Sua visão estava turva, uma onda de areia e energia amaldiçoada o cercava, dificultando o processamento dos acontecimentos ao seu redor.
"Ghhh… O que você pensa que está fazendo?"
A voz de Sukuna estava abafada, ao longe ele podia ouví-lo.
" Ghhh… Seu moleque !!"
Ele ouvia um leve tremor ao fundo.
"Fu..ji..wa..ra"
Silêncio
…
Escuridão
…
Leves murmúrios foram ouvidos, alternando entre o mundo de sonhos tumultuados de imagens confusas. Ele estava vagamente ciente da presença de duas vozes.
Incapaz de discernir o que ecoava ao seu redor Yuji se sentia perdido. Aos poucos, os murmúrios se tornaram mais claros, revelando o que estavam conversando sobre ele.
A voz feminina começou a falar, sua voz soando suavemente, "Este garoto, Yuji, ele é perfeito, Sukuna-Sama. A chance de encontrarmos alguém tão compatível com o senhor é de um em um milhão. E o fato de ter uma energia amaldiçoada tão familiar contribuiu para isso. A ligação de sangue recente que compartilham agora faz com que vocês estejam praticamente irradiando a presença um do outro dentro de seus corpos."
Sukuna respondeu em um sussurro, "Fale mais baixo, Uraume. O pirralho vai acordar a qualquer momento."
A serva pedindo desculpas, continua a falar em voz baixa, "Mas, Sukuna-Sama, por que tem sido tão duro com ele? Assim, você não vai conquistá-lo."
A voz do homem agora tinha um toque de impaciência , "Cale a boca, Uraume. Eu sei o que estou fazendo."
Enquanto os dois conversavam, Yuji se remexeu quando começou a sentir algo quente e reconfortante ao seu redor. Ele percebeu e sentiu que seu cabelo estava sendo afagado carinhosamente por dedos grandes, e uma vibração de uma das vozes parecia vir de muito perto de seu corpo.
Aos poucos, ele começou a recuperar a consciência, embora ainda se sentisse fraco e confuso.
Seu corpo ainda parecia pesado e lento quando ele tentou mover-se. A sensação reconfortante de seu cabelo sendo acariciado continuava, trazendo uma sensação de calma e segurança, quase o fazendo voltar ao sono.
"Ele está acordando, Sukuna-Sama."A voz de Uraume murmurou suavemente.
Também ouviu a voz de Sukuna que soou próxima a ele, cheia de impaciência. "Finalmente, acorde garoto. Você desmaiou como um idiota."
Yuji sentiu uma dor latejante em sua mão, a mesma que havia ferido Sukuna com a adaga. Abriu os olhos lentamente e piscou várias vezes até que o ambiente ao seu redor começasse a se tornar claro.
Ao tentar se levantar, ele sentiu que algo estava errado. Havia um calor como de uma pele ao seu redor, algo que o envolvia. Ele encarou olhos carmesins, olhou ao redor e percebeu que estava deitado sobre Sukuna, e seus corpos estavam entrelaçados.
Imediatamente Yuji tentou se afastar, sua mente cheia de confusão e preocupação, mas assim que tentou se mover, sentiu uma pressão firme de dentro de si o segurou no lugar. Era como se algo os mantivesse juntos.
Sukuna, que estava desperto, olhou para ele com um olhar que continha uma mistura de raiva e desdém. "Não faça isso, garoto. Você não pode se separar de mim agora. O processo de entrelaçamento está em andamento e não pode ser interrompido."
Uma onda de pânico foi o que Yuji sentiu crescer dentro dele. Ele não entendia o que estava acontecendo, e a ideia de estar ligado a Sukuna de alguma forma era perturbadora.
"O que diabos você quer dizer com 'processo de entrelaçamento' ?" Sua voz questionadora era trêmula. "E por que estamos assim… tão próximos?"
Com um toque de impaciência em sua voz Sukuna explicou, "É parte do ritual de passagem, garoto. Não que você precise saber todos os detalhes, nossa ligação está sendo fortalecida."
Nada mais nada menos que um olhar horrorizado de Yuji foi dado para Sukuna. Ele não podia acreditar no que estava ouvindo. "Isso é algum tipo de brincadeira?"
Sukuna suspirou, como se a relutância de Yuji irritasse. "Não é uma brincadeira. É um processo que une nossas energias e almas. Você pertence a mim agora, garoto."
Era como se algo extremamente frágil se quebrasse dentro de sua mente, sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele estava preso em uma situação que não entendia completamente, e a ideia de pertencer a Sukuna era aterradora.
"Sukuna, você precisa me explicar isso direito", sua indignação era clara em sua exigência. "O que isso significa? E por quanto tempo estaremos nessa condição?"
Ele sentiu o aperto de braços em suas costas, mas não pode fazer nada nem com esse olhar normalmente tedioso do outro."Até que nossas energias estejam completamente alinhadas. Pode levar algumas horas, ou talvez dias. Durante esse tempo, nossas almas estarão ligadas, e nossas energias se fortalecerão mutuamente."
"De jeito nenhum!" Isso parecia um absurdo e ele estava preocupado com as implicações de tudo isso. "E se eu quiser me separar de você?"
Tudo que recebeu foi um sorriso presunçoso Sukuna . "Você não pode. Não sem consequências graves. O processo não pode ser interrompido. Você será minha esposa agora, e isso é inegociável."
Sua respiração falhou por um segundo, atordoado com as palavras do homem maldito. A ideia de estar ligado a ele, especialmente como "esposa" para sempre seria um desastre. Ele olhou ao redor da sala, percebendo que estavam deitados em uma cama luxuosa, sua proximidade ainda mais evidente agora.
Enquanto tentava processar tudo o que tinha acontecido, a serva de cabelos brancos fez a atenção retomar a si. "Yuji-Sama, durante as próximas horas, vocês serão capazes de se levantar e mover-se com mais liberdade. À medida que o processo de entrelaçamento se completa poderão se ter distâncias maiores um do outro."
Com isso, Uraume saiu da sala, deixando os dois sozinhos na cama. Yuji sentiu-se constrangido e desconfortável, especialmente porque estava sendo tocado e nunca tinha estado tão perto de Sukuna dessa maneira, na verdade de qualquer pessoa em sua vida intimamente.
Não pode deixar de perceber que ele mesmo estava usando apenas com uma túnica simples, enquanto o rei das maldições estava sem a parte de cima da roupa como o usual. A proximidade de seus corpos o deixou tenso, e a situação era estranha, de longe não queria estar nessa situação.
Sukuna, no entanto, parecia indiferente à situação. Ele se ajeitou inclinando o corpo para trás na cama grande, derrubando mais o corpo de Yuji contra o peito dele, antes de apoiar a cabeça no travesseiro, um olhar crítico vinha daqueles olhos vermelhos. "Parece que estamos presos aqui por um tempo, garoto. Você tem alguma pergunta?" Sua voz era totalmente relaxada, o que gerava uma extrema vontade de socá-lo no rosto.
No mesmo instante isso gerava um tremor dentro de si e Yuji engoliu em seco, sentindo-se um pouco envergonhado. Ele tinha muitas perguntas, mas estava nervoso em fazer qualquer uma delas. No entanto, ele decidiu seguir em frente.
"O que exatamente significa essa questão de ter uma compatibilidade com você?"
"Ah, então você ouviu." Levantando uma sobrancelha Sukuna fez uma pequena pausa, como se estivesse disposto a esclarecer as coisas. "Nossas energias amaldiçoadas se encaixam de uma maneira que é extremamente rara. Isso não acontece com qualquer um. A ligação entre nós é uma chance de um em um milhão."
Isso o fez se lembrar de quando engoliu o dedo de Sukuna, seria um veneno mortal para ele se não houvesse compatibilidade.
E com isso ele começou a sentir algo estranho, como se estivesse ansioso e animado com algo, mas é estranho porque não é como ele se sente nesse momento.
"Mais alguma pergunta?" Ele olha para Sukuna que sorria de canto.
Yuji tinha muitos pensamentos, muitas questões. Agora como ele seria capaz de ir embora? Se quer voltar para o seu tempo?
"Não, no momento mais nada só…" Ele tinha dentro de si um grande sentimento de impotência, se sentindo encurralado e não tinha o que fazer..
"Mas eu tenho uma pergunta para você." Sukuna interrompeu seus pensamentos.
De onde estava apoiado a sua cabeça não permitia que sua visão se fixasse no homem, mas mesmo mesmo contra a sua vontade ela estava apoiada naquele pedaço de corpo, onde podia visualizar as tatuagens no peito.
Uma tensão no ar veio, o que o fez inclinar de leve a cabeça quando Sukuna finalmente quebrou o silêncio e olhou diretamente nos seus olhos, sua voz carregada de expectativa.
"Yuji," começou Sukuna com uma expressão penetrante, "Quero que você me diga a verdade."