Após toda a batalha, todos estavam exaustos e sequer se aguentavam de pé. Lucy sequer tinha energias para curar os ferimentos de todos ali, a única de pé era Mary, que é a que recebe o chamado de Mike, já que o restante havia desmaiado.
- Bom trabalho, vocês conseguiram. – Ele diz, relaxando no sofá.
- É... Acho que sim... – Mary responde ofegante, limpando o sangue de seu rosto e levantando-se com dificuldade.
- Tivemos algumas baixas, mas por agora, a vila está segura. Se você puder também, Mary, traz Daniel e Claire de volta, pra gente enterrar eles mais dignamente. – Mike diz, suspirando e coçando os olhos.
- Tudo bem... – Ela diz, se perguntando por onde iria começar.
- Mary, me diz, essa não foi sua melhor performance, não é? Não que eu esteja criticando o fato de você ter aceitado ajuda, mas... Diz aí. – Mike pergunta, pensando um pouco. A albina, apesar de exausta, talvez até mentalmente, tenta responder enquanto ia na direção de Ethan.
- Não... Eu já fui muito melhor... Sinto muito, mas eu não sei responder porque eu enferrujei tanto. – Ela olha para sua própria mão, que por debaixo da braçadeira, era cheia de calos e cicatrizes.
- Eu tenho uma teoria... Já parou para pensar que o equipamento que você usa suga sua energia vital? Fora que, você interrompeu sua busca por dois anos pra poder treinar o Ethan. – Mike diz enquanto pegava um sanduíche na mesa, podendo enfim comer aliviado.
- ... Não, não deve ter sido o Ethan, tem que ter algo mais. – Ela chega ao lado do menino e tenta o acordar. Ele ainda estava respirando e seu coração batia normalmente, porém ele realmente não parecia conseguir acordar por agora.
- Bom, cuidado hein, sua fama vai sumir desse jeito. – Mike dá uma risada sútil.
- Quem que gosta de ter um título assim? Eu só assustei o Ethan. – Mary vai na direção do prédio derrubado e após mexer nos destroços, acaba vendo o cadáver de Claire ali, ela o pega e arrasta para fora, pensando como iriam levar tudo isso em motos. O que restava para ela era aguardar pelo menos um deles acordar.
Longe dali, atrás de um estabelecimento destruído, uma figura que parecia ter cabelos brancos e compridos, vestia algo semelhante a um terno e, mesmo escondido, nunca perdia sua postura elegante e nobre. Ele parece intrigado com a cena que estava vendo e então sai andando em direção ao horizonte. Outra figura, atrás de outra construção, dessa vez alguém que, apesar de ficar em pé igual um humano, tinha orelhas, pelos, cauda e até os olhos de um felino. Pelas roupas, que eram um jaleco de cientista, porém com calças e tênis de corrida, juntamente de uma mochila que carregava no ombro, a figura era exatamente o que aparentava, e ele também sorri e sai andando dali.
Mary por um momento, enquanto carregava Claire, acaba sentindo duas energias singulares estranhas, porém foi algo muito rápido, e quando a albina percebeu, ela parou e ficou olhando apreensiva para os lados, até se passarem vários segundos e nada novamente. Ela entendia que estavam sendo observados, e que talvez isso implicasse em algo mais para frente, mas agora ela tinha coisas a priorizar.
- Me aguardem... Heróis. – Ela diz e continua carregando o corpo da singular.
Mary deixa o corpo de Claire na moto dela e o de Daniel na outra. Ethan ainda estava dormindo, encostado no veículo e ao seu lado, de pé, a albina, já David e Lucy, Mary deixou na outra moto, desmaiados um ao lado do outro.
Ela pensa se deveria realmente fazer isso e acaba retirando de sua mochila um pacote de cigarros, fazia um tempo que ela não fumava, mas desde que começou sua jornada, ela tem tido essa tendência. A albina pega o isqueiro da bolsa de Ethan e abre o pacote, colocando um na boca.
Mary primeiramente se pergunta se ainda sabia fumar, então ela acende o cigarro e pelo visto ela se acalma mais ainda, e após isso ela solta a fumaça pela boca, enfim compreendendo porque havia parado com aquilo: o cigarro a deixava relaxada, e depois que ela encontrou o Ethan, ela precisou ser ainda mais atenciosa a tudo. Mary então olha o objeto em seus dedos e pensa que ainda não é hora de voltar para ele, não enquanto seu pupilo estiver aprendendo, e ela joga o cigarro no chão.
Três horas se passam e finalmente David e Lucy acordam, eles se olham, olham para frente, onde estava aquela poça gigantesca onde o Carniçal anteriormente havia explodido, e veem Mary sentada no chão, servindo de travesseiro para Ethan, que ainda estava em sono profundo.
- Vocês têm sono pesado. – Mary diz para os dois.
- Quanto tempo desmaiamos? Ninguém aproveitou que a gente tava vulnerável, eu vou chamar isso de sorte. – David diz e se levanta.
- Fala mais, logo logo chega um Herói aqui dizendo: "Me chamou?" – Lucy diz de maneira debochada, David bagunça os cabelos dela como punição e ele fica todo embaraçado por causa do sangue nele.
- Ah, é... Os dois. Bom eu acho que é hora de voltar, vai querer outra massagem, meu bem? – David diz e já se posiciona na moto. Daniel e Claire estavam amarrados por cordas no veículo.
- Pode parar de me expor? – Lucy responde e sobe na garupa da moto.
Mary então acorda Ethan e o menino, mesmo com sono, sobe na garupa da moto e o grupo se prepara para ir embora daquele local.
- Bom trabalho vocês todos. – Bruno quem diz mentalmente para o grupo através da ajuda de Mike.
- Ah, Bruno. Bom... Foi em prol da vila, quem agradece é a gente por continuar nos aceitando aí. – Lucy responde.
- Não importa a origem da pessoa, se colaborar para manter, eu irei permitir. Ah, Mary, eu preciso conversar com você quando chegar. – Ele diz e encerra o contato.
O grupo acelera as motos e partem daquela cidade em ruínas que agora estava cheia de cadáveres. Mary olha para trás e pensa em como era aquele local antes da sua destruição, e que também implica em uma dúvida que um dia Ethan fez a ela, sobre onde estariam os singulares mais fortes, aqueles capazes de trazer cidades ou até um estado inteiro à destruição.
Enfim, o grupo quase não conversa durante a volta, estavam extremamente cansados, porém, Lucy começa com um assunto.
- Mary, o que pretende agora? – Ela pergunta. A albina fica um pouco pensativa a respeito, e também olha para Ethan atrás dela, que ainda dormia em suas costas.
- Vou conversar direito com o Bruno... Imagino que vocês irão me ver ainda por um tempo na vila. – Mary diz e volta a olhar para frente.
- Não acho tão ruim isso, não é, David? – Lucy responde com um sorriso sutil, com esperança de que Mary se tornaria mais aberta com eles.
- Humph... – David apenas vira o rosto, não querendo responder.
O grupo enfim chega na vila dos Cicatrizes, Bruno e Alex já estavam na entrada dela para os receber. Primeiramente eles ficam assustados com o tanto de sangue que o grupo tinha em todo o corpo. Assim que eles param as motos, Alex é a primeira quem vai ajudar, a loira tenta falar algo para Mary, que quando olha de volta e a singular observa aqueles olhos verdes, penetrantes e ferozes, além de ficar um pouco intimidada, ela sente seu coração até mesmo batendo mais rápido e seu rosto ficando avermelhado. Alex então só passa por eles e vai até Claire e Daniel nas motos.
- Vocês dois... – Alex suspira e os coloca nos ombros com uma expressão de decepcionada.
Lucy e David acenam para Bruno, o singular gélido pega Ethan no colo e vai o levando para a casa de Mary acompanhado da ruiva enquanto a albina fica para conversar com o líder.
- A gente conversa depois, tá, Mary? – Lucy diz, agora sem um olhar de desprezo.
- Não derruba ele. – Mary diz para David, que só faz um gesto, como se dissesse para a albina não esquentar a cabeça com isso.
- Mary, de novo, eu fico muito agradecido pela ajuda. A vila tá segura novamente por agora. – Bruno estende a mão e a moça aperta.
- É parte do trato... Não foi nada. – Mary responde, ainda mantendo a expressão neutra dela. Bruno olha a albina cheia de sangue pelo corpo.
- Claro... Bom, é parte do acordo, vocês dois poderão ficar aqui, só que, eu também devo lhe lembrar, Mary, para ter uma equipe para enfrentar os Heróis, cabe a você os convencer. Eu sou um líder, não um tirano para os obrigar. – Bruno diz enquanto ajeitava as mangas de sua camisa, revelando que ele também era bem definido, mesmo não aparentando fazer exercícios para combate.
- Eu sei. Ainda... Estou trabalhando nisso. – Mary diz enquanto olha para David e Lucy.
- Bom, só vá com calma. Eu já sinto que é muito arriscado te ter aqui, mas não dá para negar sua ajuda nesse momento, os Heróis estão avançando cada vez mais suas fronteiras, estão inclusive contratando grupos afiliados a eles para facilitar esse processo. Se for o caso, vamos precisar de toda a ajuda necessária para garantir a segurança. – Bruno diz, um pouco nervoso sobre e até pensando o que deveria fazer.
- Vou estar pronta. – Mary diz.
- Espero. Bom... O que tem em mente por enquanto? – Bruno pergunta e Mary começa a pensar em possibilidades.
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Um lugar distante dali, em uma sala escura com vários cabos e uma espécie de cápsula brilhante no centro, onde dentro dela havia um ser humanoide, baixo e de aparência jovem, tal pessoa estava nu e aparentemente em sono profundo. Tinha eletrodos monitorando seus batimentos cardíacos e respostas sensoriais, além disso, a figura parecia flutuar, mas não por causa de um líquido, estava por conta própria. Uma figura alta e feminina se aproxima da cápsula, vendo no aparelho ao lado os sinais daquele ser entubado.
Após isso, a figura felina com jaleco de cientista se aproxima dela e entrega uma espécie de relatório em uma prancheta. Assim que a moça vê o documento, ela fica surpresa e após isso dá uma risada sutil.
- Encontramos... Logo nosso objetivo estará completo. – Ela diz, pela voz era visível ser uma adulta, e a figura encosta na cápsula e sorri. – Acorde minha criança...
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Outro lugar distante, uma cidade dessa vez, no terraço de um prédio. A figura de cabelos brancos e compridos vem andando de maneira elegante e sempre com compostura, o rapaz se aproxima de duas outras figuras, um homem e uma moça. O rapaz aparentava usar um sobretudo gótico com as mangas puxadas e a moça utilizava um collant que cobria até seu pescoço. O aparente trio tinha também máscaras de gás à disposição em seus pescoços, cada uma com um estilo diferente. Estes estavam na frente de outra figura, que se mantinha misteriosa, mas se tratava de um homem também. O rapaz do meio, com o sobretudo começa.
- Podemos chegar em um acordo, mas o preço vai aumentar. – Ele diz, com uma voz um pouco rouca.
- Mas nem foram vocês quem mataram aqueles canibais, porque eu deveria lhes dar um aumento? – A figura misteriosa responde.
- Porque somos os únicos que sabem onde Ela está. Vou deixar que pensem a respeito, cuidado, quem pode acabar sendo encontrado são vocês... – Ele diz e assim o trio dá as costas para a figura, que fica pensativa com relação a aquilo.
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De volta a vila dos Cicatrizes, Mary, Ethan, David e Lucy treinam flexões juntos. A ruiva tinha uma certa dificuldade em fazer várias, o singular gélido nem tanto, conseguia sem maiores dificuldades, o menino fazia com apenas uma mão, e a albina sequer as utilizava, ficava com os braços atrás das costas enquanto fazia.
Após isso, os quatro fazem alongamento. David não conseguia fazer uma abertura de 180º, Lucy conseguia parcialmente, quase chegava no ponto, Ethan conseguia, porém não além disso, enquanto Mary fazia a abertura perfeitamente e ainda conseguia esticar seu tronco no chão.
Em seguida os quatro levantam suas camisetas e mostram seus abdomens, David tinha o mais trincado, Mary vinha logo em seguida, Ethan fica meio desapontado por ainda não ter músculos aparentes no abdômen, e Lucy era apenas magra nessa parte.
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E então volta para o momento em que Mary e Bruno estavam conversando, e após pensar no que fazer, a albina responde:
- Será que eu devo ensinar o Ethan a cozinhar? – Ela pergunta e, Bruno não fica impressionado.
- Eu pensei que já tivesse ensinado.
- ... Eu sempre esquecia.