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Estrela - Presentes Surpresa

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Estrela

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Quando acordei na manhã seguinte foi com o sol brilhando intensamente no quarto mais uma vez. Eu não sabia se iria me acostumar com isso. Ver a luz do sol todos os dias. Era definitivamente novo e eu gostava, mas quanto tempo tudo isso duraria?

Eu ia sair da cama para me limpar, era maravilhoso estar limpa e eu nunca mais queria estar suja novamente. Mas, houve uma batida na porta.

"Estrela, sou eu." Ouvi a voz de Chay do outro lado da porta. "Dessa vez eu não vou entrar a menos que você abra a porta para mim. Esse é o seu quarto e você decide quem entra aí."

As palavras de Chay me pegaram de surpresa. Eu que decidia quem entrava aqui? Eu poderia não deixá-los entrar se eu não quisesse? Isso era novidade para mim.

Mas eu gostava de Chay. Ela foi uma das primeiras mulheres que me tratou bem, eu esperava que não fosse tudo um truque de algum tipo. Independentemente disso, fui até a porta e a abri, depois de pegar o caderno e a caneta.

Quando abri a porta e encarei Chay, notei que ela estava cercada por várias sacolas grandes.

"Bom dia." Ela sorriu para mim. "Como você dormiu?"

[Bem] Escrevi a palavra para ela ler e em seguida continuei. [O que é todo esse material?]

"São só algumas coisas que pegamos para você se sentir mais confortável e em casa."

Senti meus olhos se arregalarem com as palavras dela. Coisas para mim? Por quê? O que estava acontecendo aqui?

[Por que você comprou coisas para mim?]

"Porque sou sua amiga e quero te fazer feliz." Ela sorriu lindamente para mim com um olhar doce nos olhos. "Posso trazer para dentro? Eu pedi para Morgan buscar seu café da manhã já que ele não está mais guardando sua porta."

[Ele não está?] Este dia estava começando a ser bem chocante para mim.

"Não está, e também não tem ninguém na sua janela. Como dissemos, você não é prisioneira aqui. A gente só não queria que tentasse se machucar. Não consigo acreditar que você tentou pular pela janela." Ela estava me fitando, como se estivesse chateada com o que eu tinha feito. "O que você estava pensando, Estrela? Você poderia ter se matado." Baixei minha cabeça envergonhada enquanto escrevia minha resposta para a pergunta preocupada dela.

[Eu estava assustada e pensei que estaria em tanto perigo aqui quanto estava lá]

"Eu sei que você está com medo." Ela se inclinou para frente e esfregou meu braço. "Só espero que você pare de estar com medo de nós logo."

[Desculpa]

"Garota, não precisa se desculpar. Depois de ouvir o que você passou, é óbvio que você está com medo. Você vai confiar na gente quando estiver pronta e todos nós sabemos disso. Nunca peça desculpas por se preocupar e proteger a si mesma. Só saiba que agora tem muito mais gente preocupada com você, e todos nós estamos dispostos a te proteger."

[Sério?]

"Sim, sério." Ela então me abraçou forte.

Quando Chay se afastou do abraço, ela estava sorrindo, com os olhos gentis e o toque suave. Talvez eu pudesse confiar nela.

"Então, você se importa em me ajudar com essas sacolas para eu poder te mostrar suas coisas?" Contra tudo que eu esperava, eu realmente sorri para ela enquanto balançava a cabeça afirmativamente. Ela estava sendo tão gentil comigo que eu não consegui evitar.

Logo após estarmos no quarto com as sacolas houve outra batida na porta.

"Provavelmente é o Morgan com seu café da manhã, quer que eu atenda?" Balancei positivamente com a cabeça para ela enquanto permanecia sentada à mesa. "Oi Morgan." Disse ela enquanto abria a porta.

"Oi Chay." Pude ouvir a felicidade na voz dele, parecia que ele provavelmente estava sorrindo.

Um momento depois Morgan entrou no quarto carregando uma bandeja. De fato, ele estava sorrindo.

"Bom dia Estrela." Ele sorriu para mim. "Para hoje Ar-."

"Já chega." Chay o interrompeu, fazendo com que Morgan a olhasse confuso.

"O quê?"

"Não é nada, desculpa." Chay olhou para ele seriamente. "O café da manhã de hoje, Estrela, tem panquecas. São deliciosas." Ela falava sorrindo, mas eu a encarei confusa e quase desconfiada.

Morgan colocou a bandeja para baixo e olhou para Chay por um instante antes de um ar de realização aparecer em seu rosto. Foi então que ele assentiu e sorriu com entendimento. Ele não disse mais nada, apenas saiu do quarto dando um tchauzinho com a mão.

[O que houve?] Perguntei a ela.

"Nada." Ela sorriu docemente. "Morgan só gosta de conversar por um tempo, se eu deixar ele começar nunca irá parar. E eu tenho um monte de coisas para te mostrar."

[OK] A resposta dela parecia ser suficientemente honesta, mas eu ainda estava cético.

Acomodei-me mais na cadeira enquanto começava a comer. A comida era mesmo deliciosa. Estava tendo a oportunidade de experimentar muitos alimentos que nunca tinha visto antes. Eles eram deliciosos e maravilhosos, e eu esperava nunca mais ser trancado para poder ter essa vida para sempre.

"Bom?" Chay perguntou enquanto eu colocava outra mordida na boca. Meu aceno teve que ser resposta suficiente para ela. "Ótimo. Continue comendo, eu vou te mostrar o que trouxe." Ela sorria como se estivesse feliz com algo. Como se estivesse recebendo presentes. Eu ainda não sabia o que tinha feito para merecer tudo isso.

Chay passou pelas sacolas uma por uma. A primeira tinha uma nova escova de cabelo, escova de dente, sabonetes e um monte de outras coisas que eram para o banheiro. Ela me disse para que serviam e por que eu precisava deles. Isso sozinho já me deixaria feliz. Pensar que na próxima vez que eu sangrasse não teria que deixar o sangue escorrer por mim enquanto agachado no porão era um pensamento reconfortante.

As próximas várias sacolas tinham um monte de roupas. Tinha três de cada peça de roupa, e eu tive que perguntar por quê. Nós mudamos para o sofá perto da janela depois que eu terminei de comer, então eu simplesmente peguei o bloco de notas e escrevi.

[Por que tantas?]

"Ah, bom, nós não sabíamos qual tamanho ia caber em você então pegamos vários. O que não servir a gente pode devolver." Ela inclinou a cabeça com um sorriso no rosto. "Você está usando minhas roupas, mas elas são tão grandes em você que eu não sabia qual tamanho pegar."

[Eu também não sei o meu tamanho] Eu disse enquanto beliscava as roupas que estava usando. [Mas eu sinto como se estivesse crescendo] Eu adicionei depois de olhar para as roupas.

"Isso é bom. Seu corpo precisava dos nutrientes, da comida, para construir massa muscular e tal. Você realmente era só pele e ossos quando chegou aqui."

[E se as roupas servirem agora mas depois ficarem pequenas?] Não, eu não deveria perguntar isso. Isso é assumir que vou continuar comendo assim. [Esquece] Eu adicionei rapidamente enquanto balançava freneticamente a cabeça.

"Eu sei o que você está pensando." Ela parecia triste agora, com os olhos baixos enquanto se sentava perto de mim no sofá. "Eu sei exatamente o que passou pela sua cabeça. Você se assustou depois de perguntar isso e é porque pensou que estava errado e presunçoso da sua parte assumir que continuaria comendo tanto assim de agora em diante. Não foi isso que você pensou?"

Eu não podia negar as palavras dela. Ela tinha visto através de mim e sabia o que eu tinha pensado. Eu balancei a cabeça, me sentindo mal por ter tido aquele pensamento.

"Pare de se preocupar com isso, Estrela. Porque você vai continuar comendo assim e desse tipo de comida. Pode comer mais se quiser. Você pode ter o que quiser. Você me ouve? Você me entende? Você não vai se meter em problemas por pensar que pode comer sua comida. Então, sim, você está certa, as roupas podem não servir em um mês ou mais. Então, que tal guardarmos tudo que serve agora e o próximo tamanho, para você ainda ter roupas que gosta quando essas ficarem pequenas demais."

Eu estava balançando a cabeça furiosamente.

[Não! Isso é demais] Eu escrevi as palavras de maneira descuidada na minha pressa frenética para detê-la.

"Tarde demais, já está decidido. Sério, não precisamos devolver nada. Podemos doar tudo para pessoas necessitadas. Essa é uma boa maneira de fazer isso certo." Ela ficou chocada ao ver minha sobrancelha levantada. "Nós somos pessoas legais aqui, Estrela, nós ajudamos pessoas." Ela estava rindo de mim ao dizer isso. "Agora, vamos, deixa eu te mostrar o resto das roupas."

Ela continuou olhando todas as sacolas. Havia algumas roupas muito boas, e outras não tão legais. Eu não queria reclamar, então não expressei meu desgosto por elas. Ela poderia ficar brava comigo se eu fizesse isso. Mas, conhecendo Chay, por pouco que fosse, eu não achava que ela ficaria realmente chateada.

Depois das roupas vieram muitos sapatos. Havia tênis, como Chay chamava, e sandálias que mal cobriam os pés. Todos os sapatos eram incríveis para mim. Sim, eu tinha visto minha família usá-los, mas nunca tinha usado nenhum nos últimos dezesseis anos. Isso seria novidade para mim.

"Tente isso." Chay insistiu enquanto me entregava um conjunto e sapatos. As roupas me assustavam porque eu só tinha usado calças e shorts que se enfiavam, e camisetas que eu passava pela cabeça. Todas essas coisas que ela tinha me entregue tinham botões, zíperes e amarrações que eu não sabia como manejar.

Eu me sentei ali, com a cabeça pendida em vergonha. Eu lutava para não chorar. Eu tinha conseguido não chorar quando minha família me machucava. Eu ainda não tinha chorado desde que cheguei aqui. Mas agora, vendo o quão estúpida eu realmente era, isso me fez querer chorar. E quando os pensamentos não paravam de passar pela minha cabeça a barragem se rompeu e as lágrimas começaram.

"Estrela? O que há de errado?" Chay veio se sentar ao meu lado no sofá, o braço envolvendo-me confortavelmente enquanto as lágrimas continuavam a correr pelo meu rosto.

Eu não conseguia alcançar meu bloco de notas ou minha caneta. Eu não conseguiria enxergar o suficiente para escrever com os olhos turvos pelas lágrimas.

"Estrela, você está bem?" Chay parecia triste, como se meu humor estivesse afetando ela.

"E-Eu-." Minha voz, há muito tempo não usada, estava sendo desobediente no meu estado deprimido, mas eu limpei a garganta e tentei novamente. "Eu não sei o que fazer." Eu disse a ela, levantando minha cabeça e olhando-a com os olhos cheios de lágrimas.

"Estrela!" Ela exclamou meu nome quando me olhou e então me abraçou forte. "Mostre-me. Mostre-me qual é o problema e eu te direi como consertar." Ela recuou, sorrindo feliz.

"Eu nunca usei botões, zíperes e amarrações antes." Eu expliquei.

"Estrela?" Ela parecia triste novamente. "Eu vou te mostrar como. Não se preocupe. Você nunca teve a chance de aprender, então agora é sua vez. Não se preocupe."

"Eu sou tão estúpida." Eu solucei enquanto enterrava o rosto nas mãos.

"Não, você não é." A voz de Chay estava firme e zangada. "Esse bando de idiotas nunca te ensinou nada, isso não é o mesmo que ser estúpido. Nunca se chame de estúpida de novo. Todo mundo teve que aprender, isso é tudo."

"Eu sinto muito." Eu solucei novamente.

"Nunca peça desculpas pelo que eles te fizeram." Ela me segurava tão apertado que doía um pouco, mas também era reconfortante estar tão perto.

Depois que me acalmei Chay me ajudou a me vestir. Eu corava por toda a questão, mas ela agia como se não fosse nada. Uma vez que ela me mostrou como manusear as particularidades das novas roupas e sapatos, eu seria capaz de fazer tudo sozinha.

O conjunto que ela escolheu para mim usar era bonito e simples. Consistia em um par de jeans azul escuro macios, algo que eu tinha visto mas nunca usado, uma regata verde escura e uma jaqueta preta de mangas três quartos. Havia também um par de tênis preto com cinza. Isso sem mencionar as peças íntimas que Chay tinha se certificado de comprar e me ajudar a vestir. O sutiã certamente era uma novidade para mim e levaria algum tempo para me acostumar, mas as meias e calcinhas eram confortáveis o suficiente.

Depois de estar vestida, Chay me ajudou a decidir onde colocar todas as minhas coisas novas. Até os livros que ela ainda não tinha mostrado. Por pouco não chorei de novo quando os vi. Eu realmente iria gostar de ler um livro agora.

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