"Quem possuir o poder sobre aquele que nasceu eleito para definir o fim da guerra, se tornará invencível e prevalecerá diante de todos os seus inimigos. A luz e as trevas estão presentes na criança dourada, o ultimo herdeiro do poderoso leão, que deverá ser entregue àquele que é a reencarnação do mal. O destino de todos será traçado de acordo com o coração do menino de olhar esmeralda. No final das dezessete primaveras, tanto a luz quanto as trevas só poderão ser despertadas com amor verdadeiro e o mais forte triunfará sobre o outro". Aquelas palavras rondavam incessantemente os pensamentos de um homem em especial. Um homem que mantinha seu olhar escarlate fixo naquela pequena bola de cristal que há tempos procurava. A profecia... A profecia que definia seu destino, o destino do mundo e o destino de uma linda criança de olhar esmeralda que no momento, provavelmente, tinha seu sono embalado pelo gracioso canto de sua mãe em uma casa oculta no Vale Godric, uma casa que se mostrava segura aos olhos do casal, uma casa que não esperava o que estava prestes a acontecer. Com as palavras da profecia ainda rondando sua mente, o misterioso homem tomou sua varinha, cobriu-se com a elegante e habitual capa negra e seguiu, com um sorriso obscuro adorando seus lábios, em direção ao seu destino. Sua beleza era notável. Por baixo da desenhada capa encontrava-se um corpo musculoso, bem trabalhado, abrigado por uma calça e uma camisa ambas na cor negra, do mais fino tecido que o dinheiro e o poder podem pagar. Sua pele ligeiramente pálida fazia um excitante contraste com os cabelos negros e curtos, sempre bem alinhados, que agora se moviam no mesmo ritmo do vento que atingia seu rosto enquanto caminhava a passos lentos em direção à bonita casa. Seus olhos brilharam. Era quase impossível não ser hipnotizado por tamanhas jóias. Frios e penetrantes, vermelhos, como o mais belo e puro rubi. Os lábios finos se curvavam em um sorriso cada vez mais macabro, acentuando aquela beleza mortal. Mortal como seus olhos. Mortal como a varinha que mantinha firmemente sujeita na mão. Mortal como a certeza do que estava prestes a acontecer.
- Oh, James! Pare de brincar com ele, está na hora de colocá-lo no berço – a bela voz de Lily Evans ecoou pela casa, acompanhada das divertidas gargalhas de seu marido que jogava o bebê para o alto e o pegava novamente, causando delírio à esperta criança.
O casal estava na sala. Lily, sentada no sofá com um livro aberto no colo, observava James e Harry brincarem no tapete em frente a ela. Uma cena cálida que transmitiria amor e carinho a qualquer um que presenciasse.
Mas não a ele.
Não ao homem que nesse exato momento lançava um simples feitiço à fechadura da porta e ingressava lentamente no lugar. Ele não era desse tipo de pessoa que sorria diante de uma família. Ele não era uma pessoa. Nunca teve uma família.
No entanto, ironicamente, isso mudaria agora.
Teria um herdeiro.
Era o destino e ninguém poderia mudá-lo.
O casal já havia pressentido sua entrada e pegavam rapidamente as varinhas. Lily trazia seu filho para junto ao corpo, protegendo-o visivelmente, enquanto James colocava-se na frente dos dois encarando o homem que acabara de entrar em sua casa.
- Me entregue o garoto.
A voz era fria e não permitia réplicas. Não estava ali para brincadeiras.
- NUNCA! – Lily grita, apertando seu filho conta o peito.
Antes que o ameaçador homem pudesse replicar, mostrando que não estava com paciência para aquilo, James Potter o interrompe:
- Lily corra para o quarto, agora! EXPELLIARMUS!
O poderoso feitiço é certeiro. Não era por nada que o herdeiro da fortuna Potter era um dos melhores Aurores do ministério. Por pouco àquele que invadira sua casa não foi atingido, pois no mesmo instante conjugara um igualmente poderoso feitiço bloqueador.
Quando viu a luz sair da varinha de seu marido, acompanhada daquela preocupada voz, Lily não pensou e correu. Correu com todas as suas forças escadas acima, sem olhar para trás, abraçando seu filho com força enquanto mantinha firmemente sujeita a varinha.
Sinceramente ela não soube como conseguiu chegar ao quarto, trancar a porta com um poderoso feitiço e colocar delicadamente seu filho no berço. Suas mãos tremiam. O barulho dos intensos feitiços se chocando no andar de baixo só faziam a angustia consumi-la ainda mais. Ela sabia que se seu marido não resistisse, a proteção que lançara na porta do quarto seria inútil.
- Mama... – a voz do pequeno ser ao seu lado a sobressaltou. Aqueles intensos olhos verdes, iguais aos seus, a encarando desde o berço, só serviram para fazer seu coração apertar cada vez mais.
De repente tudo ficou em silêncio e as lágrimas não demoraram a inundar seu belo rosto.
"James... James estava... Ele estava..."
Os passos tranqüilos quebravam aquele silêncio de uma forma quase desumana. A qualquer momento ela sentia que seu coração sairia pela boca.
BUUUUUUUUUUUM!
Antes que Lily pudesse pensar, o barulho da porta sendo destroçada já acompanhava a melodia das inocentes risadas de seu filho, numa cena medonha.
- Me entregue logo o garoto, mulher!
Aquela voz.
Aqueles ameaçadores olhos vermelhos.
Novamente...
- NUNCA!
Mas ela sabia que já era tarde e antes mesmo que pudesse tocar uma ultima vez em seu filho, a luz verde atingiu-lhe em cheio. A ultima coisa que seus belos olhos verdes puderam registrar foi o doce e encantador sorriso que Harry dirigia ao homem que acabara de matar sua mãe.
Harry James Potter.
O ultimo herdeiro de Godric Gryffindor.
- Finalmente, a chave da minha vitória... – o sorriso cruel acentuava-se no canto dos sedutores lábios.
Lord Voldemort encontrara o que estava buscando.
Já estava prestes a levantar a varinha e cumprir mais uma etapa da profecia quando uma intensa luz branca, proveniente da porta, o fez retroceder e convocar rapidamente um poderoso escudo protetor.
Alvo Dumbledore. Ele e sua maldita Ordem da Fênix não podiam ficar fora disso. Foi o pensamento do Lord ao contemplar o velho diretor de Hogwarts parado no marco da porta, sujeitando a varinha com firmeza e deixando aquela masca de tranqüilidade abandonar sua face. Ao seu lado estava um assustado e visivelmente trêmulo Cornélio Fudge, atual Ministro da Magia.
- Ora, ora, ora... O ilustre diretor Dumbledore, como sempre no momento mais inoportuno, não? – aquele tom frio e impregnado de sarcasmo serviu apenas para fazer o ministro estremecer e o velho ancião sujeitar a varinha com ainda mais força, fixando seus olhos penetrantes naquele que um dia fora seu aluno.
- Já está na hora de você parar com isso, Tom – a voz do diretor era calma, mas firme – Saia de perto deste bebê.
Ao contrário do esperado, o Lord, ainda protegido pelo escudo que convocara, se aproximou mais do berço e para terror dos dois homens à sua frente, tomou a pequena criança em seus braços. Sorriu com malicia ao contemplar o olhar aterrorizado dos dois. E Harry, por sua vez, dava risadas divertidas aninhando-se nos braços que há pouco derramaram o sangue dos seus pais.
- Não seja estraga prazeres, meu caro Alvo, não vê que o pequeno gostou de mim?
Os olhos vermelhos brilhavam com uma maligna diversão ao verem às surpresas expressões do diretor e do ministro que observavam como as pequenas mãozinhas de Harry agarravam-se à túnica do Lord e como os brilhantes olhos verdes, destilando inocência, encaravam com curiosidade e carinho àquele que o segurava.
- Ele é só um menino...
- Eu sei velhote, então vamos acabar logo com isso porque não tenho a noite toda... – revira os olhos, cansando-se de toda aquela perda de tempo – Meus milhares de Comensais estão espalhados por toda Inglaterra e parte da Europa muggle e mágica, prontos para atacar e tomar o poder com apenas uma ordem minha.
Diante dessas palavras o Ministro sente suas pernas fraquejarem e vê a necessidade de se segurar na parede para não perder as forçar e cair.
- Não pode ser... – sua voz sai completamente abafada pelo terror.
- Oh sim, pode sim, senhor Ministro – sorri com burla – A menos que...
Deixa a frase no ar.
Na mesma hora os intensos olhos azuis do diretor se estreitam com suspeita, mas, por outro lado, os olhos do ministro se inundaram de esperança. Faria qualquer coisa para garantir a segurança do povo. E faria mais ainda para continuar no seu cargo.
- A menos que o que? – a pergunta foi rápida e ansiosa, mostrando que estava disposto a tudo. O que deixou o Lord satisfeito.
- Diga-nos, Fudge, o que estaria disposto a fazer para eu deixar todo o seu adorável povo sossegado, sem qualquer ameaça de ataque comprovada por um documento mágico por digamos, dezessete anos?
Aquilo parecia música aos ouvidos do Ministro.
- Oh Merlin! Qualquer coisa, qualquer coisa!
- Cornélio! – Dumbledore o chama, severamente – Isso só pode ser uma armadilha!
O Lord, por sua vez, sorri com pura malicia acariciando os cabelos revoltos do bebê que sorria em seus braços. Um ato inconsciente, mas que estava longe de parecer cálido. O velho diretor via aquilo como uma clara amostra de que um bom presságio não estava por vir.
- Não é uma armadinha, meu "querido" e desconfiado diretor. Estou disposto a fazer uma aliança mágica, tirando meus Comensais da Morte de suas posições de ataque, garantindo a segurança do mundo e o contentamento de todos com o seu "excelente" trabalho, Ministro, e a única coisa que peço em troca é essa criança que tenho em meus braços.
- O que?...
- Você não pode fazer isso, Tom!
Enquanto o Ministro abria os olhos de par em par, confuso pela "pouca coisa" que o Lord havia pedido, Dumbledore mostrava-se indignado.
- Ele é apenas um bebê inocente! Você acabou de matar os pais dele!
- Certo, certo, tanto faz... – revira os olhos, já estava cheio daquela conversinha moralmente correta – O fato é que me comprometo com a segurança de Harry e afirmo junto com a retirada de meus Comensais que o menino não sofrerá nenhum dano e será muito bem criado comigo.
- Isso é loucura, você...
Mas Dumbledore não pôde nem acabar a frase, pois um contentíssimo ministro já o interrompia:
- É evidente que aceito! – seus olhos brilhavam – A segurança do povo por um bom tempo e a garantia de que o bebê estará seguro! Maravilha!
- Sim, sim... Além disso, teremos um trato de imparcialidade democrática e eu poderei sair às ruas sem problemas, já que me comprometo com a segurança de todos.
- Mas se alguém atacá-lo...
- Não se preocupe – sorri internamente, completando a frase em pensamento – "Será impossível".
O diretor de Hogwarts mostrava-se assombrado com aquela discussão, ou melhor, com aquele acordo.
- Cornélio, você não pode fazer isso...
- Ora, Alvo, nós dois sabemos que é a decisão mais correta a fazer! Pelo bem do Mundo Mágico!
Dumbledore, por sua vez, apertou os lábios com impotência. Seus olhos cansados contemplavam o ar vitorioso do Lord.
- Ótimo! – Voldemort tomou a palavra – Se me permitem, marcarei o menino como meu herdeiro agora...
Antes mesmo que os dois homens pudessem protestar o Lord já apontava a varinha para o sorridente bebê e desta saía uma luz negra que na mesma hora atingiu diretamente a testa do menino.
O breu tomou conta de todo o quarto.
Nada mais era ouvido.
Silêncio e escuridão se uniam numa cena aterrorizante que foi quebrada pelo leve choro de um bebê.
Não era um choro estridente e insuportável como o da maioria dos bebês. Era como um canto suave, apenas leves sussurros melodiosos que acalentavam a habitação e trazia a vida de volta àquele quarto.
- Lumos! – Dumbledore sussurra e rapidamente sua varinha ilumina todo o lugar.
Na mesma hora ele vê que não deveria ter feito isso.
Não para contemplar o sorriso macabro nos lábios do Lord, enquanto este observava fixamente a cicatriz em forma de raio que surgira na testa da criança, marcando-a como sua herdeira.
- Err... Senhor... Lord... Senhor Vold...Vold.. – o patético Ministro se pronuncia tentando chamar a atenção do Lord. Quando este o encara, o Ministro convoca um pergaminho e temerosamente se aproxima um pouco do Lord, oferecendo o papel que segurava – O senhor poderia... Err... Poderia assinar, por favor?
"Patético" – Voldemort pensa. Mas na mesma hora pega o pergaminho e o encara, levantando elegantemente uma sobrancelha no processo. Após menos de um minuto de leitura, com um rápido feitiço verbal, ele muda algumas coisas e acrescenta outras em letras menores, para então, assinar.
- Pronto, por um bom tempo o Mundo Mágico pode se considerar livre das garras de Lord Voldemort. Harry James Potter agora é Harry James Riddle e não há mais nada que você possa fazer, meu velho...
Antes que Dumbledore ou o Ministro pudessem dizer qualquer coisa, Voldemort já havia sumido com Harry em seus braços envoltos em uma densa bruma negra, deixando apenas o pergaminho assinado e uma esfera de cristal que foi parar diretamente nas mãos do diretor.
A profecia.
Com seus olhos brilhando de temor, Dumbledore a escuta.
Aquelas palavras... O destino nas mãos daquele bebê... Luz ou Trevas...
Agora o Lord estava imortal, pelo menos até que Harry fizesse dezessete anos. Agora Dumbledore percebe o que havia feito.
- "Mas se alguém atacá-lo..."
- "Não se preocupe".
Essas foram as palavras do Lord. É claro que não precisava se preocupar. Qualquer maldição, imperdoável ou não, não faria efeito contra ele.
- O que nós fizemos?... – o ancião murmura, mortificado.
- Qual o problema, Alvo?
- Ele... – suspira – Ele está invencível e fará aquela criança seguir o caminho das trevas... Harry... Harry tem o destino do mundo em suas mãos.
Ao contrário do que o diretor esperava o Ministro apenas sorri.
- Não se preocupe. Ele firmou o contrato mágico, trégua mutua, a criança estará a salvo. De fato, aquele menino nos salvou!
- Ele não...
Mas antes que o diretor pudesse sequer replicar, já era de conhecimento público:
O MUNDO ESTÁ SALVO! OBRIGADO PEQUENO HARRY!
A manchete do Profeta Diário logo no dia seguinte deixava claro. E deste dia em diante, Harry virou ícone.
De acordo com o próprio e ilustre Ministro da Magia, Cornélio Fudge, o mundo já não precisa se preocupar com a ameaça de Vocês-sabem-quem. Este e o Ministro fizerem um acordo que garantiu a paz do mundo e o fim da guerra que há tempos assombrava nossas famílias.
O jovem Harry James Potter, filho dos falecidos Lily e James Potter, foi entregue ao Lord para ser muito bem criado como seu herdeiro. Essa foi a única imposição daquele que não deve ser nomeado. E hoje, senhoras e senhores, podemos dizer que devemos nossas vidas a esse menino.
Ficará marcado para sempre, em nossos corações, o feito que este jovem bruxo realizou logo no primeiro ano de vida: HARRY POTTER SALVOU O MUNDO MÁGICO!
Além disso, fontes confidenciam confirmam que, de acordo com uma profecia, o jovem Harry possui a luz que nos manterá seguros! Pois mesmo aos cuidados de Vocês-sabem-quem, aquele menino com uma cicatriz em forma de raio na testa estará sempre no caminho do bem e se por ventura for preciso, lutará ao nosso lado, garantindo a vitória.
Obrigado mais uma vez, jovem Harry, herói do mundo mágico e herdeiro do Lord das Trevas.
O Ministro sorriu após ler a manchete. Seu posto estava salvo, o mundo estava salvo e agora os bruxos tinham um ícone a quem adorar e, por tanto, ocupar suas cabeças. O jovem bebê já era um herói e assim quando fosse à hora, se houvesse mesmo a necessidade que Dumbledore dizia ter, ele não hesitaria em se voltar contra o Lord e proteger o mundo. Era o que o aliviado Ministro pensava, com um sorriso bobo nos lábios.
lábios.
-x-x-x-x-x-
Seis anos depois...
O barulho de apressados passos ecoavam pelas escadas da Fortaleza do Lord das Trevas. Pequenos passos, acompanhados de risadas infantis, o que obviamente daria uma impressão estranha a qualquer um que entrasse naquela enorme mansão esperando encontrar apenas agonia e desgraças. Porém a única desgraça que atualmente pairava no local era o som de caríssimos jarros da coleção não-sei-o-que produzidos na era não-faço-idéia-qual de grande estima do Lord e que agora jaziam em pequenos pedaços do chão. Algo que renderia uma grande seção de Cruciatos se não fossem bruxos e pudessem, obviamente, reconcertá-los.
- Harry, espera! – um garoto de um belíssimo cabelo loiro-prateado, tentava alcançar seu amigo.
Draco Malfoy, o único herdeiro da grande fortuna Malfoy, seguia a passos apressados o moreno à sua frente. Draco era um garoto bonito, alto – se comparado à Harry – que mantinha sempre um ar frio e indiferente que aprendera praticamente quando ainda estava no berço. O comum era que seus lindos olhos acinzentados não aparentassem emoção alguma, mas isso era impossível quando estava com Harry. Era simplesmente impensável não perder a compostura que seu pai tanto impunha quando estava com o menor. O loiro não sabia bem o porquê, mas o fato é que não conseguia dizer não ao amigo. Aqueles expressivos olhos verdes de Harry o faziam querer agradá-lo de qualquer jeito. Resultado: Agora estavam brincando de agarrar o pomo-de-ouro no meio do Hall da mansão, onde qualquer adulto poderia pegá-los.
- Não seja molenga, Draco! – o menor dos dois sorria – Vou ganhar de você! Lá, lá, lá, lá!
De fato, o menino que corria atrás da pequena bolinha dourada parecia um lindo anjo. Corpo pequeno e delicado, aparentando no máximo quatro anos, lábios rosados, cabelos negros como ébano e bagunçados como um furacão que deixavam sua imagem ainda mais encantadora. Mas o que realmente derretia qualquer um eram aqueles grandes e brilhantes olhos verdes, cheios de inocência e travessura. Há pouco tempo havia notado-se a necessidade de óculos – quando o menino acidentalmente se chocou contra a porta de vidro que levava ao terraço, causando um grande alvoroço – mas foi preciso apenas a poção certa para que seus olhos seguissem perfeitos como nunca. Sem necessidade de mais nada. E agora Harry não perdia tempo para aprontar mais uma de suas travessuras, na agradável companhia de seu melhor amigo.
- Calma! Alguém pode...
- Auth!
-... Aparecer – Draco completa, vendo como Harry se chocava dolorosamente contra alguém. Alguém que de fato, era a pessoa que o loiro menos queria encontrar agora.
O jovem Malfoy já contava mentalmente os segundos que faltavam para sua sentença de morte quando um sorridente Harry interrompeu seus pensamentos, lançando-se com aquele característico sorriso cativante em seus lábios, nos braços do homem que os surpreendera.
- Padrinho! Padrinho! Padrinho! Que bom vê-lo!
- Aprontando de novo, Harry? – Lucius Malfoy não pôde evitar que um pequeno sorriso surgisse no canto dos seus lábios, enquanto bagunçava aquele cabelo já naturalmente revolto.
- Quem? Eu? – as intensas esmeraldas brilhavam inocentemente.
- Não, o fantasma de Salazar Slytherin.
- Ah, bom... Que susto, achei que eu já estava encrencado... De novo... – sorri mais ainda.
Lucius, por sua vez, apenas balança a cabeça negativamente e fixa seus olhos no outro garoto que acompanhava Harry, seu filho, por sinal. Este logo se apressa em bater a poeira da calça cinza que usava, esticar a camisa de seda branca e tentar desamarrotar a túnica prateada que levava por cima, visivelmente nervoso com a presença de seu pai, o que faz o mais velho revirar os olhos interiormente e apenas lançar aquele característico olhar frio e censurador. Entretanto, antes que Lucius pudesse falar alguma coisa, Harry já voltava a encará-lo com aquela conhecida expressão de:
"Lá vem. E não vai ser boa coisa".
- Padrinho querido... – os intensos olhos verdes capturavam toda a atenção do patriarca da família Malfoy – Podemos ir brincar lá fora?
- Harry, não é uma boa idéia, o Lord...
- Vaaaaaai! Diz que sim... Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favooooor!
- "Oh, por Salazar! – Lucius pensava – Essa carinha de anjinho arrependido não..."
Mas já era tarde de mais.
Harry sabia que havia ganhado.
- Ok! – suspira derrotado. Era sempre assim – Vão logo! Mas não se sujem e...
...No entanto, aquela flecha de cabelos bagunçados já havia sumido junto com Draco.
Vendo-se novamente sozinho, Lucius sorriu, lembrando-se do alvoroço que tinha sido a chegada daquele lindo e bagunceiro menino. No começo a maioria dos Comensais da Morte ficou perplexa com as palavras do amo, que deixava bem claro o fim da guerra e o fim de qualquer ameaça contra quem quer que fosse. O motivo era aquele embrulhozinho de cabelos negros que se encontrava entre os braços do Lord, mas antes que alguém pudesse replicar o Lord fez questão de deixar bem claro que aquela criança era a chave do seu poder. Obviamente muitos duvidaram então, para surpresa geral, Voldemort mandou o próprio Lucius lançar-lhe um "Avada Kedrava" e este mesmo perplexo e temeroso obedeceu. Resultado: Absolutamente nada. O Lord estava na mesma posição com aquele característico ar imponente.
"Eis aqui o segredo da minha vitória e futura glória. Só mais alguns anos e não só a Inglaterra, mas o mundo inteiro se curvará aos meus pés".
Essas foram às palavras dele e na mesma hora o menino virou o símbolo de adoração dos Comensais, pois era a fonte e a personalização do grandioso poder do Lord das Trevas. Todos sabiam que as palavras do Profeta Diário, alegando que o jovem era a "salvação do mundo" não passavam de uma tentativa frustrada de esperança. Apenas os mais fiéis ao Lord – como ele próprio – podiam se dar ao luxo de conviver com o pequenino. E para surpresa ainda maior, todos estes se viram imediatamente encantados por ele. Afinal, era impossível não criar um carinho por aquele furacão de cabelo bagunçado que com seu mais simples sorriso e o menor olhar conseguia cativar o coração de qualquer um – fazia até os mais duros comensais como ele verem que possuíam um coração, ainda que tentasse ao máximo não demonstrar. Por esse motivo era natural que praticamente todos acobertassem as "traquinagens" do menino – como agora - e logo mais se vissem muitas vezes castigados por isso, mas só aquele intenso olhar esmeralda e aquele brilhante sorriso já demonstrava que valia a pensa.
- Lucius?... Lucius!
- O que? – finalmente ele volta suas atenções à elegante e bela mulher que o chamava já há alguns instantes.
A sempre deslumbrante Narcisa Malfoy mantinha seus frios olhos azulados fixos em seu marido. Não era possível identificar expressão alguma em sua face, característica que sempre o encantou nela, a mulher perfeita para um homem da mais alta classe sangue-pura como ele. O esbelto corpo da mulher era coberto por um caríssimo vestido longo, tomara-que-caia na cor pérola, que delineava perfeitamente suas belas curvas. Os ombros nus estavam cobertos por uma bela túnica azul-escura combinando perfeitamente com seus olhos.
- Onde está o pequeno Harry e nosso filho? – ela pergunta novamente.
- Foram brincar lá fora.
- Mas Lucius! Daqui a pouco a ceia será servida e o Lord aparecerá – suspira – Já estou até vendo uma ceia de Natal repleta de Cruciatos.
Antes que o loiro pudesse replicar, uma voz aguda invade o local:
- Ohhhh... Onde está meu pequeno e talentoso aprendiz? – Bella juntava-se aos dois com seu característico e arrepiante ar infantil, sendo logo seguida por seu marido, Rodolphus Lestrange, e McNair.
Mal se podia mencionar o nome de Harry e os olhos da Comensal já se viam inundados de um brilho de admiração e afeto. Seu afeto meio insano e doentio, mas afeto no final das contas, caso contrário não seria Bellatrix Lestrange. Realmente ela faria de tudo por aquele menino, como por seu mestre.
Bella usava um elegante vestido negro, com as mangas caídas que deixavam seus ombros descobertos e nele todo podiam ser notados os belíssimos adornos de delicados diamantes que davam um brilho especial à mulher. Por cima usava uma túnica prateada quase tocando o chão e que a deixava ainda mais bela. Bela, mas mortal, era o que todos diziam. Os cavalheiros, por sua vez, usavam todos elegantes smokings. Lucius com uma túnica tembém prateada por cima. Rodolphus com uma túnica vinho e McNair com uma túnica roxa.
- Harry já deve estar chegando – Lucius comenta – mas me diga Bella, como ele está indo nas aulas?
No mesmo instante um sorriso extasiado aparece nos finos lábios da Comensal:
- Brilhante! Aquele menino é absolutamente brilhante! – o fulgor emocionado de seus olhos castanhos chegava a dar medo – Semana passada aplicou a Maldição Cruciatos mais forte que eu já havia visto em minha vida! O muggle sequer teve tempo de gritar, já que em poucos minutos se viu mergulhado em extrema loucura, para logo em seguida morrer de agonia!
- Impressionante mesmo... – Rodolphus também sorria – Apenas seis anos de idade e já domina as imperdoáveis com precisão, além de realizar tranquilamente diversos outros feitiços.
Estava mais do que claro que Harry não era um bruxo qualquer. Desde que nascera o menino fora destinado ao sucesso e seguia no caminho certo para aproveitar os prazeres deste. Porém ao contrário do que qualquer um poderia pensar Harry não passava horas e horas em uma biblioteca cheia de livros estudando para as aulas de seus mentores – exceto quando seu pai "sutilmente" o obrigava – o mais comum era vê-lo brincando no jardim, em seu quarto de brinquedos, ou correndo pela casa. Mas quando chegava a hora de mostrar seus talentos o menino não deixava por menos e mais de um ficava com a boca aberta. O fato é que aprendera desde cedo com os melhores mestres que qualquer criança poderia ter – diga-se por seu próprio pai, ensinando-lhe pessoalmente artes obscuras - e sua magia logo aos três anos de idade já se mostrava cada vez mais forte. Assim não demorou muito para o menino aperfeiçoar seu talento, querendo sempre se superar e é claro, impressionar seu pai.
Ao contrário do que Bella pensava Harry não desfrutava das aulas de tortura muggle da Comensal. Ele permanecia indiferente, querendo apenas melhorar para orgulhar seu pai. Não interessava se era um muggle submetido ao "crucio", o que ele precisava fazer é aplicar o melhor "crucio" que alguém já vira.
Mas a pergunta fundamental era:
Harry odiava os muggles?
Oh, é claro que sim! Como seu pai havia lhe contado, esses malditos muggles mataram Lily e James Potter, seus pais biológicos, e só tinham ganância e impurezas em seus corações. Odiavam os bruxos, então Harry também os odiava. As palavras de seu pai valiam mais do que qualquer ouro para o menino, Harry realmente o admirava e todas as noites agradecia por seu pai ter pedido sua guarda ao ministro quando Lily e James haviam sido mortos pelos vizinhos muggles em quem tanto confiavam. Obviamente seu pai já o alertara contra os bruxos "amantes de muggles" como aquele tal Dumbledore, que acusava seu pai desse crime infundadamente. Mas os dois sabiam que aquele velho e esses amantes de muggles não passavam de escória. Muggles não prestavam e Harry sabia disso.
Mas mesmo com essa certeza cuidadosamente plantada em seu coração, o sorriso que adornava os lábios do jovem herdeiro do Lord era a coisa mais pura que alguém poderia ver na vida. Seus olhos inocentes. E suas palavras cálidas como uma noite de verão. A prova de que conceitos políticos não podem definir a bondade ou maldade no coração de alguém.
Pois como seu pai costumava dizer: "Bem e mal são apenas conceitos".
Harry podia oferecer o mais puro dos sorrisos quando se sentia à vontade com alguém, mas também podia muito bem manter a máscara impenetrável de frieza e arrogância que seu pai lhe ensinara nas ocasiões em que se sentisse ameaçado. O menino era um verdadeiro prodígio e disso ninguém tinha dúvida.
- Verdade, o garoto é um gênio! Nessa idade a maioria das crianças bruxas ainda nem tem noção de seus poderes, que dirá dominá-los com tamanha precisão.
- Oh, você ainda não viu nada, meu caro McNair – Bella sorri ainda mais – O que aquele menino faz não é magia, é pura arte!
- Deve ter puxado ao pai... – McNair deixa um sorrisinho divertido aparecer no canto dos seus lábios.
- Disso não tenha dúvidas – uma profunda voz os interrompe.
Em questão de segundos todos já faziam uma enorme reverência.
- Mi Lord – cumprimentam educadamente.
Ali estava ele: O terror do mundo mágico. O mais temível Lord das Trevas em cem anos. O pai de Harry e futuro governante do mundo. Lord Voldemort mostrava-se como da primeira vez em que teve o bebê dos Potter em seus braços, com a diferença que agora aquela criança era sua. Seu herdeiro. Seu filho.
O imponente homem usava um conjunto completamente negro de calça e camisa de seda, a mais pura e cara seda que o dinheiro podia pagar. O tecido caía com perfeição pelo seu belo e escultural corpo, delineado com esmero toda sua majestosa estatura. Em seus ombros jazia a bela capa negra de veludo com fios de ouro e cravejada de rubis, o que intensificava ainda mais aquele exótico e mortal brilho de seus olhos. O cabelo estava impecavelmente penteado e emoldurava com perfeição sua face aristocrática e naturalmente elegante. Um verdadeiro Lord sem tirar nem por.
- Onde está meu filho?
A voz fria e implacável fez Lucius conter a respiração, temendo a maldição que estava por vir.
O pobre patriarca dos Malfoy já podia até visualizar a varinha de Voldemort lançando a maldição em seu peito quando abrisse a boca para dizer onde Harry estava.
- "Que Salazar me ajude!" – suspira, retomando seu ar elegante de sempre – Mi Lord, Harry está...
-... Aqui! – um sorridente menino se lança contra o Lord, surpreendendo-o, como sempre, com aquelas "tempestuosas e efusivas amostras desnecessárias de carinho". E por mais que Voldemort repetisse isso, o amaldiçoasse, ou fizesse qualquer outra coisa Harry apenas deixava aquele lindo e conhecido sorriso adornar seu rosto.
O Lord, por sua vez, revirou os olhos contendo um sorriso que lutava por sair. Seu pequeno Harry sempre seria assim... E não, Voldemort não estava louco. Aprendera a amar o garoto, ainda que nunca se atrevesse a admitir tal ultraje nem para si mesmo, mas os dois sabiam disso.
No começo o levara para a fortaleza com a intenção de criá-lo como seu herdeiro, torná-lo um mestre no caminho das trevas e mantê-lo o mais longe possível de si. E pode-se dizer que foi assim, pelo menos até aquela fatídica noite, quando Harry tinha apenas três anos de idade.
(Flash-Back)
Tom Riddle, mais conhecido como Lord Voldemort, estava em sua cama lendo tranquilamente um interessante livro de "Magia Obscura – Borre Completamente Seu Passado" aproveitando aquela deliciosa noite de tempestade. Os trovões estrondavam no céu e por vezes a claridade dos raios quase o cegava de tamanha intensidade e assim ele permanecia concentrado naquela fascinante obra.
De repente, ele ouve o barulho da porta se abrir e levanta rapidamente seus olhos do livro para encontrar nada mais, nada menos, que um "pinguinho de gente" vestindo um pijama verde com desenhinhos de serpentes e agarrando com firmeza um pequeno travesseiro contra o peito. Aqueles enormes olhos verdes, feito esmeraldas, estavam fixos nos seus e era possível notar facilmente que estavam lacrimejantes, acompanhando a pequena boquinha rosada que tremia de forma involuntária.
Diante dessa cena, o Lord demorou alguns instantes para voltar a si, mas quando já estava abrindo a boca para perguntar – sem muita delicadeza – o que Harry estava fazendo ali, viu o menino se aproximar de vagar, até chegar à altura da cama. Tom apenas arqueou uma sobrancelha, interrogante, ao ver aquela cabeleira bagunçada sumir de suas vistas, mas então notou a estranha movimentação ao lado da cama e logo pôde contemplar a dificultosa escalada que Harry fazia, sem largar o travesseiro, até conseguir subir na gigantesca King Size. Mas por fim o menino pareceu conseguir, no exato momento em que um aterrorizante trovão ecoou no céu e que fez Harry não pensar duas vezes antes de se lançar no colo do Lord, mordendo o lábio e apertando os olhinhos com força, numa terna e dolorosa imagem.
Tom, por sua vez, parecia em estado de choque sentindo como aquelas pequenas mãozinhas se agarravam com força à sua cintura e como o frágil corpo do menino parecia tremer a cada barulho de relâmpago no céu. É claro que o estupor não durou muito e já estava prestes a levar Harry de volta ao seu quarto, com um severo discurso de: "Meu herdeiro não pode temer uma simples tempestade", quando ouviu a melodiosa voz do menino murmurar abafada em seu peito:
- Num gostu desse burulho, papai...
Lentamente Tom olhou para baixo e com cuidado puxou um pouco o menino para observar diretamente aquela imagem.
Já visualizara algo assim antes.
Ele próprio, com a mesma idade de Harry, escondido embaixo das cobertas naquele imundo orfanato muggle. Com medo e torcendo para que ninguém o descobrisse ali e mais tarde fosse se burlar dele, como sempre acontecia.
Harry e ele.
Exatamente iguais.
Com a diferença que...
- Não se preocupe, pequeno – puxou o menino, com uma delicadeza que ninguém jamais imaginara ver nos atos de um Lord das Trevas, para que Harry se deitasse ao seu lado – Esse barulho não é nada de mais. São apenas os elfos domésticos de Merlin arrastando os móveis de sua casa lá no céu para arrumá-la um pouco.
- Igual o Kiky e a Lucy?
- Igualzinho.
- Ahhh... Tendi... – os intensos olhos verdes mostravam-se mais tranqüilos e com um encantador sorriso nos pequenos lábios o menino se aconchegou mais contra o corpo maior e o abraçou carinhosamente, deixando-se levar pelo sono que lutava por invadi-lo. Harry sabia que agora não precisava mais temer. Ele sabia que estava sendo protegido pelo seu pai.
Porque a diferença é que Tom podia oferecer um pai a Harry.
Um pai que ele nunca teve.
E com esse pensamento acalentando o coração que há tempos havia esquecido, o adulto abraça protetoramente o pequeno corpo e também se deixa levar ao mundo de Morpheu.
Desde então Tom gradativamente foi mudando seu tratamento para com Harry, continuava a ser exigente e implacável – não era qualquer criança que recebia um "crucio" por não comer as verduras - mas dava o afeto que o menino tanto precisava, tornando-se o ideal de família que ambos necessitavam. E assim nascia um grande vínculo entre os dois. Um vínculo que ninguém poderia quebrar e que provavelmente definiria o destino do mundo.
(Fim do Flash-Back)
- Onde esteve, Harry? – o Lord pergunta com um ar de poucos amigos, mas sem afastar o menino.
Harry, por sua vez, coloca sua melhor expressão de "menino-inocente-que-jamais-quebraria-um-prato-na-vida".
- Estava passeando com Draco, mas como você pode ver não me sujei nem quebrei nada.
Tom arqueia uma sobrancelha averiguando que de fato, o argumento de seu filho era verdadeiro. Harry continuava impecavelmente arrumado. A calça negra, do mesmo fino tecido que a sua, continuava com aspecto de nova, igualando-se à imagem imaculada da camisa verde-clara que acentuava ainda mais os belíssimos olhos do menino. O cabelo continuava desordenado como sempre, caracterizando seu doce aspecto de criança bagunceira que fazia um lindo contraste com a elegante túnica verde-musgo com detalhes em ouro branco e esmeraldas, mostrando a mais pura elegância e inocência que somente Harry poderia oferecer.
- Certo... – Para alívio de Lucius, o Lord indica que deveriam seguir à sala de jantar e deixa de interrogar o menino.
Ao chegarem Tom se acomoda na cabeceira da mesa, Harry à sua direita e Lucius à esquerda. Narcisa senta-se ao lado de Lucius e Bella ao lado da prima, com Rodolphus logo ao seu lado. Draco, por sua vez, senta-se entre Harry e McNair, sendo que ao lado deste um apressado Avery corria para se acomodar, pois acabara de chegar atrasado e obviamente recebia um "crucio" do impaciente Lord.
Logo o majestoso banquete apareceu e após o assentimento do Lord todos começaram a se servir. Harry, no entanto, aproveitou que seu pai engajava uma interessante conversa com Lucius e Narcisa sobre o declínio econômico da Dinamarca e sussurrou para o amigo ao seu lado:
- Sabe, ainda não sei por que festejamos o Natal...
O jovem loiro apenas levanta uma sobrancelha de maneira interrogante e Harry continua:
-... Afinal, é tradição de uma religião muggle – faz uma pequena careta – e nós somos bruxos, então não faz sentido.
- Ora, Harry – para surpresa do moreno, Draco sorria – pense nos presentes! O resto é apenas meros detalhes.
Por alguns segundos o jovem herdeiro de Lord Voldemort se mostrou pensativo, mas logo chegou à sua mente a imagem do presente que ganhara de seu pai. Um jogo de Xadrez-de-Bruxo, em tamanho humano, que ocupava uma de suas habitações de entretenimento inteira. Isso fora a nova Nimbus 86 que Lucius trouxera para ele, as milhares de belíssimas vestes oferecidas por Narcisa, um muggle fresquinho para ele torturar – cortesia de Bella, obviamente – entre outros inúmeros obséquios provenientes de pessoas que ele jamais vira da vida. A maioria de Comensais que queriam agradar seu pai ou tinham aquela estranha adoração por ele, o que não lhe incomodava em nada, pelo contrário. E com esses pensamentos levando um intenso brilho aos seus olhos, Harry não demorou a sorri animadamente, concordando com seu amigo.
Assim o resto da noite seguiu perfeitamente deslumbrante. E ao longo das semanas, meses, anos... Harry foi se aperfeiçoando em todas as áreas da magia, tornando-se o melhor. Sua relação com o Lord também se estreitou ainda mais – se é que era possível – baseando-se em confiança, respeito e é claro, amor. Harry era o único a quem Voldemort permitia vê-lo como Tom Riddle. O único a ouvir uma pequena palavra cálida daqueles lábios que geralmente só lançavam maldições e o único a testemunhar um pequeno e eventual sorriso naquele pálido e belo rosto quando o abraçava com carinho. Tom, por sua vez, também sabia que apesar do jeito expressivo e amigável de Harry com todos, era apenas nele que seu filho confiava. O único que estava presente no puro coração do menino.
Dessa forma, Voldemort não precisava se preocupar tanto com o fato de que logo seu menino estaria em Hogwarts, a mercê daquele velhote irritante. Pois o Lord temia. Sim, ele temia que Dumbledore interferisse em seu glorioso caminho da conquista do mundo, mas temia mais ainda que o separasse de seu filho.
No entanto era só aquele sorriso doce e cativante aparecer nos lábios de Harry, acompanhado daquele olhar cheio de carinho e amor unicamente lançado a ele, para fazer o Lord cair em si e perceber que não havia nada a temer.
Pois desde que nascera, Harry James... Riddle, fora destinado a ser seu.
Continua...
Próximo Capítulo: A caminho de Hogwarts. Compras no Beco Diagonal.