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Setembro de 2019

O chamado suave de minha mãe penetrava meu sono como uma melodia tranquila, mas insistente. "Filha, vamos lá, você vai se atrasar", sua voz ecoava em minha mente, despertando-me de um sonho que eu desejava não ter que abandonar.

"Só mais 5 minutos, mãe... Por favor..." supliquei, ainda envolta pela névoa dos meus sonhos, enquanto tentava desesperadamente reter as memórias de uma época em que a vida era mais simples, mais feliz, antes da tragédia que virou meu mundo de cabeça para baixo.

A consciência da realidade começou a se infiltrar lentamente enquanto o termo "colégio" ressoava em meus ouvidos. Colégio?, Pensei, lutando para reconciliar as lembranças fragmentadas de uma vida que parecia tão distante, mas tão intensamente presente.

Com relutância, ergui-me da cama, os olhos pesados ​​ainda pelo sono, enquanto meus sentidos se ajustavam à dura realidade que me aguardava. Meu olhar vagou pelo quarto, registrando cada detalhe como se estivesse revivendo um déjà vu perturbador. A iluminação no teto, os móveis familiares, cada traço era uma lembrança vívida de um passado que eu desejava poder esquecer.

Um arrepio percorreu minha espinha quando meus olhos encontraram o espelho no centro do quarto. A figura refletida ali era eu mesma, mas não a versão cansada e marcada pelo que eu conhecia agora. Era uma versão mais jovem, mais inocente, mais livre de cicatrizes emocionais. Era como se estivesse olhando para um vislumbre do passado que eu havia perdido para sempre.

Com mãos trêmulas, alcancei meu telefone, buscando desesperadamente por uma âncora no presente tumultuado. Um dado na tela piscante confirmava minhas suspeitas, arrastando-me de volta para um tempo que eu pensava ter deixado para trás. Setembro de 2019 - 5 anos antes daquele acidente que finalizou minha vida.

Uma onda de intervalo e incredulidade me inundou enquanto as lágrimas começavam a brotar em meus olhos. Será que tudo o que eu havia vivido desde então era apenas um sonho passageiro, uma ilusão cruel que agora estava desmoronando diante de mim?

Minha mãe surgiu diante de mim, uma presença familiar que agora parecia uma vitória inesperada. "Vamos, querida, você vai se atrasar para o colégio", disse ela, suas palavras soando como música aos meus ouvidos, uma ponte entre o passado e o presente.

Não pude conter as lágrimas, a gratidão transbordando de cada fibra do meu ser. Era como se, por um breve momento, eu estivesse de volta ao tempo em que tinha a chance de dizer as palavras que nunca tive a oportunidade de dizer.

"Mãe... Papai... Eu amo vocês...", murmurei, as palavras se desprendendo de mim em meio ao soluço da emoção.

"O que houve, querida? Teve algum pesadelo?" Disse minha mãe, preocupação brilhando em seus olhos.

Nada, pensei, nada além do desejo incontrolável de abraçar aqueles que eu havia perdido e agora tinha uma chance de recuperar, mesmo que apenas por um breve instante. "Mãe, eu poderia ficar em casa hoje? Estou me sentindo mal, estou cansada...", implora, a necessidade de tempo para processar a reviravolta em minha vida se tornando avassaladora.

E assim, entre o choque do passado e a incerteza do futuro, vi-me diante de uma escolha: enfrentar a realidade distorcida que agora me envolve ou me rende à tentativa de permanência no conforto fugaz dos sonhos que me chamavam de volta ao passado.

Antes de poder completar meus pensamentos, uma voz conhecida ecoou do corredor.

"Wu Xiaoli, você está pronta? Estou aqui embaixo esperando por você!"

Yu Yue, minha amiga de longa data, cuja presença me traz desconfiança. Será que tudo que vivi foi real e ela não era a amiga que eu pensava?

"Mãe, eu poderia ficar em casa hoje? Estou me sentindo mal, estou cansada...", repeti, minhas palavras relacionadas a uma urgência que eu mal consigo entender. Eu preciso de mais tempo para entender essa realidade distorcida antes de enfrentar o mundo lá fora, e Yu Yue, com todas as suas perguntas não respondidas, parecia ser o primeiro obstáculo no meu caminho.