Um homem baixo e um pouco fora do peso, com um aspecto macilento e descuidado, entrou, também esfregando as mãos. Pelas gotas brilhantes em seus ombros e cabelos oleosos, havia chuva fina lá fora. Eun Ha desviou o olhar do novo cliente do café, para puxar a cortina ao seu lado e espiar a esquina onde deixara o Caçador.
Mas ele estava lá, como uma coruja de sobretudo, embaixo do poste, segurando sua duffel bag e um chapéu. Eun Ha teve um déjà vu desagradável, esfregou os braços e desviou o olhar, sem saber o que era pior: estar dentro do café sufocante, ou lá fora com o seu tutor.
Provavelmente, esta noite, para o que ele caçava, ambas as coisas. Seu olhar se voltou novamente para o recém-chegado. Ele parecia incomodado com o casal barulhento, o so olhava com desconfiança e desprezo, ignorando Eun Ha, enquanto foi até o balcão onde o Confeiteiro estava, com um andar displicente. Apesar de pressentir que este homem de aparência desagradável era um encrenqueiro, Eun Ha tinha acabado de ter um ideia, e precisava verificar a viabilidade. Ela levantou-se para ir ao banheiro do café, passando por eles.
A porta do único banheiro ficava perto da porta da cozinha, na lateral do balcão. Ao passar perto dos homens conversando baixo, ela ouviu:
"Pensei que tinha sido claro, Sr. Lee. Eu preciso do meu dinheiro hoje."
A resposta monocórdica foi: "Pode levar o que tem no caixa hoje."
"E o que tem hoje? Vejo que seus bolos estão apodrecendo na prateleira."
Eun Ha, propositalmente, abriu a porta da cozinha espiou lá dentro, fingindo ter se enganado. Viu a mulher, distraidamente jogando o conteúdo de uma caixa na lata de lixo. A cozinha era limpa, mas detestável e fria, bem diferente da cozinha maravilhosa do Café e Bolos Doçurinha, onde cresceu. A mulher se virou para ela, com um olhar assustado, e Eun Ha fez um aceno apologético com a cabeça, e fechou a porta, fingindo embaraço. Percebendo também o olhar dos dois homens em si, ela se apressou para o banheiro. Repentinamente a lâmpada acima de sua cabeça, a mesma que oscilava com um barulho estranho, fez um barulho alto e apagou completamente. Eun Ha levou um susto, chegou a dar um pulo. Ouviu atrás de si a gargalhada alta do recém chegado, bastante desagradável.
"A mocinha não precisa ter medo de uma mera lâmpada queimada. Precisa ter medo do que vai encontrar no banheiro?! O que será, hahahaha!"
Eun Ha olhou por cima do ombro, sem saber se devia responder, mas o dono do lugar falou, numa voz que parecia ao mesmo tempo irritada, porém sem energia para reagir. "Não afaste os clientes com insinuações vazias, Sr. Kim!"
"Por que a moça pode acreditar que há um rato ou mais, aqui?"
Ai, que nojento, por que ele tinha que falar de ratos? Como eu vou entrar no banheiro agora? Eun Ha já ficou com nojo e medo só de pensar.
"Pare, eu não vou conseguir pagá-lo dessa maneira."
Será que ele está sendo chantageado por este tipo asqueroso? Ela respirou fundo, e abriu a porta do banheiro. Mas não havia nada lá pronto para guinchar e correr na direção de seus pés, era um banheiro razoavelmente limpo porém bastante velho, com azulejos rachados e encardido. Omo, omo, o que eu faço agora? Ela agarrou sua varinha com força, e se olhou no espelho. Por um instante teve a impressão de ter visto algo se mover como num relance perto de si, mas não havia nada ali. A luz nua marcava suas expressões e fazia sombra em seu rosto, e ela viu que seu cabelo estava desgrenhado sabe-se lá desde que horas. Meu Deus, eu estou um horror. e houver um monstro aqui, ele vai se assustar comigo. Hahaha. Deixa eu arrumar isso daqui.
Ela novamente sentiu uma sensação estranha na ponta da orelha, mas enfiou a mão em sua bolsa e tirou uma escova, arrumando rapidamente os cabelos. Se eu vou estragar o banheiro irremediavelmente, melhor usá-lo agora, não é? Guardou a escova e enfiou a mão começou a baixar o cós da pantalona preta. Seu olhar correu para o canto do banheiro, que estava vazio, quando se sentou no toilete. Seu coração palpitou estranho.
Lá fora, a conversa perto da porta do banheiro podia ser ouvida abafadamente. Ela apenas conseguia entender algumas partes, porque o homem que tinha chegado falava mais alto e de maneira áspera e cínica, pressionando o Confeiteiro. Eun Ha estava começando a ficar com raiva desse idiota.
"Acha que minha família pode se contentar com essas misérias. Estamos para ser despejados, Sr. Lee! e a culpa é sua! Termine logo com isso! Eu também não tenho interesse algum em ficar vindo aqui toda semana, ou mesmo em atrapalhar seus negócios, só que não posso esperar mais…"
"... O que eu posso fazer, não tenho mais dinheiro. Mesmo aqui, estamos cobertos de dívidas."
"... Já disse o que pode resolver o que há entre nós. Eu o deixarei em paz. Tenho um comprador para sua batedeira industrial. Pelo menos meu prejuízo não é tão grande, e se eu conseguir vender isso amanhã cedo, consigo pagar meu aluguel amanhã mesmo."
"... Já disse que não posso, os objetos ser recolhidos para ir a leilão, é tudo o que sei, e…"
"Não seja assim… O que eu posso dizer, hein? Que sua localização pode se tornar pública para seus outros credores?"
Aishh, vou transformar esse pulha no sapo em que ele já se parece! ela pensou, rolando sua varinha na perna. A porta do banheiro pareceu que ia abrir, ou foi essa sua sensação, e ela terminou rapidamente, lavando as mãos, porém isso aparentemente fez com que se lembrassem que uma estranha podia estar ouvindo a conversa. Um silêncio pesado se seguiu, Eun Ha achou que poderia estar acontecendo algo, e se apressou em sair.
Um silêncio pesado se seguiu, enquanto ela lutava para fechar a torneira emperrada, sem sucesso. Continuou ppingando mesmo depois que ela fechou totalmente. Eun Ha se inclinou para usar mais força para fechar a torneira, quando sentiu uma presença crescendo atrás dela, grande e escura.
Com um movimento rápido, ela respirou fundo e girou, erguendo sua varinha pronta para uso.