webnovel

Cidade não tão perdida

[POV 1° Pessoa: Nauac]

Abri a porta e saí do bar, meus pés pisando sobre um chão de pedra úmida, os sons de sacola e conversas alheias soando no meu ouvido.

Ao meu redor algumas pequenas barracas de venda forma erguidas, alguns transeuntes vendo as mercadorias, perguntando a veracidade, discutindo preços e até mesmo conversando sobre assuntos paralelos, conhecidos ambíguos.

O lugar que eu estava era uma construção de pedra lapidada, acima tinha um teto cobrindo e as paredes, mas em frente estava um espaço vazio com uma escada para baixo.

Já de imediato eu vi ao longe.

O topo como um pequeno templo, todo dourado, conforme descia ficava mais largo, muito alto, em formato claro de pirâmide, cheio de outros pequenos edifícios em seu terreno abaixo.

A vegetação parecia mais viva do que na própria floresta anterior, e pássaros estranhos que eu nunca soube que existiam voavam pelos céus.

Um, inclusive, se assemelhava muito a um dinossauro do tipo voador, mas era colorido e com penas, soando místico ao extremo. Quando passava atraía olhares e permanecia sempre voando no céu como se fosse um espetáculo artístico.

Andei adiante até a escada de pedra, passando entre algumas pessoas que se aglomeravam em meio a entrada do local místico.

Alguns vestiam robes da escola, semelhantes ao meu.

Quando pisei na beira da escada pude ver o que outrora já me veio em vista, mas agora era sem obstáculos entre meus olhos.

Antes da grande pirâmide ou templo dourado, existia muitas outras construções parecidas em estilo, mas nenhuma sendo tão grande, claro. Pareciam casas, lojas e outras propriedades que você veria em uma cidade normal, mas tudo parecia ser feito de ouro, refletindo ofuscantemente a luz do sol que se tornava mais dourada sobre sua superfície.

Uma parte do solo era preenchida por água e caia em um grande abismo a esquerda, lá embaixo podendo identificar um grande rio comprido que se estendia para fora da vista.

Mais distante ainda ficavam cordilheiras verdejantes, as montanhas atingindo alturas surreais.

Entretanto não se foi citado o mais sobrenatural.

Em frente aos meus olhos, várias ilhas voadoras, pedaços de rochas reais flutuantes, pairavam no ar.

Em todos se enxergava uma construção.

Com firmeza pisei nos degraus, começando a descer a grande distância.

Não se fora nem alguns segundos descendo e um passo já soou atrás de mim, se apressando e chegando meu lado.

"Ei, você é do Castelobruxo, certo?"

Era um garoto loiro com uma expressão alegre, ele esticou o pescoço ao meu lado, perguntando e quase cuspindo na minha cara.

"Sim." Respondi.

"Bom, então por que você está descendo?"

Olhei para ele nos olhos, tentando compreender.

"Por que eu não iria?"

"As ilhas voadoras, cara! As de transporte nos levarão até o topo da escola, ou você quer subir todos aqueles degraus a pé?" Ele perguntou apontando para a gigante escada da 'pirâmide' dourada.

"Aquilo foi feito de mal gosto, quem que vai seriamente subir tudo isso?" Ele continuou.

"E quando eles nos levarão?" Perguntei.

"Bom, como não estamos pagando nada... em algumas horas eles virão."

"Estranho, só tem aquelas pessoas ali para ir? É uma pequena multidão, mas não vi muitos alunos." Continuei questionando.

"Ah, não, a maioria pagou particular ou desceu a cidade para esperar."

"Pois então, irei ver essa tal cidade também. Depois eu posso simplesmente subir a escada, não é grande coisa." Eu respondi.

"Ahh, vejo que você é maluco então. Tudo bem, eu irei com você!" Ele disse, mas eu só o observei com estranheza.

"Mãe, Pai, irei descer com meu amigo até a cidade!" Ele parou e gritou de longe.

Era definitivamente um garoto estranho.

Ele correu e me alcançou de novo.

"É a minha primeira vez também, para deixar claro."

"Hm."

"Você vê isso? Só tinham me contado sobre, mas de perto é mais incrível do que qualquer coisa que eu pudesse imaginar."

"Hm."

"Caramba! Olhe ali, é o Katawixi."

"Quem?"

"O pássaro gigante."

Olhei e era o réptil voador colorido. Ele passou perto da escada com um ímpeto pelo ar, fazendo o vento balançar o meu cabelo. De perto dava para ver melhor o seu tamanho em comparação ao meu corpo, e ele era mais do que o dobro.

"Dizem ser uma criatura mística, que traz sorte e benções sobre Ratanabá."

"Ratanabá?"

"O que? Vai me dizer que não sabe o nome da cidade em que está?" Ele perguntou com surpresa.

"Não, eu sou um nascido trouxa." Menti.

"Oh, faz mais sentido. Mas seu guia do corpo docente deveria ter pelo menos te dado algumas informações, deve ter sido algum dos ruins que foi te buscar."

"Provavelmente era."

"Vê? Esteja preparado para isso, embora a maioria dos professores daqui sejam bons pelo o que eu ouvi falar."

Logo estávamos no chão da entrada da cidade.

"Até que não demorou tanto, você é um cara legal de conversar, o tempo passa rápido com pessoas assim!" Disse-me sorrindo.

Realmente era alucinado. Eu sequer disse algo além de concordar ou questionar.

"Devo ser. O que te disseram sobre a cidade?" Perguntei.

"Me falaram que um dos melhores lugares para ir é o Petiscos Lustrados."

"E você tem dinheiro para ir lá?"

"Eh, não, hehe." Ele disse coçando a nuca.

"Mas um lugar que é grátis e bom, Covil Luar! Quer dizer, as coisas são pagas, mas olhar é bom."

"E o que tem lá?"

"É a loja de um homem que faz varinhas e armas mágicas."

"Que tipo de armas mágicas?"

"Ahh, bom, isso aí eu já não sei. Por isso mesmo deveríamos dar uma olhada."

Acenei com a cabeça.

"Nos leve até lá."

"Meu pequeno amigo, as coisas na vida são difíceis, muitas vezes precisamos olhar dentro de nós para achar o que buscamos. Nada vem de graça e tudo necessita de esforço, ou pelo menos foi o que meu pai me disse uma vez."

"Você não sabe onde fica, certo?"

Ele soltou um suspiro.

"Eu também sou novo aqui, cara. E explorar esse lugar é a magia da coisa, né?" Eu sentia que ele estava mentindo, mas não poderia fazer nada.

O olhei inexpressivo. Crianças são complicadas, tenho quase certeza que esse garoto tem pais um tanto ricos ou importantes. Do contrário, como ele poderia ser tão animado e ingênuo?

Além disso, ele também não mentiria se não fosse alguém querendo desesperadamente passar um tempo com um 'amigo'.

O que eu podia ler em seu batimento cardíaco.

次の章へ