Adeline tomou um suspiro profundo e trêmulo para acalmar sua aceleração repentina e rápida do coração.
César podia sentir a confusão dela e sabia que ela estava se afogando em pensamentos. Ele arrancou a caneta-tinteiro que estava na mesa e começou a girá-la com dois dedos, sua atenção subitamente em outro lugar. "Por que você não fica..."
"Eles me deram vinte e quatro horas para retornar à mansão," disse Adeline, apertando furiosamente o telefone.
"Ah?" César levantou os olhos para olhá-la. "Eu me pergunto o que eles vão fazer com você. Você realmente quer voltar?" Ele se levantou, franzindo a testa.
Adeline balançou a cabeça. "Não que eu queira, mas eu tenho que ir. Por favor, me mande de volta."
"Você tem certeza disso?" César perguntou. Ele caminhou até ela e parou em sua frente, inclinando-se para sussurrar diretamente em seu ouvido, "As coisas vão ficar confusas. É um pressentimento." Suas palavras eram um aviso indireto.
Adeline fechou os olhos trêmula, com punhos cerrados, e seus dedos sem saber perfuraram suas palmas.
As coisas vão ficar confusas; sim, ela já sabia disso. Definitivamente, não precisava que lhe dissessem. Mas as coisas ficariam ainda mais confusas se ela não voltasse para a mansão. Ela conhecia os Petrovs um pouco demais, especialmente o velho em si. Ele era pior do que Dimitri jamais poderia ser.
Um diabo em pele humana!
Aquele homem era perigoso demais para ser subestimado. Era alguém que sempre cumpria suas palavras e, se ela não voltasse, ele certamente tornaria o que disse em realidade.
O mínimo que ela poderia fazer era voltar primeiro — o funeral de sua mãe seria daqui a três dias, afinal. A fuga viria depois.
"Eu sei," ela disse a César, acalmando-se com um sorriso. "Mas eu ainda preciso voltar. Ignorá-lo faria as coisas piorarem."
"Entendi." César assentiu e tirou um cartão do bolso do colete do terno. "Aqui, pegue isso." Ele deu o cartão para ela. "Algo me diz que você vai precisar."
Adeline recebeu o cartão e começou a examiná-lo. Ela perguntou, "O que é isso?"
César respondeu, "Meu cartão de visitas."
"Você acha que eu fugiria de uma máfia para me envolver com outra?" Adeline não hesitou em perguntar.
"Por que não?" César ergueu uma sobrancelha, rindo como se as palavras dela fossem ridículas. "Você já está envolvida comigo. Não vejo problema."
Adeline levantou seu rosto pálido do cartão, lançando-lhe um olhar duvidoso. Ela enfiou o cartão no bolso.
"Você descartou minhas roupas?" A primeira coisa que ela notou ao acordar foi que estava vestindo calças de moletom grandes e uma camisa branca, ambas novas, com etiquetas como se tivessem acabado de ser compradas.
Para quem? Para ela?
"Não," César respondeu. "Foi lavada, seca e deixada no sofá do quarto de hóspedes para você."
Com um simples aceno de cabeça, Adeline virou-se para sair do escritório, mas uma pergunta dele a fez parar.
"Qual é o seu nome?"
Ela olhou para ele com uma expressão carrancuda. "Você não sabe?"
"Isso importa?" César abriu as mãos enluvadas inocentemente, sorrindo. "Eu ainda quero que você me diga."
Adeline não tinha certeza de como responder a isso. Parecia que ele estava brincando com ela. Mas, independentemente, ela respondeu, "Adeline. Meu nome é Adeline Ivanovna Alerxeye."
"Não Petrov, vejo," César murmurou com uma risada, sua mão acariciando sua mandíbula. "Bem, então, espero que nos encontremos novamente lo-"
"Espera. Adeline?" ele perguntou, pegando rapidamente seu telefone para pesquisar algo. "Adeline é seu nome verdadeiro?"
"Er, sim." Adeline levantou uma sobrancelha para ele, confusa.
As sobrancelhas de César se franziram, os olhos se estreitando duvidosamente nela.
Por que o nome dela é Adeline? Não é russo. Ou estou entendendo algo errado? Hmm... O homem pensava profundamente. Pensando bem, ela realmente não parece russa. Seus olhos fizeram uma varredura completa dela, da cabeça aos pés.
"No que você está pensando?" Adeline indagou, cruzando os braços.
César encontrou seus olhos. "Você é totalmente russa?"
"Não, sou meio alemã." Adeline balançou a cabeça, franzindo o rosto. "Achei que isso fosse óbvio."
"Hm...mista."
César murmurou suavemente, riu e então se recostou na mesa.
Adeline não sabia o que ele estava pensando, mas o sorriso no rosto do homem não desapareceu por muito tempo.
Antes de sair, ela respirou fundo, dizendo, "Obrigada por me salvar. Vou levar aquele taco de golfe que vi lá fora." Ela saiu pela porta, batendo-a antes que ele pudesse dizer uma palavra.
César olhou para a porta, e uma risada satisfeita escapou de sua boca. "Minha vida está prestes a ficar bastante interessante."
"Supremo Alfa." Nikolai entrou pelas portas alguns segundos depois, um brilho vigilante evidente em seu olhar.
César olhou para ele, seu sorriso desaparecendo. "O quê?"
"Eu a vi sair agora pouco. Está tudo certo? Devo..."
"Está tudo bem," César interrompeu, caminhando para sentar-se na cadeira do escritório. Ele cruzou as pernas e entrelaçou os dedos com uma expressão fria. "Veja que ela seja levada em segurança."
"Acho que estou pronto para criar uma tigresa. Uma muito interessante," ele falou, suas palavras pura frieza.
"Sim, senhor." Embora Nikolai não tivesse certeza do que ele queria dizer com sua última frase, ele se virou e saiu do escritório, deixando-o sozinho.
_________
Adeline saiu do carro que a parou a uma certa distância da mansão Petrov e fechou a porta, baixando a cabeça para olhar para Nikolai.
"Obrigado," ela disse, com os olhos brilhantes.
"Você tem certeza de que está bem?" Nikolai perguntou, duvidoso. Ela tinha tomado uma garrafa inteira de álcool no caminho até lá e ele não tinha certeza do porquê.
Era como se ela tivesse se embriagado de propósito.
Adeline riu baixinho. "Estou bem." Ela soava bêbada.
Mas Nikolai não iria demorar. Então, ele assentiu e deu partida no motor do carro, dirigindo-se para fora.
Olhando ao redor, os músculos de Adeline relaxaram e a respiração ficou um pouco mais fácil para ela. Ela ajustou seu paletó e começou a se aproximar do portão da mansão Petrov.
Havia pelo menos duas câmeras CCTV fixadas acima dos pilares, então ela estava bem ciente de que eles podiam vê-la parada bem na frente do portão. Ela estendeu a mão, pressionando a campainha.
De dentro da mansão, os guardas de segurança, que pareciam estar cientes de sua busca, arregalaram os olhos quando a viram através dos computadores de monitoramento. Eles correram para fora e abriram o portão.
O olhar atento deles a avaliava, notando sua condição.
"S-Sra. Adeline, você está bem?" um deles perguntou.
Eles estavam confusos com a maneira como ela estava parada com um sorriso maluco no rosto e um... taco de golfe?
Espera, por que um taco de golfe? O que ela ia fazer—
Adeline irrompeu em uma gargalhada repentina e estendeu os braços com a cabeça jogada para trás.
"ESTOU DE VOLTA!!" ela gritou.