rei, cujo dito não se importaria com as maldições delirantes "invocadas" pelos outros dois carrascos traídos.
Naquele momento, meus olhos, agora perdidos, buscavam apenas encarar pela última vez àqueles que já chamei de irmãos, notavelmente suas vozes não me alcançavam mais, assim como a gargalhada daquele maldito homem. Minha visão escurecendo, a fúria já esvaia de meu âmbito, assim como a vida que nunca me pertenceu verdadeiramente. Tudo parecia chegar ao fim, meus irmãos deitavam-se bruscamente contra o solo, levando a crer que era apenas uma questão de segundos para que chegasse a minha vez, então, antes que ocorresse, apenas implorei aos céus que pudéssemos ter uma segunda chance, uma em que tivéssemos a liberdade que tanto sonhavamos em ter.
Meus olhos são tomados pela escuridão, a morte me alcançou. Na pior das hipóteses, era o que eu imaginava, infelizmente, não haviam coisas grandiosas, como trombetas, nuvens douradas ou figuras celestiais... apenas a solidão. Passou-se horas, o interessante, é que eu não conseguia me mover livremente pelo ambiente em que estava, não conseguia ver e nem identificar as coisas através de outros sentidos, entretanto, o tato era diferente, podendo assim excluir a possibilidade de estar morto.
Ou era o que eu queria crer, o tato funcionava perfeitamente devido ao fato de estar em uma espécie de confinamento, meu corpo parecia imobilizado em algo espesso, porém, gelatinoso... era difícil discernir o que realmente poderia ser.
Passou-se um longo tempo dentro daquela esquisita prisão, se não fosse pelo meu treino intenso como carrasco, teria certamente enlouquecido neste confinamento.
(Será que sobrevivi contra aquelas espadas?)
Enquanto pensava em hipóteses sobre minha situação atual, uma luz se formou a minha frente, antes que eu pudesse raciocinar sobre sua aparição, fui pego pelo calcanhar de maneira rápida e precisa.
(Que tipo de criatura nefasta é essa?!?)
Me perguntei ao ser puxado, não seria qualquer um capaz de puxar um homem de quase 2 metros e meio. Ao ser levado para fora, era difícil de enxergar, minha visão não se acostumou tão rapido quanto desejei que fosse, mesmo assim, tentei me contorcer quando a suposta criatura mudou sua pegada, segurando desta vez minha cintura.
Almejei gritar e lutar, entretanto, tudo que meu corpo capenga conseguia fazer, era chorar... impressionante, não? Em toda a minha vida, nunca chorei desta forma, com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, pude sentir a troca de mãos, parecia que outra coisa me segurava, pela formosura, talvez fora a ser as mãos de uma dama, certamente era um toque singelo, reconfortante e carinhoso, a familiaridade com aquelas mãos era impressionante até para mim. Meus olhos inundados finalmente teriam se reajustado ao ambiente, minha primeira visão fora a ser daquela que me carregava com tanto carinho, seus cabelos eram avermelhados e alaranjados como brasas de intensas chamas, suas bochechas eram rosadas como se acabara de fazer grande esforço, seus olhos de iris vermelhas traziam grande orgulho e paixão materna por mim... enquanto meus olhos procuravam respostas e admiravam aquela que me segurava com tanto afinco, era audível a seguinte frase "Parabéns Senhor e Senhora Ember, é um menino."
Meu olhar de admiração pela minha suposta "mãe", tornava-se desespero no momento que escuto tais palavras, eu, o carrasco mais forte acabara de reencarnar no corpo de um recém nascido!? Minhas preces de última hora se tornaram realidade... porém, da maneira mais surreal possível.