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Os Segredos das Ruínas

Ao adentrar as antigas ruínas, Roones sentiu uma energia densa e quase palpável no ar, como se o próprio tempo tivesse parado ali. As paredes estavam cobertas por runas que brilhavam suavemente, pulsando com uma luz fria e enigmática. No chão, símbolos de fogo se entrelaçavam, seus contornos quase vivos, como se guardassem segredos profundos. Eryon, o sábio que o acompanhava, olhou para ele com uma expressão séria, antes de seguir adiante por um corredor estreito.

— Estamos perto — disse Eryon, sua voz reverberando nas paredes de pedra. — Esta sala contém o que você veio buscar.

Quando finalmente chegaram a uma grande sala circular, Roones ficou maravilhado. No centro da sala, sobre um pedestal de pedra ornamentado, uma chama azul oscilava, iluminando o ambiente com uma luz etérea.

— Essa é a Chama Primordial — explicou Eryon, com reverência. — Foi ela que concedeu a Arbon sua força e coragem. Mas, cuidado, ela não oferece poder sem um teste.

Antes que Roones pudesse fazer qualquer pergunta, a chama reagiu ao medalhão em seu peito, emitindo um brilho intenso que parecia responder à presença do jovem. A chama se expandiu, envolvendo-o em uma luz viva que, de repente, transformou tudo ao seu redor. Roones se viu transportado para um campo de batalha vazio, mas a sensação de perigo era avassaladora. O som de metais se chocando, o grito de guerreiros distantes, tudo parecia real.

Uma voz, profunda e carregada de autoridade, ecoou na mente de Roones:

— Mostre-me sua essência, garoto.

A chama azul tomou forma diante dele, distorcendo-se até assumir a aparência de uma versão sombria de Roones. Era como olhar para um reflexo torturado, um ser feito de suas próprias inseguranças e medos. O olhar do inimigo era gelado e vazio, mas cheio de fúria.

Sem hesitar, a versão sombria atacou, desferindo golpes rápidos e implacáveis. Roones bloqueou e revidou, mas algo estava errado. Não era apenas uma batalha física. Cada golpe que ele trocava com seu inimigo trazia à tona uma parte dele mesmo que ele preferiria manter oculta. As dúvidas, os medos, a sensação de inadequação... Tudo parecia se manifestar naquela versão distorcida de si mesmo.

A luta parecia interminável. A cada movimento, Roones se sentia mais cansado, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Mas então, algo dentro dele mudou. Ele percebeu que o verdadeiro teste não era derrotar seu reflexo, mas aceitar suas falhas e confrontar suas inseguranças.

Com um grito de desafio, Roones cravou sua espada no chão, parando a luta. Ele olhou para o seu adversário sombrio, com os olhos ardendo de determinação.

— Eu sou mais do que meu medo! — declarou, sua voz firme, mas carregada de uma força interna renovada.

A versão sombria de Roones se desfez como uma névoa, desaparecendo na mesma luz azul que a havia formado. A chama primordial, agora calma, retornou ao pedestal, seu brilho mais forte do que antes. Roones respirou fundo e, quando abriu os olhos, viu Eryon observando-o com um leve sorriso de aprovação.

— Você passou no teste, Roones — disse o sábio, com uma expressão de orgulho. — A Chama Primordial agora é sua aliada.

O medalhão de Roones brilhou intensamente, e uma nova energia, mais poderosa e pura, fluía por seu corpo. Ele sentiu sua conexão com a chama crescer dentro de si, uma força renovada que o tornava mais forte, mais determinado.

Antes que pudesse processar completamente o que acabara de vivenciar, Eryon falou, com uma seriedade súbita:

— Mas lembre-se, Roones, seu verdadeiro inimigo não é um reflexo distorcido. Ele está nas sombras, em outros lugares, e planeja algo muito mais sombrio. Aqueles que seguem Devastus não descansarão até trazê-lo de volta ao mundo. A verdadeira batalha está apenas começando.

Roones, agora com o poder da Chama Primordial em suas mãos, sentiu um novo peso em seu coração. A jornada que ele havia começado já o havia transformado, mas ele sabia que o pior ainda estava por vir. Com o olhar fixo no horizonte, ele sentiu a chama do medalhão pulsar dentro dele, como um farol, guiando-o para o que viria a seguir.